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És a nossa Fé!

Virar a página, retomar a ambição

(texto inicialmente publicado a 12 de Março neste Blog, a propósito do julgamento da vandalizacao da Academia por elementos ligados à claques) 

 

Coube-me em sorte (ou azar) testemunhar dois momentos de terror da História do Sporting Clube de Portugal. Momentos em que gente inocente perdeu a vida num estádio.

O primeiro, a 7 de Maio de 1995, foi a queda do Varandim do José Alvalade. Nunca esquecerei aqueles gritos, os choros e as sirenes das ambulâncias, por mais que viva. Um amigo com quem ia ao futebol ficou a 2 ou 3 metros de cair.

O segundo foi, um ano depois, o “very light” do Jamor. Durante anos, não consegui voltar a meter os pés num estádio. Confesso que ainda hoje me custa falar disso.

Talvez por virtude (ou defeito) dessas experiências, desde a primeira hora achei inapropriado chamar “terror” à vandalização da Academia de Alcochete (chamem-lhe "assalto" ou "invasão" se quiserem termos mais fortes). Sempre me pareceu, aliás, que o uso desse termo servia o propósito sobretudo de advogados, agentes de jogadores e de alguma comunicação social, mais ou menos comprometida com interesses que gravitam à volta do milionário negócio que é hoje o futebol.

Isto não retira gravidade ao que aconteceu. Mas “terror” ou “terrorismo” vemos todos os dias em muitas partes do mundo, infelizmente. E, convenhamos, são coisas diferentes.

Como seria lógico, a acusação de “terrorismo” caiu, ontem, no julgamento do caso da invasão da Academia. Outra coisa não poderia acontecer. E deveria fazer repensar todos aqueles que usaram tão irreflectidamente tal termo. 

Tem também, para mim, lógica que tenham caído as acusações contra o ex-presidente, Bruno de Carvalho. Pois nunca vi nada que o relacionasse directamente com o que aconteceu. 

Mas não me interessa - e acho, sobretudo, que não interessa ao Sporting - revisitar esse lamentável episódio na nossa história colectiva. No final deste julgamento, que se faça Justiça para com quem tão graves danos causou a uma instituição centenária e com tanto mérito. 

E que este momento seja também um virar de página para o Clube. Um recordar que o Clube está acima deste ou daquele presidente, e é muito maior do que qualquer estrago que possa ser inflingido por 20 ou 30 adeptos.

Viremos a página. Deixemo-nos de insultos e de crispações. Olhemos para a frente, que temos muito e longo caminho a percorrer. Para escrevermos novas páginas, essas sim dignas da História do Sporting. Pelo nosso Clube. E pelos adeptos que, tristemente, poucos anos depois do terror, não estavam connosco a festejar o Sporting Campeão Nacional.

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