Pinto da Costa perdeu as eleições de forma clara, com uma retumbante derrota, não tendo chegado sequer aos 20% dos votos. Qualquer pessoa que respeitasse a decisão de quem votou, neste caso os sócios do clube que presidiu, afastar-se-ia de imediato. Mas Pinto da Costa sempre olhou para o Porto como coisa sua. Assim, até ao final de Maio vamos ter o presidente eleito por larga maioria dos sócios do Porto e teremos como presidente da sad, do futebol portanto, o candidato largamente derrotado nas eleições, que se recusa a sair. E ainda há quem apoie uma pessoa destas.
Consumou-se por fim o aumento de remunerações de todos os órgãos sociais da Sporting Sad.
Em semana de derbi, onde infelizmente para a nossa classificação é indiferente o resultado, esta direção achou por bem auto aumentar-se de forma significativa. Acharam que o que ganhavam não chegava para o esforço desmesurado que todos os dias fazem. O resultado deste enorme esforço foi uma época, mais uma, péssima a todos os níveis. Desportivamente sem resultados para apresentar, com um 4º lugar na liga e diga-se, mais que merecido. Nas modalidades uma época também para esquecer. Financeiramente, temos hoje um clube cada vez mais dependente, como nunca esteve, das receitas extraordinárias, vendas de jogadores e receitas da liga dos campeões, onde não estaremos na próxima época. Mesmo assim, esta direção achou-se no direito de se auto aumentar, utilizando o voto do clube em proveito próprio, numa decisão a todos os níveis reprovável. Para mascarar esta decisão, dar-lhe uma aura de inevitabilidade, "nós nem queríamos", encomendou um estudo a uma consultora, calhou, claro, onde ficou demonstrado que os elementos que compõem a administração da Sad, estavam a auferir um valor 11% abaixo da mediana de cargos similares. Uma tragédia, portanto. Havia que corrigir de imediato esta anomalia mediana, e digo eu, talvez fosse este o caso que provocou o descalabro desta época. Assim, auto propuseram-se, com certeza contrariados, um aumento de cerca de 32%. A diferença pode ter a ver com a inflação, pode ser isso, jogaram pelo seguro, não fosse a inflação provocar aqui um decréscimo de valor nos parcos ordenados desta administração.
A mediania é então a bitola desta direção, o objetivo será porventura ter um clube mediano, tão mediano como os maiores clubes medianos da europa.
Caminhamos como patetas alegres em direção ao abismo. os sócios não são tidos nem achados, tratados como lixo. Pior estão os adeptos, essa massa de mais de três milhões de pessoas, que são considerados por esta direção como uns falhados, que não merecem nada, não merecem qualquer consideração. Estádio sempre meio cheio ou meio vazio, como queiram ver o copo, sem claques a apoiar, bancadas caladas, amorfas, uma berraria no sistema de som e é este o ambiente ideal no estádio.
Foi aqui que esta direção nos trouxe. O prémio? um auto aumento de 32%.
Sirvam-se então dos despojos do clube, usem, utilizem, até abusem. Ainda lá há muito osso para roer. Não desistam, comam tudo até ao fim.
Futebol Clube do Porto prepara-se para ser campeão nacional de futebol. Basta-lhe conquistar 1 ponto em 6 possíveis. Mesmo não pontuando no estádio do Benfica, na última jornada recebe o Estoril Praia, clube amigo e que está a meio da tabela, com a situação resolvida.
Foi um campeonato a recordar os velhos tempos do reinado de Pinto da Costa, que tinha sido interrompido pelo Benfica de Luís Filipe Vieira, seu herdeiro e sucessor, caído em desgraça por causa dos seus “negócios” na sua vida profissional. Ao contrário de Pinto da Costa, o ex-líder do Benfica cometeu o erro de continuar a ser proprietário de um vasto conjunto de empresas, para poder alardear em público que não ganhava um cêntimo do clube a que presidia. Mais tarde todos soubemos que afinal ganhou e não foi pouco. Mas com a queda de Luís Filipe Vieira, Pinto da Costa pôde retomar os velhos hábitos do Porto, na forma como alcançou a grande maioria dos seus títulos.
