Não era certamente este o desfecho esperado pela maioria dos 27.221 espetadores que hoje dedicaram duas horas da sua tarde para ver um jogo de futebol feminino em pleno estádio da Luz.
O recorde histórico de assistência fez-se para testemunhar uma justa vitória das leoas.
Aos 62 minutos, Ana Capeta assistiu e Maiara Niehues faturou, fixando o resultado final, naquela que foi a primeira derrota do Benfica esta época na Liga de Futebol Feminino.
A equipa da casa vinha de um atípico, mas inegável, período hegemónico recente, não tinha perdido qualquer ponto nas 16 jornadas já disputadas, e, apesar de ter, de longe, o maior orçamento da modalidade em Portugal, beneficiava ainda de uma política custo zero dos bilhetes para sócios, praticada pela sua direção.
Já o Sporting Clube de Portugal vinha recuperando de um início de época atribulado (também no futebol feminino, sim) e apresentava-se na Luz com uma série de sete vitórias e um empate na Liga, empate esse cedido na jornada anterior, em jogo disputado a norte, frente ao Braga com quem partilhamos ex-aequo a segunda posição na Liga.
Lograram as leoas com humildade e algumas lições aprendidas dos desaires recentes, frente ao mesmo rival, corrigir o passo e repor o respeito pelas nossas cores, perante admirável plateia.
Sim, admirável. Fica aqui a minha homenagem a quem valoriza o futebol feminino e já vai fazendo hábito de o ver ao vivo e a cores. Que continuem e mantenham esta sorte de ver sempre as leoas a rugir vencedoras.
Neste ano de regresso em pleno, pós-pandémico-mas-ainda-em-pandemia (noc no noc) atrevo-me a deiar alguma bitaites sobre a nossa política comercial no que ao aproveitamento do Estado diz respeito.
Uma frase de enquadramento. Tivemos assistências absolutamente insatisfatórias, com grandes dificuldades em atingir a meia casa em demasiados jogos, no ano em que nos começámos a afastar dos aspetos mais nefastos de uma pandemia mas também no ano em que envergávamos as insígnias de campeão pela primeira vez em 19 anos. Como melhorar?
1. Os horários. O nosso Mister Rubim já falou no tema assumindo parte da responsabilidade por se multiplicarem jogos aos domingos pelas 20h30m e é certo que esse fator foi dissuasor para muita gente de ir aos estádios com a regularidade previsível. Junta-se a isto realizar o maior derbi nacional no domingo de Páscoa (chegámos aos 40 mil redondinhos num jogo que à data parecia e pode mesmo ter sido decisivo - para os mais distraídos a capacidade de Estádio é de cerca de 50.000)... Tudo junto provoca dano, tanto na assistência imediata quanto no valor reputacional do bilhete de época, a nossa gamebox. Para quêm comprar a gamebox, para o lugar que quiser - pois há poucas zonas lotadas - com tanta incerteza quanto aos horários, se posso comprar jogo a jogo bastando não conseguir ir a um ou dois jogos (em especial se incluir um dos grandes) para sair mais barato?
2. O monolitismo da gamebox. A gamebox chegou a ter versão de adepto (foi assim que comecei a ir ao Estádio com regularidade), chegou a ter versão com e sem competições europeias. Chegou a ser veículo de angariação de novos adeptos, sócios, frequentadores através dos convites que bonificavam os adquirentes de gamebox. Chegou a ser veículo de cativação dos mais jovens pela significativa diferenciação de preços, uma capacidade que tem sido desbaratada com o seu encarecimento - precisamente mai intenso para os mais jovens - ao mesmo tempo que se acumularam fatores dissuasores como os referidos em 1.
3. Ser sócio é... a joia de entrada para poder adquirir produtos com 10% de desconto, aceder ao jornal e pouco mais. Sem prejuizo de sabermos que a receita das quotizações é a referência para o orçamento das modalidades, a verdade é que na relação com o clube, ser sócio já há muitos anos que funciona, essencialmente, como um compromisso de entrada (€156/ano) para poder ascender à compra com desconto de outros produtos e serviços de envolvimento com o clube, dos bilhetes para jogos aos produtos de merchandizing. Em tempos idos que já não são os meus, ser sócio dava direito ao bilhete para os jogos, exceto nos dias do clube (que tipicamente eram os jogos grandes onde tinha que se pagar bilhete). Volvidas algumas décadas e sendo hoje o futebol cada vez mais um espetáculo televisivo noturno, ser sócio dá direito a um cartão de descontos, incluindo descontos em combustível. Sempre que vejo 25 mil ou mais lugares vazios no Estádio, jogo após jogo, confesso que me ocorre que algo está a ser muito mal feito. Tanto imobiliário sistematicamente devoluto, tanto custo fixo por rentabilizar, tanta gente que podia ser um pouco mais feliz com o seu clube e que estupidamente não é. Isto tudo quando até temos conseguido bater o recorde de receitas de quotização. Sócios que não vão ao Estádio. E se ser sócio desse direito a pelo menos dois bilhetes e dois convites por ano para jogos da equipa sénior de futebol? Um bilhete e um convite por cada volta do compeonato em jogos pre-definidos pelo clube e com a reserva sujeita a confirmação e disponibilidade? Custaria muito a implementar? A gamebox é tão desinteressante que uma oferta destas desincentivaria os sócios de a adquirirem (sendo que os que a adquirisse poderiam receber os mesmos dois convites para evangelizar leões)? Se não há vontade ou interesse para isto que outro esforço está o clube a fazer para, por um lado, tentar encher mais o estádio e, por outro, melhorar o que oferece ao sócio pagante do clube?
4. O preço... vem aí nova borrasca económico-financeira. O futebol vai definhando à medida que se afasta das classes populares e se reposiciona exclusivamente como espetáculo de elite centrado no product placement televisivo. Cada vez mais encontro mais sub-18 que até gostam de futebol, para jogarem, mas não têm encanto nenhum por ver na TV (e mesmo a experiência nos estádios portugueses pouco os atrai). Num dos melhores campeonatos do mundo, um que enchem estádios e até conseguiriam esgotar todos os estádios com bilhetes de época (mas não o fazem), como o Alemão, nunca se perdeu de vista que o futebol é e tem que continuar a ser interclassista. É uma paixão que une ricos e pobres a gritar em unissono pela sua tribo. O nosso conhecido Dortmund tem peão e uma gama de preços de começar abaixo dos nossos e termina um pouco acima. Também eles limitam os lugares de época para poderem continuar a ter uma falange de sócios a ir ao estádio, em rotação, resistindo a mugir o público até ao último cêntimo, sempre que possível. Estamos a zelar por isso? Como? Não me parece.
Boas férias pai natal. Este artigo não era para ti, era só eu a querer reinar.
É naturalmente com tristeza que não estarei presente com a minha família no próximo e único jogo grande com público que teremos em casa, esta época, no campeonato.
Marcar jogos para o dia de natal às 20h30m, perdão, para o domingo de Páscoa às 20h30m, era algo que não acreditava possível quando comprei pelo 14.º ano a gamebox de sócio.
Devo confessar que têm sido muitas as involuções que senti na gamebox ao longo dos últimos anos - esquecendo a pandemia. Já foi uma forma de conseguir - com os convites oferecidos - trazer pela primeira vez a Alvalade mais de uma dezena de crianças, já foi forma de fidelizar os meus filhos na paixão leonina.
