Tudo ao molho e FÉ em Deus - Sporting x Estoril 2-1 [Jogo de (lou)VAR]
Grande partida de futebol em Alvalade. O Sporting, tendo marcado dois golos nos primeiros onze minutos, desperdiçou a hipótese de golear o Estoril e terminou em aflição para conquistar os três pontos. Demérito da equipa leonina, porque falhou inúmeros golos "cantados", e mérito da equipa da Linha, excelentemente orientada por Pedro Emanuel, que nunca renunciou ao jogo e mostrou qualidade de posse de bola e boa organização colectiva.
Para além dos dois clubes, o outro protagonista foi o Vídeo-árbitro. O VAR tirou, aos 92 minutos, anulando um golo de Bas Dost por, no início da jogada, Piccini ter partido em posição de fora-de-jogo, e o VAR deu, invalidando correctamente um tento a Pedro Monteiro, do Estoril, na última jogada do jogo.
No entretanto, o público aplaudiu efusivamente o "terceiro" golo leonino e entrou em profusa depressão no "segundo" da equipa canarinha. Tudo para, logo de seguida, voltarmos à primeira forma. E ainda há quem diga que o VAR retira emoção ao jogo...
Eu, confesso, tive uma má premonição quando aos 70 minutos avistei uma pomba negra em vôo circulante sobre o relvado e nunca mais fiquei em paz. Afinal, era a pomba Vitória e tudo acabou em bem.
Análise dos jogadores um-a-um:
Rui Patricio - Durante a maior parte do tempo, limitou-se a participar na manobra ofensiva da equipa, jogando com os pés. Batido por um remate nada católico, disparado por um Evangelista, só com asas o poderia ter defendido, mas o clube não é patrocinado pela Red Bull...
Nota: Sol
Piccini - O italiano deu razão ao adágio popular que diz que "no melhor pano cai a nódoa". Estava a realizar um jogo excelente, com segurança defensiva e constantes cavalgadas à linha de fundo quando, apertado por dois adversários, desviou a bola de cabeça para a entrada da sua área, lance que resultaria no golo do Estoril. Sujou o naperon, perdão Macron, mas ainda teve tempo de compensar esse deslize quando assistiu Bas Dost para o terceiro, lance que viria a ser invalidado pelo VAR.
Nota: Sol
Coates - O uruguaio fez um bom jogo, embora longe do fulgor que já lhe vimos. Sendo um jogador bastante alto e pesado é natural que o excesso de jogos (6) em 3 semanas o esteja a condicionar. No entanto, não só não comprometeu como notabilizou-se pelos seus passes de longa distância a isolar na ala direita as duas motos de alta cilindrada leoninas (Gelson e Piccini). No restante tempo, lá continuou, como uma vespa, a morder as canelas a todos os adversários que lhe apareceram pela frente.
Nota: Sol
Mathieu - Temos 3 Mateus: este gaulês, o jovem brasileiro da nossa formação, com perfume de bom futebol, emprestado ao Chaves e, ainda, outro brasileiro, emprestado à bancada. São um pouco como os 3 Reis Magos: o primeiro traz ouro, o segundo incenso, o terceiro mirra (literalmente)...Jesus parece satisfeito com o "presente" que este francês representa para a equipa. Ele não corre, desliza sobre o relvado, tomando sempre a decisão que melhor se ajusta à situação de jogo. E joga de cabeça levantada todo o tempo, algo que não se via por estas bandas desde que um senhor, de seu nome André Cruz, nos deixou.
Nota: Lá
Fábio Coentrão - Apesar do natural cansaço, parece cada vez mais entrosado com a equipa. Participou activamente na jogada do primeiro golo, defendeu bem e incorporou-se no ataque, combinando com Acuña. Ameaçou lesionar-se, no início da segunda-parte, deixando a multidão à beira de um ataque de nervos. Afinal, era só fumaça e, passado algum tempo, Jesus decidiu poupá-lo a quaisquer contratempos adicionais. Sendo caxineiro, aguarda-se que vise mais vezes as redes adversárias, o que não deverá tardar dada a sua subida de forma.
