Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

És a nossa Fé!

Uma guerra necessária

132033_ori_.png

Pinto da Costa tem quase tantos anos de responsável directo do futebol do FC Porto como eu tenho de bancada de Alvalade, pelo que pude acompanhar com mais ou menos atenção a sua carreira de dirigente desportivo, sem dúvida recheada de sucessos mas também de zonas bem cinzentas, eticamente reprováveis, indecentes ou potencialmente criminosas, das quais consegue sempre arranjar maneira de se safar devido à sua enorme habilidade política que lhe permitiu construir uma teia de amizades e cumplicidades transversal a toda a sociedade do grande Porto e não só.

João Rocha, sempre distraído com a sua ideia que o Sporting CP era muito mais que futebol, apenas pontualmente conseguiu travar a ascensão do clube liderado por aquele que tratava como "Pintainho da Costa". E foi assistindo à fuga de jogadores importantes, como Dinis, Alhinho, Eurico, Inácio e Futre.

Damas e Manuel Fernandes só não sairam porque não quiseram. João Rocha foi buscar jogadores de segunda linha, como Romeu e Gabriel, ou tipo "boomerang" de compromisso duvidoso (que o diga Manuel José), como António Oliveira, Jaime Pacheco e Sousa. E foi muito desgastado por essa guerra, para a qual nunca contou com o apoio do SL Benfica e do seu presidente Fernando Martins.

Depois de quatro épocas sem nada ganhar João Rocha saiu de Alvalade por uma porta bem mais pequena daquela que merecia.

 

Dias da Cunha foi outro presidente que denunciou "o sistema", o controlo mafioso pelo Porto das instâncias de poder do futebol em geral e da arbitragem em particular, cujas origens estão bem descritas no livro "Golpe de Estádio" (que custou ao autor uma monumental sova à porta de casa). E, conquistando campeonato e Taça, logo viu a estrela do plantel, Jardel, ser "trabalhada" rumo à sua perdição.

 

Frederico Varandas chegou a presidente conhecendo bem quem e como mandava no futebol português e tentou uma aproximação com os poderes instituídos numa óptica de boa vontade e de ganho de tempo para a recuperação do clube, grandemente fragilizado pelo assalto a Alcochete e pelo processo que levou à expulsão do ex-presidente.

Isto permitiu-lhe encontrar, apesar de tudo (da Unilabs, do CD da FPF, do CA/APAF, do Soares Dias em Braga, etc), a tranquilidade necessária para ganhar. Assim, no seu primeiro mandato, o Sporting ultrapassou o FC Porto em termos de títulos internos (6).

 

Reeleito, esmagando nas urnas um candidato com raízes no Porto, muito acarinhado pelo jornal desportivo da cidade e apoiado pela franja devota do ex-presidente que pelos vistos se tornou grande amigo do tal "Pintainho" de que falava João Rocha, o FC Porto fez de Varandas o inimigo a abater e, com ele, o Sporting CP.

Isto aconteceu de todas as formas possíveis, como se viu no confronto do Dragão para a Liga e em tudo o que se passou no relvado e fora dele. Foi esse o ponto de decisão desta temporada. O FCPorto fez de tudo para não perder e conseguiu-o no relvado, pela mão de João "2 cms" Pinheiro, e fora dele embuscou e roubou o nosso presidente.

 

Tendo conseguido triunfar na temporada através dum percurso marcado pelos mergulhos acrobáticos, pelos deslizes de jogadores adversários e por análises de VAR azuladas, os ladrões do Dragão por punir e as penas dos seus para serem gozadas nas férias, Pinto da Costa foi aproveitando para gozar e achincalhar Frederico Varandas e o Sporting CP. 

O que disse Frederico Varandas no domingo em Carregal do Sal, por muito que custe ouvir a muita gente, é verdade. E não devia ser. O jogo devia ser limpo, os árbitros honestos, os dirigentes corruptores serem condenados e deixarem o dirigismo, os cargos serem ocupados por gente idónea e com vergonha na cara. Mas não é isso que temos em Portugal.

Goste-se ou não das consequências imediatas das palavras do nosso presidente, a questão é que é uma guerra mesmo necessária que o clube tem de enfrentar para prosperar. A guerra pela verdade desportiva, pelo futebol dentro do campo, pelo poder da representatividade e capacidade de mobilização de cada clube, pelo acabar do financiamento encapotado a organizações muito perigosas que mandam na noite e por vezes são visitas não desejadas de estabelecimentos de árbitros e familiares.

A guerra que João Rocha entendeu travar, na qual não teve sucesso porque se calhar não quis sujar as mãos, e que outros presidentes do Sporting depois dele atraiçoaram.

 

A estratégia de Pinto da Costa sempre foi dividir para reinar. Dum lado da circular um amigo, do outro um inimigo, alternado conforme o momento e o idiota útil disponível.

No dia em que os dois lados se entenderem sobre este assunto, e ultrapassarem os excessos anti de um e doutro lado (alguns derivados de guerras de claques com motivações extra-futebol) em benefício de objectivos de ambos, o domínio do FC Porto "è finito".

Para mim é claro como água. 

 

Para o benfiquista José Manuel Delgado director de "A Bola", também:

"E já que se fala em política, talvez seja bom recordar que ao longo das quatro décadas de mandato de Pinto da Costa muitas foram as vezes que procurou aliar-se, à vez, a um dos grandes de Lisboa (mais ao Sporting do que ao Benfica...), diabolizando e ostracizando o outro, com uma constante desta estratégia: o Porto saiu sempre a ganhar, comendo as papas na cabeça ao aliado de circustância."

Só faltou demonstrar que foi mesmo mais o Sporting que o Benfica, se calhar foi mesmo o oposto...

 

Até lá vai ser bem complicado, mesmo que um dia destes alguém caia da cadeira, e em vez de "pintainho" tenhamos "ruizinho" ou outro "inho" qualquer.

Como muito bem disse Rui Gomes da Silva  (veja-se o post que fiz sobre o assunto e respectivos comentários) do outro lado da 2.ª circular:

"É proibitivo apoiar para novo mandato na Federação Portuguesa de Futebol qualquer dirigente que não tenha feito nada para acabar com a impunidade do FC Porto ou de qualquer outro clube que ache estar acima das leis."

 

PS: Pergunta Gonçalo Guimarães, também n'"A Bola": "Porque é que havia jogadores do Braga a chorar após perderem no Seixal, frente ao Benfica, o jogo que deu o título de juniores ao Benfica em detrimento do Porto? Alguém me explica?"

Porque será, Gonçalo? Será do Guaraná?

SL

48 comentários

Comentar post

Pág. 2/2

{ Blogue fundado em 2012. }

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Pesquisar

 

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D