Um grupo ou uma selecção?
De há muito que entendo que uma selecção do que quer que seja no campo desportivo deverá ter um núcleo, chamemos-lhe residente, forte e coeso e ser acrescentada com os melhores à altura, no momento necessário.
Um núcleo duro é importante porque uma selecção deve também ser uma equipa e não um conjunto de personalidades, o que em regra conduz a lado nenhum. Os melhores à altura, porque acrescentarão qualidade aos que são a base de trabalho.
Este núcleo deverá ser constituído por meia dúzia de inquestionáveis, que mantenham uma regularidade competitiva acima da média de modo a que não seja colocada em causa a sua inclusão neste grupo. Aqui estão, no caso do futebol, Cristiano Ronaldo, Diogo Costa, Bruno Fernandes, Bernardo Silva, João Palhinha e mais um ou outro.
Depois, há que escolher, para cada uma das posições, os melhores a cada momento. Eu diria que é simples.
Roberto Martínez acha que não. Acha que deve ter um grupo alargado de jogadores que, quer estejam em forma ou não, quer joguem regularmente nos seus clubes ou não, quer estejam lesionados ou não, serão sempre convocados. Em detrimento de outros que possam ter estado a nível elevado durante toda a época e ter até sido campeões pelos seus clubes. Imagino como deve estar arrependido de não ter optado pela selecção brasileira o Matheus Nunes, que teria lugar cativo na canarinha depois de ser presença assídua no campeão inglês Manchester City.
Esta escolha, optando por alguns jogadores de rabo quadrado por tanto lustrarem os bancos de suplentes, por alguns vindos de lesão prolongada que irão fazer a recuperação durante a competição e por nulidades que pontificam em campeonatos periféricos ao nível da segunda divisão portuguesa, terá duas leituras: Ou Roberto Martínez é teimoso, ou é um pau mandado. Atendendo à percentagem de representados por Jorge Mendes neste grupo de jogadores agora divulgado, 70% se li bem, inclino-me mais para a segunda hipótese. Saiu Fernando Santos, temos um novo Fernando Santos, nada de novo portanto no ludopédio luso.
Sabendo que, contando com o seu grupo de eleição que serão os que jogam, mesmo que alguns com as pernas às costas, o onze-base e os suplentes estavam há muito escolhidos e aos restantes estará reservado um lugar cativo na bancada, custa ainda assim não ver neste grupo Matheus Nunes, campeão inglês com muitos minutos nas pernas, Pedro Gonçalves, Francisco Trincão, Nuno Santos e Paulinho, campeões portugueses que bateram todos os records, alguns também pessoais, nesta época.
Enfim, #martinezpaumandado será uma bela hashtag, que farei por divulgar e não é o percurso impoluto na qualificação que me fará mudar de ideias. Quando for a sério, quero ver alguns pés de sebo que convocou a darem barraca da grande e estar de camarote a ver alguns dos indefectíveis a torcerem-se para justificarem o injustificável.
Com o meu apoio não conta, cavalheiro.