Jaime Pacheco, antiga glória do Porto e uma personagem do mundo do futebol luso, veio esta semana definir sem rodeios a forma como se deve estar no futebol. Se queres ganhar não podes ter ética no que fazes. A ética não ganha títulos. Preto no branco, Jaime Pacheco definiu o seu clube.
O triste espetáculo a que assistimos todas as semanas nos jogos do Porto não é mais que a confirmação do que disse Jaime Pacheco. Agressões, ameaças, confrontos, provocações. Ganham porque são piores. Ganham porque não respeitam o adversário. Ganham porque incentivam e promovem a ameaça a árbitros e dirigentes. O comportamento e forma de estar do seu treinador e do inenarrável Luís Gonçalves, este último administrador do clube, são o espelho do clube. Não há nenhuma linha que não se passe. Se preciso for, agride-se verbal e fisicamente. É este o Futebol Clube do Porto. Pinto da Costa comemora este ano 40 anos de presidência do clube. Está a chegar ao final o seu reinado e a sua herança é esta. Agressões, ameaças, confrontos. Para este dirigente vale tudo, mesmo tudo para ganhar, porque no fim, pensa ele, só contam as vitórias e os troféus conquistados.
Engana-se.
O Futebol Clube do Porto de Pinto da Costa vai ficar na história como o clube da fruta, do café com leite, o clube do macaco, do apito dourado, das agressões, dentro e fora do estádio, do terror dos árbitros e das suas famílias, perseguidos por gangs apoiados pelo clube, das chantagens a outros clubes mais pequenos.
No fim de 40 anos o legado do pior dirigente que tivemos em Portugal vai ser este.
A liga espanhola celebrou um acordo com um fundo, em que cede cerca de 10% do capital da própria liga, onde estão centralizados os direitos televisivos, por cerca de dois mil milhões de euros. No contrato estão bem explícitas as percentagens onde pode ser investido o montante que cabe a cada clube. 70% do valor será para infraestruturas dos clubes, 15% para compra de jogadores e os restantes 15% para redução de dívida. Para os pequenos e médios clubes este acordo é visto como a grande oportunidade para a sua consolidação nas suas áreas, a construção de novos campos de futebol, que vão permitir uma muito maior aposta no futebol de formação. Esta aposta será a melhor forma destes clubes poderem crescer e também para os grandes clubes é uma oportunidade, pois permite elevar a competição interna levando à sua valorização.
Por cá e numa notícia não relacionada, a liga de clubes investiu 18 milhões de euros na construção da sua nova sede.
Hoje vamos disputar os oitavos de final da liga dos campeões. Uma competição onde temos que marcar presença de forma habitual, têm que voltar a ser normais as grandes noites europeias em Alvalade. Vamos disputar esta eliminatória contra a que hoje é considerada a melhor equipa da actualidade e que tem o melhor treinador mundial. Vai ser uma tarefa hercúlea, digna de grandes campeões como nós somos. Para lá do resultado no final do jogo, que todos queremos que seja uma vitória, os nossos jogadores devem mostrar em campo o espírito sportinguista. Não será contra tudo e contra todos, não olhamos para os nossos adversários como inimigos a abater a qualquer custo e seja como for. Não. Daremos o nosso máximo, devemo nos transcender, superar nos. Mas sempre, sempre a respeitar o adversário e as regras do jogo.
Hoje vamos ao dragão vencer e mostrar que somos a melhor equipa, temos o melhor plantel, o melhor treinador, os melhores adeptos e somos o maior clube de Portugal.
12 clubes de três ligas europeias resolverm juntar se e criar uma nova competição a que chamaram superliga europeia. 6 clubes ingleses, 3 espanhóis e mais 3 italianos acharam que era este o momento para enfrentarem o poder da Uefa e Fifa e de certa forma rebelarem-se.