Ultimamente tem sido mais um pretexto de irritação e de tensão. Os exemplos tem sido vários, desde o aumento inusitado para as crianças há poucos anos, passando pelos recorrentes jogos no final de noite de domingo que impedem uma saudável partilha em família (em especial com crianças pequenas em idade escolar que iniciam a sua atividade pelas 8 da manhã de segunda) até à cada vez mais abstrusa relação entre os organizadores da Liga e os adeptos de que a marcação de jogos no fim de semana de Páscoa, incluindo o dia de Páscoa é só mais um exemplo.
A verdade é que a sensação de exploração do sentimento irracional de paixão pelo clube - os maluquinhos que vão ao estádio aguentam, aguentam - tem crescido para lá do que considero pessoalmente saudável.
Mas mais do que a situação própria do ciclo de vida de cada um, encanita-me andarmos há 19 anos com o estádio sistematicamente meio vazio. Fazer jogos ao domingo, na fase crítica do compeonato, para conseguir convencer 28 mil almas a apoiar a equipa, não pode deixar de ser um sinal de alarme para um clube, campeão em título, com a grandeza do Sporting. E se o grande Rubim até gosta - como alguém já me disse - tenha paciência mister, eu não gosto, não por sistema, por regra com uma ou outra exceção.
Não digo que tudo está mal mas muito, mesmo muito está profundamente errado na forma de cultivar a sustentabilidade da popularidade deste desporto. Algo que deveria preocupar tanto os que odeiam o "futebol moderno" quanto os que estão sempre com o "produto futebol" na boca.
Se houver algum interesse em passar a aproveitar melhor os 50 mil lugares haverá certamente um caminho - necessariamente de médio prazo - no qual o clube, os adeptos e a Liga deverão dialogar e acertar passo.
Continuar a fazer tudo da mesma forma, com ligeiríssimas mudanças desde 2003 está condenado a oferecer os mesmos penosos resultados. E ficamos agora a saber, campeões, que o problema não era, estritamente, a falta de títulos, não é verdade?
Entretanto, vem aí uma machadada no poder de compra de muitos e uma crise económica de duração incerta. A que se juntará uma nova época com um calendário suis generis. E há as comparações com a Bundesliga ou a Eredivisie para quem quiser deprimir...
Bom, a prosa já vai longa e pouco mais é do que um desabafo. Pela minha parte, tendo sempre comprado - com um ano de exceção - a gamebox de adepto e, depois, a de sócio, não será de ânimo leve que considero muito seriamente deixar de comprar gamebox para mim e para a família, rendendo-me ao jogo de impulso, à ida a Alvalade de forma mais conveniente e, certamente, menos irritada e tensa à conta da relação entre clube e detentor de lugar de época.
O fundamental, no final de contas, é viver o Sporting com alegria e paixão. Se esta minha sensação é apenas mais uma consequência do "futebol moderno", alinho com os Supporting e com as claques... "Para o inferno..."
Viva o Sporting. Terá todo o meu apoio em direto do café central de uma aldeia do interior. Entretanto, em Alvalade, ficarão três lugares vazios.
P.S.: Na realidade os lugares poderão não ficar vazios mas serão outros leões a usá-los porque lhes emprestarei o lugar já que o clube, também nisso, não consegue encontrar uma forma dinâmica de ajudar na otimização do recursos que deveria ser escasso: um lugar em Alvalade.
Vai ser tão bom quando nos lembrarmos do assobio fácil, da crítica ligeira e tremendista, da ansiedade absurda e paralizante, da necessidade imperiosa do craque milagroso.
Vai ser tão bom ter na nossa história um exemplo tão cristalino, tão recente, tão melhor do que a ficção do que é uma Equipa.
Este campeonato vai valer muito mais de que um título.
Hoje, Campeões, plenos de Glória, não há como não ter Saudades do Futuro.
Agora que a cabeça está mais fria, permitam-me dizer duas ou três coisas. O último jogo não foi pior do que os dois ou três anteriores, em termos de jogo de equipa, oportunidades criadas, domínio e jogo. Foi pior em termos de eficácia na "caro do golo", no essencial. O resultado mais justo era claramente a vitória. E não foi mais fácil do que qualquer um dos dois ou três anteriores. Pelo contrário, o Famalicão teve uma entrega, abnegação e organização impecáveis.
Dito isto, não tenho bodes expiatórios. Desculpem. Nem Paulinhos, nem Rúbem Amorim, nem Jovane. Não sei se vamos ser campeões, não estou com uma fé desmesurada. Mas também é verdade que há muitos anos não sentia o Sporting tão firme num lugar a que chegou jornada após jornada, com a regularidade refletida em 20 vitórias e seis empates. Não foi um acaso. Uma estrelinha. Foi algo construído, jornada após jornada, que ninguém antecipava e que se prolongará até às últimas jornadas do campeonato que está a cerca de um mês do seu termo.
Também não tenho a sensação de que estamos em perda, desculpem. Talvez alguns não me acompanhem, mas a verdade é que ainda ninguém ganhou nada, neste campeonato. Assegurámos a presença nas competições europeias, vá.
Dito isto estou com uma vontade enorme de apoiar a equipa e acho que temos excelentes condições para conseguir ganhar, naturalmente, este campeonato.
O pior que nos pode acontecer é hipotecar essa excelente posição com excesso de nervosismo, dúvidas existênciais absurdas onde se possa querer começar a pôr em causa tudo que de bom se fez e onde se perca a capacidade de identificar o que de bom está a ser feito e deverá ser mantido e melhorado.
É preciso confiar para que o trabalho renda e, do que vejo, o trabalho que se tem feito tem sido do melhor que se poderia pedir face aos recursos que temos, ao histórico do clube e ao enquadramento mal cheiroso do nosso futebol.
O próximo jogo é, de longe, o mais importante da época. Tal como foi o último. Isto não é um jogo de palavras, é o único caminho que podemos ter. E vamos encontrar até ao fim da época 8 jogos assim. Ou contra adversários diretos ou contra equipas desesperadas por sacar um pontinho para assegurar a manutenção.
Talvez nem todas tenham a qualidade organizativa do Fama mas desconfio que todas terão a abnegação e entrega que temos visto. A nossa capacidade de sacrifício e de uso inteligente dos nossos recursos tem de ser pelo menos igual, de preferência melhor à do adversário de cada jogo (se for humanamente possível).
Como bem sabemos, caso ambas as equipas tenham a mesma fome de disputar a partida, nem sempre, pela sorte do jogo e seus ajudantes mal convidados, a melhor qualidade é suficiente para desequilibrar o jogo a nosso favor. Por isso, querer um bocadinho mais é fundamental.
Que venham as 24 melhores arbitragens da época nos jogos dos três da frente e que venham pelo menos mais 19 pontos dos 24 possíveis, para o Sporting, até ao final do campeonato.
Emboscar, intimidar, agredir, ameaçar. Em fevereiro de 2020 toda a família leonina está sob ameaça, ainda, ou outra vez.
Frederico Varandas tem razão nesta constatação: mudam os presidentes, os treinadores, os jogadores, mas mantêm-se as caras que protagonizam a tribo violenta, interesseira e mafiosa que tomou conta de uma parte das claques do clube. É esta, ainda, a face de uma fação de criminosos que atuam cada vez mais em falange de combate que procura tomar de assalto o clube, manietando-o, condicionando-o pela algazarra e violência física como tantas vezes conseguiu no passado.
Hoje fez reféns dos seus atos violentos todos os que se manifestaram pacificamente contra a atual direção bem como outros que até partilharão da deseperança quanto à capacidade da atual direção em dar a volta a um texto escrito com incompetência atroz mas que se recusam a ser confundidos ou manipulados para servir aquilo que não podem admitir e que, apesar de tudo, está num patamar acima da incompetência de gestão: a de autorizar a violência como um meio de atingir algo que deve estar reservado à decisão livre e democrática dos associados.
