Um árbitro nocivo ao futebol
Foi uma indignidade (com a inconfundível marca de Jorge Sousa) vermos Bruno Fernandes, o melhor jogador do futebol português e também o mais fustigado por lances à margem das leis do jogo, receber um cartão amarelo, e o consequente vermelho - algo inédito, até agora, na sua carreira como profissional -, pela primeira falta que fez, já no tempo extra, após ter sido ceifado oito vezes no mesmo jogo (incluindo uma falta que devia ter dado um penálti ao Sporting e à qual o apitador fez vista grossa). Sem que nenhum desses adversários que o derrubaram em lances promissores tivesse recebido sanção disciplinar, como se impunha.
Revi o jogo e contabilizei essas faltas.
Minuto 13: Bruno é derrubado sem bola pelo ganês Ackah sobre a linha do meio-campo. Falta óbvia, não-assinalada.
Minuto 19: Bruno vence um lance dividido na grande área do Boavista. Ricardo Costa, chegando atrasado, agride o capitão leonino, golpeando-o com o braço nas costas. Falta que ficou por assinalar: devia ter sido marcado penálti contra a equipa da casa.
Minuto 20: Bruno é desarmado em falta por Ackah, próximo da meia-lua defensiva. Falta assinalada, sem sanção disciplinar.
Minuto 25: Bruno desarmado em falta por Ackah, na mesma zona do terreno. Falta assinalada, sem sanção disciplinar.
Minuto 36: Bruno derrubado à margem da lei por Ackah no início da construção de um lance ofensivo. Falta assinalada, sem sanção disciplinar.
Minuto 45: Bruno sofre um toque de Fabiano por trás quando estava na posse de bola já no meio-campo do Boavista. Falta assinalada, sem sanção disciplinar.
[No minuto 49, Bruno Fernandes vê um cartão amarelo por protestar junto do árbitro auxiliar contra um cartão da mesma cor exibido ao colega Acuña.]
Minuto 73: Bruno é derrubado por trás quando construía lance ofensivo. Entrada de Stojiljković, claramente à margem da lei, ficou por assinalar.
Minuto 86: Bruno é derrubado por trás quando transportava a bola no meio-campo adversário. Falta de Carraça, assinalada. Mas sem sanção disciplinar.
À beira do fim da partida, o senhor Sousa - demonstrando uma chocante dualidade de critérios - entendeu expulsar Bruno Fernandes por uma falta ofensiva, idêntica a muitas cometidas por jogadores axadrezados que distribuíram "fruta" ao longo de toda a partida sem terem recebido qualquer sanção.
Não contaremos, portanto, com o nosso capitão no próximo jogo. A disputar em casa, frente ao Famalicão.
Árbitros como Jorge Sousa, que penalizam os jogadores com maior talento e deixam os sarrafeiros por castigar, prejudicam o espectáculo desportivo. São nocivos ao futebol.