Treinador do Sporting para a Época 2017/2018
Temos dez jogos para disputar até terminar a corrente época. O melhor a que realisticamente podemos almejar neste momento, em termos classificativos, é manter o atual terceiro lugar, mas há algo mais à espera de ser ou não conquistado: consolidar a expectativa de que estamos a caminhar para construir uma equipa mais competitiva na próxima época.
Sem desprezar que haverá duas ou três mexidas obrigatórias no plantel e que, portanto, há uma parte importante do nosso destino que só se começará a traçar depois de fechada a corrente época, creio que o que viermos a conseguir fazer nos jogos que faltam, com o atual plantel, será decisivo para termos hipóteses legítimas de disputar o próximo campeonato.
Não sou propriamente um fanático da formação no sentido de não ter olhos na cara e ficar cego com a ideia de que, por definição, colocar um jogador da formação é sempre melhor. Mas também não sou cego para a razoável taxa de fracasso e respetivo custo que tiveram as contratações deste ano. A qualidade média destas foi decisiva para que hoje seja angustiante ver jogar o Sporting e hoje, a 6 de março de 2017, é evidente que foi condição suficiente para nos arredar do título, mesmo com razões de queixa em algumas arbitragens importantes.
Bas Dost, sendo diferente, é um excelente jogador que substituiu Slimani, um avançado de categoria mundial, mas do resto pouco reza a história. Uma nota de esperança sobre Alan Ruiz e pouco mais.
Metade do mini-bus de contratados ou já foi despachado em janeiro para aliviar as contas ou inspira muito pouca confiança de mexer positivamente com o jogo do Sporting. Restam os reforços de janeiro, aqueles que temos e com os quais o treinador terá mais três meses de trabalho. Com tempo, um jogo por semana, ou menos, e condições ideias para burilar.
Esse trabalho exigirá necessariamente conseguir potenciar melhor o atual plantel começando desde já a integrar com maior frequência aqueles que sabemos irão estar disponíveis na próxima época (se assim quisermos) e que precisam de rodagem de sénior em ambiente de grande responsabilização. Jogadores que ainda estão a formar-se como profissionais numa equipa de topo.
Entretanto, estamos sem o jogador mais importante, Adrien (lesionado) e sem substituto condigno a ser escalado para o plantel. Mais um cenário que tem de ter resposta se queremos ser um candidato sólido a lutar pelo título. Ontem vimos um remendo tático muito razoável na primeira parte que foi destruído pelas substituições. Um claro erro de guião.
Temos três meses e algum sangue novo disponível e que, mais que não fosse, pelo baixo rendimento de alguns clássicos de Jorge Jesus, já justificam uma aposta continuada por uns jogos. Pelo menos Podence e provavelmente Geraldes e Matheus Pereira. Não para satisfazer os adeptos, mas para construir um esqueleto de equipa e um balneário mais equilibrado onde todos sejam vistos com alternativas válidas. Uma base a melhorar com algumas contratações cirúrgicas daqui a uns meses.
A garra e vontade dos putos que me recordo de ver em Cedric, Adrien, Carriço, João Mário, Gelson e muitos outros, têm oferecido ao Sporting - por vezes em momentos bem mais difíceis - uma combatividade que nos tem alimentado este espírito de resistência e que vai espantando adeptos aburguesados de tantos outros clubes que nos queriam ver dobrados pela estatística.
Convém ter bem presente que o futuro do Sporting passará muito por conseguir conservar no seu plantel essa alma numa fração razoável e contínua, com reflexos inevitavelmente positivos no decurso de uma época onde tantas vezes temos que lutar contra bem mais do que 11 jogadores adversários. É assim em quase todas as grandes equipas, aquelas que conseguem alimentar melhor a paixão da comunidade que as suporta - o capital mais importante do Sporting.
Será uma desgraça se este tempo que resta até à época 2017/2018 for gasto a suspirar pelo próximo mini-bus de contratações.