Apesar de morar a apenas 60 km de Hamburgo, não vou assistir ao vivo ao jogo de hoje entre Portugal e a França. Por um lado, é dificílimo arranjar bilhete. Por outro, custar-me-ia muita energia emocional. Não estarei, assim, entre os portugueses que se deslocarão ao Volksparkstadion, um dos maiores estádios da Alemanha, com capacidade para 57.000 pessoas. E pertencente a uma equipa da… 2ª divisão!
Não é o único. Muita gente em Portugal não saberá que, na verdade, metade dos estádios alemães, onde se disputam as partidas deste Euro, pertencem a clubes da 2ª divisão. Cinco, entre os dez escolhidos: Düsseldorf, Köln (Colónia), Gelsenkirchen (pertencente ao Schalke 04), Berlim (o Estádio Olímpico, com lotação para 74.000 pessoas, é a “casa” do Hertha BSC) e Hamburgo, onde hoje se jogará os quartos de final entre Portugal e a França.
Hamburgo (onde morei durante sete anos) é a segunda maior cidade alemã (1,852 milhões de habitantes), à frente de Munique, Colónia e Frankfurt. Além disso, o Hamburger SV conta com uma Taça dos Campeões, uma Taça das Taças e seis campeonatos no seu palmarés. E, até 2018, era a ÚNICA equipa alemã que nunca tinha estado na 2ª divisão, desde a criação da Bundesliga, em 1963, nos moldes que hoje se conhecem (o Bayern de Munique, nessa altura, não foi convidado para participar na Bundesliga; ficou na 2ª divisão, só subindo à 1ª na época de 1965/66).
Enfim, as “medidas drásticas” não conseguiram tirar o Hamburger SV do último terço da tabela e, em 2018, acabou mesmo por descer. Não preciso de dizer que os adeptos se acostumaram à máxima “para o ano é que vai ser”. O Hamburgo ficou, desde então, três vezes no quarto lugar (épocas 21/22, 22/23 e 23/24) e outras tantas no terceiro, sendo que este lugar permite o play-off, com o ante-penúltimo classificado da Bundesliga.
Esta época, que até começou muito bem, acabou, mais uma vez, no quarto posto. E a humilhação foi ainda maior, perante a subida à Bundesliga da segunda equipa de Hamburgo, eterna rival do Hamburger SV: o FC St. Pauli.
O FC St. Pauli é uma clássica equipa de 2ª divisão. Passou uma época na Bundesliga nos anos 1970 e outra em 2010/11. Mas também já desceu à 3ª divisão, vendo-se obrigada a jogar na chamada Liga Regional do Norte, de 2003 a 2007. Como se depreende, esta subida significa muito para este pequeno clube. E deprime ainda mais os adeptos do Hamburger SV.
O Millerntor-Stadion, com lotação para quase 30.000 pessoas, e onde o FC St. Pauli está “em casa”, tem, desde ontem, servido de treino para as seleções de Portugal e da França.
Curiosidade: O bairro de St. Pauli inclui a rua Reeperbahn, onde se situa o famoso red-light district de Hamburgo.
Nunca tinha visto sessão de penáltis tão rápida, até os meus nervos aguentaram.
Não costumo assistir a este tipo de desempate, esteja Portugal envolvido. E já me preparava para sair da sala, quando me apercebi de que seriam os eslovenos a inaugurar a sessão. Pensei: “OK, eles marcam golo e eu saio”. Mas Diogo Costa fez a sua primeira defesa! Quando vi que seria Ronaldo o primeiro português, estive novamente para sair, considerando a tragicidade que o envolvera neste jogo. Mas pensei: “Enfim, os eslovenos falharam o primeiro; se ele não marcar, desta vez, não é tragédia nenhuma”. Mas ele marcou! “Pronto, ainda aguento ver o próximo esloveno”. E o Diogo Costa tornou a defender! Já não havia desculpa para sair e o resto foi o que se sabe: tudo acabado em três tempos, com vitória de Portugal por 3-0. Era esta a eficácia que se esperava durante o tempo normal de jogo. Enfim, estamos nos quartos. E Diogo Costa escreveu a primeira página digna de registo na História deste Euro.
Bem, e onde entram as alemãs no meio disto tudo? Na transmissão televisiva do ARD, onde elas estiveram em maioria.
