Uma semana a derrapar ladeira abaixo
A semana começou negra para o nosso mais velho e histórico rival. Com processos judiciais, investigações, suspeitas, más exibições em campo e um empate comprometedor arrancado a ferros no Restelo.
Começou auspiciosa para nós, no rescaldo imediato da conquista da Taça da Liga e uma vitória que nos projectou para o comando do campeonato.
Chegados ao fim da semana, tudo se tinha invertido. Marcámos passo no campeonato, deixámos os rivais distanciar-se, tivemos a primeira derrota em campo. E percebemos, estupefactos, que o nosso presidente ameaça abandonar funções, batendo com a porta.
O que houve neste curto espaço de poucos dias, quando devíamos manter concentração total na campanha pela conquista do campeonato nacional de futebol? A apresentação de uma precipitada proposta de alteração dos estatutos leoninos que claramente não reúne consenso entre os sócios, a realização de uma acidentada assembleia geral muito mal conduzida pelo respectivo presidente e a suspensão sine die dessa mesma reunião magna, antecedida e seguida de novas declarações intempestivas de Bruno de Carvalho, o homem que teima em disparar contra tudo e todos, acabando por roubar protagonismo ao Benfica precisamente quando este clube se encontrava na mó de baixo.
Ignorando, uma vez e outra, os bons conselhos que tantos de nós já lhe demos: devia distanciar-se da bolha do facebook, a que se agarra noite e dia como um vício e lhe desperta uma insólita vocação de Quixote, imaginando combater gigantes onde apenas existem moinhos.
Os benfiquistas só podem agradecer ao nosso presidente, que insiste em tornar o Sporting notícia por péssimas razões e em disparar contra o inimigo interno como se não houvesse adversários reais fora de Alvalade. Quase um ano depois, ele parece não saber ainda o que fazer com o esmagador apoio que 90% dos sócios lhe manifestaram nas urnas. Mostrando-se estranhamente obcecado com os restantes 10%, que não lhe confiaram o voto, como se vivesse em permanente crise de auto-estima.
Uma semana a derrapar ladeira abaixo, portanto. Haverá quem diga, uma vez mais, que se trata apenas de uma lamentável série de coincidências. Começo a convencer-me que não.