Não deixa de ser curioso que uma revolução deste tipo surja dos clubes mais poderosos e com mais capacidade financeira. São na sua maioria clubes que transcendem o seu país de origem em termos de adeptos, talvez aqui a excepção sejam o Tottenham, o Arsenal e o Atlético Madrid, com 4 clubes a destacarem se claramente neste aspecto, o Real, Barcelona, Manchester United e Juventus. Num negócio normal, esta revolução seria vinda dos mais fracos, dos que se sentissem explorados. No mercado do futebol é o contrário que acontecesse. Os clubes mais poderosos, os que mais ganham anualmente, revoltam-se contra a “casa-mãe” por acharem que dão mais ao futebol, financeiramente, do que aquilo que recebem. Sentem se espoliados de verbas, que são distribuídas por todos os outros clubes europeus, e que esses clubes consideram, sendo eles os principais responsáveis pelas receitas que permitem essa distribuição, que lhe são devidas. Assim, estes clubes resolveram avançar para uma superliga europeia em que pelas regras criadas por eles mesmos, têm lugar sempre garantido anualmente e permitem, é este o melhor termo, que outros, poucos, clubes ali possam competir, recompensando-os financeiramente. Há aqui alguns pontos interessantes, temos uma desvirtuação total da competição, em que os clubes fundadores para lá do que possa ser o desenrolar da competição não sofrem qualquer punição de uma eventual saída da competição. Temos também o caso de alguns destes clubes fundadores não terem, nem de perto, um papel desportivo relevante na europa. Se não têm uma presença europeia de registo só sobra a parte financeira para terem lugar nesta suposta elite das elites. E então aqui entramos no que verdadeiramente causa esta fractura nas competições europeias de futebol. É tudo uma questão financeira, nada mais. Estes clubes querem mais dinheiro. Muito mais dinheiro. O interesse no desenvolvimento do futebol, não é aqui tido nem achado. Não há qualquer preocupação em dinamizar uma competição justa e competitiva. Para lá destes 12 clubes fundadores, diz-se que mais três se juntarão ao grupo inicial, todos os outros serão peças secundárias, devidamente recompensadas para participar nesta espécie de competição, com os dados claramente viciados desde o início. Esta farsa assumida sem pudor pelos seus organizadores vai, de acordo com os estudos que fizeram, permitir encaixes financeiros nunca antes vistos, aos clubes fundadores. Acreditam que a sua massa de adeptos exterior ao seu país de origem, vai-lhes permitir obter receitas colossais e querem essas receitas, nem que para isso tenham que desvirtuar totalmente uma competição.
Os adeptos “locais”, aqueles que são a base, a “nascença” de qualquer clube, não foram sequer considerados, nem ouvidos. Os actuais presidentes destes clubes acreditam que os adeptos serão sempre adeptos, desde que lhes seja dado jogos para ver, não interessando a competição e as suas regras, ao bom estilo do Wrestling, todos sabemos que é uma farsa, todos sabemos que nada daquilo é real e que tudo está previamente combinado, quem ganha e quem perde. Não deixa mesmo assim de ser um espetáculo que gera receitas. É nisto que estes clubes pensam quando criam uma superliga europeia. Uma farsa, todos sabemos que é uma farsa, não há sequer a intenção de esconde-lo e haverá sempre audiências para gerar milhões de receitas. Se será o fim do futebol? Não me parece. Será o fim sim de muitos clubes tal como os conhecemos hoje, incluindo os clubes portugueses. Mas não nos podemos esquecer que foi a própria Uefa que dinamizou esta política remuneratória aos maiores clubes europeus, abrindo um fosso destes em relação a todos os outros.
O único trunfo, se o for mesmo, que a Uefa e Fifa têm, será a proibição de jogadores destes clubes, poderem competir pelas respectivas seleções nacionais. É fraco argumento, pois serão as próprias federações a pressionar a Uefa e Fifa, para tal não acontecer. Alguém imagina a nossa seleção sem os seus principais jogadores, CR7 à cabeça?
Portanto resta um caminho à Uefa: Dar mais e mais dinheiro a estes clubes. É o que lhe resta e é o que estes clubes querem.
