Trio da frente reforça liderança isolada
Arouca, 0 - Sporting, 3
Trincão e Pedro Gonçalves celebram em nova noite festiva para o Sporting, líder do campeonato
Foto: Paulo Novais / Lusa
Era sexta-feira, 13. Mas, em Arouca, o azar andou bem longe. Pelo menos para nós. Saímos de lá com os mesmos números da época passada: vitória por três golos sem resposta, com as nossas redes imaculadas pelo terceiro desafio consecutivo. Com uma diferença substancial: no campeonato anterior, aos 90', vencíamos apenas por 1-0. Desta vez o resultado foi construído antes de chegar o tempo extra.
Jogámos longe, mas até parecia estarmos em casa, tanta foi a maré verde exibida nas bancadas arouquenses nesta partida em que o nosso ex-jogador Chico Lamba se estreava no bloco defensivo da turma adversária.
Tínhamos uma vantagem em comparação com o confronto de 2023/2024: desta vez o embate em Arouca ocorreu no Verão, com tempo seco, em contraste absoluto com a enlameada partida registada há largos meses, imprópria para um bom espectáculo de futebol.
Mas algo poderia favorecer a turma da casa: vários dos nossos jogadores vinham de viagens longas, ao serviço das respectivas selecções, e mal tiveram tempo para retomar fôlego no regresso ao canto mais ocidental da Europa. Aconteceu, por exemplo, com Morita e Geny, que actuaram pelo Japão e por Moçambique, Compreendeu-se, por isso, que estivessem fora do onze inicial. Tal como Eduardo Quaresma, titular da selecção sub-21.
Outro regressado de viagem - e estreante pelo Sporting na temporada em curso - foi o guarda-redes Franco Israel, forçado a calçar face à ausência de Vladan por lesão que deverá retê-lo durante cerca de três semanas. O jovem internacional uruguaio deu boa conta do recado. Tal como o seu compatriota Maxi Araújo, caloiro leonino que entrou já na fase final da partida. Estreia absoluta que mereceu aplausos.
O jogo pode resumir-se a esta frase; domínio absoluto do Sporting. Em transições pelos corredores laterais, entregues à esquerda a Nuno Santos (também estreante nesta época, enquanto titular) e à direita a Quenda. E com a bola sempre controlada, com Daniel Bragança a pautar o jogo ofensivo no corredor central e Morten uns metros atrás, de sentinela às operações de recuperação, aliás escassas.
O Arouca optou por estacionar o autocarro à retaguarda, velho expediente das equipas sob o espectro permanente da despromoção quando enfrentam conjuntos superiores. Foi o caso: chegaram a ter dez homens atrás da linha da bola, confinados a um espaço de 30 metros defensivos.
O objectivo essencial, para o Sporting, era furar aquela barreira. Tarefa concluída ao fim de 24 minutos graças ao saca-rolhas Francisco Trincão, que serpentou pela grande área, na meia-direita, e centrou com perfeição geométrica para Pedro Gonçalves finalizar, num raro golo de cabeça e sem sequer sentir necessidade de tirar os pés do chão.
Chegou-se ao intervalo com 1-0. Faltava fazer o resto. Aconteceu na conversão dum penálti, aos 71', por controversa decisão partilhada pelo árbitro João Pinheiro e pelo VAR João Gonçalves. Após rápida infiltração de Pedro Gonçalves no reduto arouquense e a bola a bater à queima-roupa no braço de Fukui. Um dos tais lances que, se tivesse sido contra nós, levantaria ondas de indignação com o típico grito calimérico «Somos sempre roubados!»
Chamado a bater a grande penalidade, Gyökeres cumpriu a função com o brilho habitual. Daí liderar, sem surpresa, a lista dos melhores marcadores do campeonato: são já oito golos em cinco jornadas.
Estava para vir o melhor da noite. O último, apontado por Trincão - homem do jogo - noutra exuberante manifestação de técnica futebolística em que sentou três defesas adversários e disparou de longe, num remate muito bem colocado. Caía o pano aos 80': tempo suficiente para Rúben Amorim, já descansado, rodar ainda alguns jogadores, já a pensar no desafio europeu de amanhã.
Nota muito positiva, uma vez mais. Olha-se para a classificação e percebe-se como é justificada a euforia entre os adeptos leoninos: cinco jogos cumpridos, cinco triunfos averbados. Liderança isolada, com 15 pontos. FC Porto três pontos atrás, Benfica cinco pontos mais abaixo.
Breve análise dos jogadores:
Israel - Aproveitou bem a oportunidade, nesta estreia na baliza leonina em 2024/2025. Cumpriu com defesas aos 39' e aos 50'. Parece mais seguro entre os postes do que Vladan.
Debast - Estreante como titular no campeonato, fez boa exibição como central à direita. Destacou-se sobretudo no capítulo do passe ofensivo aos 4', 11', 17' e 90'+7. Irradia confiança.
Gonçalo Inácio - Desta vez como central ao meio, tentou golo de cabeça após canto aos 45'+2: faltou-lhe afinar um pouco a pontaria. Grande passe longo para Nuno Santos aos 62'.
Matheus Reis - De regresso a titular, pareceu algo incómodo como central à esquerda. Logo no primeiro minuto deixou Jason fugir: podia ter dado golo ao Arouca.
Quenda - O n.º 57, agora com vínculo renovado ao Sporting, conquistou a posição como ala direito. Deu início ao primeiro golo ao descobrir Trincão entre a muralha arouquense.
Morten - A lesão já ficou para trás, vai voltando à boa forma anterior. Mesmo assim, esteve mais retraído do que nos habituou, permitindo libertar o colega do meio-campo.
Daniel Bragança - Grande exibição na "casa das máquinas" do onze leonino, como médio criativo, a distribuir jogo. Quase marcou num tiro aos 43'. E assistiu Trincão no terceiro.
Nuno Santos - Em noite de estreia a titular na Liga 24/25, andou longe do melhor. Destaque para um centro aos 62': deu autogolo, mas foi anulado por deslocação (18 cm, disse o VAR).
Trincão - Deu espectáculo em Arouca. Primeiro como estreante em assistências no campeonato: trabalhou muito bem para o golo inicial. E selou o resultado com o melhor golo da noite.
Pedro Gonçalves - Continua a facturar - desta vez até de cabeça. Imperou como interior na meia-esquerda. Sacou penálti aos 67', Balanço até agora: quatro golos, três assistências.
Gyökeres - Quando apenas marca um golo, já nos parece pouco. Foi o caso: desta vez só a meteu lá dentro de penálti, aos 71'. Mas trabalhou muito para a equipa, levando todos atrás.
Geny - Substituiu Nuno Santos aos 74'. Aos 78', transitou para o corredor direito, onde está mais à vontade. Rematou ao lado (86').
Diomande - Rendeu Matheus Reis aos 74', mantendo a solidez do nosso bloco defensivo. Sem nada de especial a destacar.
Maxi Araújo - Foi a estreia da noite, vindo do Uruguai. Substituiu Quenda aos 78' e sobressaiu logo na primeira jogada, num ataque como ala esquerdo: quase assistiu Pedro Gonçalves.
Morita - Entrou aos 78', substituindo Morten. Grande trabalho na meia-direita aos 90'+4, servindo Pedro Gonçalves. Poderia ter gerado golo.
Edwards - Em campo desde o minuto 83, rendendo Trincão. Desta vez sem sobressair.