Não foi preciso muito para Pedro Porro nos cativar. Sangue quente e velocidade todo ele, não deixou muitas dúvidas, tínhamos lateral, possivelmente o melhor nessa posição dos últimos-muitos-anos. Entregou-se-nos com paixão e ganas, este espanhol emotivo e emocionado tantas vezes. Dramático por vezes, dirão alguns, um apaixonado vejo eu. Divertia-me o seu ar incrédulo quando estalava alguma confusão no campo. Dir-se-ia que nunca as começava e no entanto ali estava ele, no meio, sem crer que adversários entrassem assim em conflito... não deixava de ser engraçado ver.
Porro tem tudo para ser um ídolo - sou dessas, que apreciam ídolos no futebol - , como os que havia antigamente, não um ídolo fabricado. Desejo-lhe a melhor carreira, agradecendo a sua passagem pelo nosso, agora também seu, Sporting.
Saliento as despedidas, porque foram duas ou três, que o Sporting lhe fez nas suas redes sociais, numa das quais nem os famosos calções faltaram. Terei saudades, em igual medida, dos seus arranques e sorriso rasgado.
Posto isto, rumemos a Alvalade que é dia de jogo (toda a gente sabe que eu vou).
No estádio, no jogo com o Tottenham, o ambiente foi dos bons, como aquela primeira bebida que começa logo a escorrer bem. Bastante gente, havia um ânimo bom no ar. Há noites assim.
No fim da primeira parte, depois de bons 45 minutos, Edwards fez crer que a vitória era mesmo possível. As bancadas entraram no intervalo esperançosas.
Nos últimos minutos da segunda parte, o que se sabe. As duas substituições, em dois minutos, fizeram dois golos. Não há como um jogo com emoção assim. 1-0 já foi tão bom, o estádio enlouqueceu, saltou-se, cantou-se sobre a dentição de Paulinho e quedas alheias, aplaudiu-se muito. No golo de Arthur... entre os "segura agora!" e os "não... ai vamos ao segundo?!", todos acreditámos e, com a magnífica jogada individual (depois de bom trabalho de Esgaio e Paulinho), a euforia foi total. Inaugurei assim, também eu, mais uma temporada de abraços a estranhos na bancada.
Agradeço ainda a Rúben Amorim - havemos de falar no cântico para o míster, deve ser divulgado e cantado por quem quiser -, porque acredito que também a ele se deve, a minha atenção a Dier e Antonio Conte, ficar para depois do jogo, ao contrário do que aconteceria há uns anos em situação idêntica. São cá coisas minhas.
A época passada, gostei muito do ambiente no jogo com o Dortmund, era necessário ganhar, cumpriu-se e ainda pusemos a equipa alemã fora da Liga dos Campeões. Foi bonito, foi electrizante. Por mais noites assim em Alvalade.
Estive na Amoreira e confirmo, como sempre: gosto muito de jogos fora, sobretudo em estádios mais pequenos. Estamos com a nossa tribo e há um comportamento grupal diferente. Não tem a ver com ser melhor ou pior que em Alvalade, é a nossa casa e não a troco por nada, mas num jogo fora, sentimos mais "os nossos", estamos ali juntos, reconhecem-se os cânticos - não tendo a melhor acústica, pouco se ouvia de um lado ao outro na mesma bancada, mas cada lado se organizou da melhor forma - e parece haver mais vontade geral em participar. Além do bom apoio à equipa, foi também divertido, há sempre bons momentos na bancada.
Era necessária, vital quase, uma vitória. Para andar em frente, para a nuvem negra se ir afastando, para os arautos da desgraça sossegarem. Ganhou-se e bem. Prossigamos.
Quando Adán defendeu o penalty de Banza, o estádio celebrou como se de um golo se tratasse. Momentos de tensão e indignação, uma sensação de injustiça, um alívio gritado em uníssono. Foi bonito. Foi quase o 2-0 antecipado.
