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És a nossa Fé!

Var(andas) com vista para o passado

É muito curioso, muito mesmo que Varandas tenha Var no nome.
Parece que quem escreve esta história tinha bom humor.
 
Sendo inegáveis os devidos elogios a todos quantos venceram os títulos, o principal acontecimento na vida do Sporting não foi nem a SAD, nem o estádio novo, nem jogadores, nem treinadores, nem dirigentes, nem sequer os adeptos.

Foi o VAR.

Nestas décadas de captura total do futebol profissional, e para lá de inúmeras situações de claro prejuízo, aos sportinguistas não era sequer permitido que se queixassem.   

Ainda hoje me surpreende que os personagens do futebol português que o controlaram décadas a fio nas barbas e com a cumplicidade de autoridades e insituições de todo o género, tenham aceitado o VAR.

O facto de se terem distraído é um sintoma da mesma fanfarronice que os adeptos dos clubes desses personagens sempre tiveram para com os sportinguistas.   

Olhá lá, ó Nuno

Nuno.

 

Todos tivemos um amigo como tu.

E muitas vezes até se chamava Nuno e tudo.

Eu tive um e chamávamos-lhe Nuno Maluco. Acredita que é verdade, passou-se há mais quarenta anos, mas é verdade. 

 

Era o tipo tramado, o chato. O teimoso.

O gajo que nunca estava satisfeito com nada.

Era o gajo que dizia e insistia e teimava que o porteiro nos havia de deixar entrar e que valia a pena fazer mais 50 quilómetros para ir àquela discoteca, mesmo que já fossem quatro da manhã.

 

Era o gajo que dizia que se via bem, que era para continuar o jogo, mesmo quando a luz do poste estava fundida e a lua coberta pelas nuvens - nem se via a bola quanto mais a baliza feita com dois calhaus. O nosso Nuno era o gajo que ia à baliza mesmo com gesso no braço, o herói que conseguia sempre que nos vendessem bolos às três manhã e que convencia o taxista a levar seis.

 

O Nuno que cada um teve a sorte de ter na vida, assim pró baixote, cabelo rapado, ia sempre à frente, decidido, confiante, maluco, sempre leal, corajoso, era o primeiro a ir defender os amigos.

 

Nunca teríamos sido o que somos sem o nosso Nuno.

O Sporting nunca teria sido campeão nestas duas últimas vezes sem o Nuno Santos.

 

Carrega, Nuno. Não desistas. Fica aí, mesmo sentado na marquesa.

Precisamos de ti. Voltarás mais forte, é essa a tua natureza.

Hegemonias no tempo do VAR

Antes do VAR era mais ou menos difícil ser hegemónico?

 

O bracinho no ar a informar o árbitro para marcar falta/ fora de jogo/ cartão...

Os lances que ninguém via, as cotoveladas, as entradas assassinas, a mão na área. 

 

Desejo-o, mas não faço ideia se o SCP vai revalidar o título.

O que sei é que é que ser hegemónico no tempo do VAR é muito mais complicado. Por mais erros que o VAR cometa, não são erros a inclinar o campo como no tempo do braço do ar, da intimidação, das entradas assassinas às pernas dos jogadores, dos cartõeszinhos cirúrgicos e arbitrários, capazes de desmoralizar qualquer equipa. 

 

Tenho também alguma pena que os jornalistas e comentadores que escrevem em jornais de Desporto não façam mais alusões ao passado do futebol do futebol português.

Ou os árbitros que assinam colunas. 

Ó chefe

- Ó chefe, aqui o Israel fez uma defesa fulcral mesmo no começo do jogo e uma defesa incrível num lance que a malta está a dizer que é offside, mas que a malta não sabe porque, como não houve golo, também não houve VAR. Nota 5, certo?

 

Nota 3.

 

- Ó chefe, mas o tipo não tem culpa de o adversário ter atacado pouco e o de os colegas terem matado muitos lances. Esteve sempre impecável, a jogar com os pés e tudo. Até o maluco do Trincão lhe deu o prémio. Não viu? Não devia ser nota 5?

