Talvez uma das coisas menos notadas no consulado Amorim (que se espera longuíssimo) é o grau de exigência para com os jogadores sub par que a multidão acha que têm lugar nos plantéis.
Até agora já se enganou (naturalmente) em algumas contratações, mas nenhum dos que foram dispensados ou vendidos 'demasiado cedo' se revelaram um erro ou precipitação.
Lembremos Plata, por exemplo. Ou Luís Maximiano. Lumor. Marsá. Nazinho. Ilori. Rafael Camacho. Arthur. Muitíssimo provavelmente Tanlongo e Sotiris. A única dúvida é Fatawu e será Mateus Fernandes.
Mesmo Renato Veiga, agora convocado para a seleção, foi uma boa decisão (àquele tempo).
Não significa que sejam maus jogadores. Não significa que não pudessem estar no plantel.
Significa que (com toda a lógica), Amorim e a equipa técnica são mais competentes que o adepto comum e não escolhem com o coração mas sim com a cabeça.
1. Nuno Santos É provável que seja impossível ter sucesso sem um jogador com esta fibra, tarimba e sabedoria de como estar no campo. Espero que vá ao Europeu.
2. Quaresma A redenção deste defesa feito de Sporting é umas das histórias mais bonitas da temporada.
3. Departamento médico A ciência tem sido um dos principais aliados dos treinadores e jogadores, em todos os clubes. Este ano, os nossos discretos médicos, massagistas e fisioterapeutas estiveram à altura.
4. Os fãs Por todo o lado, em especial nas redes, no estádio e pelo país. Acredito que o apoio seja importante para os atletas, técnicos e dirigentes, muitos dos quais não sabem que nos anos 80 nos chamavam a “melhor massa associativa do mundo”.
O que fãs e adeptos têm feito é um justo legado aos sofredores do antigamente.
5. Os outros Como Matheus Reis, Israel, Esgaio, Geny, St. Juste. Em muitas fases da época, o Sporting foi uma equipa com 15 ou 16 titulares.
6. O VAR Falo por mim, mas tão importante como Varandas, Viana e Amorim, tem sido o VAR.
Não que o Sporting precise do empurrão do VAR, mas não há êxito possível sem que o jogo seja igual para todos. Para ganhar, o Sporting precisa de equidade. Por exemplo, desde que há VAR, tornou-se muito mais difícil invalidar golos limpos.
Noutro tempo, e falando do jogo com o Portimonense, nos velhos tempos seria simples anular o primeiro golo (“por fora-de-jogo”) e o terceiro (por “pé em riste do Bragança” ou "falta do Viktor sobre o defesa"). Quem viveu o futebol dos 80 e 90, sabe bem do que eu estou a falar. Aliás, basta lembrar o soco que um jogador nosso levou num jogo recente e que não foi ao VAR para se perceber como o “não haver VAR” pode influir.
Quantos atletas, dirigentes e treinadores do Sporting dos oitenta e noventa não teriam tido palmarés diferentes se o VAR existisse no tempo deles?
Por acaso gostava que Nuno Santos fosse ao Europeu. Não há clubes campeões sem jogadores daqueles - raçudos, tensos, talentosos, competitivos.
As traves deste Sporting são Ruben, são Coates, são o Viana, a sorte, o azar dos outros, o Var, mas também têm muito de nunosantismo, aquela dimensão de talento com agressividade e provocação que destestamos nos adversários.
Seria justíssimo que fosse ao Europeu. Quero crer que caso acontença, não ficará nota de rodapé.
É bastante provável que Pote não seja convocado para o Euro e bastante provável que um jogador que manifesta sistematicamente instabilidade emocional em campo, que insulta, simula, agride, um jogador jovem, que deveria ser um exemplo para os miúdos de 6, 7, 8 anos.
Não está a ser uma Liga de guarda-redes. Tem havido muitos jogos com imensos golos. Quanto vale um guarda-redes que ‘dá’ pontos e ‘apuramentos’? Mais ou menos que um centro-campista ou um avançado?
Não será para o ano, nem será nos anos seguintes, que as ‘arbitragens’ (e os VAR e essas coisas todas) se vão resolver. As instituições Porto e Benfica são das mais poderosas do país, ninguém vai assumir o risco de ir contra as mesmas, as pessoas têm famílias, negócios, expectativas de vida. O que o árbitro do Estoril-Porto não escreveu no relatório deveria envergonhar-nos a todos. Ao mesmo tempo, temos o dever moral de pensar quantos de nós teriam feito diferente, perante os riscos.