Ultimamente, é esta a minha rotina com o Sporting:
esperar que Rúben Amorim fale
ver o jogo da equipa sénior de futebol, no estádio ou na tv.
ouvir Rúben Amorim depois do jogo
aguardar o backstage do jogo, no Youtube do Sporting. Tem sido feito um extraordinário trabalho no canal do nosso clube, convido quem não conhece a passar por lá. Do já referido backstage aos variados ADN de Leão, há um caminho seguro a ser feito, que merece no mínimo ser acompanhado.
acompanhar modalidades, resultados e calendários, nas redes sociais + assistir a um ou outro jogo no João Rocha.
Se me dissessem há quatro anos - talvez nem tanto - que esperaria por palavras de Rúben Amorim, não sei que pensaria. No entanto, cá estamos, e ainda bem.
Gosto de viver o clube assim, perceber referências que passam de ecrã para realidade, da realidade do relvado, para a bancada, da bancada para a quadra. Gosto de conhecer melhor convívios e dinâmicas, levam-me de certa forma aos tempos em que ia assistir aos treinos e observava como se davam os meus ídolos. Gosto - e não temos todos de gostar do mesmo - que o virtual acompanhe o real e vice-versa.
Durante o confinamento, tudo foi virtual: via os jogos na TV, fazia o pré e pós-match no clubhouse, celebrava no instagram e no whatsapp. Não me conformo com não termos visto o Sporting campeão no estádio, mas, não podendo ser, aproveitei cada momento em casa. Também vi mais hóquei e futsal que em toda a minha vida, distingui finalmente cada um dos atletas das equipas seniores masculinas (não vamos elevar mais que isto as expectativas sobre o que aprendi) e celebrei com eles, à distância.
No regresso, voltei ao estádio, vou ao João Rocha de vez em quando, continuo a acompanhar o Sporting nas redes. Quando está bem feito, é bonito de se ver, vale para dentro e fora de campo.
Está feito um balanço do que têm sido os meus últimos tempos de Sporting.
Voltarei, prometo ser breve.
PS: só para assinalar um ano de "Onde vai um vão todos", passado ontem. Dito pelo treinador, alavancado nas redes sociais, celebrado nas ruas em Maio.
Aqui, como no estádio, onde tantas vezes pauso vida e pensamentos, onde estou só com o Sporting e os nossos.
Era sexta e dia de derby. O melhor Sporting que vimos nos últimos anos, sem dois dos nossos mais valorosos, mas a confiança inabalável. Era à noite, eram precisos testes, era dia de derby.
Estou aqui porque não há como desabafar a quem não sente como nós.
Começava o derby e eles nem nos permitiram tremer ou desacreditar. Destemidos, Sarabia e Pote abrem as hostilidades. Tive a certeza que nenhum daqueles rapazes pensa sequer "quem vem lá", vão em frente e vencem o próximo. Precisávamos disto. Merecíamos isto.
O persistente e apoiado (por nós e por Matheus Nunes) Paulinho, lá foi. Se mostrou os dentes ou não, não sei, sei que o celebrou olhos nos olhos connosco. Foi para nós.
O intrépido Matheus, que se agiganta ainda mais em jogos grandes, acreditou e avançou. Naquele salto com que celebrou, estavam 3 milhões de leões.
Venho aqui, como ao estádio, que é onde está quem sente como eu.
O meu certificado só fica válido este fim de semana, por isso fiz teste, comprei bilhe... esperem, a ordem foi outra: comprei o meu bilhete quarta, ontem fui fazer o teste antigénio na farmácia, cujo relatório recebi ao fim do dia (negativo) e hoje vou ao jogo.
Volto hoje a Alvalade. Desde dia 8 de Março de 2020 que não vou "a casa". Foi dia de Sporting - Desportivo das Aves, foi dia de estreia de Amorim. Jogámos contra 9 e vencemos 2-0. Depois confinámos sem saber bem que esperar, fez-se o resto da época como se pôde. A seguir, 2020/21 correu bem, tão bem, à equipa de futebol do Sporting...