Mais uma vez ontem o treinador do Porto foi expulso, mais uma vez justificaram a perda de pontos com a arbitragem, mais uma vez tiveram um penalti mais que duvidoso assinalado. Esta forma de estar naquele clube não é nova. Todos sabemos, uns por que o viveram, outros pelos registos que ficaram, a forma como este clube conseguiu conquistar a grande maioria dos troféus que expõe no seu museu. A táctica sempre consistiu no que se vê, a ameaça, a vitimização, a coacção a todos os árbitros. Para quem comanda o Porto desde a década de 80 do século passado, vale tudo, mesmo tudo para ganhar. Que se lixe a ética, que se lixe o desportivismo e a seriedade. O actual treinador do Porto é a imagem perfeita desta forma de estar, agressivo, conflituoso, mal educado, sem qualquer respeito pelos outros clubes, pelos jogadores e treinadores. Nunca tem a culpa de nada, há sempre uma teoria da conspiração que o impede de ganhar. Quando perde um jogo foi por culpa do sistema que está contra o seu clube, quando ganha foi apenas pelo seu mérito. O ódio que transparece no seu olhar ameaçador revela-nos uma pessoa agressiva, sem respeito por quem o rodeia. Era assim como jogador, é assim como treinador.
Maradona não foi apenas um futebolista, o melhor de todos, de sempre, para sempre.
Foi uma vida de excessos. Excesso de tudo o que um homem pode ter. Não foi só a forma como jogava, como sozinho carregou uma selecção e um clube. Não há um futebol antes, nem haverá um futebol depois de Maradona. Ele está para além disso, o antes e o depois ficam reservados para os outros extraordinários jogadores. Maradona paira acima dessas afirmações. Foi o ser mais imperfeito, mais sublime, na forma e no conteúdo. Almeja-se sempre a perfeição, a luta inglória para ser imaculado, sem pecado. Quando Maradona nos mostrou que isso não é a perfeição. Foi maior que os deuses, por que nos toca, por que vive a nossa realidade. E ao vivê-la mostrou-nos como um ser imperfeito pode ser o maior de sempre, pode derrotar a injustiça, vencer o medo e exibi-lo a todos com a arrogância plena.
Maradona mostrou-nos que todos podemos ser maiores do que os deuses.
Fim
Quando eu morrer batam em latas, Rompam aos saltos e aos pinotes, Façam estalar no ar chicotes, Chamem palhaços e acrobatas!
Que o meu caixão vá sobre um burro Ajaezado à andaluza... A um morto nada se recusa, Eu quero por força ir de burro.
A Assembleia da República vota hoje a possibilidade de instauração de novo estado de emergência em Portugal, que a ser aprovado poderá começar na próxima segunda-feira, dia 9.
Com este novo estado de emergência voltamos a ter um presidente ausente, porque voltará a perder o estatuto de eleito numa qualquer assembleia de freguesia para poder não cumprir as suas funções de oficial de baixa patente.
Como tal já começámos a ter o infelizmente habitual spin do gabinete de comunicação do nosso clube, transformando uma obrigação num suposto voluntarismo, querendo transformar um situação, pelo menos de duvidosa ética, num processo de uma heroicidade que não corresponde de todo à verdade.
Vamos ter durante pelo menos 15 dias, um presidente ausente e seremos liderados por alguém que não sabemos quem seja e sem sabermos se realmente tem legitimidade para tal.
O jornalista Henrique Monteiro, que já foi um dos autores desta casa, escreveu algumas linhas sobre a alteração dos Estatutos do Sporting. Advoga que as contas do clube deixem de ser aprovadas pelos sócios em AG e que seja eleito uma espécie de senado, de forma proporcional, passando esse acto para esse senado. Não deixa de ser curioso que esta ideia sobressaia agora, Henrique Monteiro realça que para este novo órgão transitassem diversas competências da AG, mas apenas refere esta em concreto.
Temos assistido, pouco depois da tomada de posse desta direcção, a diversos Sportinguistas com acesso a órgãos de comunicação social, a difundirem uma série de ideias e propostas que têm sempre um ponto em comum: Retirar poder de decisão aos sócios.