Amorim é muito diferente por ser franco, decidido e espirituoso. E por ser inteligente e estratega. Mas não é isso que faz o seu sucesso. É bom para quem o ouve, mas duvido que vença jogos (as suas competências técnicas e da sua equipa, só eles saberão). Nem parece que essas características de estar em público sejam importante para a nossa indústria futeboleira. Prova disso, as autoridades da bola e da arbitragem ainda não arranjaram maneira de o homenagear em público. Podiam até dizer (ou fazer dizer) que Amorim evoluiu imenso no seu entendimento do que é fair-play e relação com a arbitragem, adeptos e adversários (até porque é verdade). Porque é que ainda não foi feito? Ver ponto 3.
Se Amorim for embora, tudo voltará à raiva, aos recados, ao queixume, à insinuação, à pressão, aos túneis.
Dito isto, o futebol português é das indústrias mais competentes e competitivas que o país alguma vez teve em toda a sua História. Num mundo de concorrência absolutamente global, cheias de computadores e inteligências artificiais, os clubes continuam a ‘gerar’ jogadores e técnicos para ‘exportação’. Talvez o calendário devesse mesmo mudar para que as equipas portugueses possam ser mais eficazes mais vezes nas competições europeias (além do Porto, que já o é).
Gostemos ou não, o derby será muito provavelmente decidido pela arbitragem.
O objetivo do Sporting, quanto a mim, deve ser chegar empatado com onze jogadores aos 70 minutos do jogo, o que duvido que suceda. Se o conseguir, pode chegar a um bom resultado.
A natureza do "jogo português", feito de fitas e simulações, o estilo de jogo de Rafa e Di María, a pressão no estádio em cima do árbitro, devem levar a uns amarelos no princípio da partida e talvez a outros no princípio da segunda parte.
Posso ser só eu, claro, mas é pena que os grandes jogos da nossa Liga sejam tão sensíveis à arbitragem. O SLB tem demasiado a perder, até financeiramente (caso despeçam o treinador), para que o SCP termine com 11. As expulsões através da acumulação de amarelos são os novos "golos mal validados", como sabemos. Aguardemos.
Já agora, por mero acaso, li uns quantos 'especialistas' sobre o penalti em Chaves e o não penalti do Estrela sobre o Bragança. A meu ver, e obviamente, nenhum deveria ser - o jogo é para homens e não meninos, mas teve graça ver as doses cavalares de ambiguidade que os ex-árbitros conseguem meter em cima das situações.
Os jogadores (e a maltinha dirigente, claro) têm muita culpa no que chamamos de 'futebol português'. Quase sempre os árbitros são enganados e comidos pela lógica trapaceira dos que estam em campo e por isso, quase sempre os árbitros agem por hábito e tradição.
Ontem, claro que Diomande é bem expulso, À LUZ DOS HÁBITOS da bola lusitana.
Quando dois jogadores se empurram, é sempre amarelo para ambos, como se fossem crianças, PORQUE É ESSA A TRADIÇÃO. Os jogadores têm de tomar juízo ou ser mais bem treinados, para não fazerem esse tipo de fita.
Quando se vê um cotovelo no ar (ou uma mão na cara) e o de trás ESTREBUCHA E REBOLA, é SEMPRE amarelo, porque é esse o hábito. Os jogadores têm de ser educados para manterem os braços em baixo.
Como é sempre amarelo quando um idiota rebola no chão porque parece ter sido pisado (o amarelo a Edwards). Como é sempre amarelo quando um jogador entra com 'fisicalidade' e o que tem a bola estrebucha e desata a ganir. Que pode um árbitro fazer, se o público assobia e os bancos se levantam? Como é que se acalma a malta? Com amarelo, pois claro...
(O VAR não pode falar em amarelos mal dados, como sabemos)
Como NUNCA É PENALTY quando o guarda-redes se sai à Tarzan. Em Portugal, na pequena área, os Guarda-Redes até podem montar uma banca de queijadas de Sintra que será sempre falta do atacante...