 

Nota 3, já disse.

 

- Ó chefe então e da lista dos guarda-redes que a gente gosta e levam uns franguinhos?

 

- Nota 3, claro, Os franguinhos fazem parte da vida de um GR, mas só daqueles que a gente gosta. 

 

No jogo de ontem, com o Casa Pia:

Israel teve 3 no Record.

6 em O Jogo.

6 em a Bola.    

O passe de Debast

As reações hiper críticas ao passe de Debast a Geny (que acabaria por dar origem ao golo do PSV) mostram que nós - os bravos lusitanos - ainda temos um longuísismo caminho a percorrer.
Incluo aqui os jornalistas que classificaram os jogadores.

Em vez de saudarmos a capacidade daquele miúdo belga de mergulhar na possibilidade de um passe arriscado, ou seja, em vez de estarmos do lado de quem arrisca, preferíríamos o charuto inconsequente para as couves. E que outro colega qualquer fosse lá ver se conquistava a bola aos neerlandeses e tal.  

O passe foi de risco? Foi.

 

Era um passe bem sacado, com olho? Era. 

Geny podia ter feito mais? Evidente.

Só mais? Não, Podia ter feito muito mais. Podia até ter feito falta. 

Além disso, foi um golo do caraças, daqueles que o tipo colocará no DVD dos melhores momentos da carreira, não foi? Claro. Claro que foi.

Mas é mais simples ser fiel a 900 anos de História e cair em cima de quem ousa arriscar, não é? É. 

Preocupações

Não se se muitos notaram, mas Amorim disse coisas interessantes e de certo modo preocupantes no final do jogo. 

No meio dos elogios aos nórdicos que os jornalistas queriam ouvir da boca do treinador, este mostrou-se preocupado com uma certa falta de intensidade no final e uma certa displicência (a palavra é minha), dizendo que se os jogos da Liga portuguesa são assim - com o SCP a atacar 95% do tempo - os jogos da Champions não são. 

Nesses jogos é preciso ir lá à frente e vir a correr cá para trás.

Este ano, o Sporting tem demonstrado uma superioridade tal face às (chamadas) equipas pequenas, que quase parece que viajámos a um tempo pré-sistema (... eu ainda me lembro....) em que as condições de treino, preparação e plantéis das equipas pequenas eram muitíssimo inferiores às dos três grandes. Os jogos têm parecido espetáculos de Las Vegas.

Excepto com o Porto e com o Lille.  

Com o Porto, tivemos de esperar que o central cometesse aquele penalti de principiante e com o Lille tivemos a fortuna de jogar contra dez durante uma hora. Em nenhum dos casos brilhámos, fomos imensamente superiores e avassaladores. Merecemos ganhar, mas não foi Las Vegas. Lembro que nos dois casos o segundo golo chegou tarde e caído do céu, de fora da área. Geny primeiro e Debast depois. 

É bom que os jogadores se mentalizem que nada (mas mesmo nada) está ganho. Como por exemplo a Supertaça... 

Felizmente, e como tem acontecido, Amorim está dois passos à frente. 

Optics

Jogadores no primeiro jogo da Champions League.

MERCADO INTERNO:

Diomande
Matheus Reis
Morita
Geny
Trincão
Pedro Gonçalves
Rúben Amorim (treinador)

(no banco, Nuno Santos e Edwards)

FORMAÇÃO:

G Inácio
Quenda
D Bragança

(no banco: Calai, Francisco Silva, Esgaio)

MERCADO EXTERIOR:
F Israel
Z Debast 
Hujlmand
Gyökeres
Maxi Araújo
Harder

(no banco: Fresneda)

Exigência Amorim

Talvez uma das coisas menos notadas no consulado Amorim (que se espera longuíssimo) é o grau de exigência para com os jogadores sub par que a multidão acha que têm lugar nos plantéis. 

