Conhecida a convocatória de Fernando Santos, perdão, Roberto Martinez, em que foram chamados jogadores com escassos minutos e utilização, em detrimento de outros com muita mais rodagem (João Félix vs Pote; Renato Sanches vs Nuno Santos), lembrei-me de um dos meus filmes preferidos, Filadélfia, e de uma magnífica cena, na qual o júri debatia o seu sentido de decisão.
Contextualizando o filme, discutia-se em Tribunal o despedimento de um advogado, jóia da coroa, que fora mandado embora por ser gay, embora a firma alegasse que a razão para o despedimento se devia ao facto de não ter tratado bem um dos mais importantes casos da sociedade.
Nessa discussão, um dos membros do júri, tentando compreender a lógica da sociedade para despedir o seu melhor advogado, a quem confiara um dos seus casos mais relevantes, dizia algo do género "Tenho de enviar um piloto para território inimigo e ele vai pilotar um avião que custa 350 milhões. Quem é que vou colocar no avião? Um novato, para ver se ele aguenta o desafio? Ou vou dar a tarefa ao meu melhor e mais experimentado piloto? Alguém consegue explicar-me… como se tivesse 6 anos?"
É mais ou menos o que se passa na Seleção. Para o campo não vão todos os nossos melhores jogadores, mais rodados e experimentados. Vão alguns para ganhar minutos nas pernas.
Ontem, por um feliz acaso, encontrei Paulo Freitas, o nosso antigo treinador.
Está neste momento a jogar contra nós pelo apuramento para a final do campeonato. Por outro lado, consta que na próxima época será o treinador do nosso rival Benfica.
Mas nada disso belisca o meu enorme reconhecimento por este treinador que foi responsável pelos grandes feitos do hóquei leonino nos últimos anos e que devolveram a grandiosidade a uma modalidade muito querida no nosso ecletismo.
Por isso, apesar de já não ser nenhum garoto, arrisquei ir ao encontro de Paulo Freitas para agradecer-lhe, pessoalmente, pelas alegrias que me proporcionou enquanto sportinguista. Foi um cumprimento que me realizou.
O Sporting entrou para os confrontos com o Arsenal vindo da sua melhor série da época. A equipa respirava confiança e isso passou para os adeptos. A eliminatória confirmou esse bom momento.
O Sporting aborda agora os confrontos com a Juventus entre resultados menos conseguidos, exibições desinspiradas e, pior, privado de alguns jogadores nucleares que estavam no pico da forma (Paulinho e St. Juste).
Não é, por isso, difícil imaginar que o contexto para 5.ª feira é muito pior do que há apenas 3 semanas.
Acresce, por outro lado, que a história e a estatística não jogam a nosso favor. Da história, a nossa incapacidade para eliminar equipas italianas. Da estatística, o facto de, frente às principais equipas italianas (Milão, Inter e Juventus), nunca termos marcado mais do que um golo em nossa casa (OK, marcámos dois contra a Roma, mas esses não estão no top-3 do calcio). Ora, na 5.ª feira, precisaremos de marcar, pelo menos, dois golos...
Repito-me: não é, por isso, difícil imaginar que o contexto para 5.ª feira é muito, mas muito pior, do que há algumas semanas.
Aos jogadores do Sporting, o meu modesto conselho / pedido é apenas este: surpreendam-nos!
A derrota do Benfica de ontem deve servir de sério aviso ao Sporting, no confronto que se prepara para ter amanhã frente à Juventus.
Aliás, o leão Miguel Veloso já deu o mote, quando disse que a "Velha Senhora" é cínica. Muito cuidado, portanto.
O jogo de amanhã terá a particularidade de ser a estreia de Rúben Amorim frente a um poderoso representante de outra liga das Big-5.
Depois de ingleses, alemães e franceses, seguem-se, agora, os italianos, treinados por Massimiliano Allegri, um treinador bastante experimentado. Um teste muito interessante para o nosso jovem treinador.
Um sportinguista lê, por estes dias, as loas que se tecem a Pepe, que, não obstante a veterania, parece ainda estar aí para as curvas.
Um sportinguista lê também, nestas últimas horas, que chegou novamente uma proposta das arábias para Cristiano Ronaldo. O desejo de ver Ronaldo voltar ao Sporting é inversamente proporcional à crença de que esse regresso irá mesmo acontecer. Os milhões das arábias, ou de um team de um novo-rico árabe, chinês ou americano, falará mais alto, é o meu feeling.
