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És a nossa Fé!

Um genuíno momento de alegria

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Quatro minutos da segunda parte do Portimonense-Gil Vicente de ontem. Lucas Fernandes acaba de fazer um grande golo, num disparo em arco fora da área, carimbando a vitória tangencial da equipa algarvia. Num estádio despido de público em consequência das dúbias normas sanitárias emanadas do mesmo governo que já autorizou os portugueses a frequentar restaurantes, teatros, cinemas, salas de concerto e centros comerciais.

Acto contínuo, os colegas de equipa romperam o gelo, envolvendo Lucas em calorosos gestos de júbilo pelo golo, que lhes valeria os três pontos. Mandando assim às malvas as draconianas recomendações da Direcção-Geral da Saúde, entidade que assobia para o lado quando toca a encher voos comerciais enquanto ordena que as bancadas permaneçam vazias: «Nenhuma competição pode ocorrer com público no interior dos estádios até ao final da temporada.»  Mesmo naqueles - e são muitos - que já nem se lembram da última enchente registada.

Manda o código de conduta em vigor que se imponha o "distancimento social" (estúpida expressão) num jogo de futebol, desporto que vive do permanente contacto físico entre os protagonistas, em situações que vão da simples disputa da bola à marcação de livres ou cantos. E, claro, dos instantes que se sucedem aos golos - expoente máximo desta modalidade que apaixona o mundo.

 

Fizeram os jogadores do Portimonense muito bem. Ao contrário do que sucede na Alemanha, onde se recomenda expressamente aos profissionais do futebol que «evitem contactos com as mãos para comemorar os golos», devendo usar-se em alternativa os cotovelos ou os calcanhares. Coisa mais imbecil.

Foi um momento de genuína alegria numa partida amorfa e cinzenta que assinalou o controverso regresso às competições nesta era pandémica: um futebol "mascarado", sem emoção e sem público.

Chamar-lhe "25.ª jornada da Liga 2019/2020", que fora suspensa três meses atrás, é um embuste. Porque estamos, na prática, perante um futebol de pré-época. Num contexto tão diferente e tão cheio de condicionalismos específicos que só num exercício de profunda abstracção podemos estabelecer linhas de continuidade entre um período e outro.

 

No final do jogo, o treinador do Gil Vicente falou como de costume, sem papas na língua. Dizendo em voz alta o que quase toda a gente pensa mas evita exprimir: «Os clubes aceitaram tudo o que a DGS propôs para retomar o futebol, mas não o deveriam ter feito. Futebol sem público não é o futebol a que estamos habituados. Precisamos de público.»

Fez Vítor Oliveira muito bem.

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