Uma estranha sensação de Déjà vu
1 - Ontem o jogo em Alvalade mostrou um Sporting bipolar: com um futebol escorreito e quase vistoso, com a bola a chegar com perigo à área do adversário na primeira meia hora, e depois uma equipa extremamente insegura, hesitante, com um meio campo excessivamente permeável e demasiados passes falhados (não há ninguém melhor que Doumbia para fazer o número 6?). Para isso não ajudam nada os sinais que vêm da bancada – os adeptos estão impacientes e intransigentes para com o falhanço. Receio que a recuperação de confiança da equipa ainda demore: tarda uma exibição concludente com o consequente resultado. Aqueles jogadores são capazes de muito mais.
2 - Também não gostei do espectáculo final do topo sul, onde as claques afinal se mantêm impunemente empenhadas, não a apoiar o clube, mas para derrubar revolucionariamente o presidente eleito. O Sporting não pode ser dirigido a partir da rua, muito menos pelas claques - nenhuma instituição sobrevive em permanente sobressalto revolucionário. A direcção também precisa de paz institucional, cumprir o mandato para que foi eleita, de preferência corrigindo os erros cometidos na gestão do futebol profissional. Julgo que não seja preciso um curso superior para entender que, com os maus-tratos dos últimos anos, o que está em jogo é a sobrevivência do Sporting como nós o conhecemos. Temos de pôr fim a este processo de autofagia. Não somos campeões há 18 anos? Olhem para o Liverpool (e tantos outros históricos da Liga Inglesa).