Sendo o Sporting um clube desportivo, não apenas uma empresa com accionistas, é estranho esta vontade de alguns em querer que a participação dos sócios do clube, afinal os seus verdadeiros donos, seja reduzida à mera função de contribuidor. Temos quem queira que o clube, logo os sócios, deixem de ter uma maioria qualificada na sad, o que equivale a entregar a alguém estranho o controlo da gestão financeira, económica e desportiva do futebol do clube, podendo, e exemplos não faltam, no futuro alienar essa posição a quem bem entender e por fim desligar por completo a Sporting SAD do clube, dos sócios. É mais estranho ainda haver Sportinguistas que defendendo esta hipótese, estão é claro no seu direito, o façam agora, numa altura em que se acumulam passivos monstruosos, em que a juntar ao défice de cerca de 70 milhões de Euros se vai juntar o falhanço da liga europa e a ausência de público no estádio, elevando este défice para perto dos 100 milhões de Euros. É nestas circunstâncias que alguns Sportinguistas defendem a venda da Sporting SAD a um investidor. Quantos investidores, e já agora, que tipo de investidores, considerariam investir numa SAD com estes problemas financeiros? Qual o valor pelo qual iriam avaliar a SAD? Quanto vale uma SAD com cerca de 300 milhões de passivo e a aumentar? Os Sportinguistas têm que fazer escolhas, temos que decidir se queremos continuar a bater no peito e afirmar que somos diferentes ou então entrar no carrossel e não nos importarmos em perder a SAD e com as suas consequências.
Voltando à proposta da criação de um senado para onde transitam algumas competências da AG, retirando-as aos sócios, com destaque para a aprovação de contas, é notório que há aqui uma clara tentativa de diminuir o poder dos sócios. De seguida se as contas são aprovadas pelo senado, porque não também o orçamento? E já agora também a decisão de expulsão de sócios? Em resumo esta proposta está ligada ao recente chumbo das contas e do orçamento, sendo esta uma forma de avisar os sócios que decisões contrárias a esta direcção, podem levar à diminuição do poder de decisão dos sócios.
Por isso sim afirmo e reafirmo, é necessária quanto antes a demissão dos órgãos sociais do clube, permitindo aos sócios escolher alguém com capacidade, que veja nos sócios o seu apoio e não os seus inimigos, que conte com os sócios nesta luta que é dirigir o nosso grande Clube.
Precisamos de saber escolher e acima de tudo não ter medo.
É assim que se inclinam campos. É assim que há equipas que podem sempre apresentar o seu melhor onze em todos os jogos e o Sporting, daqui a meia duzia de jogos, já vai ter jogadores titulares impedidos de jogar por acumulação de amarelos. É desta forma que durante um jogo se corta o ritmo atacante de uma equipa, se impede que uma equipa domine o seu adversário.
Vamos aqui acompanhar, jornada a jornada, esta "classificação", com a garantia que quando Benfica ou Porto já não necessitarem deste aditivo, começam a carregar nos cartões, de modo a que no final da época pareça tudo equiparado.
I-Voting. Não se fala por estes dias de mais nada. De acordo com as notícias que vão saindo, esta direcção quer fazer aprovar na próxima AG do clube, pensa-se que será em Setembro, uma alteração dos estatutos para permitir a implementação deste sistema de voto.
Vamos por partes: De acordo com os Estatutos em vigor, os mesmos só podem ser alvo de revisões em Assembleias gerais extraordinárias convocadas para ou também para esse efeito. Assim é estranho que surjam estas notícias e que as mesmas não sejam de imediato desmentidas pelo Presidente da mesa da Assembleia do nosso clube. A menos que se queira aproveitar a situação pandémica que vivemos como justificação para meter “a martelo” uma alteração tão significativa dos Estatutos do clube.
No presente já é permitido o voto electrónico, que se efectua no local de voto designado e previsto nos estatutos. O que esta direcção pretende é que cada sócio possa, a partir do seu computador em casa, exercer o seu direito, e dever, de voto.
E assim passamos do oito ao oitenta. No seu programa com que concorreu às eleições, Frederico Varandas prometeu descentralizar o processo eleitoral utilizando para isso alguns núcleos entre o norte, centro e sul.
O que agora pretende fazer não é nada do que se comprometeu em tempo de campanha.
E levar o voto aos núcleos, com voto electrónico, cadernos eleitorais digitais, que permitam com segurança descarregar os sócios votantes é a solução ideal. Os sistemas de verificação do voto presencial e por correspondência estão testados e mais que testados, são fiáveis e garantem que o voto permanece secreto, elemento fundamental na credibilização de um acto eleitoral.
Sobre o I-voting existem hoje sérias dúvidas sobre a sua fiabilidade. Estamos a falar muito concretamente de este sistema, do que se sabe até hoje, não assegurar de nenhuma forma que os resultados finais sejam de facto os reais e de não garantir que o voto permaneça secreto, levantando assim condicionalismos reais a quem vota.
