Um filme de terror
Não sei se viram ontem à noite uma grande reportagem da SIC intitulada Testa de Ferro. Centrada no arguido Luís Filipe Vieira, ex-presidente do Sport Lisboa e Benfica.
Tudo começa em 1984 com um furto digno de fita de gangsters: Vieira participa no desvio ilícito de um camião e um reboque pelo qual viria a ser condenado, só em 1993, a 20 meses de prisão - pena que não chegou a cumprir por beneficiar de uma oportuníssima amnistia.
Começou aí o sinuoso percurso público do antigo paquete que durante uma década liderou o Alverca, clube-satélite do Benfica que em 2005 seria banido das competições profissionais. Foi muito próximo de Pinto da Costa, chegando a inscrever-se até como sócio do FC Porto, mas surgiria em destaque no SLB como director desportivo no mandato de Manuel Vilarinho, acabando por lhe suceder na presidência em 2003. Logo ele, que em 8 de Maio de 1998 dizia: «Não sou um homem do futebol. Quero ir-me embora muito rapidamente.» Não foi, como sabemos. Só saiu há quatro meses, empurrado pelo Ministério Público.
A partir de 2003 mergulhamos num verdadeiro filme de terror. Com a entrada em cena de Ricardo Salgado, Joe Berardo e vários outros sujeitos nada recomendáveis. Durante sete anos, entre 2007 e 2014, o BES "emprestou" 335 milhões de euros ao SLB. Já em 2001 tinha sido o mesmo banco a financiar a transferência de Simão Sabrosa do Barcelona para a Luz.
Não vou resumir mais. Limito-me a deixar a recomendação: não percam.
O episódio de ontem é o primeiro de quatro.