A locutora desportiva Christina Graf foi a voz-off de todo o desafio. Não pela primeira vez, é ela a responsável por muitos jogos do Euro transmitidos pelo ARD. Christina Graf foi igualmente jogadora de futebol, mas uma lesão grave no tornozelo obrigou-a a abandonar a carreira com apenas 23 anos. Enfim, ganhou-se uma excelente locutora e jornalista.
Ao intervalo e no fim do jogo, tivemos as análises de Sebastian Schweinsteiger, ao lado de outra mulher, Esther Sedlaczek, também já habitual nestas andanças.
Não gostava de Sebastian Schweinsteiger como jogador. Excelente, sem dúvida, mas bastante agressivo e impaciente, muitas vezes, arrogante. Desde que casou, em 2016, com a antiga tenista sérvia Ana Ivanović, modificou-se, está um outro homem. Ponderado, calmo e simpático, nem sequer pratica o chamado “mansplaining”, com Esther Sedlaczek, do estilo: “até podes ser competente, mas eu sou homem, fui um os melhores jogadores do mundo e vai dar-me um gozo enorme pôr a nu as tuas deficiências nesta matéria”. Uma atitude muito comum em homens, mesmo não sendo estrelas e tendo uma mulher competente a seu lado. Schweinsteiger limita-se a opinar e a analisar o solicitado por Esther Sedlaczek, falando bem, sem hesitações, nem interrupções, mantendo um semblante simpático. Um comentador de grande classe.
Que diferença dos debates futeboleiros portugueses, entre homens! Mesmo não sabendo alemão, tentem ver um pouco do vídeo da análise final do jogo de ontem, uma análise dinâmica e descontraída (espero que os direitos permitam a visualização do vídeo em Portugal). Os dois começam aliás por falar da Eslovénia e, só depois, se dedicam à nossa seleção.
Mais mulheres no futebol português, fora das quatro linhas, precisam-se!
Sebastian Schweinsteiger e Ana Ivanović têm três filhos. O mais novo nasceu no ano passado.
Como era de esperar, o Bayer Leverkusen sagrou-se campeão da Bundesliga. Pela primeira vez, na história do clube! A cinco jornadas do fim e depois de uma goleada caseira de 5:0 sobre o Werder Bremen. Os adeptos explodiram e invadiram o relvado. Mas correu tudo bem, a festa foi bonita. E os adeptos garantem que vão continuar a festejar, jornada após jornada, até ao fim do campeonato (imagens Sapo).
Podia dizer-se que esta conquista, por parte da equipa chefiada por Xabi Alonso, se deveu ao fracasso do Bayern de Munique. A equipa bávara está de facto a fazer uma das suas piores épocas. Porém, mesmo que estivesse em forma, dificilmente roubaria o título ao Leverkusen, que, em 29 jogos, venceu 25 e empatou quatro.
A quebra da monotonia na Bundesliga, com o Bayern a ganhá-la nos últimos onze anos, não foi completa, pois, se há uma equipa a sagrar-se campeã tão cedo, não se pode propriamente falar de um final de época excitante. Enfim, para o clube, os seus adeptos e Xabi Alonso, que ainda não tinha currículo digno de nota como treinador, foi, com certeza, a realização de um sonho.
Entretanto, não se pode falar de falta de suspense na 2ª Bundesliga, que, nesta época, tem, por vezes, merecido mais destaque do que a 1ª, tão grande é a refrega pelos três lugares cimeiros, sendo o Hamburgo SV um dos envolvidos. As perspectivas não são, mais uma vez, animadoras para o principal clube da segunda maior cidade alemã (à frente de Munique). Mas, sobre isso, escreverei num outro dia.
Vai-se quebrando um dos grandes tabus do futebol masculino. Muita gente com tendências homofóbicas pode perguntar-se se é necessária tanta ostentação. Desdenha com frases feitas, do género: “Que façam o que quiserem à porta fechada, mas não o exibam em público”. Palavras destas revelam grande cinismo. Por um lado, é óbvio que pares como o da foto não estão a fazer aquilo que possam fazer em privado. Por outro, é uma declaração de apoio à discriminação, na medida em que se assume haver seres humanos não dignos de um convívio social sadio e se devem esconder. E, por fim, muitas dessas pessoas deliram com declarações de amor ou propostas de casamento públicas entre um homem e uma mulher (incluindo a hipocrisia de certos homens casados ou comprometidos, que, depois de exultarem com cenas dessas, apoiando a família tradicional, se dirigem ao bordel mais próximo).