Quando se discute uma possível 2ª volta na eleição do presidente do Sporting, a adopção do I-voting vai totalmente em sentido contrário à tão falada legitimidade que se quer para a eleição do nosso presidente.
Porquê então agora ser levantada esta questão?
Qual o objectivo de criar este ruido nesta altura?
Quando vivemos uma das maiores crises no clube, financeira, desportiva e de valores, qual o interesse de modificar um sistema eleitoral, trazendo sobre ele um espectro de suspeição?
Se qualquer pessoa com acesso à internet, consegue em poucos minutos de investigação, perceber as falhas de segurança que ainda existem neste processo embrionário, porquê insistir nele?
Sendo um mecanismo que vai controlar os votos expressos pelos sócios, faz algum sentido que seja o presidente da MAG e a direcção do Sporting a nomear um grupo de estudo? Qual a independência deste grupo quando são nomeados por parte interessada?
O nosso clube não pode ser um campo de experimentalismo, de interesses pouco claros. As eleições, o direito dos sócios de elegerem quem vai ocupar os órgãos sociais do clube, são demasiado importantes para que sejam sujeitos a este tipo de investidas das quais não são divulgados os reais propósitos.
Em Outubro de 2019 levantou grande celeuma uma proposta de um significativo aumento da remuneração dos administradores da SAD do Sporting.
Na altura foram os próprios accionistas da SAD que escreveram ao presidente da mesa da assembleia da SAD a questionar a oportunidade daquele aumento. A proposta não foi retirada e foi mesmo aprovada pela maioria dos accionistas da SAD. Salgado Zenha na altura, vendo toda a controvérsia que existiu, veio logo informar que embora aprovado este grande aumento das remunerações da administração, tinham decidido suspender por uma época estes aumentos.
Pois bem, a época terminou e não havendo qualquer outra novidade, a partir deste mês de Julho a administração da SAD foi recompensada, e bem recompensada, por esta extraordinária época.
Assim, no meio de todas as notícias sobre incumprimentos com terceiros, que arrastam o bom nome do nosso clube para a lama, a administração da SAD vai a partir deste mês ter as suas contas mais compostas, premiando deste modo a excelente gestão que foi feita ao longo desta extraordinária época.
É este o Sporting que hoje temos. É esta direcção que está na frente dos destinos do nosso clube. Que aceita este aumento salarial depois de uma das piores épocas de que há memória.
Há uns anos ficámos a saber, pela divulgação dos famosos e-mails do Benfica, que as tradicionais entrevistas que o presidente dessa agremiação dava todos os inícios do ano, ao jornal A Bola, não passavam afinal de uma farsa. As “questões” eram enviadas para o clube, analisadas e, presumo com conhecimento do “jornalista” eram respondidas por um ex-deputado, que se dispunha a fazer tal serviço. As fotos eram para inglês ver, e nada daquilo correspondia ao que era anunciado. Na altura ninguém ficou espantado, daquele lado era até natural que fosse esse o procedimento. A mim chocou sim a falta de decência e profissionalismo do jornal A Bola ao aceitar aquilo e pelos vistos ser já recorrente.
Pois bem, calhou-nos agora a nós. O que saiu hoje no Record é uma farsa, um embuste. As questões colocadas são, para dizer o mínimo, ridículas, sem sentido e parecem-me previamente alinhadas com o entrevistado.
Tenho muita pena e também receio, que um jornal de referência como o Record permita a publicação de uma peça como a de hoje. Não compreendo como um jornalista, qualquer um, se permita ser utilizado de forma semelhante.
Não há jornalismo desportivo, económico, cultural, de sociedade. Há jornalismo, há jornalistas. Todos se regem pelo mesmo código deontológico. Os jornalistas investigam, escrutinam e controlam o poder, obrigam a quem detém o poder a responder pelos seus actos. Os órgãos de comunicação social são um dos pilares mestre de uma sociedade livre. Um OCS não se deve vergar a nada nem a ninguém. Um jornalista é livre.
Por tudo isto, sobre a “entrevista” pouco há a dizer. Confirma aquilo que já todos sabemos. A total inaptidão do actual presidente para o cargo que ocupa. A falta de rectidão em prestar-se a esta figura. A cobardia no desempenho do cargo para o qual foi eleito.