E, de repente, um sportinguista dá por si a pensar que também Pepe poderia, por estes dias, estar a encher os bolsos no Médio Oriente, ou numa outra liga excêntrica qualquer. Só que não.
Pepe, há aproximadamente quatro anos, decidiu regressar ao Porto e ao campeonato português, lugares onde tinha sido feliz e onde sentia que deveria estar novamente. Mal andará quem julgar, por estes dias, que Pepe escolheu a aposta errada.
Sabendo-se da forte amizade entre Pepe e Ronaldo, talvez o craque da nossa formação pudesse olhar para o exemplo do seu parceiro de tantas jornadas gloriosas, que tendo escolhido voltar ao seu clube em Portugal e ao nosso campeonato, vai sair pela porta grande no dia em que pendurar as chuteiras.
Num certo sábado, do ano de 1990, terminado o almoço, o meu pai pegou no carro e levou-me com ele em viagem, até uma terra relativamente distante de Esposende, mas não muito.
Chegados a Famalicão, dirigimo-nos ao estádio local. Na minha ignorância, perguntei ao meu pai o que é se estava a passar.
Vamos ver o Sporting, respondeu-me. O que é o Sporting?, retorqui.
Então, em cinco ou menos minutos, o meu pai fez o necessário briefing: a equipa que vamos apoiar são os verde e branco, os nossos bilhetes são para o setor da equipa da casa, por isso nada de manifestações, sobretudo se for golo nosso, o nosso craque é o Gomes.
Chegados ao estádio, entrei, literalmente, num mundo novo do qual nunca mais haveria de sair: o futebol e o gosto pelo desporto rei, mas, sobretudo, a paixão pelo Sporting.
Gomes? Quem é ele? Onde está ? perguntava, incessantemente, ao meu pai.
É o nosso 9, respondeu-me.
E então, nunca mais tirei, nessa tarde, os olhos do nosso 9, o Gomes.
Foi um jogo muito disputado, como, de resto, continuam a ser hoje em dia as nossas partidas contra o Famalicão, mas lá conseguimos levar de vencida o adversário, graças a um golo do...Gomes!
Que alegria! Que emoção! O nosso craque marcara golo, dando a vitória ao, agora também meu, Sporting!
Regressados de Famalicão, perguntava ao meu pai, numa excitação incontida, como é que poderia seguir o Sporting, que queria beber mais deste cálice sagrado.
Fala com o teu avô e ele que te ponha a ler A'Bola, que compra sempre, respondeu o meu pai.
E foi assim que começou a minha história com a A'Bola, jornal que li a fio e pavio, durante toda a minha infância e adolescência, e que, não obstante todos os defeitos, continua a ser o meu jornal.
Quanto ao Gomes, continuei, claro está, a segui-lo com toda a atenção, durante o resto do campeonato, onde haveria de acabar no pódio dos melhores marcadores, em terceiro lugar. E foi então que, terminada a época, ouvi, com estupefacção, Gomes anunciar, no Domingo Desportivo, que se retirava das competições oficiais. Como? Porquê agora? Nunca o Sporting irá arranjar um atacante deste calibre!, eram pensamentos que, nos dias seguintes, assaltavam com toda a força a minha cabeça.
Mais tarde, vim a descobrir que o meu Gomes era, afinal, uma lenda do Futebol Clube do Porto, nosso arqui-inimigo. Mas, confesso, isso pouco me importou, nem tão pouco retirou qualquer brilho à imagem reluzente que guardava do meu Gomes sportinguista.
Gomes vestiu de uma forma muito nobre a nossa camisola. É a memória que guardo, confirmada e reiterada pelos inúmeros testemunhos leoninos que li nestes dias após o seu passamento e, em particular, por um vídeo disponível no YouTube, o rescaldo do Sporting vs. Porto, o primeiro em que Gomes defrontou a sua antiga equipa.
A notícia da morte de Fernando Gomes deixou-me, naturalmente, muito triste, pois é o nome incontornável na história da minha iniciação ao sportinguismo. Mais pena tenho por nunca me ter cruzado com o Gomes e de poder agradecer-lhe pessoalmente por essa tão grata lembrança.
Morreu o Gomes, mas não morreu o meu Gomes, que continua, impecavelmente equipado de verde e branco, a marcar ao Famalicão, na minha memória e no meu coração.