A arbitragem é sobretudo vítima destas tradições ou hábitos. Um árbitro que vá contra a corrente não chega a internacional e porquanto não chegam à dinheirama que se ganha a apitar jogos europeus.
Duvido que se consiga mudar isto, somos um povo que gosta pouco de instituições fortes, regras e justiça independente (não há outra, mas vocês sabem do que estou a falar...).
p.s. No Arsenal-City, assistimos ao exagero em sentido contrário. Kovacic devia ter sido expulso umas dez vezes. Mas eu preferiria um futebol assim, rijo (sem lesões para os jogadores, claro).
Creio que o jogo é marcado pela excelente disponibilidade física dos 10 do Farense. Aguentaram os quase cem minutos com uma energia tal que até parecia que podiam começar outro jogo logo a seguir. Parabéns! Quem me dera ter aquele potência quando corro na passadeira...
O Sporting continua a jogar de forma enervante (para o adepto). Devagarito a sair, alas a tentar acelerar, muita movimentação na área, pouca eficiência. O primeiro golo é um brinde do defesa do Farense, o segundo inventado por Pote e o terceiro sacado por Edwards.
Tenro como um pastel, Huljamand não é Palhinha, ainda se está a adaptar ao nosso futebol, creio que não será o patrão que todas as equipas grandes portugueses necessitam. Educado e correto, Morita sozinho, também não chega. Bragança é de um tempo de outro futebol.
Sobre o refilanço dos rivais. Quem com ferros coiso, com ferros coiso. O ambiente geral do futebol português, em que qualquer falta (repito, qualquer falta) é refilável para sacar amarelo ao adversário e qualquer lance (repito, qualquer lance) na grande área é refilável para sacar penalti, dão nisto. A competitividade está transformada num ódio que as bancadas fazem crescer para os jogadores e vice-versa. Pela televisão, quantas vezes não vimos os bravos e inesgotáveis jogadores do Farense com cara de quem disputa uma guerra?
Certos rivais, que gostam e adubam estes contextos, não gostam que de ser só eles a beneficiar do ambiente de guerrilha, de um futebol que mais parece estar a ser jogado no pátio de uma cadeia como nos filmes.
De uma vez por todas, creio que devemos uma palavra aos árbitros e aos VAR. Ninguém consegue ser competente quando os 22 em campo se esforçam no sentido de enganar os árbitros e subjugar os adversários com todo o tipo de estratagemas, simulando quedas e agressões em qualquer lance de contacto.
lendo a imprensa da especialidade, o Casa Pia arrasou o Sporting, numa superioridade só anteriormente vista quando o Barça de Guardiola espezinhou o Inter de Mourinho.
Não fosse a bota branca de Paulinho e teríamos perdido por tantos que Varandas, Ruben e Viana estariam neste momentos a viver na rua, humilhados e sem nada.
Ah e tal, mas o golo mal validado ao Paulinho foi aos três ou quatro minutos de jogo, estava zero a zero e faltavam uns bons 95 minutos, descontos incluídos. Quem sabe o Sporting pudesse ter hipóteses de ganhar... Seria complicado, mas quem sabe...?
Não interessa! O Sporting só ganhou por causa daquele golo validado por menos de um palmo quando faltavam mais de 90 minutos para jogar!
Toda a gente sabe que se o VAR tivesse varado como deve ser, o Sporting teria perdido por tantos com o Casa Pia, que os regulamentos seriam alterados nessa semana e perderia também os três pontos que ganhou ao Vizela na jornada precedente.
Só os mal intencionados não veem que se houvesse justiça no mundo e no futebol português, o Sporting teria neste momento zero pontos.
Mixed feelings sobre a reação sincera e genuína de Ruben acerca do erro do VAR, no pós match do jogo com o Casa Pia.
Por um lado, é de louvar o desportivismo, que creio ser próprio do nosso clube.
Por outro, vem-nos à cabeça a interrogação permanente sobre se vale a pena ser assim em Portugal.
Porque talvez Amorim devesse ter falado daquela patada em Esgaio no primeiro ou segundo lance do jogo, que creio ser mais que amarelo (e que nem amarelo foi). Ou do penalty óbvio sobre Marcus E. (ainda que sejam penalties da treta, do futebol português).
Pessoalmente abomino este tipo de contabilidade, mas também abomino mosquitos e não é por isso que eles não deixam de me picar na mesma.
