Rescaldo do jogo de ontem
Gostei
Da conquista de mais três pontos, desta vez em Alvalade. Vencemos o Paços de Ferreira, equipa que muitos comentadores da bola apontam como "a sensação" deste campeonato. Uma vitória que nada se deveu ao acaso: foi a terceira vez que defrontámos o onze de Paços nesta temporada, repetindo agora o triunfo por 2-0 da primeira volta. Somados ao 3-0 da nossa vitória contra a mesma equipa para a Taça de Portugal, estes jogos têm um balanço totalmente favorável às nossas cores: sete golos marcados e nenhum sofrido.
Da nossa eficácia. Quatro oportunidades de golo, duas concretizadas. Aos 20', na conversão de um penálti, por João Mário - que apontou muito bem o castigo máximo. E aos 48', por Palhinha, naquele que é desde já um dos melhores golos deste campeonato. Na sequência de um canto, o que merece ser assinalado: foi a primeira vez que aproveitámos da melhor maneira um pontapé de canto nesta Liga 2020/2021.
De Palhinha. O melhor em campo. Não apenas pelo grande golo que marcou, com um remate em vólei - estreando-se como goleador no campeonato em curso - mas, uma vez mais, pela extrema competência que revelou no bloqueio da manobra ofensiva do Paços, cobrindo sempre muito bem o espaço. É um jogador que merece, sem qualquer favor, ser convocado para o Campeonato da Europa. À atenção do seleccionador Fernando Santos.
De Porro. Outra grande exibição do nosso ala direito, internacional sub-21 espanhol. Os melhores cruzamentos saíram dos pés dele, os lances de maior perigo conduzidos junto às linhas laterais também foram dele, com destreza técnica rara nesta posição. E foi ainda ele a marcar o canto de que resultou o segundo golo.
De Feddal. Brindado injustamente com um cartão amarelo logo no início da partida, não se deixou condicionar. Esteve ligado aos dois golos da equipa: no primeiro, aos 19, fazendo o passe vertical a grande distância para Pedro Gonçalves que seria derrubado dentro da área; no segundo, ao assistir de cabeça para Palhinha na sequência da marcação do canto. É um dos baluartes da nossa defesa, de longe a menos batida do campeonato.
De Adán. Muito atento e de reflexos rápidos, fez uma grande defesa aos 42', impedindo o golo de Luther Singh. Controlou todo o jogo pelo ar, transmitindo sempre tranquilidade e segurança à equipa.
Do nosso reduto defensivo. Os números dizem tudo: apenas dez golos sofridos à jornada 19. Voltámos a terminar uma partida mantendo as nossas redes invioladas. O que já tinha acontecido em dez outros desafios deste campeonato. Somos ainda a única equipa sem derrotas: é um dos melhores desempenhos até a nível europeu.
Da maturidade da equipa em campo. Construída a vitória aos 48', fizemos a partir daí uma gestão tranquila dessa vantagem. Sem nervosismo, sem ansiedade, sem desorganização. As substituições efectuadas pelo treinador destinaram-se essencialmente a refrescar o onze: trocou Paulinho por Nuno Santos (62'), João Mário por Matheus Nunes (73'), Tiago Tomás por Jovane (73'), Pedro Gonçalves por Tabata (73') e Nuno Mendes por Matheus Reis (85'). Mantendo intocável o sistema de jogo.
Da contínua aposta na formação leonina. Rúben Amorim destacou Nuno Mendes (18 anos), Tiago Tomás (18 anos) e Gonçalo Inácio (19 anos) para o onze inicial. Que tinha mais dois jogadores formados na Academia de Alcochete (Palhinha e João Mário). E que incluía dois outros portugueses (Pedro Gonçalves e Paulinho). Um contraste cada vez mais gritante com os nossos principais rivais.
De termos consolidado a nossa liderança à 19.ª jornada. Somamos agora 51 pontos - mais dez do que o FC Porto, mais onze do que o Braga, mais treze do que o Benfica. Estamos num ciclo (inédito esta época) de sete triunfos consecutivos - cinco para o campeonato e dois para a Taça da Liga, que conquistámos. Com eficácia de 89,5%. Desde a remota temporada 1950/1951 que não tínhamos uma vantagem tão dilatada face ao segundo classificado na principal prova do futebol português.
Da esperança cada vez mais reforçada. Ninguém duvida: somos neste momento a equipa favorita para vencer o campeonato nacional de futebol, que lideramos há 13 jornadas. Faltam-nos 12 vitórias em campo para conquistar o título. Todos esperamos que a próxima seja já sábado que vem, novamente em Alvalade, frente ao Portimonense.
Que Paulinho continue sem marcar de verde e branco. Titular na frente do nosso ataque, o ex-bracarense esteve quase a inaugurar o marcador, de calcanhar, logo aos 10' após tabelinha com Pedro Gonçalves. Mas o guarda-redes impediu-lhe o golo com uma defesa por instinto. Ainda não foi desta.
Da inflação de cartões amarelos. Nada menos de oito: cinco para o Sporting, três para o Paços. Aos 22' já tínhamos dois jogadores amarelados: Nuno Mendes (8') e Feddal (14'). Depois chegou a vez de Porro (54'), Adán (75') e Jovane (88'). Critério absurdo de André Narciso, um árbitro que apita a propósito de tudo e de nada: graças a ele houve 47 interrupções de jogo ocasionadas por faltas e faltinhas (27 para o Sporting, 20 para o Paços) - algumas das quais ninguém mais além dele conseguiu descortinar. Árbitros como este fazem mal ao futebol enquanto espectáculo. É assim que se valoriza o desporto em Portugal?
De ver o nosso estádio ainda vazio. Mais de meia época foi disputada e as bancadas em Alvalade permanecem interditadas aos sócios e adeptos por imposição estatal. Há compreensíveis razões de confinamento sanitário na origem desta interdição, mas nem por isso deixa de ser muito triste. Logo num ano como este, em que a nossa equipa tem um dos melhores desempenhos de sempre.