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És a nossa Fé!

Tudo ao molho e FÉ em Deus - Onda verde

Um jogo que teve um pouco de tudo: golos de belo efeito, emoção, palhaçadas, muitas mutações tácticas e uma "flash-interview" rica em frases para um novo livro do Pedro Correia. E houve também um sofá, o meu (e de muitos de nós), que mais parecia uma cama de pregos, não sendo eu um faquir. Sofremos tanto, tanto...

 

Pode um jogador ter uma segunda parte horrível, com uma imensidão de bolas perdidas e ainda assim ser considerado o melhor em campo? Sim. Bruno Fernandes passou o tempo a remar contra a maré da Praia da Rocha mas, em dois momentos de inspiração, marcou dois golos. O primeiro, em "souplesse", após assistência de Bas Dost, levantando a bola com categoria por cima do guarda-redes portimonense, um Leo alheado da alcateia de leões do Sporting. Depois, já o jogo caminhava para o fim, o médio aproveitou uma bola de ressaca à entrada da área, dominou-a no peito e matou de primeira, sem a deixar cair no chão. Um golão!

 

A emoção esteve sempre presente. O Sporting entrou bem e teve imediatamente oportunidades, por intermédio de Battaglia e de Dost. Cumprindo o velho adágio de que à terceira é de vez, Bruno marcou. Pelo meio já tinhamos experimentado um novo modelo de bola parada ofensiva, que consiste em 3 crânios congeminarem demoradamente sobre o que fazer até acabarem a entregar a bola ao adversário e proporcionar-lhe a hipótese de marcar um golo. Valeu que Patrício não aprovou a opção. Quase simultaneamente, em Porti ... mão, houve dedinhos na bola de um defesa algarvio na sua área, na sequência de um duelo de Fernandes (Ruben vs Bruno). Acuña, Bruno e Gelson ainda tiveram ocasiões de golo, mas acabou por ser o Portimonense a marcar após Petrovic e Coentrão não terem respeitado a posição de Coates, permitindo assim o golo a Fabrício, pós-cruzamento de Bruno Tabata, que entretanto tinha mudado de flanco com o nipónico Nakajima. 

 

O Sporting entrou nervoso no segundo tempo, sem posse de bola, e dando espaço à mobilidade do Oliver Tsubasa da equipa algarvia. O nosso meio campo, provavelmente devido à proximidade com o mar, metia água por todo o lado e o jogo partiu-se. Na única jogada com cabeça, tronco e membros da primeira meia-hora, Dost isolou Gelson e este, em vez de seguir em linha recta, voltou a optar pelo caminho crítico para a baliza de Leo. A bola sobrou para Acuña e o argentino centrou como se fosse para Dost. Não sei se viu um holograma do holandês, mas era Bruno Fernandes que lá estava e a bola perdeu-se. Depois, houve o já habitual número de circo: à falta de Lito Vidigal, Abel ou mesmo de um bombeiro do Dragão, foi Vitor Oliveira a protagonizar mais uma palhaçada. A novidade é que, desta vez, o outro protagonista não foi Fábio Coentrão - hoje um menino do coro - mas sim Petrovic.

 

Jesus foi à procura da felicidade e começou a mexer no sistema. Entraram Misic e Montero e às tantas estavamos a jogar num 3-5-2 (ou 3-5-1, pois o colombiano - é como o Bolo-Rei antes da ASAE, nunca se sabe se sai brinde ou fava - teve um daqueles frequentes apagões a que já nos habituou). Ainda mudaríamos para um 4-4-2 com a entrada do Lumor de perdição do treinador leonino, o homem que é pior que assim-assim (sic), mas que parece ser o talismã do leão. Hoje entrou e o Sporting marcou, de novo.

 

As entrevistas aos protagonistas foram cheias de frases fortes. Primeiro foi Bruno Fernandes, quando inquirido se a sua exibição era um piscar de olho a Fernando Santos e ao Mundial da Rússia, a dizer que não, "era um piscar de olho ao Sporting" - grande leão! Depois, JJ afirmou, a propósito da troca dos alas do portimonense, que "Batta(glia) não percebeu nada daquilo". Finalmente, Vitor Oliveira declarou que "o Portimonense foi derrotado pelo melhor jogador do campeonato (Bruno Fernandes)".