Ou seja, fazemos a figura do bem comportado - que nos orgulha – mas no intenso futebol português de lideranças mais fracas que a lanterna de um iphone numa noite de breu, convém não facilitar.
Note-se como o Porto já está de faca na Liga, nos dentes, em todo o lado e mais algum, não falando com os jornalistas em três jogos seguidos, não se mostrando portanto os logótipos dos sponsors nas entrevistas antes e depois (já para não falar dos seus adeptos), sem que nada, absolutamente nada, lhes suceda.
1. Dois grandes ausentes no balanço da época que já está a ser feito: LF Vieira e Rui Pedro Brás. O primeiro, caído em desgraça, acabou por ver cair a sua estratégia de arrebatar o poder a Rui Costa porque o Seixal (onde teimou e investiu a sério) meteu cá fora os Gonçalos Ramos, os Antónios Silva e depois este miúdo, o João Neves, que ajudaram (e muito) a esta caminhada do Benfica. Irónico, hein...
Engraçado como até a imprensa adepta do SLB esqueceu que foi Vieira quem decidiu (a dada altura) apostar na academia que já deu ao Benfica excelentes jogadores e muito dinheiro.
O outro, que não abriu a boca (e bem durante toda a época), despachou contratações falhadas e fechou outras (como Enzo ou Auresnes) que se revelaram preciosas.
2. A enorme, grande, gigante importância de começar bem a época, como aconteceu connosco quando fomos campeões e agora com o SLB. A verdade é que equipa que tenha 6 ou mais pontos de vantagem na recta final dificilmente perde a Liga.
3. A "formação" depende das fornadas. Nem todos os atletas formados nos clubes têm pedal para a alta competição. Vide Sporting ou Porto. A alguns até falta de formação: Chermiti tem tudo menos técnica de remate. Como é que é possível um avançado não saber finalizar?
4. Há qualquer coisa na preparação física no Benfica que os coloca num patamar acima de Porto e sobretudo Sporting.
5. Não foi uma Liga com um grande craque, aquele jogador que dava gozo ver, independentemente da equipa em que jogava.
6. Os clubes além dos 3 grandes + 1 (o Braga) são fracos e tendem a ficar piores. Perder pontos com esses clubes é suicídio.
7. É justo que tenhamos ficado em quarto e foi por falta de liderança, embora não tivéssemos plantel para fazer melhor do que terceiro.
8. Na Liga portuguesa, é indispensável pensar a Liga TAMBÉM depois de conhecido o sorteio. Ou seja, se houver jogos muito complicados a princípio seguidos, talvez valha a pena contratar mais caro e com mais risco. Perder esses jogos é perder a época.
O golo de Matheus ao Braga no ano em que fomos campeões foi um dos momentos de maior felicidade que tive nas últimas décadas. Foi um lance fortuito, carambólico, uma sorte do caraças, que nasceu de manha, sentido de oportunidade e coragem do antigo empregado de pastelaria rematar à baliza, assumindo responsabilidade.
Claro que Amorim tem razão quando diz que este ano tem sido 'assim'. Nas nossas vidas também temos anos assim. Insisto numa ideia que venho repetindo: o único clube em Portugal que tem em si a força para vencer sempre a adversidade é o Porto.
Benfica e Sporting, por razões diferentes, são demasiado contingentes à sorte e ao momento. Também porque só de vez em quando se acerta nos pontas-de-lança que se têm ou se compram.
Acaso o Sporting eliminaria a Juve com o Gonçalo Ramos e o Musa? Não. Mas talvez nem tivessemos caído na fase de grupos se o Enzo que foi para o Chelsea fosse nosso.
Só mais uma coisa. Os nossos clubes já fazem muito, imenso, na Europa. Caso não tenham reparado, Portugal é um país pobre, extremamente envelhecido, que vive de dinheiro europeu e de servir pastéis de nata aos turistas. Onde é que um fabricante de automóveis português se bate de igual para igual com a Fiat? Onde é que uma marca de mobiliário lowcost se bate com a Ikea? Que cadeia de hamburguers se bate com a McDonald’s? E que marcas de moda rivalizam com a Zara, a M Dutti e essa malta?
Quando não tem mais nada, o FC Porto tem sempre Lisboa para se motivar. Podem estar mortos, exauridos e divididos, que Lisboa existirá sempre para ser derrotada. É o que os mantém vivos há quatro décadas.