Nota: Sol
Battaglia - O que se pode dizer mais sobre Battaglia? O homem não parece humano, é assim uma versão argentina do Exterminador Implacável, enviado a Alvalade para alterar o curso da história leonina. Pior que o efeito conjugado do míldio e do oídeo, destruiu qualquer semente de criatividade plantada pela fina-flôr estorilense. Ainda teve tempo para instituir o pânico no reduto da equipa canarinha, oferecendo um golo a Coates, isolando Acuña pela esquerda e tentando o golo de cabeça em duas ocasiões . O melhor em campo, não recebe nota máxima porque, dado Petrovic estar em campo e a anular a superioridade numérica do adversário na grande-área, não se encontrar na cabeça da área na altura do golo da equipa da Linha. Nesse lance pensou mais como um "6" do que como um "8", o que também não espanta pois essa é a rotina que transporta esta época.
Nota: Si
Bruno Fernandes - Não mostrou a sua rotatividade habitual, mas mesmo com uns cilindros a menos, o seu motor ainda teve "cavalos" mais do que suficientes. Bateu inapelávelmente Moreira, na execução irrepreensível de um livre directo e, no resto do tempo, deliciou com outros pormenores de génio. A brincar, a brincar, é o seu terceiro golo (em 4 jogos) em remates de fora da área e o primeiro de toda a equipa na marcação de um livre, situação que espantou a Bancada Norte, habituada a receber o esférico nesses momentos.
Nota: Lá
Gelson Martins - Conseguiu fintar todas as criaturas que lhe apareceram pela frente. Às tantas, para variar, até se fintou a si próprio. Marcou um bom golo, fez sprints para cortar contra-ataques perigosos do adversário, criou e falhou oportunidades de golo. Sempre com a moto ligada, sempre em alta rotação. É o Bip-Bip da equipa.
Nota: Lá
Marcus Acuña - Muito poderoso fisicamente. É o "Muro"! Assistiu Gelson para o primeiro e ia marcando um golo no final da partida. Parece que não é suficientemente rápido ou suficientemente desequilibrador, mas a verdade é que para o campeonato já soma 3 assistências. A somar a mais uma assistência e um golo na Europa. Tacticamente perfeito e bom defensor quando não tem a bola, vai contribuindo com números astronómicos naquele seu estilo de jogador quase-bom, com que engana os adversários que têm o azar de o apanhar pela frente.
Nota: Lá
Alan Ruiz - Continua a jogar o seu futebol de salto-alto, estragando muitas jogadas de perigo por défice de intensidade. Assim, não "calça". De todo o modo, ganhou o livre em posição frontal que resultaria no segundo golo do Sporting.
Nota: Fá
Bas Dost - Desperdiçou duas soberanas ocasiões de golo, uma com o pé, outra de cabeça, o que não é normal nele. Ironia do destino: servido por Piccini, e com um tempo de salto perfeito, marcaria o golo da tranquilidade já nos descontos, lance que, no entanto, viria a ser invalidado pelo VAR, o que não invalidou que, no entretanto, desse azo ao seu habitual cavalheirismo, indo logo ao encontro do italiano para lhe agradecer o gesto. No restante tempo, lutou bravamente pelos ares, ajudando a equipa a ganhar bolas para atacar a baliza estorilense.
Nota: Sol
Bruno César - A defesa esquerdo, foi Bruno César na sua pior versão. Ajudou-o haver um Mathieu ao seu melhor nível que estancou todas as bolas colocadas entre o central e o lateral. Foi do seu lado que saiu o centro que esteve na origem do golo canarinho. Em versão atacante, mostrou a sua habitual boa relação com a bola e com o espaço onde a equipa se movimenta, assistindo com categoria Gelson para mais uma oportunidade perdida.
Nota: Fá
Petrovic - Mostrou óptimo transporte de bola, sinal de que respira confiança, o que não deixa de espantar dado o "slow start" do ano anterior e o facto de ter pouco tempo de jogo.
Nota: Fá
Iuri - Entrou em cima do fim do jogo. Percebeu-se que Jesus lhe queria dar minutos, mas como o 3-0 não apareceu...
Nota: -
Tenor "Tudo ao molho..." - Rodrigo Battaglia