Alguém recordava hoje, numa rede social, que na época 1999/2000, o Sporting também foi jogar ao Porto na primeira volta e perdeu igualmente por três secos.
E concluía a evocação notando que, no final desse campeonato, o campeão foi...o Sporting!
De 2000 para cá muita coisa mudou, mas esta idiossincracia, tipicamente sportinguista, de avistar, ao cabo de cinco pontos perdidos, o adeus ao título, ou outro qualquer desfecho catastrofista, permaneceu inalterada.
Rúben Amorim não é sportinguista, felizmente para nós!
O mister, muito habituado a ganhar e a disputar as frentes todas até ao fim, - forma de estar que trouxe para Alvalade e que tem incutido nos seus jogadores - não vai soçobrar, como o típico adepto leonino, com este arranque em falso.
Continuo a colocar as minhas esperanças na equipa. Como diria Mourinho noutros tempos, «fiquei frustrado com a derrota, já que queria ganhar. Mas alguém vai ter de pagar. Certamente será o próximo.» Portanto, não concebo outra resposta que não uma vitória categórica frente ao Chaves.
Da noite épica de ontem em Madrid, fica, entre tantos outros momentos, a saída, em tom cabisbaixo de pai e filha, para, num ápice, explodirem de alegria e regressarem, em passo corrido, para os seus lugares na bancada.
Fez-me lembrar a nossa final da Taça de Portugal de há uns anos, contra o Braga. A 10 minutos do fim, perdia o Sporting 0-2, quando um mar de adeptos abandonava, em tom desanimado, o Jamor. Após Fredy Montero ter feito o 2-2 era ver todos esses adeptos regressarem animados para os seus lugares, debaixo de uma enorme assobiadela por parte dos adeptos resistentes, que não tinham atirado a toalha ao chão.
Não posso criticar aqueles adeptos que foram abandonando o Jamor, largos minutos antes de soar o apito final. Nesse jogo, ao intervalo, o meu pai ligava-me a perguntar se não queria ir embora, pois assim antecipávamos a longa viagem de regresso até casa que nos esperava. Disse-lhe que não, para vermos no que dava o início da 2ª parte e a verdade é que lá fomos resistindo, continuando a apoiar a nossa equipa.
Um dos meus maiores lamentos como adepto foi não ter visto o célebre golo do Miguel Garcia que nos valeu a final da taça UEFA. Quando se deu o canto, abandonei a sala onde via o jogo. Nunca na vida, contra os graúdos dos holandeses, e no último lance do encontro, o Sporting alguma vez marcaria golo. E não é que marcou?
Das memórias felizes, enquanto adeptos, estão as remontadas e as suas reações. Revejo-me, pois, no maravilhoso momento protagonizado por aquele pai e aquela filha ontem à noite e que vão ser imagem indissociável da noite gloriosa do Real Madrid.
O bi-campeonato de que nos despedimos ontem foi perdido, entre outros detalhes, com duas derrotas em casa (Alvalade tem de ser uma verdadeira fortaleza) e com duas derrotas em que chegámos a estar na frente do marcador (o que não se pode admitir).
Como o Pedro Correia já aqui sinalizou, o nosso mister levou um banho táctico.
Ora, estes "banhos", aqueles "detalhes", que custam campeonatos devem ser vistos como a curva de aprendizagem necessária da nossa jovem equipa e do nosso jovem treinador.
É bom lembrar, nestas alturas, as avisadas palavras de Frederico Varandas, quando disse, e há pouco tempo relembrou, que o Sporting está atrás dos seus rivais. Seja em termos de mentalidade (embora o progresso seja nítido), seja em termos de orçamento.
Temos, pois, de continuar a fazer o nosso caminho e não desanimar, nem desesperar com a derrota de ontem e o "adeus" ao título.
Há uma boa máxima do nosso futebol, atribuída a Arrigo Sacchi, segundo a qual o futebol é a mais importante das coisas pouco importantes.
Tocou-me saber que Nélson Veríssimo, no mesmo dia em que regressou ao posto de treinador principal do Benfica, perdeu a sua mãe.
Impressionou-me saber que, enquanto a mãe era velada, Nélson Veríssimo ainda orientou um treino da equipa.
E também causou impressão que no dia seguinte estivesse a comandar a equipa no Dragão.