Com os milhões de milhões de milhões a desaguar no futebol internacional e local, perdeu-se territorialidade e noção das rivalidades de sempre. Terá sido esse o erro da estrutura do Benfica, porque para o adepto normal, é muitíssimo mais importante vencer a Liga que ir aos quartos (ou meias) da Champions. A excitação com a Champions existia, porque achavam que o Marquês estava no papo.
Creio que o principal problema do Sporting-de-Varandas-e-de-Amorim é não ter um rival preciso, uma motivação, um ‘ódio’ de estimação. Os jogadores são pessoas e as pessoas por vezes movem-se por motivações muito terrenas. Os jogadores são miúdos, muitas vezes sem grandes modelos de educação e formação além de técnicos de desporto. Ou seja, sim, os recortes de jornal afixados no baleneário funcionam.
“Ir à Champions” é um objetivo que interessa às Finanças do clube. Interessará aos jogadores como montra, mas interessa sobretudo aos diretores e ao tipo do Financeiro, que tem o IVA e os salários para pagar.
Esta época é um fracasso em toda linha da administração e da equipa técnica. Só a boa imprensa que Amorim tem – merecidamente, porque é um ativo valioso da industria mediática e porque tem indiscutível qualidade – tem permitido que o clube não se desintegre em guerrilhas internas.
O principal fracasso, parece-me, foi nunca ter sido encontrado um castelo para conquistar, um objetivo concreto, a que os atletas se pudessem agarrar todas as noites quando estavam prestes a adormecer. É um mal que vem de longe e persiste. Schimdt não o parece ter percebido bem e algo me diz que a renovação do contrato por 150 anos não irá correr bem.
Quem quer ser grande e dominador, precisa sempre de se agrupar em torno de um mesmo objetivo. “Ir à Champions” não é objetivo coisa nenhuma. A desgraça do futebol dos milhões é sobretudo essa, a da imaterialização das conquistas.
p.s.
Tenho acompanhado a época do Wrexham, comprado por dois atores de Hollywood, e que tem o objetivo muito preciso de subir de divisão (o que não acontece há muitos anos). É muito provável que seja este ano. Isso sim, é o futebol.
O grande rival do Sporting neste ano foi o sorteio.
Aquela dupla paulada com Braga e Porto a abrir a Liga (dois jogos em que somámos 1 ponto, mas em que fizemos o suficiente para obter 4, 5 ou mesmo os 6) acabou por definir a época. Se tivessemos sobrevivido, uma coisa levaria à outra e provavelmente não teríamos perdido com o Chaves em casa (por exemplo).
A nossa Liga é demasiado fraca para que nos jogos contra equipas pequenas se note a falta de um Matheus Nunes (ou de um Enzo, um Otávio, etc). Perdemos porque vínhamos dessa paulada (enfim, acredito eu...).
Claro que num mundo e numa vivência em que se acredita que com talento e empenho se controlam as variáveis todas, soa ridículo acusar o sorteio - precisamente uma variável incontrolável. Mas talvez se perceba melhor se se olhar para o nosso calendário quando fomos campeões, em que recebemos Porto, Benfica e Braga na primeira volta, sendo que apenas o jogo com os dragões (2-2) foi no princípio da Liga.
Quando a sequência dos jogos é mais fácil, torna-se mais simples que jogadores e técnicos acreditem no processo. Ainda não temos, talvez não venhamos a ter tão cedo, arcaboiço para sermos invulneráveis ao sorteio.
Se há uma coisa que gostava de saber é se os técnicos e dirigentes pensam desta forma.
Nunca o saberemos, vir a público culpar o "sorteio" seria visto pela crítica, adeptos e adversários como patético. Talvez as mesmas pessoas que não acham patético justificar acidentes de viação "porque tinha chovido nessa noite", atrasos "porque estava trânsito" ou aviões que se perdem "porque ficámos horas na fila para o raio-xis".
Nunca imaginei que pudéssemos ser campeões há dois anos, mas também nunca imaginei que caíssemos numa daquelas épocas tão frequentes no passado. Supus que com RA, o nosso “teto para baixo” fosse o terceiro lugar mesmo a dormir e que eliminações na Taça por clubes da segunda ou terceira, jamé voltassem a acontecer.
