Tudo ao molho e FÉ em Deus - Peyroteo e os ferros
O futebol é curioso e não pára de nos surpreender: era para ser uma partida em que o cansaço se faria sentir, acabou por ser o nosso jogo mais completo da época. Uma exibição de gala de Peyroteo - ou não fosse ele o jogador com a melhor média de golos do futebol mundial (acima de 1,6 golos por jogo) - , que marcou por duas vezes, com o pé direito e de cabeça, e acertou por 4 vezes nos ferros (duas bolas na barra, uma no poste direito, outra no poste esquerdo).
O jogo foi marcado também por mais uma lição do apitador que a tribo leonina "consagrou", que respondeu à nossa pressão alta com uma pressão alta, embora de tempo de reacção baixo, no apito. Tomemos a (não) acção disciplinar como exemplo: logo a abrir, Marcão pisou intencionalmente o pé direito de Gelson e escapou impune à cartolina. Aos 4 minutos, Leandrinho entrou com tudo sobre Battaglia e nada. Aos 11, Yuri Ribeiro rasteirou por trás Bruno Fernandes e não foi admoestado. Aos 68, Pelé carregou por trás Bruno Fernandes e o árbitro decidiu recuperar uma falta atrás... No final, três cartões amarelos para o Sporting e um para o Rio Ave (!). Olhemos agora para o capítulo técnico: aos 13 minutos, Coates pontapeou o esférico contra Diego e ... lançamento para o Rio Ave, aos 38, não marcou "penalty" sobre Bruno Fernandes nem aparentemente consultou o VAR, aos 43, 45 e 48 minutos demorou a marcar faltas contra o Sporting - acho que lhe chamam lei da (des)vantagem e consiste em demorar quase tanto a apitar quanto o tempo necessário para cozinhar um perú no Natal... - após bolas legalmente recuperadas pela nossa equipa à saída da grande-área do Rio Ave, finalmente aos 78, Marcão baixou a cabeça e marcou jogo perigoso a Gelson. E já nem vou falar da contribuição dos auxiliares nos foras-de-jogo ... Posto isto, não sei se me inscreva já num curso de arbitragem ou se consulte um oftalmologista, pois o ex-árbitro Pedro Henriques acaba de dizer na SportTV que a arbitragem foi boa...
O Sporting entrou com tudo e ainda não estavam decorridos 5 minutos quando Bruno Peyroteo cruzou da direita e Nelson Monte antecipou-se por pouco a Bas Peyroteo. Bas, que pouco tempo depois, isolado permitiu a defesa a Cássio. Aos 19, Bruno e Bas voltaram a estar em evidência: o primeiro acertou na barra, na execução de um livre directo, o segundo permitiu a defesa a Cássio, na recarga. Aos 23 minutos, uma jogada à Cinco Violinos: o apanha-bolas (se soubesse o seu nome seria candidato a "man of the match") serviu vertiginosamente Cristiano Peyroteo, este lançou rapidamente para Bruno Peyroteo-que-centrou-de-imediato-para-Bas Peyroteo-que-amorteceu-para-a-entrada-de-Gelson Peyroteo-que-não-perdoou. Golo !
Aos 26 minutos, Fábio Peyroteo acertou na barra, iniciando aí um duelo emotivo com o seu colega Bruno no tiro aos ferros. A primeira parte não terminaria sem que Bruno e Rodrigo Peyroteo não testassem novamente a atenção de Cássio. Pelo meio, Rui Peyroteo, em fim-de-semana de São Patrício, mostrou a razão pela qual desejamos por todos os santinhos que nunca abandone Alvalade. A segunda parte foi mais do mesmo: Coentrão e Bruno voltaram a acertar nos ferros, mais concretamente desta vez nos postes, decidindo-se por um empate técnico (2-2). Finalmente, aos 83 minutos, Bas terminaria com o sofrimento, respondendo de cabeça a uma bela iniciativa de Gelson (2-0), marcando assim o 30º da época.
Gelson e Bas Dost, com participação nos 2 golos, Bruno (meu Deus, o que ele jogou...) e William foram os nossos melhores jogadores, mas todos estiveram bem. Não foi só um homem ou dois, a equipa conseguiu pressionar no campo todo, mostrando-se sempre muito equilibrada. Coincidência ou não, à nossa melhor exibição correspondeu o regresso do 4-3-3, com Batman no meio. Tempo ainda para a estreia de Marcus Peyroteo (Wendel), que começou a amortizar o pesado investimento de 8,7 milhões de euros feito na aquisição do seu passe (nada social). Duas notas finais para Piccini e para Bryan. O italiano, quando está bem fisicamente, impressiona pela sua movimentação acima/abaixo pelo corredor, mas continua a protagonizar aqueles momentos hitchcockianos de atrasos de bola que fazem com que um adepto se tenha de munir de um desfibrilhador. Quanto ao costa-riquenho, proponho à direcção que passe a jogar com o nome de Peyroteo às costas. Pode ser que assim acabe com a maldição à frente das balizas. Hoje não teve oportunidade de as visar.
Em noite de homenagem a Peyroteo - dada a inspiração dos jogadores, não dá para repeti-la em todos os jogos em Alvalade? - esta vitória foi para si, "signor" Fernando, como lhe chamava o húngaro Szabo, nosso (e dele) antigo treinador. Peyroteo vive!!! E o Sporting também e recomenda-se, como se pôde observar num verdadeiro Dia de Sporting (a fazer lembrar tempos idos), que começou no Pavilhão João Rocha, com hóquei e andebol e muitas familias presentes e em estreita comunhão com o clube ...
Tenor "Tudo ao molho...": Bruno "Peyroteo"