 

Até agora já se enganou (naturalmente) em algumas contratações, mas nenhum dos que foram dispensados ou vendidos 'demasiado cedo' se revelaram um erro ou precipitação. 

Lembremos Plata, por exemplo. Ou Luís Maximiano. Lumor. Marsá. Nazinho. Ilori. Rafael Camacho. Arthur. Muitíssimo provavelmente Tanlongo e Sotiris. A única dúvida é Fatawu e será Mateus Fernandes. 

Mesmo Renato Veiga, agora convocado para a seleção, foi uma boa decisão (àquele tempo).  

 

Não significa que sejam maus jogadores. Não significa que não pudessem estar no plantel.

Significa que (com toda a lógica), Amorim e a equipa técnica são mais competentes que o adepto comum e não escolhem com o coração mas sim com a cabeça. 

Seis destaques sobre o título.



1. Nuno Santos
É provável que seja impossível ter sucesso sem um jogador com esta fibra, tarimba e sabedoria de como estar no campo. Espero que vá ao Europeu. 

 

2. Quaresma
A redenção deste defesa feito de Sporting é umas das histórias mais bonitas da temporada.

 

3. Departamento médico
A ciência tem sido um dos principais aliados dos treinadores e jogadores, em todos os clubes. Este ano, os nossos discretos médicos, massagistas e fisioterapeutas estiveram à altura.  

 

4. Os fãs
Por todo o lado, em especial nas redes, no estádio e pelo país. Acredito que o apoio seja importante para os atletas, técnicos e dirigentes, muitos dos quais não sabem que nos anos 80 nos chamavam a “melhor massa associativa do mundo”.

O que fãs e adeptos têm feito é um justo legado aos sofredores do antigamente.

 

5. Os outros
Como Matheus Reis, Israel, Esgaio, Geny, St. Juste. Em muitas fases da época, o Sporting foi uma equipa com 15 ou 16 titulares.

 

6. O VAR
Falo por mim, mas tão importante como Varandas, Viana e Amorim, tem sido o VAR.

Não que o Sporting precise do empurrão do VAR, mas não há êxito possível sem que o jogo seja igual para todos. Para ganhar, o Sporting precisa de equidade. Por exemplo, desde que há VAR, tornou-se muito mais difícil invalidar golos limpos.

Noutro tempo, e falando do jogo com o Portimonense, nos velhos tempos seria simples anular o primeiro golo (“por fora-de-jogo”) e o terceiro (por “pé em riste do Bragança” ou "falta do Viktor sobre o defesa"). Quem viveu o futebol dos 80 e 90, sabe bem do que eu estou a falar. Aliás, basta lembrar o soco que um jogador nosso levou num jogo recente e que não foi ao VAR para se perceber como o “não haver VAR” pode influir.

Quantos atletas, dirigentes e treinadores do Sporting dos oitenta e noventa não teriam tido palmarés diferentes se o VAR existisse no tempo deles?  

Santos da casa

Por acaso gostava que Nuno Santos fosse ao Europeu.
Não há clubes campeões sem jogadores daqueles - raçudos, tensos, talentosos, competitivos.

As traves deste Sporting são Ruben, são Coates, são o Viana, a sorte, o azar dos outros, o Var, mas também têm muito de nunosantismo, aquela dimensão de talento com agressividade e provocação que destestamos nos adversários.     

Seria justíssimo que fosse ao Europeu. Quero crer que caso acontença, não ficará nota de rodapé.   

Seis graus de separação

 

  1. É bastante provável que Pote não seja convocado para o Euro e bastante provável que um jogador que manifesta sistematicamente instabilidade emocional em campo, que insulta, simula, agride, um jogador jovem, que deveria ser um exemplo para os miúdos de 6, 7, 8 anos.

  2. Não está a ser uma Liga de guarda-redes. Tem havido muitos jogos com imensos golos. Quanto vale um guarda-redes que ‘dá’ pontos e ‘apuramentos’? Mais ou menos que um centro-campista ou um avançado?