Sobre a Champions, nunca achei nada, porque o SCP não é um clube Champions - nem será com este modelo de SAD. Ou vem um tailandês (marciano, polaco, cabo-verdiano, tanto faz) que empata meio bilião ou coisa parecida, ou seremos sempre o clube que por vezes vai, até faz umas flores, mas acaba depressa.
Quando as coisas correm bem, o auto convencimento é muito sedutor. Quando correm mal é que se vê a fibra. Nos últimos anos, o nosso líder dentro, fora, por cima, por baixo e em redor do campo tem sido RA, um casaco que ele vestiu porque gosta e onde se sente bem. É claro para mim que RA acha que no casaco só cabe uma pessoa, ele. Vê-se agora que falta plano B, porque o espaço de liderança está todo o ocupado.
Pior do que a direção ou direção técnica, é não haver dentro de campo quem saiba mandar e meter sentido naquilo. Coates nunca foi um líder – é um jogador de grande envergadura e dedicação, mas não um daqueles que sigamos até à morte - talvez só Porro ou Nuno Santos se assemelhem ao que poderíamos ter. Paulinho não tem a confiança da bancada, da imprensa e sobretudo dele próprio, no meio campo não há ninguém. É ver como Pote, Trincão ou Edwards jogam sozinhos, porque os deixam (treinadores e colegas) ou como o novatíssismo Artur tem já essa inclinação.
Ontem, em Arouca ou com o Varzim, nunca se sentiu que pudéssemos dar a volta. Em Londres, com o Tottenham fomos salvos por um golo anulado caído do céu (a anulação); com o Casa Pia tivemos sorte durante sete ou oito minutos (até num penalti mais ou menos coiso sobre o Edwards).
Eu penso assim, que no momento estamos entregues ao sorteio da sorte. Infelizmente, pelo que vejo na expressão do nossos treinador, ele também.
Gostaria que a equipa técnica ficasse, pela competência, pela liderança e por um certa mística que RA começou a criar. Mais importante do que termos craques novos no Inverno, é termos o nosso líder de volta.
Ano decisivo na carreira de Ruben Amorim. Há uns meses juraríamos que meia Europa o queria, Manchester, PSG, etc. Hoje, parece mais um treinador português num barco que mete água, daqueles que prometeram muito, muito, muito, mas ao primeiro ciclo negativo foram engolidos pela terra e para sempre.
O que aconteceu? Não faço ideia, mas somo a falta de maturidade própria da sua idade à falta de sorte.
Quando somos mais velhos, e se tivermos lucidez, percebemos que muitas vezes exigimos dos outros e das coisas o melhor e só o melhor, quando chegava e sobrava o suficiente. Quanto tinha a idade de Ruben se calhar só bebia whisky velho, hoje nem whisky bebo, mas se for Cutty Sark está ótimo.
Mas parece-me que o principal do que está a acontecer é RA não estar a saber lidar com a falta da estrelinha. Estrelinha é o Porto estar a ganhar por um lance espetacular, mas raríssismo e ver o seu GR defender o penalty que podia virar o tabuleiro. Estrelinha é Messi e Nuno Mendes não jogarem e estrelinha maior é na (quase única) vez em que o SLB ataca em Paris, um defesa ter feito um penalty estúpido. Por favor, não me entendam mal, FCP e SLB mereceram sair com os resultados que saíram e jogaram muito bem. Mas sem a little star connosco de vez em quando, nada se consegue.
Estrelinha teve o Marselha, porque tanto Adán, como Esgaio, como Pote, tiveram lances estúpidos, próprios de escola secundária. Atrevo-me a dizer que deveriam ser multados (para que percebam que a concentração é sempre para estar a 100%). E estrelinha tivemos quando Matheus Nunes meteu aquele golo em Braga, que nos daria o título.
Admitir que a estrelinha faz falta é prova de maturidade. Muito do fizemos na vida têm a sorte, o acaso ou a circunstância em lugar de destaque.
No pensamento de Ruben, e a bem do seu futuro, devem estar menos lugares comuns que denotam insegurança e uma certa juventude (do tipo defender os jogadores até à morte, como se fossem filhos) e mais compreensão da importância da estrelinha. E depois, ir à procura dela, claro está.
