Tudo ao molho e FÉ em Deus - Ronaldo piramidal
Numa das cidades mundiais onde a Banca assume maior preponderância, a selecção portuguesa esteve à beira de ser alvo de um esquema em pirâmide. Não, não me refiro a qualquer escândalo financeiro, mas tão sómente à visita de uma bem estruturada equipa egípcia à cidade suiça de Zurique para jogar contra Portugal. Valeu, como quase sempre, Cristiano Ronaldo e, desta vez, a intervenção do vídeo-árbitro, duas realidades a que a selecção nacional fica muito a dever ao Sporting.
No pré-jogo, olhando para a constituição das equipas, verifiquei que não havia nenhum jogador actualmente a representar a equipa leonina no onze base. Em contrapartida, nos titulares estavam cinco (!) jogadores formados no Sporting. Do outro lado, o sagaz Hector Cúper (lembram-se do Maiorca?) ao comando de um time que tinha Mohamed Salah como protagonista. Dada a boa forma do egípcio, anunciava-se um duelo Ronaldo-Salah.
A exibição da equipa portuguesa foi globalmente muito frouxa. Fernando Santos queixou-se de que "o João e o Bernardo não fizeram movimentos interiores e não jogaram entrelinhas". Salah marcou um golo de grande classe diante de dois centrais inseguros e sem saída de bola que, se forem ao Mundial, obrigarão certamente os adeptos portugueses a um preliminar "check-up" cardíaco. Nem a FÉ do grande engenheiro - homem por quem declaro aqui a minha profunda simpatia - parecia ser suficiente face à realidade vivida no campo, onde os egípcios dominavam a meio campo com o seu futebol de toque, enquanto Portugal parecia um disco de 33 r.p.m a tocar a 45 rotações por minuto, com os jogadores a quererem fazer tudo muito depressa e sem terem as suas posições bem definidas no terreno.
Eis então que entraram Bruno Fernandes e Gelson. Estes, à semelhança de Cedric, João Mário ou Moutinho, só estão à espera de saír do Sporting para serem titulares absolutos da selecção, realidade a que só Rui Patrício e William parecem escapar nas últimas décadas. Bruno trouxe logo o passe longo e o remate forte e colocado com que testou Al Shenawy. Gelson imprimiu a sua velocidade estonteante de condução de bola acompanhada da sua habitual má definição do último passe (quando melhorar este aspecto valerá uma fortuna). É certo que também entraram André Gomes, Gonçalo Guedes e Ricardo Quaresma. André Gomes foi ... André Gomes. Com ele em campo os portugueses poderão não ter vontade de ir à rua após os jogos do Mundial. Gonçalo esteve abaixo daquilo que vem mostrando ao serviço do Valência, raramente usando a sua velocidade de ponta e perdendo-se em combinações sem nexo.
Deixo este último parágrafo para Vos falar dos 2 jogadores que fizeram a diferença a noite passada: Quaresma e Ronaldo (who else?). O Mustang pareceu "fora dela" durante largos minutos, mas reapareceu com dois passes açucarados para Ronaldo. Cristiano foi ... Cristiano. Duas oportunidades, dois golos, vitória no jogo e triunfo individual sobre Salah, ao melhor estilo do número 1 mundial. Uma última palavra para destacar que não teríamos ganho este jogo se não fosse a intervenção do VAR (o auxiliar tinha assinalado erradamente fora-de-jogo) ou não fosse a influência do Sporting nesta selecção extensível também à verdade desportiva.