Uma amiga chamada Hope
Este é o carro dos papás dela, um Bentley Bentayga, verde.
Hope e o meu filho têm a mesma idade, ela é mais nova um mês e pouco, não estudam no mesmo colégio mas brincam, brincavam, no mesmo parque infantil.
Este foi o último dia que estiveram juntos, ela atirava bolas de sabão e ele tentava apanhá-las entre correrias e risos.
Foi a mãe de Hope que me disse que, provavelmente, seria o último dia que estariam ali, não fiz perguntas (mas tive vontade) não fotografei os adultos nem as crianças (a privacidade é um valor importante) deixei os miúdos divertirem-se. Hope partiu primeiro com a família.
Fiquei a pensar na efemeridade.
Hope com quatro anos já vivera na Holanda, na Alemanha, na Ucrânia, no Brasil, em Portugal e preparava-se para ir viver em Itália.
Como é que se podem construir relações e existir estabilidade?
Dizem-nos que valemos 100 milhões mas depois despacham-nos por 28 milhões, no caso de Morato 30 milhões no ano passado não foram suficientes mas este ano, 11 milhões, para o mesmo clube, já chegaram.
Tenho pena pelos donos do carro verde com acabamentos a negro, como o nosso equipamento principal, tenho pena que Hope e tantas meninas e meninos como ela não possam ter uma vida estável.
Tenho pena que os pais, apesar das promessas, sejam emprestados ou vendidos mesmo com um contrato de trabalho em vigor.
David é apenas um exemplo, que seja muito feliz, ele a família, em Nápoles.