Nuno Santos lesionou-se e só volta na próxima época. Pote lesionou-se e só volta no próximo mês. Matheus Reis, Gonçalo Inácio, Hidemasa Morita ou Daniel Bragança vão estando também magoados. Ruben Amorim, saiu, causando surpresa. João Pereira foi anunciado e "estragou" o trabalho de Amorim, desperdiçando grande parte da vantagem (com Ruben, seriamos campeões "a brincar"). Rui Borges chegou e trouxe nova vida, vencendo 2 rivais nos seus primeiros jogos, mas mudou esquema tático e já se sabe que isso demora a dar resultados e que alguns jogadores ficam fora das posições a que estavam habituados (Trincão é caso paradigmático). E apesar de tudo isto, deu-se o pequeno milagre de acabarmos a primeira volta em primeiro, continuando a ser o melhor ataque e tendo a segunda melhor defesa. Com o regresso progressivo dos lesionados, com a chegada de 2 ou 3 reforços e com as ideias de Borges a serem cada vez melhor aplicadas, afinal o sonho de ser bicampeão está bem vivo. Nada está ganho, mas ao contrário do que parecia há poucas semanas, nada está perdido. Jogo a jogo, com inspiração, atitude ou as duas, estamos na luta. E é só isso que se pode exigir ao Sporting: estar na luta pelo título, todos os anos, até ao fim.
Devo o meu sportinguismo aos meus avós, Chaveiro e Rosa. Uma das melhores memórias de infância prende-se com uma lembrança constante da minha avó, que ela muitas vezes repetia. Lembrava o relato do Sporting, 5 Manchester United, 0, de 1964, que virou a eliminatória da Taça das Taças (a que vencemos), após uma derrota por 4-1 em Inglaterra. Reproduzia as palavras de Artur Agostinho, espantado e entusiasmado com o feito de Géo, Osvaldo, Morais e companhia: “é o fim do mundo em Alvaladeeee!”. Obrigado, Ruben, Franco, Viktor e a todos os outros. Ontem, o mundo acabou outra vez em Alvalade.
Pepê teve ontem, no Dragão, uma bela atitude. Quando vencia apenas por 1-0, o brasileiro parou uma jogada de perigo, por ver que um colega de profissão caíra, com expressão de dor. É de assinalar. Sobretudo, ali.
A saída de Amorim para o United não aproveita a ninguém. O United não ganha um treinador de estofo mundial, que é o que precisava depois de muitos anos a marcar passo, mesmo tendo gasto rios de dinheiro. Ruben pode vir a ser um Special One, mas acredito que para este United só serviria um Ancelotti, Guardiola, Klopp ou Zidane. Amorim ganhará, literalmente, mais e terá pela frente o comando de um gigante adormecido, na melhor liga do mundo. Mas creio que não é o clube nem o momento para deixar Lisboa. Por fim, a parte que mais me interessa. O Sporting já sabia que ia perder Viana, que fará uma transição suave, agora perde o treinador, sem suavidade. Segue-se, provavelmente, João Pereira, que não entusiasma ninguém e faz vacilar a conquistar do bicampeonato. Daqui a um ano, como estarão estas três partes?
Só trabalho em comunicação há 17 anos, mas este timing para anunciar as contas parece-me deveras errado. Não dava para esperar pelo próximo jogo da seleção?
Roberto Martinez é um grande sportinguista. Convocou Inácio, Trincão, Pote e Quenda e só não deu a mão a Nuno Santos (vindo de lesão, como Neto, 5 minutos antes do Euro) e Bragança (suplente, como Félix no Barcelona antes do mesmo Euro) para esconder melhor as suas cores.
Na hora da verdade, só deu minutos a Inácio e nem 90 foram, dando espaço a Silva para fazer má figura e chegar cansado às mão de Lage. Ainda pareceu alimentar a ideia de que Quenda se ia mesmo estrear antes de fazer 18 anos, mas não querendo que o adolescente se empolgasse demasiado, esqueceu essa ideia.
Para disfarçar ainda deu uns minutos a Pedro Gonçalves no primeiro jogo, mas não querendo submeter os bravos leões a jogar na Luz mais do que uma vez ao ano, foi inteligente e lançou antes Neto, Jota ou Leão de início e na hora de trocar, quando a poderosa Escócia ameaçava conseguir um pontinho, ao invés de pensar em Francisco, Pedro ou Geovany, fez o certo e lançou Félix, de regresso ao Chelsea, depois do regresso ao Atlético, tudo fazendo para não regressar a Lisboa.
Resultado: os quatro leões, titulares de uma máquina goleadora sem igual por cá, regressam a Alcochete frescos para o duro setembro que aí vem e o Sporting ainda poupou uns belos trocos em refeições e água quente, com a excursão do quarteto a Carnide. Obrigado, Roberto.
