Um plantel curto mas equilibrado
Existem duas grandes razões para explicar a diferença entre o desempenho da equipa nesta primeira metade da época e a do mesmo momento da época passada. A exigência da Champions relativamente à Liga Europa e o equilíbrio do plantel em termos físicos e técnicos.
Rúben Amorim sempre foi apologista de plantéis curtos, à moda inglesa: cerca de 20 jogadores "adultos" polivalentes e adaptáveis, o resto jovens "estagiários" da formação. Isso garante oportunidades para todos e facilita um balneário saudável.
Pensou o plantel da época passada para um modelo de jogo de avançados móveis ao jeito dos grandes clubes ingleses ou espanhóis, descurou o peso e altura na zona central, a lesão de Paulinho no início da temporada não ajudou e a equipa sofreu bastante na primeira volta da Liga.
Para esta época contava já com Diomande. Vieram Gyökeres e Hjulmand, Fresneda foi uma terceira opção ainda muito jovem. E, mesmo com os problemas físicos recorrentes de St. Juste, conseguiu-se um plantel curto mas com diferentes soluções para diferentes problemas.
Na baliza, Adán e Israel têm dado conta do recado, mesmo que distantes daquela excelência que faz a diferença frente aos rivais. Diego Callai acabou de ser emprestado e no final da época se definirá o futuro na posição.
Na defesa temos dois dos jogadores mais valiosos da Liga: Diomande e Inácio. St. Juste estaria no mesmo plano se não fossem as lesões. Coates começa a sentir o desgaste da carreira. Matheus Reis e Neto fiáveis dentro das suas possibilidades e limitações e Quaresma a recuperar a olhos vistos do fosso em que se deixou enfiar. Pontelo parece ser um projecto de Feddal para a próxima época. Os (demasiados) golos sofridos têm mais a ver com as flutuações do quinteto composto pelos três defesas e dois médios do que pelo desempenho individual dos defesas.
Nas bandas laterais, entre alas e interiores - Pedro Gonçalves à parte, que esse é doutro patamar competitivo - todos começaram relativamente mal a época mas têm vindo a crescer de rendimento individual.
Esgaio, com todas as suas limitações em termos de definição de lances atacantes, cumpre o que lhe é pedido.
Nuno Santos começa finalmente a centrar em condições, mas continuo a pensar que Catamo e Edwards combinam bem mas já Edwards e Trincão não deviam jogar juntos, que Trincão é muito mais objectivo quando joga do lado esquerdo, mas ali é o lugar de Pedro Gonçalves, o jogador mais importante da equipa em termos de manobra colectiva.
Pedro Gonçalves no ataque significa que o meio-campo joga com 2,5 elementos, o mesmo no meio-campo, significa que joga com 1,5 elementos, e a defesa fica necessariamente exposta. Afonso Moreira precisaria de sair para rodar, de momento pouco acrescenta à equipa.
No miolo também Hjulmand, Morita e Bragança têm progredido imenso física e tecnicamente ao longo da época, o japonês muito "castigado" pelos compromissos da selecção. Essugo precisa de sair para jogar, o francês do Valência será também um projecto para a próxima época. Continuo sem perceber porque é que Diogo Abreu não tem hipóteses, nem que seja no banco, como já tiveram outros que não demonstram a mesma maturidade e competência quando jogam na B.
No centro do ataque, Gyökeres e Paulinho (este com a falta de instinto matador que vem de longe) dão garantias, quer jogue apenas um ou em dupla, são os dois melhores marcadores da equipa e dos melhores marcadores da Liga. Assim nunca mais tivemos os avanços suicidas de Coates no terreno a meio da 2.ª parte.
De qualquer forma mais um avançado seria bem vindo. Rodrigo Ribeiro está a passar ao lado da época, e o Nel ainda está muito verde.
Que tipo de avançado? Um "rato de área" com bom jogo de cabeça. Por exemplo o Bozenick, do Boavista: 24 anos, 1,88m, 9 golos na temporada.
Tudo isto obviamente supondo que nenhum grande inglês chega aqui e bate a cláusula dum ou doutro. Espero bem que não.
Assim sendo, o (meu) melhor onze do Sporting ainda não alinhou:
Adán; Diomande, Coates e Inácio; St. Juste, Hjulmand, Morita e Nuno Santos; Edwards, Gyökeres e Pedro Gonçalves.
Trocava algum destes por jogadores dos dois rivais? Se calhar um ou dois, mas não mais que isso.
Chega para sermos campeões? Ainda agora a primeira volta terminou, até Maio muita água passará por baixo das pontes. Vamos com calma, jogo a jogo, que a sorte nos acompanhe, e que a arbitragem tenha a isenção que até agora não demonstrou sempre em prejuízo do Sporting relativamente aos dois rivais.
SL