Frederico Varandas é incompetente e não oferece garantias de levar o clube por bom rumo. É esta a minha opinião neste momento, perante os factos públicos que conheço.
Antecipar o fim do mandato é tentador.
Mas fazê-lo quando isso poderá ser também a vitória de um grupo criminoso que quer manter o clube refém dos seus interesses...
Qual é maior risco?
Ajudar à mudança mas estar com isso a criar um precedente onde, no final do dia, o que se irá reter é que uma direção caiu pela mão de um grupo de agressores que luta por um interesse completamente desalinhado com o que é partilhado pelos valores e interesses do clube?
Ou engolir em seco e cerrar fileiras, apoiando uma direção legitimamente eleita e que tem no seu maior crime ficar muito aquém das expectativas que gerou quando se fez eleger, por manifesta incompetência comunicacional e técnica ao nível da gestão da equipa sénior de futebol?
As opções de escolha não são propriamente agradáveis!
Se pensarmos bem, mais uma vez, um grupo de descontrolados com uma agenda desalinhada com o genuíno interesse do clube, está a vedar aos sócios, pelo menos a alguns (talvez já a maioria), de encontrarem desde já uma melhor alternativa para o destino do clube.
Pela parte que me toca, não me consigo imaginar, na atual conjuntura, a manter o pedido de demissão desta direção. Não enquanto estes estiverem a ser fisicamente agredidos e intimidados no decurso do exercício das suas funções bem como quando na companhia das suas famílias.
Enquanto este problema não for sanado, enquanto for possível confundir estas práticas com a genuína intenção de mudança respeitando os estatutos do clube, não resta mesmo outra alternativa senão cerrar fileiras em torno da direção e esperar que algum milagre lhes permita cumprir o mandato bem além das expectativas que geraram até aqui.
Imitando o Pedro Correia, uma última nota para dizer:
Olhando para tudo o que nos tem acontecido e para o "estado a que isto chegou" e aos proto-candidatos que se adivinham, é um luxo ter alguém como João Benedito disponível e interessado em ser presidente no futuro.
João Benedito tem menos duas ou três falhas estruturais do que Frederico Varandas.
A mais óbvia é saber comunicar (é articulado, tem nexo, a mensagem é eficaz o timming perfeito), outra será o sentido de humildade de ter assumido desde o início de que precisa de uma equipa que lhe limite lacunas e de nunca se ter posto a jeito, colocando a fasquia onde sabia que nunca teria condições de chegar.
Hoje pela primeira vez em muito tempo vi alguém do universo leonino ser copiosamente elogiado e sem que tal se deva a ter enxovalhado a direção ou outrem. Marcou muitos pontos João Benedito no campeonato virtual dos valores seguros, na reserva do clube para um futuro melhor.
Finalmente, mesmo imaginando que os resultados desportivos não fossem muito diferentes, a verdade é que seria muitíssimo mais fácil manter o apoio a um presidente com o perfil e capacidade de comunicar de João Benedito.
Na pior da hipóteses, o presidente seria um amortecedor da ansiedade e não um acelerador do desespero.
Na melhor, bom, na melhor dependeria da competência da equipa e das lições aprendidas com erros alheios e truculência "inimigas".
Quase tudo o que terá levado 36,84% dos sócios representantes de 43,46% dos votos a votar na atual direção do Sporting Clube de Portugal foi pelo esgoto, está confrangedoramente atrasado, é invisível ou não passa de rumor que tarda em concretizar-se.
O último bastião foi hoje derrubado: não criticar publicamente a arbitragem, em especial após uma derrota.
Infelizmente, a tática do bom aluno já havia sido testada e ridicularizada por quem "manda" no futebol e nos media vezes sucessivas, ajudando a queimar direções anteriores.
A tática do queixoso tonitruante foi igualmente ineficaz, note-se. Ainda assim teve o condão de oferecer um discurso populista e identitário que, enraizado em uma boa dose de justiça, uniu genuinamente uma larga maioria do universo leonino durante vários anos.
Ver a atual direção insurgir-se contra a arbitragem após a 13.ª (d é c i m a t e r c e i r a) derrota da temporada (sete delas no campeonato) trouxe-me à memória o timing serôdio com que a atual direção resolveu hostilizar definitivamente e atuar contra as duas principais claques oficiais de clube.
Perdoem-me se estou a ser injusto mas já não consigo encarar estes golpes de asa como algo mais do que atos de desespero para encontrar um inimigo comum que fidelize um pouco as hostes após a confirmação de mais um passo rumo a uma das piores épocas desportivas da nossa história no futebol profissional sénior masculino.
Entretanto, restam 17 jogos (talvez 19 se eliminarmos os turcos) até ao final da época.
Alternativas vocais só as que ventilam a já estafada "venda da SAD", um bizarro milagre que supostamente nos colocaria no rumo certo! É caso para perguntar sarcasticamente: onde estariam os nossos rivais se não tivessem vendido a SAD?
Que surjam outras alternativas, mais bem venturosas e que ajudem a dar segurança a quem já percebeu este filme.
A verdade é que, infelizmente, por mais que se renove, todas as semanas, a esperança na vitória, o mais provável é que se repitam e abundem as duras provas de como a incompetência e impreparação refletida em péssimas decisões tomadas na preparação de época, se convertem em pesadelo centenário para mais de 3 milhões de adeptos.
O tempo é de crise profunda e quem quer fazer parte da solução que tenha cuidado com os calculismos. Tudo se pode precipitar e quem não estiver na arena pode ajudar, por omissão, a sindicar um futuro não necessariamente melhor do que este que vivemos em jeito de triste fado.
De positiva só esta certeza: os sócios estão mais exigentes e, ao contrário do que alguns condores advogam, isso é parte da nossa força e não da nossa fraqueza. Haja competência e saber fazer que as críticas ajudarão a construir o que merece crédito!
Só voltaremos a recuperar a máxima glória com enorme poder de superação e contra as probabilidades. E, depois, sabendo aproveitar essa glória para reduzir a desvantagem crónica que temos antes de começar o jogo. Já foi assim que ganhámos títulos o ano passado, sempre com alguns jogadores esforçados mas especialmente limitados a titular.
Hoje são estes os termos: temos um plantel tecnicamente inferior, um histórico de época sofrível até ao momento com 14 vitórias, 9 derrotas e dois empates e, por essa via, com a lógica probabilística contra nós. Mas depois há o resto... A defender o nosso grande amor vamos encher Alvalade e fazer tudo para ganhar.
É já daqui a bocadinho.
P.S.: E que, por uma vez, ninguém tenha razões para se queixar dos árbitros no final do jogo.
Seria preciso uma coragem brutal para perceber que são ínfimas as possibilidades de Marcel Keiser dar em treinador que consegue extrair o melhor de uma equipa que tem que singrar no futebol português e europeu de alto nível. A direção acredita mesmo que sem o melhor jogador da época passada, sem o capitão da equipa e sem o verdadeiro treinador de campo, por mais que se reforce com um ou dois craques, o atual treinador tem unhas para levar a época a bom porto?
Não falemos de gratidão, nem de palmarés recente, falemos de evolução da equipa, da história real do caminho que se fez até às conquistas recentes e da convição quanto às probabilidades de sucesso futuro e, também, de empolgamento e reunião na fé. Se a direção acreditar - até porque assiste no dia a dia aos treinos, ao desempenho e comportamento da equipa - que o defenda intransigentemente e que trace o seu destino com o destino do treinador. Sim, também é disso que estamos a falar. É a tragédia do Sporting, mas é o Sporting que temos.
