Um erro colossal (texto revisitado)
A 15 de Maio de 2015, exactamente três anos antes da dramática violação das instalações de Alcochete, que traçou uma linha fronteiriça - uma espécie de "11 de Setembro" - no Sporting, escrevi neste blogue um texto que hoje lembro:
https://sporting.blogs.sapo.pt/um-erro-colossal-2031028
Dois excertos:
«Mudam as gestões, mudam os nomes inscritos no gabinete presidencial, mas o Sporting mantém-se fiel à péssima tradição de ser um cemitério de treinadores. O experimentalismo contínuo, que não permite sedimentar processos de jogo e modelos tácticos nem criar verdadeira empatia entre adeptos e equipas técnicas, tornou-se lei comum em Alvalade. A instabilidade não vem de fora, vem de dentro.»
«Como escrevi aqui em Dezembro, "o destino de um está ligado ao destino do outro. Ou seja, o fracasso de Marco Silva representaria também o fracasso de quem o contratou e o vinculou contratualmente ao Sporting durante quatro anos". Não é preciso nenhum especialista externo em "gestão de crises" soprar-lhe esta evidência ao ouvido para Bruno de Carvalho ter a certeza absoluta de que será assim.»
Isto a propósito dos rumores (que viriam a concretizar-se) do iminente despedimento de Marco Silva, último treinador que até hoje deu um troféu digno de nota ao Sporting - alvo também ele, como depois sucederia com Jorge Jesus, de inadmissíveis actos de bullying por parte do presidente da SAD leonina.
Ambos, curiosamente, em situação muito semelhante, a poucos dias da realização de uma final da Taça verdadeira.
Muitos dos que aplaudiram Bruno de Carvalho em 2015 viriam a criticá-lo por aplicar a mesma receita a Jesus em 2018.
Mas as sementes do poder inconsistente, experimentalista e errático no Sporting, ao sabor dos estados de alma do presidente, já lá estavam.
Lamento muito, mas ao revisitar este meu texto verifico que o início do fim do consulado Carvalho esteve precisamente ali, como naquele instante exacto intuí: no absurdo despedimento de Marco Silva logo após ter vencido a Taça de Portugal para o Sporting.
Sete anos depois da última conquista, com Paulo Bento ao leme do plantel.
A partir daí, foi sempre a descer ladeira abaixo.
"Um erro colossal", assim lhe chamei. E reafirmo.
P.S. - Vale a pena reler também a caixa de comentários desse meu texto de 15 de Maio de 2015.