Três nulidades
Portugal encerrou a participação nesta fase da Liga das Nações com uma derrota - a primeira em quatro jogos, a nossa primeira neste ano civil que está quase a meio. Na Suíça, com golo sofrido logo no primeiro minuto - no único remate digno desse nome que a turma helvética fez à baliza de Rui Patrício. Depois disso, eles limitaram-se a «gerir o resultado», como se diz agora. Enquanto a selecção nacional foi incapaz de reagir na primeira parte, calamitosa.
A segunda foi diferente: tentou-se muito mas a bola não entrou, em larga medida devido à brilhante exibição do guarda-redes suíço Omlin, que impediu quatro golos.
Com Cristiano Ronaldo em campo, talvez tudo tivesse sido diferente. Mas o melhor do mundo não estava lá: o seleccionador dispensou-o deste jogo.
Opção insólita: em Alvalade, contra a Suíça, foi ele o autor de dois dos nossos quatro golos e ainda teve intervenção directa noutro ao apontar muito bem um livre de que resultaria a recarga de William, após defesa incompleta.
Outra opção incompreensível: Bernardo Silva ficou desta vez no banco até ao minuto 62.
Mantemos intacta a esperança da qualificação para a final-a-quatro desta competição, que só irá disputar-se em Julho de 2023. Mas teremos de superar ainda dois confrontos, em Setembro: primeiro com a Espanha, em Portugal; depois na República Checa.
Só dependemos de nós, mas fomos ultrapassados no primeiro posto do Grupo 2 pelos espanhóis, que venceram os checos por 2-0 (com mais um golo do "nosso" Sarabia) e têm agora mais um ponto do que a equipa das quinas.
Dir-se-á que França e Inglaterra estão bem pior nos respectivos grupos. A turma gaulesa segue em último, com apenas dois pontos (ainda sem vitórias), tal como os ingleses. Também a Alemanha ainda não conseguiu vencer no Grupo 3.
Mas com o mal dos outros podemos nós bem.
Como tantas vezes digo, se os dados estatísticos vencessem jogos e campeonatos, o nosso seleccionador ideal deveria ser contratado no Instituto Nacional de Estatística. Eis alguns números deste Suíça-Portugal: «vencemos» 20-5 em remates, «goleámos» 10-0 em cantos e exibimos manifesta superioridade na famigerada «posse de bola»: 58%.
Para o nosso desaire de ontem em Genebra muito contribuiu o facto de o seleccionador português ter incluído três nulidades no onze inicial: Otávio, Vitinha e Rafael Leão.
Estranhamente o primeiro só ao intervalo foi substituído e os outros dois apenas receberam ordem de saída quando já tinha decorrido mais de uma hora de jogo.
Esqueçamos as estatísticas: é quanto basta para explicar esta derrota.