Ignoram a verdadeira mensagem de gestos desta natureza: a luta pela inclusão social. Não é fácil esconder de todos uma parte importante da nossa vida. Há festas, convívios, reuniões de família, onde homens e mulheres surgem com os seus parceiros e parceiras, conversam, riem, divertem-se. Um homossexual que ainda não se tenha revelado como tal nunca se pode divertir, nessas situações. Passa o tempo a fingir, a esconder, a tentar responder de maneira mais ou menos adequada a perguntas como: “outra vez sozinho?”; “quando arranjas uma namorada?”; “já é tempo de constituíres família”. Por vezes, apresentam-lhes mulheres solteiras, com um olhar que encerra a obrigatoriedade de se entender com ela. E o homossexual tenta superar, tão bem quanto possa, o desgosto de, afinal, ter namorado, mas ter de prescindir dele, em momentos importantes da sua vida. A isto acrescem-se olhares e sorrisinhos a insinuar: “há algo de errado com ele”; “deve ser bicha”; “coitado”.
É muito difícil viver sob carga psicológica tão negativa. Muitos homossexuais e lésbicas deixam-se mesmo arrastar para a marginalidade, com todas as consequências nefastas que isso acarreta. E, no entanto, apenas desejam ser aceites, como qualquer outra pessoa. É disso que se trata, não de exibicionismo ou imposição de formas de vida que não cabem nos esquemas sociais transmitidos. São seres humanos à procura da estima dos seus semelhantes. Há séculos. Melhor dizendo, há milénios.
É interessante verificar que a homossexualidade é aceite no futebol feminino. Na verdade, muita gente considera as jogadoras serem todas lésbicas, o que está longe de ser verdade. Mas não menosprezemos, com isso, o papel fundamental das lésbicas na emancipação feminina. Elas estiveram presentes, desde o início, foram importantes impulsionadoras das suffragettes e de outros movimentos. Também na aceitação de muitas modalidades desportivas no feminino. Não se sentindo dependentes de homens, possuíam amiúde mais coragem para lutar. E encorajaram muitas outras mulheres a fazerem-no, lutaram em nome de todas. Também em meu nome. Agradeço-lhes.
P.S. Gostei de inaugurar a Tag "homossexualidade".
Desde a época de 2012/13 que a Alemanha não conhece outro campeão a não ser o Bayern de Munique. Onze campeonatos seguidos! A equipa bávara já soma trinta e dois títulos, note-se, desde 1963/64, época em que foi criada a Bundesliga. O campeonato mais aborrecido do mundo?
Este ano, tudo indica que essa hegemonia será quebrada. E o responsável chama-se Xabi Alonso.
Muita gente (entre adeptos e funcionários do clube e de outros clubes) torceu o nariz quando Xabi Alonso foi contratado como treinador do Bayer Leverkusen. Como jogador, aliás, não se lhe podia exigir mais. Foi estrela de três dos maiores clubes europeus: Liverpool, Real Madrid e o próprio Bayern de Munique. E, com a seleção espanhola é o que se sabe: dois campeonatos europeus e um mundial.
Mas chega isso para se ser bom treinador? Na verdade, quando ele chegou ao Bayer Leverkusen, a 5 de outubro de 2022, o seu currículo era muito magro. Sim, esteve uma época no Real Madrid… a treinar os sub-14! Mudou-se, depois, para o seu País Basco natal, a fim de treinar a Real Sociedad (onde começara a sua carreira). Aí, esteve cerca de três anos… a orientar a equipa B! Quando chegou ao Bayer Leverkusen, muita gente se perguntou se ele era “mister” digno de figurar na Bundesliga.
Diga-se de passagem que o Bayer Leverkusen, nesse outubro de 2022, se estava a aproximar perigosamente do fundo da tabela. Xabi Alonso, ainda assim, acabou a época em sexto lugar, com acesso à Liga Europa. Por isso, deram-lhe mais um voto de confiança. E ele superou todas as expectativas.