Mas se tem dúvidas, se percebeu que, de facto, o treinador terá timings e ideias que lhe ditarão o fracasso antes de qualquer evolução significativa, que tenha a coragem de arrepiar caminho. Muito simplesmente: Marcel Keiser pode não ser treinador para um Sporting sem Bruno Fernandes e a atual direção pode não resistir com saúde às consequências da concretização desse facto.
O situação é absurda. Seria absurdo despedir o treinador que conseguiu dois títulos numa época mas é também absurdo esperar que ele tenha sucesso outra vez. Seria esperar muitos milagres, em especial, sem Bruno Fernandes no plantel.
Por estranho que possa parecer, acho que o ato de maior coragem não será o de se manter fiel ao treinador, protegendo-o neste noite negra. Digo-o porque - sem estar na academia e só assistindo aquelas partes que se traduzem em fracasso ou glória, os jogos - não acredito que quem perceba de futebol ache mesmo que não estamos perante um erro de casting que nos levará a uma época absolutamente penosa de equívocos e erros com resultados humilhantes como o 2:4 em Alvalade ou o 5:0 em Faro-Loulé, sem os disfarces saborosos de glória que a genialidade de Bruno Fernandes nos ofereceu. Juntando uma ou duas peças chave ao plantel, creio que teremos uma equipa combativa mas não teremos general, nem o já referido treinador de campo. E sem isso não haverá coragem em defender um fraco líder, só uma péssima decisão que se pagará muito caro. Noite difícil, momento pivot para a época do Sporting.
Se calhar também teria sido mais corajoso eu ter ficado calado. Ou talvez não.
Exponho neste artigo aquuele que é um de muitos exemplos do que poderia ter sido feito se se tivesse usado de um pouco mais de bom senso e de pensamento prospetivo, indo além de objetivos de curtíssimo prazo de resultados duvidoso com a Gamebox 2019/2020.
Imaginemos que a direção do Sporting concluiu que era imperativo acabar com a Gamebox (GB) de preço único para as crianças até 11 anos. É uma opção legítima sendo que por esse mundo fora há exemplos a favor e contra essa opção.
Os nossos vizinhos da 2ª circular têm preços diferentes, os nossos futuros adversários do Liverpool têm preços fixos (inferiores ao preço mais alto que iremos praticar). Como disse, a opção é legítima e poderá haver boas razões que justifiquem a mudança. Alguma procura superior à oferta em alguns sectores pontuais do estádio, algum abuso das GB de criança por parte de adultos que compram para os filhos mas que depois são eles a usar (por manifesta incapacidade de controlo por parte do clube). Talvez haja até outras razões que me ultrapassam e que ainda não vi explicadas em lado nenhum. Razões que ainda assim nunca devem justificar soluções globais para problemas pontuais, diria eu. Mas avancemos com estes pressupostos.
O que sei é que num inquérito recente feito pelo próprio clube a alguns adeptos com GB, ficou patente que o clube tinha perfeita noção de parte dos riscos que esta alteração significativa poderia implicar.
Uma parte significativa do inquérito, além de testar reações aos preços, visava inquirir sobre formas de discriminar positivamente quem trouxesse a família para o estádio, quem trouxesse novas Gamebox, quem tivesse uma relação mais profunda com o clube ao nível das compras de merchadising e da prática desportiva. Havia até espaço para recolha de sugestões. Mas havia também alguma rigidez implícita nas opções quanto aos preços.
As opções críticas pareciam já estar tomadas (grande aumento dos preços para crianças e para alguns sectores), o que se media eram variações marginais.
Face ao que veio a acontecer, concluo que a opção tomada fez-se de forma consciente quanto ao risco de ostracizar precisamente quem tem uma relação mais profunda com o clube, de desprezar qualquer esforço significativo de discriminação positiva às famílias e a quem garante vendas significativas de GB ou a quem tem a tal relação até economicamente mais expressiva com o clube.
Mas seria mesmo necessário aumentar os preços da GB das crianças para mais do dobro num único ano para cumprir com os objetivos de modar de paradigma?
Seria mesmo necessário ocorrer o risco de o clube ser visto como estando empenhado em expulsar as crianças e/ou estar a querer explorar ao máximo quem quer ser fiel ao lema de Geração em Geração passando da venda à extorsão (como disse, os aumentos superam os 100%, mais do dobro na generalidade dos lugares, com exceção de um único sector em 36)?
Se tudo correr pelo melhor nesta estratégia qual é o ganho máximo que se espera?
Compensa o risco de se perderem mais alguns milhares de GB em vendas este ano?
Compensa o risco de se afastarem mais uns quantos futuros adultos da vivência do clube quando as vendas de GB têm estado em queda e não propriamente fulgurantes?
As perguntas são retóricas e já sabem o que penso (ver o artigo "Este ano são menos três Gamebox"), mas não fiquemos por aí. O que se poderia ter feito para manter a estratégia e não hostilizar os sócios e, provavelmente, conseguir garantir com mais segurança o sucesso da iniciativa e ainda assim diminuir os riscos?
Eis algumas ideias simples que me parecem do mais elementar bom senso e que, creio, poderiam acabar por garantir um encaixe tão bom ou melhor e garantir também um estádio mais cheio e até mais receitas correlacionadas (ninguém gasta mais num jogo do que uma família com filhos…) por mais cerveja com álcool que se pudesse vender (e não pode, nem poderá)...
Anunciar que o Sporting Clube de Portugal ia alterar a política de preço único para crianças no Estádio antes de que se começassem a receber cartas de renovação em casa;
Anunciar queem dois anos os preços de crianças no estádio iriam atingir os 50% do preço de adulto do respetivo setor garantindo aumentos mais suaves e menos escandalosos;
Anunciar que, com isso, o aumento máximo do preço de criança iria ser de €66 e não de €132 como está a acontecer e que os aumentos relativos nunca atingiriam os 100% mas apenas metade disso como está a acontecer;
Anunciar que se pretendia, a prazo, alterar os preços relativos entre sectores no estádio mas que não se iria criar qualquer diferenciação adicional de preços nos sectores do Estádio enquanto se estivesse a implementar esta alteração de paradigma nos bilhetes dos sub-11, ou seja, todos os preços aumentariam na mesma proporção nestes próximos dois anos, exceto os de criança (há setores onde há aumentos de quase 18% para adulto + €54 e +€45 por GB e nas outras categorias além de criança);
Anunciar que as GB de menores de idade quando adquiridas no âmbito da GB Familiar terão preço de criança, subindo a fasquia dos 11 anos para os 17 (alinhando com o que se passa no SLB). Haveria assim algo de concreto no espírito de Geração em Geração além de um aumento dos preços;
Anunciar que sócios que tenham na sua família (uma definição e informação que já existe junto do Sporting) 3, 4 ou mais GB têm direito a incentivos especiais (sejam descontos no valor da GB, sejam outras vantagens junto do merchandinsing, convites adicionais, etc). Haveria assim algo de concreto no espírito de Geração em Geração além de um aumento dos preços;
Anunciar que sócios praticantes de modalidades terão direito a condições especiais na compra da GB fomentando assim o espírito de lealdade e reconhecimento por parte do clube e fidelizando os adeptos – o mesmo para as GB modalidades.