Confio neste Sporting como nunca confiei em nenhum e, se não vier mais nenhum avançado, será uma pequena desilusão, mas continuarei a acreditar na nossa capacidade goleadora, rezando por Viktor a Nossa Senhora dos Joelhos. Ioannidis parece ser opção descartada e o tal Harder estará...harder to get, com a intromissão do Brighton. Acredito que estará em marcha o plano D e E e que até segunda-feira possa haver uma boa nova.
Caso não aconteça e acreditando que Amorim não quererá "um qualquer", lembro que há ainda a possibilidade de se contar com um desempregado. Bem sei que esta malta pede obesos prémios de assinatura e que não costuma ganhar mal, mas não enjeitaria a oportunidade de ver por cá Martial (móvel e necessitado de se relançar); Ben Yedder (goleador consistente que estando em fim de carreira pode aceitar melhor ser suplente); Choupo-Motig (suplente-goleador de carreira) ou até Delort, com menos nome mas com muitos golos na liga francesa ao longo dos anos.
Maxi, ala esquerdo, é o novo reforço do Sporting e o mais recente uruguaio a vestir a camisola listada verde e branca. Quem foram os outros?
O primeiro uruguaio no Sporting foi Enrique Fernández, que jogou e treinou no Barcelona e chegou a Lisboa já como técnico, em 1957. No ano seguinte, por sua indicação, chegou José Caraballo, avançado “charrua”. Teve pouco sucesso, fazendo apenas 3 golos em 13 jogos. Passou depois por Braga, Salgueiros e Montijo. O seu neto, Peter, passou pelas camadas jovens do Sporting. Em 1988, chegou o treinador Pedro Rocha e o guarda-redes Rodolfo Rodriguez, anunciado como uma das “unhas” do leão. Fez 20 jogos e sofreu 18 golos, não estando à altura das expetativas.
Quase 20 anos depois, chegou mais uma desilusão. Carlos Bueno só se destacou num jogo, marcando 4 vezes ao Nacional. Ainda assim, saiu com uma Taça de Portugal. Em 2011, chegou Luis Aguiar. Médio de qualidade, com passado no Braga, acabou por nunca se estrear, jogando até hoje no Uruguai. Em janeiro de 2012, mais uma má jogada. Seba Ribas, avançado, veio emprestado pelo Génova e com zero golos em 7 jogos, deixou Lisboa e andou a falhar por vários países antes do regresso a casa.
Em janeiro de 2016, mudou a sorte. Chegou Coates, saído este ano como grande capitão e histórico defesa. Fez 369 jogos, marcou 37 vezes e ajudou na conquista de dois campeonatos e mais 6 títulos nacionais. Dispensa apresentações. Coates recebeu depois o médio Manu Ugarte, herdeiro de Palhinha no meio-campo. Em duas épocas, ganhou uma Taça da Liga e saiu por 60 milhões. Franco Israel chegou em 2022 para ser suplente de Adán. A lesão do espanhol fez com que fosse titular na segunda metade da época passada, ajudando o clube a ser campeão.
É agora a vez de Maxi ser como os seus últimos compatriotas.
"O Sporting Clube de Portugal manifesta o seu pesar pela morte de Sven-Göran Eriksson, uma grande figura do futebol mundial", escreveu o nosso clube nas suas redes sociais. Também eu (tal como será o caso do resto do plantel do És a nossa Fé!) me junto a este momento de tristeza pela partida de um senhor.
Aos 34 anos, Zouhair Feddal “pendurou” as botas. Chegou ao Sporting em 2020, sem grande currículo e com passagens de um ano por vários clubes, de segunda ou terceira categoria. Foi relativamente barato, mas ninguém tinha grande fé nele. A não ser Amorim, que fez dele um titular fiável, participante em 34 jogos e autor de 2 golos (em dois 2-0 em casa, um contra o Nacional e o outro, contra o Portimonense) e 3 assistências. No ano seguinte, viu-se um Inácio mais maduro, mas o marroquino ainda entrou em campo 26 vezes e fez mais uma assistência. Venceu por cá os únicos 4 títulos da carreira e fica na história do clube. Que tenha sorte na nova etapa e caso oiça falar de outro defesa como ele, fiável e barato, que mande notícias.
Nunca pensei chegar a 19 de agosto com Diomande, Inácio, Hjulmand, Pote, Trincão e Gyökeres no plantel do Sporting. Esse é o grande mérito da estrutura, este ano. Sem contar com Coates, que saiu mais cedo do que o esperado, mas cada vez mais perto do fim da carreira, o Sporting mantém o onze base que foi campeão, o que faz sonhar com o bi, sobretudo quando os rivais diretos parecem mais necessitados de encaixes e de rumo.