Neste momento, o Bayer Leverkusen conta 64 pontos, em 24 jogos. Não perdeu uma única vez (o que é obra, na Bundesliga) e empatou quatro. Leva dez (10!) pontos de vantagem sobre o Bayern de Munique, segundo classificado, 14 sobre o terceiro, VfB Stuttgart, e vinte (!) sobre o quarto, Borussia Dortmund, a minha grande desilusão da época (sou fã). Além disso, teve uma performance brilhante na fase de grupos da Liga Europa, atingindo o pleno de 18 pontos. E chegou às meias-finais da Taça da Alemanha (DFB Pokal).
Acho muito bem, apesar de não se poder dizer que a Bundesliga se tornou verdadeiramente interessante. Apenas houve mudança de protagonista. Já é alguma coisa.
Conclusão:
Bayer Leverkusen campeão da Alemanha? Sim! Para variar.
Vencedor da Liga Europa? Não! Por razões óbvias. Mas não há dúvida de que será um osso muito duro de roer. Espero que o nosso Sporting só o encontre na final.
Curiosidade: na época de 2014/15, o Bayer Leverkusen começou a ser treinado por um certo Roger Schmidt, não sei se conhecem. Conseguiu um quarto lugar e, na época seguinte, um terceiro. No entanto, em 16/17, perante um certo descalabro, o tal senhor que talvez alguns conheçam foi despedido a meio da época. Acontece.
Como é que ainda não nos tínhamos lembrado desta? Teve de ser um jornalista do Guardian. O artigo nem é sobre Fernando Santos, mas adorei a comparação.
O Mundial do Catar tem sido um fiasco em questão de audiências televisivas, na Alemanha. E, agora que a Mannschaft já deixou as arábias, até me pergunto se os canais estatais ARD e ZDF continuarão a transmitir os jogos.
Algo se passa na selecção alemã. Um tipo de futebol que deixou de funcionar? Falta de adaptação dos seleccionadores (sempre alemães) ao novo estilo de jogadores com origem migrante, como Serge Gnabri, Leroy Sané e Jamal Musiala? Enfim, nem sequer sou treinadora de bancada, não me compete dar respostas, muito menos, encontrar soluções. Mas a maneira como a Alemanha foi eliminada, desta vez, foi muito deprimente. O jogo de ontem teve momentos surreais.
A Alemanha tinha de ganhar. Mas estava, ao mesmo tempo, dependente de uma vitória da Espanha. Os primeiros golos foram marcados quase ao mesmo tempo: a Alemanha aos 10 minutos, a Espanha aos 11 minutos. Estava tudo a correr bem. Mas, aos 48, o Japão empatou e aos 51 pôs-se em vantagem. Logo a seguir, aos 58 minutos, a Costa Rica empatou. Aqui, o meu marido e eu passámos a torcer por uma vitória da Costa Rica. E note-se que o meu marido é alemão! Porquê? Se a Alemanha já não tinha praticamente hipóteses, que fosse a Espanha também eliminada. E não é que a Costa Rica marca o segundo golo aos 70 minutos?
Alegria efémera. Três minutos depois, Havertz empatou o jogo. Maldito Havertz! Ficámos numa situação muito ingrata, não me lembrava de já ter vivido semelhante, a assistir a um jogo de futebol. Deveríamos torcer pelo terceiro golo da Costa Rica? Mas: e se a Espanha ainda conseguisse virar o resultado?
O que veio a seguir foi surreal. A Alemanha começou a marcar golos e a Costa Rica desesperava. Tudo em vão. O marcador do Japão-Espanha congelara naquele fatal 2:1. Foi penoso ver a Alemanha a aumentar a sua vantagem, sabendo que tal vitória beneficiava apenas a Espanha.
Só nos resta esperar que “Marruecos” trate da saúde a “nuestros hermanos”.
Mais logo, às 19h 45m (hora portuguesa), a Inglaterra recebe a Alemanha em Wembley. Amanhã, à mesma hora, Portugal recebe a Espanha em Braga. Dir-se-ia que os holofotes estariam apontados ao clássico de Londres. Na verdade, trata-se de um jogo entre duas equipas humilhadas, só serve para cumprir calendário. Já da "Pedreira" vai sair um dos semi-finalistas da Liga das Nações.