Na época de 2021/2022, já com a transição completa na GB criança, proceder à alteração de preços de alguns sectores que o Sporting quer encarecer acima dos valores de aumento anual que tem praticado.
Não concordo com a subida generalizada de preços que infelizmente não tem sido feita com respaldo no sucesso desportivo que todos quereríamos e que parece imune ao desempenho desportivo e à oferta que há em cada ano, a verdade é que, pelo menos nos últimos 10 anos, os preços têm subido muito acima do custo de vida. Neste período a inflação foi quase nula e assim continuará nos próximos anos.
Mesmo um aumento de 4% é significativo. O que dizer de 18% ou de 103%...
Os ganhos serão sempre marginais (se não forem mesmo perdas líquidas) e o afastamento do estádio por razões económicas será cada vez mais uma realidade. Mas, ainda assim esta outra forma de fazer as coisas que sugiro como mero exemplo, muito colada ao que me parecem os objetivos da direção com a GB 2019/2020, seria muito mais razoável.
Desfasaria o objetivo em dois anos mas teria a bondade de não ser tão escandalosa e de não violar as promessas e o discurso feito em campanha. E fomentaria o espírito de Geração em Geração assumindo que um dependente a cargo não deixa de o ser aos 11 anos como sucede hoje, por exemplo, com as crianças do sexo feminino que pagam preço de adulto desde o 12 anos (mulher). Aposto até que garantiria um casa mais cheia, por oferecer algo em troca a muitos dos que seriam afetados.
Agora o mal está feito e de tão incompreensível e tão mal gerido que não pode ser silenciado.
Acresce que sucede na mesma conjuntura em que os preços cobrados em várias modalidades estão a aumentar significativamente e em que os descontos até aqui existentes para famílias estão a ser cortados.
Não sei se há consciência de que uma parte significativa dos visados são exatamente os mesmos que assistem a um pedido de renovação de GB a preços estratosféricos.
Se houve essa consciência então a gestão é danosa dos interesses do clube pois não é defensável que este grupo (sócios com filhos praticantes) possa ser alvo num clube que quer ter futuro.
Se não é consciente então algo tem que mudar na capacidade de articulação interna da gestão do clube.
Falta uma visão do todo e uma capacidade de escrutinar o impacto de cada medida tomada sectorialmente naquilo que é a relação com os associados.
Gerir uma organização como o Sporting não é certamente pera doce nem nunca será. O atraso ao nível organizacional e o amadorismo herdados são conhecidos por quem é capaz de ser minimamente justo (e não vem sequer apenas da direção anterior) mas essa é a tarefa de quem está legitimado para gerir o clube.
A dos sócios é ajudarem como melhor puderem. De preferência de forma construtiva e o mais atenta possível.
Na minha vida a participação nunca se resumiu a bater palmas, nem a deitar abaixo.
No mundo atual e numa organização com o modelo de governo do Sporting, a participação também se faz aqui. E assim será enquanto me considerem oportuno e me dê a esse trabalho.
É também assim que vejo o esforço, devoção, dedicação e glória. Sem amarras, sem cegueira, sem contrapartidas, com entrega total, com frontalidade e disponível para ajudar, em especial sempre que criticar.
Cuidado com o racional do produto futebol. Sim, é um negócio e sim, também é emoção. Mas a emoção não pode servir para se converter numa sensação de exploração.
Não matem os leões dos leõezinhos de ouro, no processo. Podemos recuperar de muita coisa, não sei se resistiremos muito tempo a um caminho mal gerido de mercantilização da relação. A relação tem que ser sentida como tendo dois lados e não pode ser artificial e de mero oportunismo, nem se pode resumir a "experiências" pontuais encenadas no estádio ou seus arrabaldes.
Não é fácil, mas é muito fácil fazer enormes asneiras, como está a ser este caso.
O verdadeiro burro não é quem erra, é quem insiste no erro. Vejam lá isso.
É extremamente triste chegar a meados de junho e regressar ao És a Nossa Fé não para comentar o defeso, não para fazer o balanço da época e das nossas vitórias, não para renovar a esperança no que aí vem, comentar contratações, novos equipamentos, mas antes vir dizer que o meu lugar, mais o dos meus filhos, este ano será em casa. Não estou doente, não fiquei pobre, simplesmente mantenho um mínimo de amor próprio e alguns limites à emoção. Não acredito em relações desequilibradas e desrespeitosas. Ou há amor ou então não há interesse que nos valha. E, este ano, as novas gentes que comandam o Sporting ultrapassaram tudo o que era razoável na forma como remodelaram uma parte da relação.
Foram 11 anos de compra ininterrupta de gamebox ao que somo mais alguns de gamebox adepto. Este seria o ano em que iria comprar a 4ª Gamebox cá de casa para completar a promessa à totalidade da prole de pequenos leões.
Sucede que num ato completamente desfasado da realidade e que acredito ser genuinamente atentatório dos interesses do clube de curto, médio e longo prazo, descobri que teria de praticamente duplicar o investimento de um ano para o outro só para conseguir manter os três lugares e juntar-lhe uma quarta gamebox de criança.
54, 45, 96 e 189. São os números mágicos. Os três primeiros são o aumento dos preços das renovações para o setor B1. Adulto, Mulher (no Sporting as crianças do sexo feminino pagam bilhete de mulher a partir dos 12 anos) e criança. O quarto número é o novíssimo preço para criança nesse setor. Saltou de €93 para €189, mais €96.
Bem sei que somos diferentes, tão diferentes que deixamos de ser crianças aos 11 anos quando os lampiões ali ao lado têm bilhetes com 50% de desconto até aos 17 anos, desde que acompanhados por um dos pais. E eu este ano vou também ser diferente, premiando a genialidade do novíssimo marketing do Sporting. Mantendo-me fiel a mim mesmo. Há limites. Houve limites com o descontrolado e parece que tem que haver limites, de novo, agora por uma surpreendente questão de finanças, mal desenhada, mal comunicada e completamente ofensiva.
Não me vou alongar mais. Retiro as minha conclusões e votarei (para já) com os pés, abandonando Alvalade e reservando-a para idas esporádicas, à boleia de alguma "ativação de marcas" ou de alguma "nova forma de experienciar" a ida ao Estádio que certamente irão surgir como grandes novidades este ano. Talvez, até, bem mais interessantes do que as ofertas que vejo concedidas a quem quer insistir (podendo ou não podendo) em ser fiel ao Estádio.
Não sei de que planeta aterraram estes seres do novo marketing do Sporting, mas vai ser uma experiência certamente interessante se prosseguirem por aqui.
Venha de lá o clube das elites e veremos quanto tempo mais sobreviveremos sem campeonatos ganhos e com um "all in" na produtização total da experiência Sporting.
Entretanto, as crianças não irão para nenhum sector gueto, ficarão em casa, tal como eu, solidariamente. Não tenho cara para ir sozinho sem eles, depois do que lhes prometi. É a vida. É a procura e a oferta de sabonetes, pura e dura.
Meninos com dinheiro, há uns lugares porreiros no B1 que vão vagar. Talvez haja croquetes para acompanhar.