Hoje será dia de celebrar um regresso, um reencontro, duas taças e um campeonato! As horas não passam, só quero (e vou) lá estar.
Escrevi aqui no passado mês, sobre superstições que não tenho. Pois bem, evitei falar de um assunto até se confirmar o - não me canso - SPORTING CAMPEÃO.
Costumo fazer um post no meu instagram, depois de cada jogo da equipa de futebol, pelo menos aos que assisto. Fazia-o nos jogos em Alvalade ou outros a que fosse, e fi-lo para cada jogo deste campeonato (falta o último). Normalmente são selfies com qualquer coisa alusiva ao Sporting. Pode ser uma peça de roupa, um bilhete, um cartão, um pin. E faço, conforme me apeteça, um resumo do jogo ou do que sinto no momento. Coisas curtas e por vezes, admito, talvez meio encriptadas. Afinal, cada um vive o Sporting como entende.
Ali por Fevereiro ou Março, apercebi-me que no primeiro post que fiz este campeonato, como se vê na foto, foi com uma camisola do Sporting com as quinas de campeão. Pelo sim, pelo não, não quis falar antes, não agoirar, não quis sequer respirar nos últimos jogos. Agora já posso contar, também eu guardei uma superstição mesmo que não as queira ter e alimentar. Que las hay...
Se custaram estes dois empates? Certamente. Se preferia qualquer outra classificação dos últimos 18 anos? Nem um bocadinho. É agora - mais ainda - tempo de estarmos unidos, dispersar é que não ajuda ninguém.
Não tenho superstições por uma questão prática: sou desorganizada demais para isso. Não suportaria a responsabilidade de um resultado do Sporting estar dependente de uma peça de roupa, uma cadeira a que não subi, ou uma volta ao estádio que dei pelo lado errado uma vez.
Além disso, que raio de trabalho mal feito seria este, que não dá aquele título que sabemos há tanto tempo? Suponho que as superstições não são para dar vitórias, antes para não as comprometer, e assim se explica que não sejamos campeões do inifinito e mais além, porque fé não falta neste clube.
Às vezes olho desconfiada para uma peça de roupa, o meu casaco, réplica do de Joaquim Agostinho, ou a minha camisola Jordão, a pensar se não terá sido uma delas a dar sorte no último jogo... depois trocam-me as voltas e regresso ao meu cepticismo sobre o algodão. Mas respeito todas as superstições, só não me organizo para as ter e sustentar.
Em Dezembro, em Famalicão, deu-se um ponto de viragem. Foi um empate feio, um jogo difícil. um final pior. Depois, Amorim falou e unimo-nos. Quer o destino que em vésperas de reencontrarmos o Famalicão, nos unamos uma vez mais, ou continuemos, mas de forma mais veemente. Nesse dia, em Famalicão, #ondevaiumvaotodos passou a mote da época 2020/21.
Passada a nuvem de ontem, algum empate havia de haver, vitórias até ao fim seria bestial, mas é utópico. Se tiver de haver mais... *suspiro* que sejam mais para o fim, ou nos custem menos, que este foi duro. Que sejam como um penso rápido. Ou não existam, se puder ser.
Vai haver ainda mais pressão, as dúvidas vão instalar-se, a descrença de alguns está sempre à espreita. Mas há uma nova final já domingo, há um empate atravessado para ajustar com o Famalicão. Somos nós, adeptos, os primeiros a poder não ceder. Isso pode passar por um post nas redes sociais, incentivos nos do Sporting e seus jogadores, ou simplesmente não nos antagonizarmos uns aos outros. Se é ficar no mesmo lugar no sofá que funciona, a camisola da sorte ou a aletria do Bancada que resultam, ou pelo menos não atrapalham, pois sejam e pratiquem-se.
Pensei que ainda teríamos uns jogos, uns carrinhos, um sprint ou outro. Não me preparei para perder já Mathieu. Temi que terminasse no final da época, mas não já, não pensei nisto. As fotografias do último jogo, rodeado por miúdos, o pai de todos, estava mentalizada para um final de temporada com pelo menos mais imagens daquelas.
