Uma orquestra em construção
Mais uma vitória deste Sporting de Rúben Amorim perante uma equipa com a qual tinha perdido na 1ª volta, fruto duma superioridade evidente e por um resultado que apenas pecou por escasso.
A partir dum modelo táctico atípico no que ao futebol português diz respeito, bem diferente do utilizado na formação, estamos a conseguir ganhar os jogos ao mesmo tempo que preparamos a próxima época, lançando jovens e testando a sua adequação a determinadas posições. Percebe-se bem que os jogadores entram em campo para fazer determinadas coisas treinadas e não deixadas ao sabor do improviso, a equipa consegue avançar e recuar harmoniosamente no terreno, intervalar progressão apoiada com passes longos e variações de flanco, e ser eficaz nas bolas paradas defensivas e ofensivas. Depois, claro, acontecem aqui e ali erros por querer fazer bem que por vezes se pagam caro, falhas deste ou daquele, ou simplesmente falta de categoria dum ou doutro. Digamos que a orquestra ainda está em construção, a partitura é complicada e requer inteligência na interpretação, a qualidade de jogo está ainda longe de ser entusiasmente, e sendo assim a nota artística não pode ser famosa.
Mas a base da orquestra está encontrada. Ontem, 10 dos 15 utilizados são sub-23, muitos deles a beneficiar do processo de selecção levado a cabo por esta Direcção e que incluiu a sua integração no estágio de pré-época com Keizer. Alguns deles são simplesmente muito bons, não demorarão muito a impor-se nas Selecções A respectivas e a valer muitos milhões.
E que dizer dos outros? Coates, Borja e Ristovski beneficiaram imenso com este sistema. Sporar trabalha bem mais do que finaliza, mas isso não chega. Neto ficou na sombra de Coates. Os argentinos ressentiram-se imenso com a paragem. Renan, Ilori, Eduardo, Rosier e Mattheus Oliveira parecem definitivamente cartas fora do baralho. LP29, com as limitações decorrentes da lesão grave no joelho, também não sei se terá lugar. Quando tinha tudo para finalmente engrenar, o Francisco Geraldes... aleijou-se. Ou é mesmo falta de sorte ou trata-se daquilo que distingue as eternas promessas daqueles que chegam longe na profissão.
SL