25 de maio de 2019, sábado, 17h15m. Tarde amena em Lisboa com períodos de sol entremeados com nuvens soltas. Temperatura máxima de 24 graus célsius e vento moderado soprando do quadrante norte. Condições ideais para praticantes e adeptos do desporto rei nesta que é a 79º final da prova rainha do futebol nacional. Nas bancadas, o povo do futebol está ao rubro com as curvas do Estádio Nacional pintadas de verde, azul e branco. No início eram 144 equipas dos vários escalões do futebol profissional e amador português. Hoje temos o encontro derradeiro com os dois finalistas, velhos conhecidos, dois clássicos do futebol nacional que partilham igualmente entre si a conquista de 32 títulos nesta prova. Além das 16 conquistas, o FC Porto conta ainda com 13 participações como finalista vencido, registo muito similar ao do seu rival de hoje que participou em 12 finais onde não logrou vencer. Apesar do equilíbrio, a verdade é que esta é uma prova que o FC Porto não vence há já oito anos. O Sporting, por seu lado, desde que conquistou a sua última dobradinha, já ergueu o caneco por mais três vezes, a última das quais há quatro épocas. Aliás, nas últimas 10 edições da Taça de Portugal, só por três vezes não esteve presente na final pelo menos uma destas equipas. Recuando dez anos e fazendo o filme da Taça, o FCPorto fez o seu primeiro tri na taça entre 2008 e 2011 não tendo voltado a vencer deste então, isto apesar de ter regressado à final por mais uma vez, para sofrer uma derrota dramática, nos penalties, frente ao SC Braga. Já o Sporting visitou o Jamor três vezes nas últimas dez edições tendo ganho uma delas, precisamente frente ao mesmo SC Braga. A última vez que esta duas equipas mediram forças neste clássico do futebol lusitano foi há 11 épocas. Na altura foi preciso tempo extra para que o improvável Rodrigo Tiuí, no momento mais alto da sua carreira futebolística, desequilibrar o marcador, batendo sem apelo Nuno Espírito Santo, por duas vezes, em golos de belo efeito. Está cantado o hino, rola a bola no Estádio Nacional do Jamor!
O Sporting Clube de Portugal regressa hoje a Chaves, para defrontar o (quase) sempre aguerrido Desportivo num jogo duplamente traiçoeiro, quer pela fragilidade aparente do adversário, quer pela conjuntura da jornada onde o Sporting, ganhando, melhorará a sua posição relativa face a pelo menos um dos seus adversário diretos.
O Chave ocupa atualmente a 17.ª posição sendo uma das equipas a despromover. O Sporting tem a obrigação especial de ganhar perante uma equipa tão frágil, certo?
Naturalmente que sim, mas a fragilidade pontual do Chaves tem muito que se lhe diga. Desde logo porque, se considerarmos apenas as últimas 10 jornadas, a posição do Chaves seria muito mais lisonjeira: a 17.ª posição converter-se-ia num 8.º lugar. A apenas quatro posições do Sporting, que partilharia o 3.º/4.º lugar ex-aequo com o FC Porto. Por outro lado, o Desportivo de Chaves regressou às vitórias na última jornadas, jogando fora, frente ao Aves, já depois de ter despedido Tiago Fernandes e de ter contratado o sempre difícil e competente José Mota.
A menos que haja muita sorte neste jogo, é muito provável que o Sporting Clube de Portugal só saia vitorioso neste jogo se mostrar futebol muito mais eficaz na finalização do que nas últimas jornadas. E só assim poderá capitalizar com o embate direto entre Braga e Porto que decorrerá escassas horas antes do jogo frente ao Chaves, pelas 18 horas.
Ganhando, é este o cenário para o Sporting no fecho da jornada:
Ficar em 3.º e a 8 do 2.º;
Ficar a 1 do 3.º e a 6 do 2.º;
Ficar a 3 do 3.º e a 5 do 2.º.
Ficar aquém da vitória, neste contexto, será especialmente penalizador para a equipa e para o treinador, que tem ainda de conquistar junto dos adeptos (e dos jogadores?) o capital de confiança para se manter no comando técnico na próxima época, sem handicaps à partida.
Recorde-se que dia 3 de abril o Sporting Clube de Portugal recebe o eterno rival para tentar reverter um resultado desfavorável de 2:1 na 1.ª mão das meias finais da Taça de Portugal realizada no Estádio da Luz.
Este jogo com o Chaves inicia a reta final do campeonato onde um trajeto menos que perfeito e sem dar mostras de futebol mais consistente e competente deverá traçar o destino desta equipa técnica. Cumprir com esse difícil desígnio poderá, contudo, funcionar como tónico para alcançar essa mesma afirmação de esperança que todos os sportinguistas esperam ter em relação ao seu treinador e equipa.
Qual dos finais terá esta época?
A resposta espera-se em campo e que vingue o Sporting Clube de Portugal.
Ficámos a saber à conta de um prospeto inevitável e obrigatório do Sporting (que regulariza uma falha administrativa que já devia ter sido concretizada há alguns anos quanto à admissão à negociação de ações do aumento de capital de 2014) que precisa antecipar receitas no valor de algumas dezenas de milhões de euros. O recurso mais provável será titularizar receitas associadas ao contrato de direitos televisivos que tem com a NOS.
Na prática, perante a amarga supresa de se identificar um desequilíbrio nas contas de €137 milhões e perante um plano de pagamentos, criado pela anterior direção, que implica ter que apresentar €65 milhões de liquidez para fazer face a compromissos nos próximos 12 meses (€41 milhões dos quais até junho de 2019), o Sporting tem que antecipar receitas do contrato televisivo ou, em alternativa, vender ativos (passes de jogadores), muito provavelmente a preços de saldo.
Sucede que até 30 de setembro de 2018 as receitas do contrato do Sporting com a NOS representavam €353,7 milhões dos quais um total de €44,1 milhões já haviam sido descontados. O remanescente ultrapassa assim os €300 milhões, bem acima das necessidades de liquidez já identificadas para liquidar os compromissos, assumidos para os próximos 12 meses.
É aqui que nos podemos comparar com o Benfica, que em 2015, ano da primeira versão do atual contrato, descontou cerca de €100 milhões em 2018 para abater dívida, e com o FC Porto que até 2018 descontou €168 milhões do seu contrato de direitos televisivos.
Assim sendo, esta situação, que não é agradável pelo que induz de insustentabilidade do que tem sido a gestão do(s) clube(s), fica devidamente relativizada no sentido em que a parte mais relevante das receitas futuras para o prazo de vigência do contrato não está hipotecada como parece suceder, pelo menos em maior grau, entre os principais parceiros de indústria e adversários no campo.
Como sócio do clube fica a estupefacção de como foi possível, depois de uma reestruturação financeira montada e concretizada em 2014, volvidos cinco anos, termos que estar novamente a enfrentar o abismo do risco de falência. Que gestão foi feita nos últimos anos e na última época em particular? Como foi possível em tão pouco tempo voltar a desequilibrar financeiramente o clube? Para quê? Com que resultados?
Perguntas que os sócios certamente procurarão ver respondidas mas que, face ao que aqui foi exposto e face ao que podia ter sido a história do clube se os sócios não tivessem atuado de forma singular em 112 anos de história (destituindo a direção), podiam ter um pendor muito diferente - bem mais fúnebre.
Apesar de tudo, há esperança. Cabe à atual direção provar que consegue encontrar as soluções necessárias para ultrapassarmos mais este episódio nada glorioso da nossa história. E, na sua sequência, encontrar um equilibrio efetivamente sustentável entre receitas e despesas, evitando os "all in", e perseverando na progressiva melhoria da saúde financeira e desportiva do clube.
A informação detalhada que aqui se comenta pode ser encontrada no prospeto publicado pela Sporting SAD no sítio da CMVM.
P.S.: Não quero com isto menorizar a tarefa complexa e urgente que a atual direção tem pela frente de no espaço de poucas semanas (além da questão da liquidez): conseguir concluir a reestruturação com a banca. Esperemos que, tal como com o empréstimo obrigacionista, a situação corra pelo melhor, a bem do Sporting Clube de Portugal.