É possível que Nélson Veríssimo tenha tomado a iniciativa de treinar, bem como de comandar a equipa frente ao Porto. De resto, não criou nenhum precedente, pois no passado sucederam idênticos episódios. Desde logo, no nosso clube, com António Oliveira e Paulo Bento a vestirem a verde e branca no dia em que souberam do falecimento dos seus pais. Mais recentemente, tivemos Cristiano Ronaldo a jogar na Rússia, depois de tomar conhecimento da morte do pai.
Estes "sacrifícios" por parte dos nossos desportistas costumam ser destacados pela imprensa e até alvo de aplausos por parte de muitos adeptos, sobretudo dos mais aguerridos do clube em causa.
Cada um sabe de si, mas entendo que há momentos em que o futebol deve ser colocado na devida ordem da sua importância e a morte de alguém tão marcante nas nossas vidas, como um Pai ou uma Mãe, é um desses. Em contraste com os exemplos vindos de referir, temos o testemunho de Luís Campos que, quando treinava o Setúbal, falhou um jogo do clube porque o sogro havia falecido.
Teve a atitude que se impunha e que julgo dever ser a regra e não, infelizmente, a excepção. Mas, para isso, é preciso também que os clubes tenham sensibilidade. Mesmo perante a vontade do atleta ou treinador em disputar o jogo, devem dizer que primeiro está a família e o futebol vem depois, a mais importante das coisas pouco importantes.
Já são conhecidos os 4 equipamentos com que o Sporting se apresentará em campo na presente temporada, nas diversas competições que disputa.
A época 2021/2022 marca a estreia da Nike como fornecedora oficial dos nossos equipamentos. Pelo prestígio e dimensão da marca, encarei com grande expectativa o lançamento das camisolas leoninas.
No entanto, manda a sinceridade dizer que a cada novo lançamento de equipamento, seguiu-se a desilusão.
Pessoalmente, só consigo gostar do terceiro equipamento, ao qual, para ser top, só falta o símbolo ser o antigo e não o actual (como a Macron costumava fazer).
No global, os equipamentos ficaram aquém das elevadas expectativas. E pensar que vários "artistas", pelas redes sociais fora, simularam novos equipamentos bem mais interessantes do que aqueles que acabaram por ser feitos pela Nike...
A ver se na próxima época a Nike faz jus aos pergaminhos.
P.S.: Mal o Sporting/Nike em comercializarem muito poucas camisolas sem patrocínio.
Em agosto de 2019, afirmava o nosso seleccionador, de forma categórica, que indiscutíveis na Selecção só o Cristiano Ronaldo.
Torna-se, por isso, difícil de compreender como é que o William Carvalho, após uma época sem ser opção no modesto Bétis, entra de caras no onze titular, por contraponto, por exemplo, com João Palhinha, que fez uma época altíssima no Sporting, ou até mesmo Renato Sanches, que até já pedia a titularidade no jogo anterior.
Fernando Santos é culpado, mas tem atenuantes. Na verdade, o engenheiro segue apenas o diapasão de outros seleccionadores que lhe precederam no cargo.
Quem não se recorda da maldade de António Oliveira, no Mundial de 2002, em que fez toda a fase de qualificação com Ricardo na baliza, que esteve sempre em grande nível, uma vez que Vítor Baía estivera lesionado praticamente a época inteira, e em pleno Mundial dá a titularidade de caras a Baía, que nada tinha feito para a merecer? Ou então, o que dizer de Luís Filipe Scolari, que começou o Euro deixando um super-Deco no banco, para dar a titularidade a um consagrado, mas em má forma, Rui Costa?
A verdade é que na selecção portuguesa, muitas vezes, os onze titulares não são os que estão em melhor forma. Salta à vista de qualquer adepto, menos do seleccionador, que ainda por cima tem sempre mais tempo livre do que ocupado. É, pois, uma pena que selecção não rime com meritocracia.
Cumprem-se hoje seis anos da conquista épica da Taça de Portugal, a minha primeira, e à data única, final no Jamor.
A estória conta-se em poucas palavras: a jogar com menos um desde os 15min e a perder por 2-0 à meia hora de jogo, o Sporting bem que se esforçava mas não conseguia reentrar na discussão do troféu. Para milhares de adeptos, soava a desfecho visto um par de anos antes, frente à Académica.
