Uma estrada cheia de obstáculos
Faltando ainda dois jogos para terminar esta época, com os dois primeiros lugares da liga decididos, podemos, e acima de tudo devemos, olhar para trás e analisar tudo o que foi feito por esta direcção até hoje.
Esta direcção pegou num clube falido, muito para lá do precipício para onde íamos gloriosamente já em queda livre.
Nas primeiras duas semanas de mandato, foi esta direcção confrontada com a não realização de promessas eleitorais. Havia quem exigisse nessas duas semanas que os problemas financeiros, primeiro, e desportivos, depois, ficassem resolvidos. O falhanço desta direcção, diziam, foi estrondoso. Os problemas financeiros não foram logo resolvidos, e era tão fácil resolvê-los em duas semanas, bastava que não tivesse sido eleito um garoto vindo das claques, que gostava de se sentar no banco durante os jogos, heresia suprema.
O caminho até aqui não se fez, como se costuma dizer, caminhando. Foi uma estrada cheia de obstáculos percorrida em passo muito apressado: os credores, outrora benevolentes, fizeram sentir o seu peso e o seu desgosto por nas urnas terem sido contrariados. Houve por parte de uma maioria de sócios o desplante de elevar a presidente alguém que os afrontou e desmascarou.
Ao mesmo tempo que defendia perante antigos parceiros os interesses reais do nosso Sporting, Bruno de Carvalho conseguiu, para lá da contratação de um excelente treinador e resolução de infindáveis tropelias deixadas por resolver, incutir algo há muito esquecido. A porta 10A , para quem ainda se lembra, era o local mítico por onde entravam e saiam os jogadores. Era onde os sócios e adeptos esperavam os seus ídolos. Era o local de cobrança, onde aqueles que eram aplaudidos no campo desciam à terra. Ali se via a grandeza do nosso clube. Durante anos foi-se tentando enraizar no Sporting a incapacidade natural de não almejar mais que lugares secundários, desde que se garantisse o retorno financeiro adequado. O espírito da porta 10A foi-se desvanecendo com a anuência de quem liderava o clube.