  3. Não será para o ano, nem será nos anos seguintes, que as ‘arbitragens’ (e os VAR e essas coisas todas) se vão resolver. As instituições Porto e Benfica são das mais poderosas do país, ninguém vai assumir o risco de ir contra as mesmas, as pessoas têm famílias, negócios, expectativas de vida. O que o árbitro do Estoril-Porto não escreveu no relatório deveria envergonhar-nos a todos. Ao mesmo tempo, temos o dever moral de pensar quantos de nós teriam feito diferente, perante os riscos.

  4. Amorim é muito diferente por ser franco, decidido e espirituoso. E por ser inteligente e estratega. Mas não é isso que faz o seu sucesso. É bom para quem o ouve, mas duvido que vença jogos (as suas competências técnicas e da sua equipa, só eles saberão).
    Nem parece que essas características de estar em público sejam importante para a nossa indústria futeboleira. Prova disso, as autoridades da bola e da arbitragem ainda não arranjaram maneira de o homenagear em público. Podiam até dizer (ou fazer dizer) que Amorim evoluiu imenso no seu entendimento do que é fair-play e relação com a arbitragem, adeptos e adversários (até porque é verdade). Porque é que ainda não foi feito? Ver ponto 3.

  5. Se Amorim for embora, tudo voltará à raiva, aos recados, ao queixume, à insinuação, à pressão, aos túneis.

  6. Dito isto, o futebol português é das indústrias mais competentes e competitivas que o país alguma vez teve em toda a sua História. Num mundo de concorrência absolutamente global, cheias de computadores e inteligências artificiais, os clubes continuam a ‘gerar’ jogadores e técnicos para ‘exportação’. Talvez o calendário devesse mesmo mudar para que as equipas portugueses possam ser mais eficazes mais vezes nas competições europeias (além do Porto, que já o é).

O juiz decide.

Gostemos ou não, o derby será muito provavelmente decidido pela arbitragem. 

O objetivo do Sporting, quanto a mim, deve ser chegar empatado com onze jogadores aos 70 minutos do jogo, o que duvido que suceda. Se o conseguir, pode chegar a um bom resultado.

A natureza do "jogo português", feito de fitas e simulações, o estilo de jogo de Rafa e Di María, a pressão no estádio em cima do árbitro, devem levar a uns amarelos no princípio da partida e talvez a outros no princípio da segunda parte.   

Posso ser só eu, claro, mas é pena que os grandes jogos da nossa Liga sejam tão sensíveis à arbitragem. O SLB tem demasiado a perder, até financeiramente (caso despeçam o treinador), para que o SCP termine com 11. As expulsões através da acumulação de amarelos são os novos "golos mal validados", como sabemos. Aguardemos.

Já agora, por mero acaso, li uns quantos 'especialistas' sobre o penalti em Chaves e o não penalti do Estrela sobre o Bragança. A meu ver, e obviamente, nenhum deveria ser -  o jogo é para homens e não meninos, mas teve graça ver as doses cavalares de ambiguidade que os ex-árbitros conseguem meter em cima das situações. 

contra a corrente


Os jogadores (e a maltinha dirigente, claro) têm muita culpa no que chamamos de 'futebol português'. Quase sempre os árbitros são enganados e comidos pela lógica trapaceira dos que estam em campo e por isso, quase sempre os árbitros agem por hábito e tradição. 

Ontem, claro que Diomande é bem expulso, À LUZ DOS HÁBITOS da bola lusitana.

Quando dois jogadores se empurram, é sempre amarelo para ambos, como se fossem crianças, PORQUE É ESSA A TRADIÇÃO. Os jogadores têm de tomar juízo ou ser mais bem treinados, para não fazerem esse tipo de fita. 

Quando se vê um cotovelo no ar (ou uma mão na cara) e o de trás ESTREBUCHA E REBOLA, é SEMPRE amarelo, porque é esse o hábito. Os jogadores têm de ser educados para manterem os braços em baixo.

