Uma imensa desvergonha
É preciso ter uma enorme desfaçatez para vir agora, com palavras doces e asinhas de anjo, ler um papel onde vem escrita a frase "Temos de comunicar 'Benfica, Benfica', estar acima do ruído e ignorar os medíocres."
Quem agora quer estar "acima do ruído" é o mesmo que plantou nas pantalhas dois dos maiores arruaceiros de que há memória nos anais do futebol palrado; o Guerra e o Ventura, por esta sequência cronológica. Dois sujeitos que, sem nada perceberem do jogo jogado, transformaram os debates televisivos em guerras verbais sem Convenção de Genebra, onde a calúnia substitui o argumento e vale tudo menos tirar olhos.
Quem assim fala é o mesmo que sustenta uma rede de cartilheiros municiada por um profissional da intriga.
Quem assim fala é o mesmo que tutela uma estrutura de comunicação capaz de difundir vídeos manipulados, como ainda há dias todo o País testemunhou.
Quem assim fala é o mesmo que teve o desplante, há uns anos, de invadir um estúdio de Carnaxide, interrompendo a emissão da SIC em directo só porque não lhe estava a agradar aquillo que ouvia.
Quem assim fala é precisamente o mesmo que se permite alimentar claques ilegais que andam há anos a cometer crimes de ódio, com lamentável impunidade, nos principais estádios portugueses.
Quem assim fala é indiscutivelmente o mesmo que se atreveu a profanar a memória de um adepto leonino assassinado, insinuando que ele nunca devia ter-se atrevido a aproximar do estádio do Benfica à hora a que foi morto, como se isso alguma vez pudesse ser justificação para tal homicídio.
É, de facto, necessário ter uma enorme desfaçatez. Direi até: uma imensa desvergonha.