Para mim o futebol não se faz sem os seus heróis, sem pelo menos um preferido por época (nem sempre é fácil, nem sempre o critério é o que joga melhor). Gosto de conhecer ainda que vagamente o perfil de cada jogador, que normalmente também se reflecte na forma como encara um desafio. Os critérios ficam para cada um, mas Mathieu tem sido dos meus favoritos nas últimas épocas (a par de Acuña e Coates, fica aqui dito), Mathieu encantou-me.
Vou ter muitas saudades. Foi, desde André Cruz, o melhor central que vi no Sporting. Tenho recordações de bons centrais, de homens dignos nessa posição. Mathieu combina tudo. Um senhor, não deixa de ter o seu feitio e sangue na guelra, mostra que se pode ter personalidade e ser um senhor. Diz-se que um central não faz isto e aquilo, não sobe, não constrói, mas como continuo a ter Ronald Koeman como modelo, não concordo nada. Ao mesmo tempo são anos de espera por um assim. Mas vale muito a pena ver.
No campo, bom, no campo Mathieu é um líder silencioso. Quando está, Coates é outro, mas nem é só isso. A experiência sentia-se nas bancadas, a calma e confiança nos colegas. A segurança num livre ou num corte - ainda a semana passada cortou uma bola ao poste, não cedendo canto, rindo depois. Que grande é Mathieu.
Que vinha em fim de carreira, que era velho, que se não servia para outros então porquê nós? Tomara todos em fim de carreira fossem assim.
No fim, não de tudo, mas da época passada, o sereno Mathieu ainda nos brinda com as suas lágrimas depois de uma taça ganha, de duas épocas que todos vimos e sabemos o que foram.
Enfim, não gostava tanto de um francês desde Asterix. Vou ter muitas saudades deste loiruivo no centro da defesa. Ou a correr campo fora num repente. Ou a atirar-se sem medo para cortar uma bola limpa. Enorme Mathieu.
E há vinte e cinco anos ganhávamos a Taça de Portugal, frente ao Marítimo, com dois golos de Iordanov.
Assinalo esta taça porque foi o primeiro título que celebrei, com noção do que isso significava - em 82 tinha cinco anos e foram 13 anos que separaram um do outro. Foi um momento marcante para uma geração de leões.
Foi uma tarde daquelas cheias de esperança e expectativa. Alegre e com alguns nervos, como um pré-Jamor costuma (e deve) ser, uma tarde de sol, festejos e despedidas. O estádio estava cheio, a abarrotar, havia verde nas cabeceiras e tribuna. Ewerton, o guarda-redes do Marítimo, travou um duelo com Iordanov, que o nosso búlgaro acabou por vencer. O jogo está aqui, para quem quiser ver ou rever.
Havia Balakov, Figo - despedimo-nos de ambos ali -, Oceano e Carlos Xavier. Naybet, Marco Aurélio e Vujacic. Nelson, Costinha e Amunike. Ainda entraram Sá Pinto, Filipe e Lemajic. Tínhamos jogadores que marcaram os meus anos de adolescente e ainda hoje recordo perfeitamente e com carinho - mais que alguns mais tardios, a memória tem destas coisas. Era nossa, estava escrito.
Tinha começado a ir assiduamente a Alvalade na época de 1992/93 - antes disso ia pontualmente - e aquela equipa merecia-me todo o respeito e apoio. Vivia os jogos, no campo e na bancada, os cânticos e fumos, adorava dias de ir a Alvalade ou a outro lado, dias de ir ver o Sporting. Vivi com aqueles jogadores momentos felizes e momentos tristes, não só dentro do campo, como sabemos. Foi um título muito merecido.
Nesta altura eu tinha 18 anos, estava a acabar o liceu, tinha sido um ano com altos e baixos, para mim e para o Sporting, mas no fim, naquela hora e meia estava tudo bem e saímos vencedores. No fim do jogo encontrei o meu irmão e amigos queridos de há muitos anos e ainda me lembro do abraço apertado que demos.