 

Apesar de liderado pelo japonês Nakajima, o caudal ofensivo do Portimonense não foi um oceano pacífico. No entanto, a inspiração de Bruno Fernandes criou uma onda verde e a equipa algarvia foi "de vela" ao largo da Praia da Rocha. No dia em que o tondelense Tomané assinou os papéis da reforma de Luisão, esta importantíssima vitória permitiu-nos igualar o Benfica. No entanto, nada de muito substancial se alterou, pois só um empate 0-0 em Alvalade nos deixará em vantagem. Havendo golos tudo se alterará, pelo que teremos de jogar para ganhar. É para continuar ligado ao desfibrilador e talvez tenhamos de ir fazer umas "nuances" como o JJ (ai os cabelinhos brancos, ai, ai). Se a vida de treinador não é fácil, imaginem a de treinador de sofá. É que eles ainda têm aquele rectângulozinho à frente do banco por onde se podem movimentar e libertar um bom vernáculo, ao passo que eu, cá em casa, se me afasto perco o jogo e se vocifero levo um cartão amarelo alaranjado. Sem recurso para o Conselho de Disciplina...

portimonensesporting.jpg

 

 

Tenor "Tudo ao molho...": Bruno Fernandes - 16 golos, 18 assistências e mais 18 participações decisivas em golos

 

 #savingprivateryan

14 comentários

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    CAL 29.04.2018

    Visto ao vivo, Gelson deixa a sensação de que 'paralisa' antes do remate à baliza. Parece que tem medo.
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    Pedro Azevedo 29.04.2018

    Falta-lhe espontaneidade no remate. O que sobra a Bruno Fernandes. Mas está a caminho de se tornar um melhor jogador. Precisa saber usar o pé esquerdo e não fazer paralelas face aos defesas quando se isola. Tem de se cruzar com o defesa, ganhar a frente e caminhar direito para a baliza. E depois não hesitar, caso contrário o seu remate torna-se uma cerimónia...fúnebre (para as nossas cores).

    Obrigado CAL
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    CAL 29.04.2018

    Resposta fight-flight.

    Gelson: flight.
    Nem sempre mas a maior parte das vezes... Flight.

    Fight, fight, fight, Gelson!
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    Pedro Azevedo 29.04.2018

    Não será antes fright? É urgente melhorar a definição. Esse pormenor não faz justiça às "barbaridades" que faz no campo. Para não me alongar mais no Post nem dei ênfase àquele lance, na primeira parte, em que ultrapassou em finta cinco adversários, que terminou em centro para Acuña.

    SL
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    CAL 29.04.2018

    Para mim, Gelson, evita o remate à baliza.
    Confesso que adorava visualizar as imagens de Gelson a jogar na proximidade da baliza (desta época toda). Nesta altura, a nítida sensação que tenho é a de que o medo de falhar o faz adiar o remate à baliza. E é vê-lo ultrapassar "só mais um" adversário (x N) e a, se possível, passar (e com isto a responsabilidade, e com isto o evitamento da "dor" de falhar). Quando não passa e remata por fim... Já perdeu ângulo, ou já está ainda mais rodeado por adversários e, com isto, sai o remate em piores condições. E assim reforça a crença de que "ainda não é bom a finalizar", e avoluma a ansiedade de desempenho que - desconfio - paira por ali. Diria que é algo particularmente notório nas proximidades da baliza.

    Sair da nossa baliza, arrancar do meio campo para a baliza adversária, ultrapassar tudo e todos, peanuts. É uma mistura de força e fé inabalável (então ao vivo, dá ainda mais gosto ver). O miúdo explode mesmo. Sem ponta de medo (viu-se até mesmo contra jogadores do Atlético). Chega à baliza adversária (o momento do tudo ou nada/tira-teimas) e se recair sobre ele a responsabilidade do último toque... Ai.

    Todos temos arestas para limar. A mais saliente de Gelson, para mim, é esta.

    Perante o causador de stress... Na maior parte das vezes, Gelson não "luta" (fight). Passa, ou vai driblando até lhe retirarem a bola ou já ser humanamente impossível marcar nas condições em que se pôs. Acaba por ser uma forma de evitamento (flight). Ou passa a responsabilidade para outro, ou põe-se numa posição impossível.