Como o Pedro Correia aqui disse, a Inglaterra já caiu para a Liga B. Quanto à Alemanha, falhou a hipótese de passar às meias-finais, ao perder com a Hungria, em Leipzig, por 1:0, na passada sexta-feira. Uma derrota humilhante, à semelhança do que aconteceu com a Espanha.
Ao contrário da Alemanha, porém, nuestros hermanos ainda se mantêm na corrida. Espero que só até amanhã, ao serão.
Força, Portugal!
Nota: A Alemanha nunca logrou atingir a meia-final da Liga das Nações. Nem à terceira foi de vez.
Porque é que a televisão portuguesa perde tanto tempo com o próximo treinador das papoilas, do qual eu, apesar de viver há trinta anos na Alemanha, nunca tinha ouvido falar? O meu marido também não. Quando ouvimos pela primeira vez o nome dele, exclamei: "Schmidt? Será alemão?". "Não sei", disse o Horst, "não conheço. Se calhar é suíço, ou assim...". Estamos em Portugal há dias e ouvimos falar dele a toda a hora. Se estivéssemos na Alemanha, continuávamos ignorantes sobre o homem.
Ontem, na TVI, foi um exagero, com uns quinze minutos (digo eu agora, calculando por alto) à volta da personagem, atacada no próprio carro, à saída não sei de onde. Diga-se de passagem que foi simpaticíssimo e se expressou num inglês excelente. Mas não será um exagero? Se ainda viesse treinar a seleção...
Não há dúvida de que Martim Marques, sobrinho de uma amiga minha dos tempos de V. N. de Gaia, é um jovem determinado. O seu próximo objetivo é chegar à equipa principal e ganhar títulos. Acredito que o conseguirá!
No fim-de-semana, reiniciaram as jornadas da primeira e da segunda divisões da Bundesliga. Não consegui acompanhar os jogos de Sábado (o dia principal da jornada), mas vi, ontem à noite, o resumo televisivo dos dois jogos de Domingo da 1ª Bundesliga. O Bayern foi ganhar 2:0 ao campo do Union Berlin e o 1.FC Köln (Colónia), depois de igualmente ter estado a ganhar por 2:0, acabou por consentir num empate, em casa, frente ao Mainz 05.
Apesar de muitos aspetos caricatos, estes primeiros jogos durante a crise pandémica não deixaram de ter pontos interessantes.
Os jogadores entram em campo de máscara, suponho que serão obrigados a usá-la nos balneários. Não cheguei a apurar se lá também têm de respeitar a distância de segurança e se vão para o duche mascarados. O certo é que, ao entrar em campo, tiram as máscaras e, depois, jogam como sempre, ou seja, muito contacto físico, de corpos suados, embora não festejem os golos amontoados, aos abraços. Penso, porém, que não adianta tentar ver lógica nisto.
Quem se encontra no banco, tem de usar máscara e respeitar as distâncias. Conclusão: apenas há lá lugar para o treinador e um ou dois colaboradores e falam uns com os outros sem se aproximarem. Se, porém, o treinador sente necessidade de se aproximar das quatro linhas, para berrar ordens ou palavras de incentivo, pode tirar a máscara e gritar, como sempre.
Como disse, porém, há aspetos que achei interessantes. Apesar de os berros ecoarem no estádio vazio (aumentando a sensação de isolamento), sentimo-nos mais perto dos jogadores, pois conseguimos ouvi-los bem (embora nem sempre se entenda o que berram, o que até será aconselhável). O facto é que, em certos momentos (golos, ou situações polémicas) até nos esquecemos da falta de público, tal é a berraria em campo. Confesso que gostei. Dá a sensação de que somos envolvidos na intimidade da equipa.
De referir ainda a sensação de normalidade, ao ouvir o noticiário radiofónico com os resultados do futebol.
Veremos que consequências isto trará na evolução da pandemia. Espero que não sejam más, embora sem considerar outros pontos, como o impacto desta situação especial na vida privada/familiar dos jogadores e o facto de, no fundo, eles servirem de cobaias numa experiência que ninguém sabe como acabará.