Como é sempre amarelo quando um idiota rebola no chão porque parece ter sido pisado (o amarelo a Edwards). Como é sempre amarelo quando um jogador entra com 'fisicalidade' e o que tem a bola estrebucha e desata a ganir. Que pode um árbitro fazer, se o público assobia e os bancos se levantam? Como é que se acalma a malta? Com amarelo, pois claro...  

(O VAR não pode falar em amarelos mal dados, como sabemos)

Como NUNCA É PENALTY quando o guarda-redes se sai à Tarzan. Em Portugal, na pequena área, os Guarda-Redes até podem montar uma banca de queijadas de Sintra que será sempre falta do atacante...

A arbitragem é sobretudo vítima destas tradições ou hábitos. Um árbitro que vá contra a corrente não chega a internacional e porquanto não chegam à dinheirama que se ganha a apitar jogos europeus.

Duvido que se consiga mudar isto, somos um povo que gosta pouco de instituições fortes, regras e justiça independente (não há outra, mas vocês sabem do que estou a  falar...). 

p.s. No Arsenal-City, assistimos ao exagero em sentido contrário. Kovacic devia ter sido expulso umas dez vezes. Mas eu preferiria um futebol assim, rijo (sem lesões para os jogadores, claro).
 

All garves

Creio que o jogo é marcado pela excelente disponibilidade física dos 10 do Farense. Aguentaram os quase cem minutos com uma energia tal que até parecia que podiam começar outro jogo logo a seguir. Parabéns! Quem me dera ter aquele potência quando corro na passadeira...

O Sporting continua a jogar de forma enervante (para o adepto). Devagarito a sair, alas a tentar acelerar, muita movimentação na área, pouca eficiência. O primeiro golo é um brinde do defesa do Farense, o segundo inventado por Pote e o terceiro sacado por Edwards. 

Tenro como um pastel, Huljamand não é Palhinha, ainda se está a adaptar ao nosso futebol, creio que não será o patrão que todas as equipas grandes portugueses necessitam. Educado e correto, Morita sozinho, também não chega. Bragança é de um tempo de outro futebol. 

Sobre o refilanço dos rivais. Quem com ferros coiso, com ferros coiso. O ambiente geral do futebol português, em que qualquer falta (repito, qualquer falta) é refilável para sacar amarelo ao adversário e qualquer lance (repito, qualquer lance) na grande área é refilável para sacar penalti, dão nisto. A competitividade está transformada num ódio que as bancadas fazem crescer para os jogadores e vice-versa. Pela televisão, quantas vezes não vimos os bravos e inesgotáveis jogadores do Farense com cara de quem disputa uma guerra?

Certos rivais, que gostam e adubam estes contextos, não gostam que de ser só eles a beneficiar do ambiente de guerrilha, de um futebol que mais parece estar a ser jogado no pátio de uma cadeia como nos filmes. 

De uma vez por todas, creio que devemos uma palavra aos árbitros e aos VAR. Ninguém consegue ser competente quando os 22 em campo se esforçam no sentido de enganar os árbitros e subjugar os adversários com todo o tipo de estratagemas, simulando quedas e agressões em qualquer lance de contacto. 

Até ao fim

lendo a imprensa da especialidade, o Casa Pia arrasou o Sporting, numa superioridade só anteriormente vista quando o Barça de Guardiola espezinhou o Inter de Mourinho. 

Não fosse a bota branca de Paulinho e teríamos perdido por tantos que Varandas, Ruben e Viana estariam neste momentos a viver na rua, humilhados e sem nada. 

Ah e tal, mas o golo mal validado ao Paulinho foi aos três ou quatro minutos de jogo, estava zero a zero e faltavam uns bons 95 minutos, descontos incluídos. Quem sabe o Sporting pudesse ter hipóteses de ganhar... Seria complicado, mas quem sabe...?

Não interessa! O Sporting só ganhou por causa daquele golo validado por menos de um palmo quando faltavam mais de 90 minutos para jogar!

