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És a nossa Fé!

Tudo ao molho e FÉ em Deus - o Carteiro toca sempre duas vezes

Na antecâmara da partida para a Taça CTT, duas ideias me assaltaram o espírito: a primeira, relacionava-se com as declarações de Jorge Jesus no final do jogo anterior, a contar para as meias-finais. Nessa Conferência de Imprensa, Jesus queixara-se de que faltava velocidade à equipa. Eu discordei. Afinal de contas, ultrapassar um Ferrari Vermelho não está ao alcance de qualquer um. A segunda, prendia-se com o facto de a Liga ter disponibilizado a tecnologia do VAR para a "Final Four": um desperdício de dinheiro, pensei eu na altura, porque para o nosso primeiro jogo o Vídeo-Árbitro havia ignorado aquilo que dez milhões novecentos e noventa e nove mil e novecentos e noventa e nove (10.999.999) portugueses viram e, para a final, tinha sido designado o árbitro que em Alvalade, contra o Chaves, não aquiescera aos sucessivos apelos que lhe chegaram ao ouvido para que fosse apontada uma grande penalidade por falta sobre Gelson. Em suma, umas grandes "encomendas".

Em Taça dos CTT, o carteiro Dost não poderia faltar. O carteiro toca sempre duas vezes e o holandês também, ainda que o último toque tenha sido já após o horário de expediente. Bas Dost é cada vez mais um investimento seguro, um certificado de aforro, com rendimento garantido. Nessa linha, carimbou 2 selos num envelope de Correio Verde com destino a um código postal de Setúbal. Dost devia ser elevado a sí­mbolo de promoção dos Correios: nunca falha, entrega a sua correspondência sempre a tempo, faz horas extraordinárias se necessário e ainda distribui abraços por todos com que se cruza no caminho.

Com a Via Verde activa, e sem portagens em dívida, a comitiva leonina não necessitou de visitar um balcão dos Correios, a Taça foi entregue na Tribuna. Tal como este Postal, mais Vale tarde que nunca e, à  11ª edição, lá ganhámos o troféu. Curioso é o facto do vencedor crónico desta competição patrocinada pelos correios portugueses nunca ter optado por receber a sua correspondência mais sensível através da segura Caixa do Correio CTT...

Agora o jogo em si: na primeira parte, Jorge Jesus levou um banho táctico de José Couceiro. Um golo sadino logo aos 4 minutos, marcado por Gonçalo Paciência (o tal que JJ não queria ver em campo), deixou a equipa leonina à beira de um ataque de nervos. William provou mais uma vez não ter intensidade para segurar um meio campo a dois (a 3, fá-lo bem) e Coates cometia erro sobre erro. Sem meio campo e com o Vitória a pressionar bem à frente, a nossa equipa desorientou-se e poderia ter chegado ao intervalo a perder por mais.

Na segunda parte, Jesus mexeu logo de iní­cio, colocando Battaglia para dar músculo ao meio campo e Acuña para dar profundidade (retirando os inoperantes Ruben Ribeiro e Bryan Ruiz). Um exemplo de como, com um passo atrás, se pode dar dois em frente. Após uma primeira oportunidade do Vitória (49 minutos), o Sporting teria a sua primeira ocasião, desperdiçada por Coates à  boca da baliza. Desde aí­ e até aos 64 minutos, o Sporting pressionou muito, com Montero finalmente a encontrar espaço entre linhas. Eis senão quando JJ voltou a mexer, substituindo o colombiano (não jogava desde o início de Novembro e poderia estar no limite) por Doumbia e perdemos a ligação ao ataque. Até aos 75 minutos, com o costa-marfinense posicionado ao lado de Dost e Bruno Fernandes fora do centro da acção (desviado para a direita), o jogo tornou-se incaracterí­stico.

A partir daí,­ jogámos mais com o coração do que com a cabeça. A táctica tornou-se um efectivo "tudo ao molho e fé em Deus". Ganhávamos com facilidade a bola a meio campo e despejávamo-la  sucessivamente para a área setubalense. Num desses lances, e após insistência de Bas Dost, a bola foi desviada com a mão sobre a linha de golo por Tomás Podstawski. Depois de visionadas as imagens, dez milhões novecentos e noventa e nove mil e novecentos e noventa e nove (10.999.999) portugueses aperceberam-se logo que foi "penalty", vídeo-árbitro incluí­do. Rui Costa - como São Tomé, "ver para crer" - teve dúvidas e foi consultar as imagens. Mesmo a ver continuou indeciso. Demorou tanto tempo que na cabeça de todos estava a repetição da rábula do jogo contra o Chaves. Em todo o processo perderam-se 4 minutos e 36 segundos, mas ficou para todos evidente a importância do recurso ao VAR. 

Bas Dost, chamado a marcar a grande penalidade, não perdoou, marcando o seu primeiro da noite. Com tantas substituições, jogadores lesionados, simulações e atrasos na reposição de bola, o árbitro não deu qualquer compensação adicional e o jogo chegou ao fim.

A partida decidiu-se nas penalidades e, uma vez mais, fomos mais eficazes. Marcaram Dost (pela segunda vez), Bruno, Mathieu (outra boa exibição, alternativa para melhor em campo) e Coates e William (mérito deles que não se escondem e mostraram nervos de aço) que Jesus entendeu voltar a chamar para marcar. Falhou Tomás Podstawski, o do "penalty", que não tinha sido expulso (duvidosa decisão, embora houvesse uma mão de Trigueira por detrás). Ganhámos a competição com 10 "penalties" (só um no tempo regulamentar) na Fase Final e apenas uma vitória nos cinco jogos disputados. Mas, nos livros da história, o que constará é que o Sporting venceu a Taça da Liga de 2017/18, o 3º troféu da era Bruno de Carvalho.

No final, JJ disse que há gente com "sapos na garganta". Eu estou muito feliz, quero sempre que ganhemos e não desprezemos qualquer competição, Taça da Liga incluí­da. Já era do Sporting muito antes de Jesus ser o nosso treinador e continuarei a sê-lo enquanto tiver saúde, que é coisa que meio maço de tabaco consumido a ver estes jogos não garante de todo. Por isso, desejo ardentemente que este dia seja o primeiro (de glória) do resto das nossas vidas desportivas.

 

Tenor "Tudo ao molho...": Bas Dost 

taçadaliga.jpg

 

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