Ao núcleo duro juntaram-se Kovacevic (à primeira vista, não é melhor do que Israel) e Debast (já errou muito, mas vejo-lhe méritos para se impor) e estarão para chegar Maxi (ala à Nuno Santos ou extremo goleador à Trincão) e um avançado (Ioannidis ou Roque). Quenda, prodígio anunciado, tem sido o melhor reforço, titular em três jogos. Outros jovens, como Nel, Ribeiro ou Essugo também podem crescer este ano. Iago, visto como esperança do Real Madrid, também poderá ter uma palavra a dizer.
Tudo isto para chegar a Mateus Fernandes. O camisola 28 está de saída para Inglaterra e renderá, no mínimo, 15 milhões. Acredito que daqui a uma época o valor dobrasse, mas para manter o onze base há que fazer sacrifícios e esta é uma operação que custa, mas faz sentido. Mateus é da casa, mostrou qualidade e podia ser 8, 10 ou descair para a ala. Até escolheu vestir a camisola 28, com a qual Pote brilhou nos primeiros anos de Sporting. Mas sai pelo bem maior. Vai ganhar mais e jogar na melhor liga do mundo, mas ainda teria muito a dar ao clube que o formou.
A saída de Mateus, bem como a de Paulinho, venda de emprestados, as percentagens ganhas com negócios como os de Palhinha ou Veiga e ainda as possíveis saídas de outros como Fresneda, Esgaio ou Edwards, garantem que as estrelas maiores ficam por cá. Assim, a glória fica mais perto. Em teoria, claro.
Ainda gostaria de ter mais um central, experiente e sem propensão para lesões, e um médio que rendesse Hjulmand de quando em vez, mas o plantel, a manter-se mais ou menos assim, é melhor do que o do ano passado e promete muito.
Morten Hjulmand estreou-se ontem pelo seu país numa grande competição. Teve azar ao ver a bola bater-lhe antes de entrar na sua baliza, mas fez um bom jogo, como tem feito desde que se estreou pela Dinamarca, já como jogador do Sporting. Na sua cabeça parece estar fazer o melhor Euro possível com os vencedores de 1992, ter umas pequenas férias e voltar a liderar o meio-campo do campeão português. O mercado passa-lhe ao lado. Afinal, como se sabe, já está numa grande equipa. É o próprio que destaca o óbvio.
O Sporting procura domingo a primeira dobradinha em mais de vinte anos. Como campeão e melhor equipa nacional, estatisticamente e exibicionalmente, é favorito, o que não garante nada a não ser otimismo e ambição.
Os do Porto quererão despedir-se de Jorge Nuno e talvez de Sérgio da melhor forma e nós quereremos dar continuidade à festa. Eles têm um bom guarda-redes, um bom trinco, dois espalhas-brasas-brinca-na-areia e dois avançados goleadores meio adormecidos que esperemos que o sol do Jamor não acorde. Também têm tendência para ter os nervos fracos e ver gigantes em moinhos de vento (ou mesmo portas da Linha).
Nós temos um júnior na baliza, bem guardado por Coates e companhia; uma junção nipo-dinamarquesa no miolo e alas verdadeiramente diferenciados e sempre prontos a entregar presentes ao nosso uber-Jardel.
E ainda temos uma convocatória entalada na garganta, que se pode desprender à conta de golos bem gritados. Há uns quantos portugueses que, pela primeira vez, estão desgostosos por ir passar uns dias numa ilha paradisíaca em vez de aterrarem na Alemanha. Pela milésima vez poderão mostrar que mesmo ignorados, são melhores.
Esta época é verde. Resta saber o quão verde. Acredito que muitíssimo. Só é pena que o Jamor não estique.
Respeitando (quase) todas as opiniões, gosto bastante da nova camisola do Sporting.
Poucas semanas depois da estreia de uma camisola quase toda branca com o lindíssimo símbolo anterior, saiu esta, disruptiva e carregada de preto, até nas listas, algo nunca antes visto, a não ser numa camisola alternativa de andebol, feita pela Asics há cerca de dez anos.
Somos a melhor equipa portuguesa, tendo acabado de vencer o campeonato, batendo milhentos recordes. O nosso presidente não está a ser investigado e se sair amanhã, parece que não se vão encontrar buracos. O nosso treinador parece ter vontade de ficar (apesar de nem sempre ser assertivo nessa vontade) e os adeptos querem também que ele fique. As finanças parecem controladas a ponto de virem aí reforços e de não se prever uma sangria no plantel.
Os outros vão rotos ou nús e nós discutimos o tecido que suporta o escudo de campeão.
A saída de cena de Pinto da Costa abre caminho a uma reflexão séria sobre os últimos 40 anos do nosso futebol? Quantos vicecampeonatos do Sporting deveriam ser convertidos para campeonatos ganhos?
{ Blogue fundado em 2012. }
Subscrever por e-mail
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.