Realizou-se no passado domingo (25 fev.) o almoço comemorativo do 25.º aniversário do Núcleo do Sporting do Mondego. Deixo a todos os seus associados, na pessoa do presidente da direção – Sr. Mário Reis -, os meus parabéns. Um agradecimento, igualmente especial, ao presidente da Junta da União de Freguesias de São Martinho do Bispo e Ribeira de Frades - Sr. Jorge Veloso -, pelo apoio que sempre prestou a este Núcleo.
Deparei-me com esta análise do embaixador Francisco Seixas da Costa, publicado no seu blog "duas ou três coisas" na passada terça-feira, que aqui partilho:
«Apesar de tudo...
Apesar de tudo, recuso-me a acreditar na tese, que por aí anda, de que o agravamento do caso das gémeas surgiu hoje magnificado para obscurecer a chegada do Sporting à liderança isolada da Liga.»
Depois de termos assistido, na época 2021/2022, no Estádio do Dragão um "elemento de colete azul" ter agredido o jogador Matheus Reis, constatamos na última jornada, neste mesmo estádio, a um episódio caricato: o equipamento VAR foi ligado a uma tomada de corrente eléctrica... desligada. Fica a pergunta:
Terá o FCPorto capacidade para organizar eventos desportivos?
... por ver ausentes na lista de convocados, para os próximos jogos da seeção nacional, os jogadores Pedro Gonçalves e Paulinho, o actual melhor marcador da Liga.
Apetece recordar Maria Teresa Horta:
"(...) quando a estranheza lúdica dos anjos são dos dilemas os próprios
vendavais"
Horta, Maria Teresa – Estranhezas. Lisboa: Dom Quixote, 2018. p. 260
Todos sabemos que o jornal desportivo sofre de uma doença grave (não, não estou a falar dos subsídios de Natal que terão ficado em atraso) – esta já é bastante grave, mas falo de outra doença tão grave e mais visível a todos: a benfiquite.
… alguém, de uma geração mais nova, que não conheça esta lenda do hóquei em patins mundial, ao ver a foto que ilustra a notícia fica com que ideia: Chana é o jogador que conduz a bola ou o que o observa?
Se o nosso adversário de ontem fosse um destes dois clubes, qualquer árbitro português iria, naturalmente, prejudicar o Sporting e beneficiar uma dessa equipas.
Não, não me refiro aos jogadores que ontem defrontaram e foram eliminados por Marrocos.
Refiro-me a outros, àqueles que tiveram alguma importância no Portugal medieval e que a propósito do jogo de ontem me vieram à memória.
Na hagiologia portuguesa foi relevante o culto aos Mártires de Marrocos, nomeadamente na região de Coimbra e no Mosteiro de Santa Cruz (o local onde verdadeiramente se pode dizer a frase salazarenta que consta no Castelo de Guimarães: “Aqui nasceu Portugal” – mas isso é história de outros quinhendros).
Mas quem eram estes Mártires?
Eram frades franciscanos enviados por Francisco de Assis em 1219 para a conversão dos muçulmanos e que se chamavam Beraldo, Oto, Pedro, Adjuto, Acúrsio e Vidal. Reza a história que este último, por ter adoecido, não chegou a entrar na Península Ibérica, pelo que não terá ascendido ao panteão católico da santidade. Os restantes chegaram a Coimbra, então a capital do Reino (dizem os mais coimbrinhas que continua a ser capital de jure) onde foram recebidos pela rainha Urraca (esposa do rei Gordo ou Gafo: Afonso II). Daí avançaram para sul, passando por Alenquer (não, não foram visitar a “Sãozinha de Alenquer”, essa só apareceria muito mais tarde na catolicidade popular portuguesa), onde foram acolhidos pela piedosa Sancha, irmã do rei que, por palavras reais, basicamente lhes disse para terem juízo.
Prosseguiram e chegaram a Marrocos, onde foram acolhidos por Pedro, não era o Apóstolo, era um homónimo irmão do rei de Portugal, que aí se encontrava por estar “às avessas” com o seu real irmão. Este repetiu-lhes as palavras de sua irmã, porém os frades fizeram ouvidos de mercador (neste caso mercador de almas) e continuaram na missão a que se propunham e iniciaram as pregações. É bem de ver que sofreram alguns reveses, os quais o infante português ia, como podia, livrando. Mas eles continuavam na sua prosélita missão, até o chefe-maior lá sítio – miramolim de seu ofício – se aborreceu e os mandou prender, julgando-os demover da sua missão. Em vão...
Assim que foram soltos, como pessoas cientes da sua razão, teimosos dizem outros, pregaram em praça pública que, como se está a adivinhar, não foi uma atitude muito ajuizada. Foram maltratados e levados, novamente ao chefe-maior lá sítio – miramolim de seu ofício – que se sentiu enfurecido face ao "pelo na venta" das respostas que estes frades lhe iam dando. E assim, talvez para não os ouvir mais, achou que seria melhor que ficassem sem cabeça. Assim o fez.