Toda a gente sabe que se o VAR tivesse varado como deve ser, o Sporting teria perdido por tantos com o Casa Pia, que os regulamentos seriam alterados nessa semana e perderia também os três pontos que ganhou ao Vizela na jornada precedente. 

Só os mal intencionados não veem que se houvesse justiça no mundo e no futebol português, o Sporting teria neste momento zero pontos.  

mixed feelings

Mixed feelings sobre a reação sincera e genuína de Ruben acerca do erro do VAR, no pós match do jogo com o Casa Pia.

 

Por um lado, é de louvar o desportivismo, que creio ser próprio do nosso clube.

Por outro, vem-nos à cabeça a interrogação permanente sobre se vale a pena ser assim em Portugal. 

 

Porque talvez Amorim devesse ter falado daquela patada em Esgaio no primeiro ou segundo lance do jogo, que creio ser mais que amarelo (e que nem amarelo foi). Ou do penalty óbvio sobre Marcus E. (ainda que sejam penalties da treta, do futebol português).

Pessoalmente abomino este tipo de contabilidade, mas também abomino mosquitos e não é por isso que eles não deixam de me picar na mesma.

 

Ou seja, fazemos a figura do bem comportado - que nos orgulha – mas no intenso futebol português de lideranças mais fracas que a lanterna de um iphone numa noite de breu, convém não facilitar.

Note-se como o Porto já está de faca na Liga, nos dentes, em todo o lado e mais algum, não falando com os jornalistas em três jogos seguidos, não se mostrando portanto os logótipos dos sponsors nas entrevistas antes e depois (já para não falar dos seus adeptos), sem que nada, absolutamente nada, lhes suceda.

Balancés

1. Dois grandes ausentes no balanço da época que já está a ser feito: LF Vieira e Rui Pedro Brás. O primeiro, caído em desgraça, acabou por ver cair a sua estratégia de arrebatar o poder a Rui Costa porque o Seixal (onde teimou e investiu a sério) meteu cá fora os Gonçalos Ramos, os Antónios Silva e depois este miúdo, o João Neves, que ajudaram (e muito) a esta caminhada do Benfica. Irónico, hein...

Engraçado como até a imprensa adepta do SLB esqueceu que foi Vieira quem decidiu (a dada altura) apostar na academia que já deu ao Benfica excelentes jogadores e muito dinheiro.

O outro, que não abriu a boca (e bem durante toda a época), despachou contratações falhadas e fechou outras (como Enzo ou Auresnes) que se revelaram preciosas.

 

2. A enorme, grande, gigante importância de começar bem a época, como aconteceu connosco quando fomos campeões e agora com o SLB. A verdade é que equipa que tenha 6 ou mais pontos de vantagem na recta final dificilmente perde a Liga.

 

3. A "formação" depende das fornadas. Nem todos os atletas formados nos clubes têm pedal para a alta competição. Vide Sporting ou Porto. A alguns até falta de formação: Chermiti tem tudo menos técnica de remate. Como é que é possível um avançado não saber finalizar?

 

4. Há qualquer coisa na preparação física no Benfica que os coloca num patamar acima de Porto e sobretudo Sporting.

 

5. Não foi uma Liga com um grande craque, aquele jogador que dava gozo ver, independentemente da equipa em que jogava. 

 

6. Os clubes além dos 3 grandes + 1 (o Braga) são fracos e tendem a ficar piores. Perder pontos com esses clubes é suicídio. 

 

7. É justo que tenhamos ficado em quarto e foi por falta de liderança, embora não tivéssemos plantel para fazer melhor do que terceiro.

 

8. Na Liga portuguesa, é indispensável pensar a Liga TAMBÉM depois de conhecido o sorteio. Ou seja, se houver jogos muito complicados a princípio seguidos, talvez valha a pena contratar mais caro e com mais risco. Perder esses jogos é perder a época.  