"Porto-Star verlässt nach Affenlauten den Platz" Estrela do Porto deixa o campo depois de ruídos símios
"Rassismus-Eklat in Portugal" Caso de racismo em Portugal
"Spieler kaum solidarisch" Colegas não se solidarizam
Até no jornal local de Stade apareceu uma notícia:
Não, o Marega não foi a única vítima de uma situação destas. Sim, nos outros países também acontece. Mas queremos ver Portugal na imprensa estrangeira pelos mesmos motivos?
Fizeste bem, Marega! Parabéns pela tua coragem! Algum dia tinha de acontecer, não podemos continuar a olhar para o lado!
O crucial não é discutir se houve ou não penálti a favor do Rio Ave. O crucial seria discutir o evidente fora-de-jogo de João Félix no segundo golo do Benfica.
O vídeo-árbitro funcionou como manobra de diversão. Ora vejamos a sequência: há uma jogada polémica na grande área do Benfica, o árbitro deixa seguir e, logo depois, o Benfica marca um golo em fora-de-jogo. Aí, o árbitro manda interromper o jogo para que se possa consultar o vídeo-árbitro. Pensei que ele queria examinar o lance do golo. Mas não! Ele quis clarificar a jogada anterior!
Na verdade, a jogada é dúbia. Mesmo com a repetição das imagens, é difícil de dizer se realmente o penálti se justificaria, por isso, não se pode verdadeiramente censurar o árbitro por não o ter assinalado. Mas não era isso que importava a Hugo Miguel. Importou, sim, desviar as atenções de um golo marcado de forma irregular.
A discussão à volta da existência, ou não, da grande penalidade é outra manobra de diversão, alimentada pelos media, a desviar do essencial.
... a "taça da carica", mas, na verdade, todos a querem ganhar!
O F.C. Porto saiu do campo antes do tempo e mal-disposto. O Benfica, se lá estivesse, também lutaria pela vitória e festejaria, se ganhasse (e que bem lhes saberia). E o Braga bem mal-disposto ficou, por perder a meia-final.
Ao ler a divulgação do resultado deste inquérito promovido pelo Pedro Correia, veio-me ao pensamento aquilo em que ando a cismar, lendo as análises, jogo a jogo, dos meus colegas de blogue: grandes oscilações na qualidade/rendimento dos jogadores.
Para dar três exemplos das conclusões do inquérito:
«Há pouco mais de dois meses, Bruno Fernandes nem sequer subiu ao pódio. Agora, fechada a primeira volta, lidera sem contestação».
«Inversamente, o vencedor em Novembro, Nani, desta vez nem ascende ao pódio».
«Montero, o segundo mais votado no escrutínio anterior, agora não recolhe sequer um voto de consolação: zero absoluto».
A isto se junta a incompreensível má prestação de Bas Dost, entrado o ano de 2019, e a inconstância de Diaby, que tanto é elogiado, como acusado de jogar sem tino.
Todos somos unânimes em afirmar que Keizer começou bem, mas que agora parece andar um pouco à deriva. Mas será apenas culpa dele? Como tomar decisões de quem fica no banco/quem joga e em que posição, etc., se nenhum jogador inspira confiança?
Mais um mistério para o nosso Sporting: o das oscilações!
Dir-me-ão que o Bayern é sempre o Bayern. E é verdade. Mas não menos verdade é que o clube alemão está, neste momento, a passar por uma grande crise, encontrando-se no quinto lugar da tabela, a nove pontos do primeiro classificado (Borussia de Dortmund). E, como sempre acontece nestas situações, ninguém se entende, no clube. Os dirigentes discutem, os jogadores atacam-se uns aos outros na imprensa e nas redes sociais e há muita gente a reclamar, há bastante tempo, a substituição do treinador Niko Kovac.
E eis que Nico Kovac é salvo pelo gongo! Perdão, pelo Benfica! O croata estava quase de malas aviadas, mas, depois da goleada, é claro que não fazia sentido mandá-lo embora. Por sua vez, os lampiões perderam uma boa oportunidade de fazerem um brilharete a nível europeu, não sabendo aproveitar este momento fraco do gigante alemão.
Já o Sporting soube aproveitar bem a sua oportunidade.
Esperemos que este seja realmente o início de uma nova era! Como dizia o poeta: «o caminho faz-se caminhando.»
{ Blogue fundado em 2012. }
Subscrever por e-mail
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.