    Por que é que gostava de visionar as imagens: por achar que chega a haver ali momento de "freeze". Já tinha essa sensação (jogos vistos pela TV). Ontem voltei a ter essa sensação. Pareceu-me haver mesmo "freeze".

    Não faço ideia se temos na equipa técnica quem se ocupe de imagética mas, mais do que isso, que consiga chegar à raiz da questão e geri-la.

    Sendo certo que, feito esse trabalhinho, temos atleta completo e por isso mais próximo de nos dizer adeus.

    🤷🏻‍♀️

    Faz-lhe algum sentido?
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    Pedro Azevedo 29.04.2018

    Faz todo o sentido, CAL.

    Tenho "estudado" as movimentações de Gelson e penso haver um pormenor que, limado, pode melhorar muito o seu jogo. Refiro-me a, quando isolado, insistir em ir paralelo com o último defesa. Assim, para não permitir o tackle, vai correndo em diagonal, afastando-se cada vez mais da zona frontal e deixando a bola para o seu ineficaz pé esquerdo. Depois, por falta de confiança no pé esquerdo, acaba por parar, balancear o corpo todo para a esquerda para procurar o pé direito, como um tenista que evita a pancada de esquerda. Foi assim que perdeu oportunidades contra a Juventus, em Alvalade, com o Atlético, em Madrid, ou ontem. Penso que deveria fazer outra coisa: quando isolado, procurar logo cruzar-se com o último defesa, garantindo a frente do lance e uma zona central para progredir para a baliza e rematar com o seu pé direito. Se o fizer, na pior das hipóteses será carregado em falta e o seu adversário expulso; na melhor das hipóteses, haverá uma oportunidade bem mais real de golo.

    SL
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    CAL 29.04.2018

    Que Gelson o leia! :) Win-win situation (falta, ou marca). :)

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    Pedro Azevedo 29.04.2018

    Win-win, sim, mas JJ já o deverá ter alertado para este "pormaior".
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    CAL 30.04.2018

    🙂
    Assim sendo, será questão de averiguar o que é que normalmente obstaculiza que se traduza para comportamento (visível) raciocínio tão lógico. 🙂
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    Pedro Azevedo 30.04.2018

    Mas, CAL, eu preferiria valorizar aquilo que já está "au point". Bruno Fernandes foi um jogador que nunca me enganou. Desde o início que digo que é o melhor jogador do Sporting, apesar de, na altura, estar em minoria. Este tipo de jogador é raro: pode estar a ser o pior em campo, mas de repente decide um jogo. Que classe! Que categoria! Quantos jogadores portugueses conseguiriam aquela recepção no peito, seguida de um remate forte e colocado (no segundo golo) sem deixar a bola cair ao chão? O mais certo era a bola sair do estádio ou acertar num holofote...
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    CAL 30.04.2018

    "(...)parece criado a carcaças com fiambre e leite com chocolate (...)"

    😉 Verdade. Franzino.

    E, na verdade, o comportamento mais parece traduzir ter sido alimentado toda a vida a trufas, caviar e limalhas de ouro.
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    Pedro Azevedo 30.04.2018

    Um grande momento de inspiração do Pedro Boucherie. agora brilhantemente complementado por outro seu, CAL. Só lhe digo, é um prazer para os sentidos escrever aqui...
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    CAL 30.04.2018

    É um gosto ler-vos, é um grato prazer ter oportunidade de beneficiar deste vosso génio.

    Venha lá o livro do És a Nossa Fé. :)

    Este seu último "Tudo ao molho e Fé em Deus" é só mais uma evidência clara desse mesmo génio. É repetir-me? É. Mas também é da mais elementar justiça: é um gosto lê-lo. Um gosto. Li algures (caixa de comentários de não sei que post) que se considera um Homem dos números. Pode até sê-lo por afinidade natural que se converteu em prática profissional. Mas se a qualidade do seu trabalho com números ombrear com o que aqui revela (e não dúvido mesmo que seja o caso, bem pelo contrário) temos um Gelson Martins da pena e do ábaco, versão concluída.

    Aliás, temos uma versão delituosa de BF. De BF, mas a versão da pena e do ábaco.

    E então, conte-nos tudo e não nos esconda nada... 😏... Carcaças, trufas, ou ambas desde tenra idade?

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