Estranhos os comentários à entrada de capital do Qatar no Sporting de Braga. Agora é que vai ser, agora é que o Braga vai ser campeão. Ai é? Mas também vão mudar as cenas de arbitragem, é isso? Caso os investidores do Qatar não saibam, em Portugal, ganhar campeonatos não passa apenas pelo relvado ou centro de treinos XPTO.
Uma coisa evidente no nosso jogo nos Açores foi termos uma arbitragem 'normal', que tratou o SCP como se fosse o Famalicão ou o Chaves, ignorando lances que - caso o SCP fosse um grande na cabeça do árbitro e do VAR - teriam sido penalti de certeza.
Por mim, considero-os lances de futebol que podem ser ou não penalti e considero que os árbitros têm direito a erros e distrações.
Soares Dias fez uma boa arbitragem, ou pelo menos uma arbitragem normal.
Só para esclarecer as ironias, eu não defendo arbitragens diferentes para grandes e pequenos. Prefiro, aliás, más arbitragens, arbitragens às bolinhas, arbitragens à inglesa ou à grega, DESDE QUE SEJAM IGUAIS para todos.
O Braga só será campeão com a massa do Qatar, se assim passar a ser.
Portanto, ou bem que os comentadores de bola lusitano andam distraídos, ou bem que dizem o que outros dizem, porque não dizem o que devem dizer.
Uma até ao Mundial, que inclui primeira parte da Liga, fase de grupos de Champions, Taça da Liga (será entre 18.11 e 17.12, em simultâneo com o Mundial) e que culmina no ‘mercado’, que dura um loooooooongo mês.
Ou seja, jogos, pontos ganhos ou perdidos, convocados que brilhem no Mundial, um troféu atribuído e depois negócios, dinheiro e redefinição de objetivos até final de Janeiro.
E depois, o resto.
Assim de repente, quem irá do nosso Sporting ao Mundial? Coates pelo Uruguai. Talvez Ugarte. Talvez Porro por Espanha, embora seja remoto. Duvido que Pote ou Inácio tenham possibilidade. Idem Trincão. Teremos um "bom" Mundial competitivo, um "mau" para as Finanças.
O Porto perderá o guarda-redes (esta contratação de Samuel é para a Taça da liga, parece-me), Pepe, David Carmo, Otávio e talvez Taremi. É muita gente do núcleo duro. Péssimo para Conceição, bom para a administração.
Benfica ficará sem Ramos, João Mário (?), Otamendi. Talvez Enzo. Pode ser mau para o treinador, embora o plantel tenha muita gente.
Bem ou mal, é chegar vivo a Janeiro, parece-me. Aparentemente não será fácil para o Porto.
Na vida tudo é relativo e com o resultado do Porto a nossa derrota com o Chaves tornou-se bastante menos má.
Num caso e noutro, houve claro desrespeito de SCP e de FCP para com os adversários e mesmo horas, dias depois, vi muito pouco mérito a ser reconhecido a Rio Ave e ao Chaves.
Aliás, é pena é que haja poucos destes resultados.
Se houvesse mais jogos destes, em que o clube mais fraco e mais pobre se impõe sem espinhas, talvez as nossas equipas conseguissem ser mais competitivas lá fora, menos perdulárias, menos dadas a individualismos e erros evitáveis.
O que se viu nos nossos jogadores - e depois nos do Porto - , foi um misto de incredulidade e sensação de chatice porque agora tinham de correr atrás de um resultado positivo que acabou por não aparecer.
Não me parece que num caso e no outro, sejam precisos reforços de 15 milhões. Porque se forem precisos reforços de 15 ou 20 milhões para ganhar a Chaves e ao Rio Ave, então há aqui qualquer coisa que não faz sentido nenhum… Reforços de 15 ou 20 milhões são para ganhar a Porto/Benfica/Sporting e Braga e assim chegar à Champions, não são para vencer clubes ditos pequenos.
Mas também se digam estas duas coisas:
- os clubes pequenos tiveram a ‘sorte’ do jogo (o Porto falhou um penalti e podia ter empatado no tempo de compensação; o primeiro golo do Chaves é quase um acaso, pela trajetória da bola). Não há mérito em ter sorte, mas também não há demérito.
- os clubes pequenos não aguentam este tipo de compromisso nos jogos do seu próprio campeonato. No inconsciente dos seus jogadores e treinadores está a clareza de saberem que lhes darão muitíssimo mais atenção quando competem com um grande do que nos jogos com clubes de valor análogo.