A invenção de mentiras e calúnias visando a atual direção mas não só (João Benedito também é um alvo a abater através de campanhas um pouco mais subterrâneas de maledicência e calunia pelas redes sociais) continua como modo de vida de muitos que se ocupam diariamente de investir algumas horas da sua existência nessa atividade criativa e criminosa.
Parece-me evidente que há várias agendas e grupos bem mobilizados para criar um vazio de credibilidade e uma angústia crescente entre os associados para os colocar em ponto de rebuçado para virem a escolher algum regressado das trevas ou algum ser providencial que tudo sabe e tudo quer.
Conseguir no meio desta poluição manter, como sócio, a capacidade crítica e o escrutínio que teremos que fazer ao trabalho da atual direção é especialmente desafiante. Mas são e serão durante ainda muito tempo as linhas com que temos que nos coser. Se a democracia exige investimento, ser sócio do Sporting exige um suplemento adicional.
Naturalmente, viver e tentar fazer (ou avaliar) neste enquadramento, nunca será o ideal para qualquer direção presente ou futura e será sempre um enorme apoio a todos os nossos rivais.
Será possível, ainda assim, superar os momentos em que a bola não entra e ir construindo um futuro melhor sem cairmos em histerias e pulsões auto-destrutivas que nos levarão a pedidos de demissão e crises institucionais a cada 5 meses?
A palavra (ou o silêncio) cabe aos sócios mas também à atual direção.
O que se segue baseia-se no que conseguir apurar após uma sessão de esclarecimentos com Frederico Varandas e Francisco Zenha e outra com João Benedito, Pedro Miguel Moura e Ricardo Andorinho. Li entrevistas, ouvi o debate já realizado e conto continuar a acompanhar a campanha. Talvez já tenham deduzido que só admito votar em Frederico Varandas ou João Bendito, aos restantes, como sócio, agradeço a entrega, mas confesso que, por variadas e diferentes razões, não considero serem os candidatos de que precisamos.
Em suma, a pergunta que ma faço é se as eleições fossem hoje em quem vota?
Oito pontos:
Algumas das críticas de Frederico Varandas sobre a impreparação da equipa do João Benedito fazem mossa e podem ter cabimento. O João Benedito não me descansou quanto a isso (a crítica à historia da Performance e à “impossibilidade” de ter só um capitão como no futsal merecem réplica);
Mas a verdade é que também encontrei fragilidades importantes na lista do Varandas. Excesso de voluntarismo em áreas muito delicadas que me deixaram muito mais nervoso (finanças) em relação a Varandas do que a Benedito. Acho que temos que ser bem mais conservadores nos instrumentos a utilizar para nos financiar. A solução terá de ser mais orgânica e menos de alavancagem no mercado;
Benedito surpreendeu-me positivamente por ser conhecedor e muito ponderado no tema financeiro. A grelha de açõa face a evnetuais surpresas que venha a descobrir no dia 9 de setembro deixou-me mais tranquilo. Revelou um caminho e recursos muito claros quanto às preocupações e caminhos a percorer em matérias de gestão. Também gostei da forma como respondeu à pressão para alavancar o clube com mais financiamento e sustentar o desequilíbrio financeiro. Bem mais direto e realista. Confesso que prefiro um presidente que tenha conhecimento próprio das consequências de algumas opções sobre financiamento. O João Benedito convenceu-me que tem o que Frederico Varandas delega e não sei se tem capacidade crítica (que é o único problema que pode advir de uma delegação);
A vantagem de Varandas - além de se ter posicionado corajosamente e de forma equilibrada antes de qualquer outro - é o conhecimento concreto da vida do futebol do Sporting nos últimos anos. Isso parece-me inquestionável e de valor. Mas essa vantagem esbate-se com a própria estabilização do clube promovida pela Comissão de Gestão. E não tenho grandes dúvidas de que a curva de aprendizagem da lista do João Benedito (ex-atletas, ex-funcionários do clube) será curta;
Ambos dão garantias de terem bem definidas as prioridades (com as quais me identifico) sobre o que é crítico no clube e não encontrei grandes diferenças quanto ao que pensam para todo o universo do Sporting (modalidades, academia, formação, etc);
Ambos têm lacunas importantes e qualquer um deles que chegue a presidente terá muito "aprender a fazer", disso não nos safamos;
Perante isto, assacadas as competências e vislumbradas as limitações: quem oferece o menor risco? Quem tem maior potencial para unir a família a partir de dia 9 de setembro? Quem tem mais potencial para pôr o Sporting a ganhar de forma mais sustentada?
Não sei se vou conseguir ter uma imagem mais clara do que esta até dia 8 de setembro, mas neste momento acho mais comportáveis os riscos apresentados pelo João Benedito e mais valiosa a sua capacidade de unir a família e de projetar o Sporting para o futuro como um clube vencedor. Se as eleições fossem hoje votava no João Benedito.
Ganhe quem ganhar, será sem sombra de dúvida o meu presidente e ambos terão condições de ter sucesso como presidentes do clube.
Que balanço faz de 14 anos de Sociedade Anónima Desportiva e como projeto o seu futuro durante o próximo mandato? Acha que a existência da SAD é fundamental para a competitividade do futebol do Sporting ou admite outro modelo?
Admite em alguma circunstância vender uma parte da SAD que está na posse do Clube para entrar capital novo ou, em alternativa, diluir a posição atual do Sporting Clube de Portugal via aumento de capital?
Como comenta a posição do seu candidato a PMAG relativamente à preferência por uma gestão profissional de SAD que deve ser distinta da presidência do clube? Admite rever a sua posição que é de ter um presidente comum na SAD e no clube?
Admite fazê-lo, por exemplo, para garantir uma candidatura mais alargada que promova maior união no clube onde o doutor seja o Presidente do Clube e um outro candidato ou membro de outra lista fique como presidente da SAD?
Não receia que esse posicionamento diferente entre o candidato a presidente do clube e o candidato a PMAG, numa questão tão fulcral para muitos sócios (a gestão da SAD e o papel do clube no controlo da mesma), num contexto onde, com os novos estatutos, deixou de ser possível os sócios depositarem os votos em cestos diferentes (votarem em listas diferentes consoante os órgãos sociais) possa inquietar e até afastar eleitores potenciais?
Claques
Que tipo de relação pode haver entre o clube e as claques? Há algum modelo noutros clubes pelo mundo fora que queira usar como exemplo para implementar no Sporting?
O que pretende fazer com as claques que assaltaram Alcochete e que continuam aparentemente a beneficiar de apoios do clube?
Estatutos
Relativamente aos estatutos, concorda com as alterações aprovadas em 2018?
Tem algum plano quanto à revisão dos estatutos para o próximo mandato? Se sim em que temas pensa apresentar propostas aos sócios?
Finanças
Foi avançado que iriam promover formas de os sócios poderem ficar expostos direta ou indiretamente aos jogadores do plantel como ativos financeiros (“assim comparticipando de forma indireta nas contratações de jogadores”). Adivinha-se um novo instrumento financeiro tendo como ativo subjacente o plantel. Vamos ter um novo fundo de jogadores?
Qual o modelo de negócio que têm em mente para os investidores e para a SAD em relação a este tema de novos instrumentos financeiros?
Recuperar a reestruturação financeira que chegou a estar planeada com a banca envolvendo as VMOC, a sua recompra e a progressiva troca dos empréstimos bancários por empréstimos obrigacionistas é uma prioridade para si? Para implementar já?
