Uma treta
A crise aperta? Afinal parece que não. Pelo menos para alguns.
O Benfica saca por 24 milhões de euros um jogador uruguaio da segunda liga espanhola, com um arrepiante historial de lesões e apenas 20 golos marcados em competições oficiais seniores. Uma espécie de Cavani dos pequeninos. É quanto basta para se tornar de imediato o jogador mais caro do futebol português e a quantia envolvida constituir recorde absoluto na segunda divisão do país vizinho.
Entretanto um jogador de segunda linha do Porto acaba de rumar ao Wolverhampton. Currículo do rapaz? Anotem estes números impressionantes: jogou uma vez como titular na Liga, tem um golo marcado no campeonato e menos de 800 minutos ao serviço da equipa principal. "Argumentos" que bastaram para que "o clube mais português de Inglaterra" abrisse generosamente os cordões à bolsa, libertando 40 milhões de euros para os depauperados cofres do FC Porto. O que torna o rapaz no terceiro sub-18 mais caro do futebol mundial, ultrapassado apenas por duas contratações do Real Madrid.
Verbas astronómicas como estas, em tempos de severa contracção das receitas financeiras a nível mundial devido às incertezas da pandemia, deviam ser rastreadas como o novo coronavírus. Investigadas até ao último cêntimo.
Mas sou capaz de apostar que isso não vai acontecer. Conclusão: o chamado fair play financeiro no futebol continua a ser uma treta.