À entrada para os últimos 10 minutos, um mar de gente abandonava, pesarosa, o seu lugar ao sol, abrindo uma vistosa clareira. A derrota iriaa consumar-se dentro em pouco. Eis senão quando, ao minuto 83, Slimani, num excelente movimento de pés a afastar dois adversários, atira para o fundo das redes, devolvendo a fé à torcida leonina. Vamos lá Sporting, ainda temos cerca de 10 minutos (considerando os descontos) para empatar isto!
Atingido o tempo regulamentar, entrávamos nos descontos. Passa um minuto e nada. Passa o segundo minuto e o tempo para fazer o golo do empate a encurtar cada vez mais. Mas está escrito nos livros que as conquistas épicas se fazem de momentos improváveis e eis que o central Paulo Oliveira, num longo passe ainda antes da linha do meio campo, consegue colocar a bola em Fredy Montero, que, de forma caprichosa, coloca a redondinha novamente no fundo das redes adversárias. Estava feito o empate e com ele a explosão no vulcão do Jamor!
O que se seguiu também entra para as imagens incríveis desta jornada: milhares de adeptos a regressarem ao estádio e aos seus lugares, e as claques a vaiarem-nos com uma enorme assobiadela.
No prolongamento o resultado permaneceu inalterado e tudo se viria a decidir na marcação por pontapés de grande penalidade, arte em que o Sporting era especialista e onde não desiludiu. Eficácia leonina, aliada à intercessão de São Patrício e ao desacerto bracarense, ditaram a conquista de mais uma taça de Portugal para o pecúlio leonino. Foi uma autêntica Taça de Campeões, pelo modo glorioso como foi conquista. Os jogadores, ao contrário de milhares de adeptos, nunca deixaram de acreditar na reviravolta.
Recordo hoje, com emoção, o abraço caloroso e emocionado que um sportinguista, que não conhecia de lado nenhum, me deu, assim que o Montero fez o 2-2. São muitas e gratificantes as memórias que enchem o coração de cada vez que recordo esta final.
Aproveito para desafiar o leitor a partilhar algum momento igualmente especial que viveu nessa ou noutra final, envolvendo o nosso Sporting.
30 dezembro 1999 - A convicção de Jorge Costa sobre a superioridade do FC Porto é tanta, que, em resposta à pergunta ”por si, podia encomendar-se as faixas de campeão para esta época?”, não ”disfarçou” nada: ”Pela minha confiança na equipa poderiam."
23 abril 2021 - "Estamos de tal maneira envolvidos no campeonato, que penso que ainda vamos ganhar se tudo for normal."
Giovanni Trapattoni é uma velha raposa do futebol mundial e Portugal teve a sorte de, por um ano, ter tido tal ilustre figura a trabalhar no nosso futebol.
O experimentado técnico italiano sempre se exprimiu por cá na sua língua materna e se havia palavra empregue amiúde, à qual achava muita piada pela sua sonoridade, era a de "mentalità."
"Il Trap" bem sabia que tão ou mais importante que a condição física, era a condição mental. Na recta final e decisiva do campeonato de 2004/2005, causou algum impacto, pela sua originalidade, o conselho do treinador aos seus jogadores para não lerem os jornais.
Nesta fase do campeonato, a equipa do Sporting encontra-se num momento que apela bastante a "nervos de aço". Nós, sportinguistas, assim como os nossos rivais, sabemos que as fendas da nossa muralha residem essencialmente na parte psicológica. Nunca nos vimos nesta posição e com uma vantagem de 10 pontos (agora 6), são duas décadas sem ganhar um campeonato, são muitos jogadores novos nestas andanças, enfim, são várias as pontas por onde se pode tentar começar a quebrar a equipa.
Rúben Amorim, que chegou a jogar contra a equipa de Trap, é um estudioso do futebol e, ainda que não precise de conselhos, sobretudo de um adepto de bancada como eu, gostaria de deixar-lhe as seguintes duas recomendações: primeiro, dizer aos jogadores para não lerem jornais, ou redes sociais. O silêncio das redes retira pressão e o inimigo sabe que esta é a a altura propícia de nos bombardear com pressão; segundo, convidar alguns dos nossos antigos campeões a passarem por Alcochete e partilharem as suas experiências, com a autoridade de quem esteve prestes a sagrar-se campeão pelo Sporting, após longo jejum. Pedro Barbosa, Rui Jorge, Beto, Nelson, Vidigal, são testemunhos vivos de quem lidou com a alta pressão, como a nossa jovem equipa se depara agora, e que provaram também conseguir ter "mentalità" de campeão.