O segundo golo foi a emoção geral, parecia dificil fugir-nos, talvez ninguém acreditasse nisso mesmo naquele estádio. No apito final, o Jamor explodiu em euforia, Oceano recebeu a taça e desceu com ela até ao relvado. Deram-se voltas ao estádio todo, uma vez que por todo lado havia leões que a queriam ver de perto e celebrar.
São 25 anos desde que o nó cego que me liga ao Sporting desde sempre apertou mais um pouco.
O Sporting publicou hoje nas suas redes sociais esta entrevista a Marco Aurélio, central do Sporting nos anos 90. O tempo parece não ter passado, nem por Marco Aurélio, nem pelas minhas memórias.
Vivi muito os anos 90 no que diz respeito a futebol, com o que isso teve de bom e mau. Foram os últimos anos antes do futebol moderno que hoje conhecemos, os últimos anos dos clubes como eram, das idas ao estádio, que eram, queiramos ou não, diferentes de hoje também. Acho sempre que era tudo mais ingénuo, talvez por serem os meus anos de adolescente - fiz 13 em noventa, apanhei a década em cheio. Tenho mais facilidade em me lembrar de coisas que se passaram entre 90 e 99 do que para décadas mais tarde.
Mas voltando a Marco Aurélio, ouvi-lo levou-me àquela altura, aos anos em que ia com amigos para o estádio, tardes de sol ou chuva, sem cobertura mas era indiferente, ver o nosso Sporting de 94/95. E era tão bom. Se há época que merecia um outro campeão era essa. É uma convicção cá muito nossa, mas é justa, digo eu muito parcialmente.
Marco Aurélio fez cinco épocas no Sporting e, sendo um jogador elegante e discreto, marcou aqueles tempos. Gostava muito dele e hoje ao ouvi-lo falar dos jogos com o Real, "o segundo jogo lotado, Alvalade cheia cheia cheia cheia", pensei "estava lá, partilho esta memória com ele". É muito isto que me leva ao estádio, nada mais. As memórias, as emoções, bem sei que o tempo é outro, até o jogo mudou, mas ainda é possível encontrá-las. Dava tudo para voltar a um jogo de 94/95 em Alvalade. Sentir aquele ambiente, o cheiro em dia de bola, menos cinismo no ar também.
Vale a pena ouvir para reviver. Mais, ouvir Marco Aurélio dizer que até hoje é do Sporting é maravilhoso. Nós cá sabemos.
Vamos lá a ver, não há aqui meias tintas: Marega fez bem, se não saísse de campo era mais um incidente que passava despercebido. No futebol há muito lodo, muita coisa a mudar, para o racismo não pode haver lugar. Para ontem.
E não está aqui em causa que não haja insultos nos estádios, que seria do futebol sem palavrões de um adepto inflamado? Eu não os uso e até devia, tem a ver com um regrar muito pessoal. Mas estou mais que habituada a ouvir, ou fazer que não ouço, insultos no estádio. Tanto vernáculo para usar e recorre-se a sons simiescos? Leiam Bocage, está lá bem aplicado o português a ser usado.
Falando em Marega, e nos mal entendidos que já pululam por todo o lado, ninguém pede que deixem de o insultar, Marega enquanto adversário é detestável, um provocador, quem não pensou já cobras e lagartos do avançado do Porto? A questão é que a raça não tem nada a ver com o assunto. Insulte-se por igual, não se meta o racismo na equação. Por que há-de estar o que se diz condicionado mais à cor da pele que ao comportamento provocador ou à camisola que usa em campo? Não faz sentido, e quanto mais cedo se interiorizar que não há lugar ao racismo em lado nenhum, melhor para todos.
Quanto às teorias bacocas de racismo bom ou racismozinho que surgem sempre nestas alturas, são lixo, não há nada a ter em conta ali.