Sim, o Sporting enquanto clube está cada vez mais em risco. Somos hoje governados por quem nada sabe, e pior, alapados e sem qualquer intenção de sair pelo próprio pé.
A esta catastrófica época seguir-se-á uma pior pré-época. O que nos anunciam dá-nos a certeza que iremos ter, novamente, milhões de euros a somar a mais défice.
Há alternativas, há Sportinguistas dispostos a colocar tudo o que sabem, e é muito, ao serviço do clube. Queira o presidente da MAG assumir o seu papel e o Sporting pode ser salvo.
Para os defensores da venda da maioria da SAD a um investidor, este final de campeonato não está a correr nada bem.
O Desportivo das Aves viu os donos da sua SAD fazer tudo o que podiam para que a equipa não dispute os últimos jogos desta liga. Esta situação surreal, em que os acionistas de uma SAD em sérias dificuldades financeiras, tudo fazem para a liquidar de vez, acontece em Portugal e não é caso único. Já existe uma longa lista de clubes que cederam a maioria do capital da sua SAD e que depois resulta no final da ligação da SAD com o clube, ou que leva mesmo o clube a descer aos distritais para de novo começar o caminho das pedras.
É sabido que os investidores que surgem a acenar com notas a clubes desesperados não estão, no fundo, muito interessados no real sucesso desportivo a longo prazo. Falamos de investidores obscuros, de quem nada ou pouco se sabe. O fim tem sido sempre o mesmo, separação litigiosa do clube, dívidas, falências, rescisões de contratos, salários em atraso.
O caso do Aves é o mais recente, não será o último. Foi um clube que não se importou de servir os interesses do Benfica, acolhendo jogadores supostamente vendidos, mas que depois de documentos apreendidos em casa da mãe de um dos seus dirigentes, foi descoberto que as vendas não eram bem vendas. Adulterou-se assim a verdade desportiva de uma competição, com jogadores que pela lei em vigor estavam impedidos de jogar contra o Benfica, a fazerem-no. E foram estes dirigentes, que aceitaram estas condições para o seu próprio clube que foram os responsáveis pela actual situação. Penso que já não há qualquer dúvida que resta ao clube Desportivo das Aves o mesmo caminho do Belenenses. Começar lá em baixo. Pelo meio há uma SAD, ou o que resta dela à venda, por 5 milhões de euros, que são a totalidade das dívidas. Aguardam mais um “investidor”.
Uma das equipas revelação desta época foi o Famalicão, cuja sad também não pertence ao clube. Ainda está, tal como a maioria dos clubes que optaram por esta via esteve, a viver a euforia da chegada de dinheiro fresco, de jogadores com um custo claramente acima das reais possibilidades de um clube da dimensão do Famalicão. A história diz-nos como vai acabar esta parceria do Famalicão.
No meio desta dimensão de casos, olhamos atónitos para o silêncio da Federação Portuguesa de Futebol e da Liga. Se se verificar a não comparência do Desportivo das Aves nos dois últimos jogos do campeonato, os dirigentes da Liga devem de imediato pedir a demissão e não voltar a pensar em ocupar qualquer cargo no dirigismo desportivo nacional. É inacreditável que seja possível num campeonato profissional de futebol que esta situação ocorra e de forma corrente.
Quando o clube Os Belenenses chegar à primeira liga e por cá ainda estiver o Belenenses SAD, como vai a liga descalçar esta bota? O mais certo é ignorar e fazer de conta que sempre foram clubes diferentes.
O Pedro Azevedo está no seu blog pessoal a dinamizar as PED Talks - Princípios, Estratégia, Desporto.
Quem quiser ficar a conhecer ainda melhor o projeto estrutural que o Sporting precisa, pode e deve passar pelo Castigo Máximo.
Quando vemos surgir candidaturas sem ideias, sem qualquer projecto, quando temos o silêncio estratégico de muitos dos que se consideram candidatos eternos, temos o Pedro Azevedo a oferecer aos Sportinguistas um projecto que visa levar de novo o nosso clube às conquistas.
É fundamental para o nosso clube que mais e mais Sportinguistas se inteirem do projecto Ser Sporting do Pedro Azevedo, o questionem, discutam e contribuam.
O nosso clube merece.
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