Os seus corpos foram recolhido pelo tal irmão do rei português, que acompanhado por um crúzio (não, não é o bolo), João Roberto de seu nome, trouxeram os restos mortais de volta para Coimbra. Conta a história que o local de destino seria a Sé, porém um milagre aconteceu: a mula que os levava fincou pé à porta do Mosteiro e, como uma mula teimosa, daí não saiu enquanto as suas portas não se abriram. Por aí ficaram… Bem, algumas ossadas foram mudadas para outros sítios, coitados dos santos católicos que têm os seus ossos espalhados por vários sítios.
Porém, isto não é o fim da história… claro que o culto a estes mártires faz-se em toda a cristandade, porém, como disse no início, foi em Portugal e em particular na região de Coimbra que foi mais relevante, estando hoje, contudo, esquecidos.
Dizia que não é o fim da história, pois estiveram na origem de um outro fenómeno: o do português mais conhecido de sempre em todo o mundo. Não, não se trata de Cristiano Ronaldo. Há um português mais conhecido, se bem que os italianos o queiram nacionalizar (um pouco à semelhança dos espanhóis quando Cristiano Ronaldo jogava no Real Madrid).
O episódio da chegada dos restos mortais destes frades a Coimbra e o seu exemplo foi motivo de inspiração a um cónego que estava, por esta altura, no Mosteiro de Santa Cruz: Fernando de seu nome e Bulhões de apelido. Este cónego resolveu abandonar este mosteiro, o seu nome e seguir o exemplo destes frades. Abraçou a Ordem dos Frades Menores, recém-instalada nos arrabaldes de Coimbra e aí tomou o nome de António.
O resto da história, a história de Santo António penso que conhecem…
Leitura complementar
Texto de Nélson Correia Borges, publicado no Correio de Coimbra n.º 4769, de 09-Jan-2020 e republicado no blog À cerca de Coimbra em 14-Jan-2020
Escrevo estas linhas poucos minutos antes do Portugal – Marrocos, apenas porque me ocorreu este número: trinta e sete. Com trinta e sete anos duas figuras do universo sportinguista alcançaram o Olímpo:
Carlos Lopes ganhou o ouro olímpico;
Joaquim Agostinho ganha a mítica etapa no Alpe d’Huez no Tour de France.
Com a mesma idade, trinta e sete anos, o que ganhará Cristiano Ronaldo neste Mundial?
Vamos ver, o jogo começa dentro de momentos e CR7 inicia o jogo no banco…
Curiosamente ontem à tarde a meteorologia deu-me o privilégio de observar um dos bonitos espectáculos que a natureza, de quando em vez, nos proporciona: o arco-íris.
Deixo aqui uma das fotografias que tirei, da varanda, e que aqui coloco em homenagem não só a este jornalista, como principalmente a todos aqueles que lutam pela igualdade entre os Homens (com letra maiúscula, sinónimo de homens e mulheres) na raça, na religião, nas diferenças políticas e pelo direito de amar quem quiserem.
Igualmente e de forma simbólica, dou uma bofetada aos dirigentes do Catar e da FIFA.
Por certo não serão as palavras indicadas para este momento de euforia, fruto da vitória de Portugal sobre a Suíça, porém também eu comungo das palavras de César Mourão:
«“Cristiano Ronaldo e os portugueses. Ele, e nós, merecem que o extraordinário exemplo de vida, talento e tenacidade de um menino pobre sejam cristalizados no tempo. Aqueles que defendem o ‘elevador social’ só podem encontrar no Ronaldo o mais perfeito exemplo da batalha; do árduo esforço; da dedicação e compromisso; da vontade. Somos um país pequeno, bem o sabemos. Mas se os portugueses não fossem grandiosos já teríamos perecido enquanto nação. Isso nunca aconteceu, porque há figuras entre nós que nos lembram o que somos e do que somos capazes”, começou por dizer.
“Cristiano Ronaldo lutou toda a vida contra tudo: contra as suas circunstâncias; contra a inveja; contra os lobbies (até fazer parte deles); mas nunca perdeu o brilho no olhar de que só são capazes aqueles que verdadeiramente acreditam que é possível moldar o nosso próprio destino. Cristiano Ronaldo é um herói improvável. É nosso. Eu, gostava de lhe dar uma palmada nas costas, abraçá-lo e dizer-lhe: obrigado. E dar-lhe um beijo no rosto de agradecimento por tudo o que ele fez por todos aqueles que não nasceram em berços confortáveis. Queria só dizer-lhe: ‘obrigado por nunca desistires de ti’”, acrescentou José Alberto Carvalho, (…).»
Felizmente a UCI, a União Ciclista Internacional, fez aquilo que as autoridades desportivas nacionais não tiveram coragem de fazer: impedir a equipa que veste com as cores do FCPorto de participar na Volta a Portugal, devido a caso de doping organizado.
Se esta prova, infelizmente, não tem qualquer prestígio internacional, com a eventual presença da participação desta seria um exemplo de «verdade e fair-play desportivo» (*) que dignificaria de sobremaneira o desporto português.
(*) - Palavras retiradas do último comunicado desta equipa.
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