Noção das coisas

O golo de Matheus ao Braga no ano em que fomos campeões foi um dos momentos de maior felicidade que tive nas últimas décadas. Foi um lance fortuito, carambólico, uma sorte do caraças, que nasceu de manha, sentido de oportunidade e coragem do antigo empregado de pastelaria rematar à baliza, assumindo responsabilidade.

Claro que Amorim tem razão quando diz que este ano tem sido 'assim'. Nas nossas vidas também temos anos assim. Insisto numa ideia que venho repetindo: o único clube em Portugal que tem em si a força para vencer sempre a adversidade é o Porto.

Benfica e Sporting, por razões diferentes, são demasiado contingentes à sorte e ao momento. Também porque só de vez em quando se acerta nos pontas-de-lança que se têm ou se compram.

Acaso o Sporting eliminaria a Juve com o Gonçalo Ramos e o Musa? Não. Mas talvez nem tivessemos caído na fase de grupos se o Enzo que foi para o Chelsea fosse nosso.

Só mais uma coisa. Os nossos clubes já fazem muito, imenso, na Europa. Caso não tenham reparado, Portugal é um país pobre, extremamente envelhecido, que vive de dinheiro europeu e de servir pastéis de nata aos turistas. Onde é que um fabricante de automóveis português se bate de igual para igual com a Fiat? Onde é que uma marca de mobiliário lowcost se bate com a Ikea? Que cadeia de hamburguers se bate com a McDonald’s? E que marcas de moda rivalizam com a Zara, a M Dutti e essa malta?

Vamos ter noção.

Wrexham till i die

Quando não tem mais nada, o FC Porto tem sempre Lisboa para se motivar. Podem estar mortos, exauridos e divididos, que Lisboa existirá sempre para ser derrotada. É o que os mantém vivos há quatro décadas.

Com os milhões de milhões de milhões a desaguar no futebol internacional e local, perdeu-se territorialidade e noção das rivalidades de sempre. Terá sido esse o erro da estrutura do Benfica, porque para o adepto normal, é muitíssimo mais importante vencer a Liga que ir aos quartos (ou meias) da Champions. A excitação com a Champions existia, porque achavam que o Marquês estava no papo.
  
Creio que o principal problema do Sporting-de-Varandas-e-de-Amorim é não ter um rival preciso, uma motivação, um ‘ódio’ de estimação. Os jogadores são pessoas e as pessoas por vezes movem-se por motivações muito terrenas. Os jogadores são miúdos, muitas vezes sem grandes modelos de educação e formação além de técnicos de desporto. Ou seja, sim, os recortes de jornal afixados no baleneário funcionam.  

“Ir à Champions” é um objetivo que interessa às Finanças do clube. Interessará aos jogadores como montra, mas interessa sobretudo aos diretores e ao tipo do Financeiro, que tem o IVA e os salários para pagar.

Esta época é um fracasso em toda linha da administração e da equipa técnica. Só a boa imprensa que Amorim tem – merecidamente, porque é um ativo valioso da industria mediática e porque tem indiscutível qualidade – tem permitido que o clube não se desintegre em guerrilhas internas.

O principal fracasso, parece-me, foi nunca ter sido encontrado um castelo para conquistar, um objetivo concreto, a que os atletas se pudessem agarrar todas as noites quando estavam prestes a adormecer. É um mal que vem de longe e persiste. Schimdt não o parece ter percebido bem e algo me diz que a renovação do contrato por 150 anos não irá correr bem.

Quem quer ser grande e dominador, precisa sempre de se agrupar em torno de um mesmo objetivo.
“Ir à Champions” não é objetivo coisa nenhuma. A desgraça do futebol dos milhões é sobretudo essa, a da imaterialização das conquistas.

p.s.

Tenho acompanhado a época do Wrexham, comprado por dois atores de Hollywood, e que tem o objetivo muito preciso de subir de divisão (o que não acontece há muitos anos). É muito provável que seja este ano. Isso sim, é o futebol.

{ Blogue fundado em 2012. }

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