Pretende fazer algo diferente ou admite pegar no plano já desenhado e implementa-lo?
Modalidades
Está confortável com continuar a ter a SAD a comparticipar de forma crucial os custos operacionais das modalidades?
É seguindo esse modelo que irá promover o regresso do Basquetebol ao clube?
Acha que essa dependência das modalidades face aos resultados do futebol pode ser evitada e ainda assim manter as modalidades competitivas?
Se sim, como?
A comunicação e promoção juntos dos sócios sobre as várias modalidades ao dispor para a prática desportiva parece claramente algo que ficou cristalizado, e em certos aspetos pior, do que tínhamos no século passado. A informação no sítio sobre a oferta é escassa e pouco fiável em termos de regularidade e abrangência. O Sporting pouco se distingue quanto a esse aspetos – comunicação, promoção e atração – de algumas agremiações desportivas de bairro, por vezes comparando pior com estas pela sua própria escala onde os seus associados e potenciais interessados ultrapassam em muito as fronteiras do “bairro natural” de implantação dos equipamentos.
O que pensa fazer quanto a estes aspetos mais relacionado com a vivência integral do clube como provedor de serviços desportivos em termos de comunicação e eventual expansão?
Futebol profissional
Já falou da necessidade de recuperarmos de algum atraso face aos nossos adversários e da necessidade de ter o futebol mais integrado nos diversos escalões e estruturas. O que pode dizer em concreto sobre esse tema?
Sobre o futebol profissional numa perspetiva nacional e de colaboração entre os clubes, parece evidente que há clubes que estão muito pouco confortáveis com a Liga de Clubes e não perdem a oportunidade de exacerbar as suas falhas elogiando de pronto da Federação. Estas reações e tendências poderão estar relacionadas com equilíbrios de poder e indiciam onde é que esses clubes sentem ter maior ou menor capacidade de condicionar as decisões dos respetivos órgãos em seu favor?
Da leitura do seu programa fica patente, no que se refere à arbitragem que defende que esta seja totalmente independente da federação. Qual a sua expectativa quanto a encontrar aliados para defender esta causa entre os restantes clubes de futebol?
Experiência durante o jogo em Alvalade/João Rocha
A qualidade e em especial da diversidade dos serviços oferecidos dentro do estádio durante os jogos é limitada. Já defendeu que quererá dotar o estádio de wi fi gratuito durante os eventos. Mas quanto aos produtos disponibilizados (alimentação) a verdade é que são sempre os mesmos, muito pouco saudáveis, onde é rara a inovação e pouco tem mudado no sentido de tornar toda a experiência e vivência dentro do estádio, já após a entrada, mais confortável e apetecível, em especial para as famílias.
Tem algumas sugestões ou ideias que pretende ver implementadas nesta matéria?
Pensa rever os contratos de concessão quanto à definição dos serviços?
Encher o Estádio
São raros os detentores de gamebox que conseguem assegurar presença em todos os jogos da temporada, apesar de serem comuns os empréstimos de gamebox. Se um sócio não conseguir emprestar a gamebox o lugar fica vazio e ninguém beneficia. Se o detentor da gamebox libertasse o seu lugar num dado jogo o clube poderia vender o lugar para esse jogo, o estádio estaria mais cheio e o sócio detentor da gamebox poderia receber uma compensação (crédito na loja verde, em bilhetes, etc). Admite considerar esta forma mais dinâmica de relacionamento com o clube ou antevê dificuldades importantes que não estão a ser consideradas?
E se tu fosses candidato à direção do Sporting? Que respostas tinhas? Ou por outras, que perguntas gostarias de vr respondidas pelos candidatos? E que respostas tu darias a essas mesmas perguntas.
Nos próximos dias tentarei alinhavar uma coleção de perguntas que gostaria de ver respondidas antes de decidir em quem votar. Com sorte, pode ser que as consigamos colocar aos próprios. Têm sugestões? Deixem-nas nos comentários. E vão pensando no tema. Fica o desafio
Será um processo em curso durante as próximas semanas.
Hoje deixo aqui as perguntas do momento que acho que também poderiam ser colocadas aos candidatos e que têm a ver muito concretamente com a situação das rescisões.
O mais certo é o odioso desta gestão ficar com a Comissão de Gestão e Sousa Cintra, evitando os candidatos comprometer-se com respostas que nunca poderiam agradar a todos (tal é a divisão interna) mas são perguntas que me atrevo a considerar pertinentes.
Neste caso, deixo aqui uma entrevista hipotética inspirada na discussão a que tenho assistido nos últimos dias. As respostas são as que eu tenho dado ou aquilo que penso do que vou vendo e sabendo. E você, candidato/eleitor, o que diria?
1) Achas que os jogadores que rescindiram têm razões de queixa em relação ao SCP enquanto entidade patronal?
Sim.
2) Suficientes para invocarem justa causa e rescindirem?
Provavelmente, mas não sei. Nem sei se podemos tratar os jogadores todos como um bolo. Provavelmente, não. Uns terão razões mais fortes que outros podendo até alguns ter justa causa e outros não. Não sei. Mas ninguém poderá garantir com certeza absoluta que o Sporting ganhará todas as causas. Há o risco real de, em alguns casos, ainda termos que indemnizar jogadores.
3) Achas que o SCP deve ser intransigente e não admitir qualquer negociação face aos contratos anteriores?
Não. Acho que face ao risco de perder mas também face ao que será o ganho potencial máximo caso se ganhe (que nunca serão as cláusulas de rescisão), face à demora no desfecho e face à importância de fazer um encaixe decisivo para estabilizar as finanças e conseguir reinvestir, a intransigência deve ser a exceção para algum caso e não a regra. Exacerbar o sentimento de orgulho ferido só irá piorar a situação para o clube.
4) Porque é que falas da importância do encaixe financeiro? Estás a referir-te aos €40 milhões de dívida de que falava o CM?
Não. Estou apenas a considerar que era aceite por todos que o Sporting teria de vender jogadores para financiar a próxima época. Rui Patrício e William eram os de venda mais provável e o encaixe esperado seria sempre de várias dezenas de milhões de euros. Esse dinheiro continua a ser preciso e tem de vir de algum lado. Quanto ao que vem no CM não faço ideia.
5) O que esperas dessas negociações?
Acho irrealista imaginar que vamos recuperar o valor comercial real dos jogadores. Iremos sempre gerar um encaixe a desconto. O tamanho do desconto dependerá da capacidade de negociação, do número de clubes interessados e até da robustez do caso contra o Sporting que cada jogador possa ou não ter.
6) Não achas que isso será um mau exemplo para o futuro? A partir de agora é tudo a rescindir, não?
Não espero que o SCP volte a ter cenas de pancadaria aos jogadores em Alcochete, nem espero voltar a ter um presidente que os destrate em público e privado de forma sucessiva e nominativa. Por isso, não, isto não poderá servir de exemplo pois a situação não se pode repetir. A situação só é crítica porque há, pelo menos, um mínimo de credibilidade nas razões para a rescisão.
7) Não achas que negociar é indigno para o Sporting?
Indigno é os prováveis co-autores e amigos dos que andaram por Alcochete a dar molho se passeiem pelas nossas bancadas glorificando o "feito" e pedindo "justiça" para os 23 (27). A defesa do melhor interesse do clube passa por garantir que não fica completamente na mão de futuros investidores e salvadores da pátria, algo que temo possa acontecer se não recuperarmos uma parte substancial do valor dos jogadores que rescindiram, rapidamente.