Aproveito para recordar que Balotelli ameaçou sair do campo em Novembro, num jogo frente ao Verona, por motivos semelhantes. O resultado foi que o líder da bancada de onde vinham os insultos racistas foi banido até 2030. Sublinho que Balotelli não precisou de sair do campo para haver consequências.
Rescindiu? Sim. Também voltou, encarou, assumiu que sabia que tinha de provar o dobro. Ninguém é obrigado a gostar, eu escolhi acreditar nele e não me desiludi. Não é para todos voltar atrás, enfrentar e cumprir. Já estive mais mentalizada para a sua saída, já estive menos, mas confirmar que ía mesmo acontecer, ainda está a custar. Tenho pena, tenho pena de te ver partir, pena de não te ver mais de verde e branco, de não te ver jogar. Em campo, como tu, aparece alguém de muito em muito tempo. Que tenhas deixado alguma dessa garra entre os nossos, que claramente viram em ti um amigo e um líder. Não é para todos.
Agora já está. Em frente, Sporting!
ps: Mister, agora não tem que saber, não há Bruno para fazer equipa em volta.
Antes de mais, um bom ano a quem nos visita e quem por cá escreve. Um ano melhor para o nosso Sporting, que bem o merece.
Começa hoje janeiro e, para a equipa de futebol sénior, é um mês cheio de desafios. Começamos com o Porto a caminho do fim da primeira volta, vamos a Setúbal e recebemos o Benfica (não é demais relembrar que acabamos o campeonato na Luz). É imperativo vencer, se não para chegar a algum lado, para que o clima não seja ainda pior do que tem sido.
No fim do mês, a taça da Liga. Não conta muito, não é nada de extraordinário, mas é muito diferente não passar da meia-final ou ganhar um troféu, sabemos isso pelo passado recente e duas ganhas nas duas últimas épocas.
Pelo meio, ou durante o mesmo mês, há ainda o mercado de inverno para nos fazer perder o sono com quem pode sair ou entrar.
É claro que este janeiro infernal e o ter de vencer, é sabido na equipa, só peço que seja respirado dia e noite. Vencer, vencer, vencer.
Acompanhei grande parte da sua carreira, mas são as duas épocas no Sporting que me estão cá marcadas.
Schmeichel veio para o Sporting numa altura em que para mim, a Europa, o futebol dos maiores, estava longe. Havia já portugueses por lá, mas eram as estrelas, os melhores dos melhores, eram menos que hoje, durante anos fora Futre, Rui Barros, só há relativamente pouco tempo eram Figo, Rui Costa, Fernando Couto.
Naquela pré-época de 99/00 dizia-se que Peter Schmeichel vinha para o Sporting. O Schmeichel. Não podia ser... Mas foi mesmo. Não só veio Schmeichel, como trouxe consigo a estrelinha de campeão.
Lembro-me de entrar no café, já depois de o Gigante Dinamarquês estar confirmado, toda eu sorrisos e alegria, nem ligava às piadolas dos do costume. E dizia sempre "O Schmeichel... O Schmeichel é Liga dos Campeões!"
Soube não há muito tempo, contado por Augusto Inácio, que Schmeichel jogou com uma mão partida - porque queria ir ao Europeu -e a defesa à andebol frente ao Salgueiros, depois dos 2-0, foi mesmo nessas condições. Campeões são assim. Parabéns a este nosso!
Jordão está entre os primeiros jogadores - como Damas ou Manuel Fernandes - do Sporting que conheci. Ainda pequena, reconhecia-lhe o perfil e as - muitas vezes - mangas compridas. De um tempo diferente, como o desta foto (não sei de quem é, apanhei-a no twitter) que devíamos revisitar mais vezes. Jordão e esta fotografia levam-me a tempos de um futebol mais puro e ingénuo. Em que não tinha mal, era até compreendido e natural, ter ídolos óbvios. Leva-me a capas da Foot e camisolas menos aerodinâmicas mas mais bonitas.
Perdemo-lo hoje, mas será para sempre nosso. Aquele último aplauso no estádio, já soube a despedida. Dias tristes estes.
{ Blogue fundado em 2012. }
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