Depois das desilusões havidas com o não regresso de Paulo Futre e de Luís Figo ao Sporting, no ocaso das respectivas carreiras, nunca alimentei o sonho de assistir um dia ao regresso de Cristiano Ronaldo a Alvalade e ao Sporting para jogar de novo com a nossa camisola. Infelizmente, o exemplo de Rui Costa é caso isolado...
Como diria o mister Fernando Santos, na realidade, o mais certo, nos próximos tempos, será o regresso de Ronaldo a Alvalade, seja pela Selecção, seja pela Juventus na Champions (assim cheguemos lá!), e não também o regresso ao Sporting.
Apenas duas circunstâncias especialíssimas poderiam, eventualmente, levar a que Ronaldo, arrepiando o caminho enveredado por Futre ou Figo, vestisse novamente a camisola verde e branca, para gáudio da massa adepta leonina.
A primeira, seria o nosso craque fazer questão de contar no seu palmarés com um campeonato doméstico, fazendo, assim, o pleno de ser campeão em todos os países onde jogou. Ronaldo é conhecido como um atleta ambicioso e esse poderia, de facto, ser um poderoso incentivo.
A segunda, seria a sua Mãe D. Dolores, fervorosa adepta sportinguista, expressar a vontade de ver o seu menino jogar novamente pelo clube de sempre, fazendo lobby por isso.
Na falta de Ronaldo, já me darei por muito contente se mantivermos o João "Pantufas" Mário para além desta época.
Dobrar o ano em primeiro lugar, igualar o melhor registo de vitórias e pontos nesta fase do campeonato, ou assistir à afirmação da nova leva de talentos made in Academia, motivos não faltam para o Presidente Frederico Varandas terminar o ano com um sorriso de orelha a orelha e abraçar 2021 com outro ânimo. E esta, hein?!
Como dizia e bem o míster, ainda não chegámos sequer ao primeiro terço do campeonato, mas valha a verdade que estas últimas onze jornadas foram um importantíssimo bálsamo para a Direcção, ao mesmo tempo que são um revés para os seus adversários e inimigos.
As armas por ora estão guardadas e o clima de guerra civil deu lugar à desejada paz. Esperemos, para bem do nosso Sporting, que não seja paz podre.
Muito bom ano, caros leitores, saúde e viva ao Sporting!
Escreve hoje o Record que Rúben Amorim, com toda a ascensão meteórica que a sua carreira conheceu no espaço de um ano, recusou, até agora, dar qualquer entrevista de fundo, incluindo para os órgãos de comunicação do Sporting.
Agrada-me esta reserva do nosso treinador. Equilibrada, como têm sido o seu discurso e postura. Rúben Amorim tem os pés bem assentes no chão e quando pede aos jogadores para não lerem jornais, não vá acharem-se os maiores lá do relvado, acredito que também dirija a mensagem para si próprio.
Todos estaremos recordados do malfadado campeonato 15/16, que tinha tudo para ser nosso e bastaram as desastrosas declarações do nosso treinador de então, Jorge Jesus, sobre o seu homólogo no Benfica, para surtirem o efeito indesejado no nosso rival que, a partir daí, encetou uma 2ª volta demolidora.
Não sei o que é que nos reserva a presente edição da Liga, mas descansa-me saber que não será pelas palavras de Rúben Amorim que os nossos concorrentes ganharão um tónico extra nas suas partidas.
Quaresma, Gonçalo Inácio, Nuno Mendes, Tiago Tomás e afins.
Nas vossas tardes livres, sintonizem-se na Eurosport para acompanhar o Giro de Itália e prestem especial atenção ao nosso compatriota João Almeida.
Apenas com 22 tenrinhos anos, assim como vocês, e é vê-lo bater-se junto dos craques das duas rodas, em defesa da camisola rosa, sempre com atitude, muita atitude.
Não sei se vocês, a nossa equipa, vestirá a camisola de líder da Liga 20/21, mas seja nas etapas planas (Tondela, Gil Vicente), nas de média montanha (Rio Ave, Famalicão ou Guimarães) ou de alta montanha (Porto, Benfica ou Braga), façam como o João: sem medo do adversário e baterem-se de igual para igual, apenas com um resultado em vista.
Os vossos avós poderão falar-vos doutro tipo assim que conheceram, com igual atitude: Joaquim Agostinho, também atleta do Sporting e um dos nomes maiores do nosso Museu. Ambicionem também esse lugar, a camisola já envergam!
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