Tudo ao molho e FÉ em Deus - Herói improvável
Em terra de cónegos, o Sporting foi abençoado pelo baptismo de fogo de um francês que estava (está?) para ser dispensado e que só acidentalmente entrou em campo, por lesão durante o aquecimento do titular Viviano. De facto, Romain Salin foi decisivo na fase em que o Sporting andou à deriva, nomeadamente nos primeiros 25 minutos da segunda parte, realizando 3 grandes defesas.
Sem espaço nas alas e com um miolo sem saída de bola, a equipa leonina teve imensa dificuldade em colocar as suas peças em posição privilegiada no xadrez moreirense. Para piorar a situação, uma má cobertura defensiva de Ristovski permitiu a Heriberto inaugurar o marcador. Estavam decorridos 6 minutos. Valeu ao Sporting a inspiração de Bruno Fernandes, que igualou a partida 10 minutos volvidos, encontrando uma nesga de espaço na área moreirense, após passe do lateral macedónio, que tinha sido servido em profundidade na direita pelo uruguaio Coates.
O início do segundo tempo foi tenebroso para os leões, mas Salin revelou-se muito atento e, com excelente posicionamento entre os postes, foi sacudindo o perigo. Com isso, conseguiu comprar tempo à equipa, num momento decisivo do jogo. Petrovic não iluminava (Petromax) o meio campo e Battaglia parecia fora do seu habitat (posição "6"). Jefferson, demasiado passivo (ficou a ver jogar/cruzar no lance do primeiro golo), também não ajudava. No entanto, aos 70 minutos, José Peseiro trocou Nani e Acuña por Raphinha e Jovane Cabral e o Sporting cresceu, passando a criar perigo através de velocidade e desequilíbrios no um-para-um. Num desses lances, Jovane foi derrubado em falta dentro da área e do pénalti daí resultante Bas dostou. Faltavam 16 minutos para o terminus da partida.
O Sporting apanhava-se pela primeira vez em vantagem no marcador e podia ter resolvido logo a partida, quando Raphinha, solicitado por Dost, falhou na cara de Jhonatan, guarda-redes que de errado só tem a posição do "h" no nome. Já em período de desconto, uma excepcional assistência de Bruno Fernandes encontrou Bas Dost de frente para a baliza. O holandês, com grande frieza, picou a bola por cima do guardião moreirense, garantindo a tranquilidade.
Bruno Fernandes, com um passe e uma assistência, e Bas Dost, dois golos, também mereciam a citação de melhor em campo, mas entendo que Salin foi providencial e numa altura em que a equipa parecia algo desorientada, razão pela qual lhe atribúo essa menção. Ele foi o herói improvável em Moreira de Cónegos.
O árbitro, Tiago Martins, recém-chegado do Mundial, onde foi vídeo-árbitro, abusou da cartolina icterícia, especialmente quando puniu, alegadamente por palavras mais exaltadas a si dirigidas, os nossos jogadores Nani, Bruno Fernandes e Jefferson.
Tenor "Tudo ao molho...": Romain Salin