Para chegar onde? A isto: Braga e Benfica haverão de ter também os seus dias em que tudo corre mal e tudo corre bem aos seus oponentes.
Varandas e a direção tiveram de chupar o limão amargo da venda em véspera do clássico porque:
Houve um ultimato qualquer dos Wolves, de Jorge Mendes, do próprio Matheus, etc. Ou o negócio se fazia ali, a tempo do Tottenham, ou nada feito...
Varandas terá engolido em seco, mas terá – tenho a certeza – garantido futura transferência de Xis ou de Y ou do próprio Matheus. Ou então – e isto é importante – garantiu tesouraria. Muita tesouraria. Quem tenha gerido uma mercearia sabe como a tesouraria é fundamental, num clube de futebol ainda é mais. Aliás é sobretudo por tesouraria que há esta obsessão com a Champions: pagam a horas.
Farejem se os clubes portugueses têm os jogadores todos pagos e/ou os salários em dia e percebemos melhor a importância da tesouraria.
Lembremos que pedir dinheiro aos bancos para pagar salários tem um custo.
Antecipar receita (vulgo factoring) idem.
Note-se que Varandas garantiu 10% de uma futura transferência e ainda assegurou que os Wolves pagassem metade aos clubes onde o luso-brasileiro foi formado (Ericeirense e Estoril)
A vida em geral e a vida empresarial em particular são feitas de trade offs. Um dos motivos por que Portugal não sai da cepa torta – digo eu, claro – é porque vê num negócio uma operação em que um tem de ganhar 100% e o outro zero.
O negócio Matheus teve este trade off tramado de ficarmos sem um jogador forte na véspera de um clássico? Teve. E por isso teve outros trade offs a nosso favor.
De lembrar o que foi pouco lembrado: há uns anos, Varandas disse que a transferência de Matheus haveria um dia de pagar a de Rúben Amorim. Pagou essa e pagou a de Paulinho. E ainda sobrou.
Há uma certa tensão permanente no nosso futebol que me desagrada, mas que tenho de engolir.
É como se qualquer aquisição, qualquer substituição, qualquer lance, qualquer penalty ou cartão fosse um “nós contra eles”.
Creio que esse modo tenso é pouco Sporting e talvez seja por isso que sejamos um clube que ganha pouco (no futebol profissional). As coisas têm mudado e se há mérito em Rúben Amorim é na criação e no manter de tensão.
Ontem, fomos rabiados por uma equipa de pote 2 da Champions (com menos tempo de preparação). Na segunda parte, houve outra atitude, embora me parecesse sempre que jogávamos com um ou dois a menos. Mas houve tensão, como já houvera com a Roma e Edwards até tentou sacar um penalty (vergonhoso) e quase conseguiu, também porque se não se caça com cão, usa-se o gato.
Ganhar em Portugal é muito isso e no fim do dia, lembramos e festejamos os títulos, não os lances que oferecem dúvidas.
No fim do jogo, Rúben surge tenso, como se fosse culpa de alguém a exibição de fraqueza durante grande parte do jogo e ele lhe quisesse ir aos fagotes a esse alguém. Porque em Portugal, a tensão, a faquinha nos dentes, é fundamental para ganhar. Ele sabe que os jogadores são menos bons do que toda a gente proclama (os do Sevilha, quase todos, são bem melhores) e quer vê-los tensos, em superação, porque o jogo com o FCP está mais ou menos quase à porta. O Sporting precisa de anos para consolidar crescimento e as coisas levam tempo, mas já há muita tensão no ar e os jogos a sério ainda nem começaram.
Há décadas que o futebol português tem sido dominado pela tensão, dentro e fora do campo. De vistas curtíssimas, queremos todos ganhar domesticamente, o resto que se dane. A sociedade civil – nós todos – não é (nem será, digo eu) suficientemente exigente para mudar as coisas. Se calhar, nem quer.
P. S. Muito curioso em antecipar o futuro de Amorim, daqui por uns anos, noutros clubes, noutras culturas, noutros futebóis. Espero que não fique com mazelas da tensão.
P. P. S. Interessante saber como o treinador que o SLB contratou reagirá a esta necessidade de tensão permanente.
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