Tudo ao molho e FÉ em Deus - Cu bo ti fim do mundo(*)
O Sporting joga muito pouco. Em 24 jogos, temos menos 1 golo marcado que o Sporting de Braga, menos 14 que o Benfica e menos 18 que o Porto. Em contrapartida, no que diz respeito a estrelinha da sorte, ninguém nos bate.
O Sporting iniciou o jogo com Battaglia a lateral direito - só tinha jogado nessa posição em Santa Maria da Feira, após lesão de Piccini - , Acuña a lateral esquerdo e Petrovic a trinco. Discursar sobre táctica nesta partida seria o mesmo que debater o papel de um conjunto vazio na teoria dos conjuntos. O jogo leonino foi de uma anarquia total, apenas abanada pela raça de Bruno Fernandes (foi ele que foi estorvar Bilel no golo anulado ao Moreirense), pelas arrancadas de Gelson - sempre a definir mal o último passe, até no golo, em que beneficiou de uma carambola - e por alguns movimentos interessantes de Bryan Ruiz (durante a primeira parte).
A equipa leonina podia e devia ter matado o jogo durante a primeira parte. Contra o último colocado na Liga, uma equipa "petite" treinada por um treinador Petit, o Sporting desperdiçou várias oportunidades nesse período, com Bruno Fernandes (por duas vezes), Battaglia e André Pinto a falharem a concretização. Também Bryan Ruiz perdeu a habitual oportunidade quando isolado perante Jhonatan. Este, sem saber (como), chegou ao intervalo com a sua baliza inviolada. É de familia, os seus pais também não sabem (onde) pôr os "h"...
O que Jhonatan sabe muito bem fazer é antijogo. Ele e os cónegos que o acompanham. A partida ficou marcada por um estranho critério técnico e disciplinar do juíz Tiago Martins, o qual, por indicação errada do quarto-árbitro, viria a expulsar Petrovic na segunda parte. Não que isso tivesse um grande efeito na nossa equipa, afinal continuámos a jogar com 10, embora sem termos 11 em campo a partir sensivelmente da hora de jogo.
Com 2 inocentes na frente de ataque, um (Montero) sem raça para ganhar a bola e fazer jogo entrelinhas, outro (Doumbia) com uma relação péssima com qualquer tipo de objecto esférico, o "frisson" vinha apenas dos pés de Gelson e Bruno Fernandes. Até que entrou o jovem Leão, naquele seu jeito de quem está a jogar uma peladinha, o qual, já no segundo minuto do período de compensação, ziguezagueou entre dois adversários e serviu Gelson para um golo feliz.
Como referi em cima, os melhores foram Bruno Fernandes, Gelson e Bryan Ruiz (deu dois golos cantados). Para além destes, Rui Patrício (2 grandes defesas e uma antecipação providencial numa bola perdida). Battaglia foi muito esforçado, mas fez essencialmente falta no meio campo, onde Petrovic ficou claramente aquém e Misic estreou-se discretamente. Os centrais estiveram algo irregulares e Acuña mostrou a raça do costume, mas esteve menos certeiro no cruzamento.
Jorge Jesus montou mais uma vez uma "táctica" em que expôs desnecessáriamente a equipa, dado o despovoamento do miolo central, mais potenciado pelo curto raio de acção e ausência de ritmo de Petrovic. Houve momentos do jogo onde Bruno Fernandes ou Gelson eram o último homem. Noutros, Coates era o homem mais adiantado. Bem sei que JJ sonha com a Laranja Mecânica, mas o que vimos ontem foi um limão espremido à mão. Definitivamente, ficou provado nos 2 jogos com o Moreirense que não temos boa ligação com cónegos...
No final do jogo, na "flash-interview" e na conferência de imprensa, Jesus queixou-se dos adeptos que "não souberam ajudar a equipa". Eu sei que, para o Mister, os adeptos do Boavista é que são bons, mas dizer mal dos bravos que desafiaram a intempérie, numa segunda-feira à noite, não me parece bem. Ainda acabou a dizer que a vitória foi dos jogadores do Sporting. Pudera!... Sinal de esperança, e contrariando declarações recentes, foi quando JJ afirmou que "não jogam esses, jogam outros". That`s the spirit!!!
A arbitragem esteve desastrada. Tiago Martins esteve muito mal, o quarto-árbitro influenciou-o negativamente e o vídeo-árbitro não reparou a injustiça da expulsão de Petrovic, embora tenha anulado, bem, o golo do Moreirense, por mão na bola de Bilel que escapou à visão do auxiliar.
Em resumo, um jogo muito pouco conseguido e uma vitória à Pirro que vai fazer com que Gelson não esteja presente no Dragão e Bruno Fernandes chegue a essa partida ainda mais desgastado que a estrelinha que nos tem acompanhado (Dost jogará?). Na sexta-feira, no Porto, ou ganhamos ou a disputa pelo campeonato termina para nós. Espero, por isso, que deixemos de jogar à italiana, para que na próxima época não tenhamos de jogar à albanesa (do antigamente), isto é, isolados do resto da Europa.
(*) em crioulo, "estou contigo até ao fim". Mensagem destinada a Ruben Semedo, mas que bem podia ser aquela que melhor define o apoio incondicional proveniente das bancadas a este clube, a esta equipa.
Tenor "Tudo ao molho": Gelson Martins