Não foi apenas um erro: foi uma clamorosa injustiça.
E o injustiçado chama-se Adrien Silva.
Deu até a sensação de que o seleccionador não foi acompanhando os desafios do Sporting ao longo da temporada. Se o tivesse feito, com olhos de ver, seria incapaz de excluir da viagem ao Brasil aquele que é um dos melhores médios centrais presentemente a actuar no campeonato português.
Em seis dos 30 jogos do Sporting no campeonato passado considerei-o o melhor sportinguista em campo - em casa contra o V. Setúbal e fora contra o Arouca, o Benfica, o Marítimo, o Paços de Ferreira e o Belenenses.
Só William Carvalho, na minha perspectiva, foi o nosso melhor jogador também em seis encontros - em casa contra o Paços de Ferreira, o Nacional, o FC Porto e o V. Guimarães, e fora contra a Académica e o FCP.
Seguiram-se André Martins e Slimani (os melhores em quatro jogos cada), Montero (três) e Cédric (dois). Wilson Eduardo, Capel, Carlos Mané, Carrilloe Dier receberam menções de melhor em campo apenas uma vez.
É verdade. Mais um motivo para não nos cansarmos de protestar contra esta iniquidade. Que prejudica, desde logo, alguns dos melhores jogadores portugueses - e, por arrastamento, o próprio futebol nacional.
Pedro, não sei o que mais impressiona: se a falta de memória (e até de alguma decência) com que hoje muitos sportinguistas cospem no Paulo Bento, se a crença quase infantil de que se o Adrien Silva tem ido ao mundial tudo teria sido diferente e talvez até tivéssemos sido campeões do mundo. A segunda oferece-nos uma gargalhada saudável e bem disposta. A primeira, porque de um linchamento de carácter se trata, é apenas triste.
Uma nota para os tontinhos das teorias da conspiração: o Adrien Silva, que só não terá ido ao mundial por causa dos interesses que manobram a selecção, tem como empresário - imaginem - o Jorge Mendes, acusado de protagonizar esses interesses que manobram a selecção. Tal como o William Carvalho, que o Paulo Bento pouco valorizou. Ou o André Martins, que nem chamou. Ele há coisas…
Criticar Paulo Bento é "cuspir" no seleccionador nacional? Estranho critério esse, André. Se a moda pega - por exemplo, na política - qualquer dia ninguém poderá exercer o livre direito à crítica.
Sobre Adrien - e a inexplicável ausência do jogador, reforçada pelo humilhação de ter sido preterido por João Mário no lote dos 30 pré-selecionados - não tenho a menor dúvida de que Paulo Bento cometeu um clamoroso erro de avaliação. Um erro que ficará ainda mais evidente à medida que o tempo passar.
Quanto às teorias da conspiração, não me apanhará a cultivar nenhuma. Possa eu dizer o mesmo em relação a vocês se os resultados da temporada corresponderem aos da pré-época...