Tratar mal quem ganha
Malcolm Allison em 1982: um treinador campeão
Em 2015, mal conquistou a Taça de Portugal, Marco Silva foi despedido do Sporting por decisão do presidente Bruno de Carvalho.
Sempre me fez confusão esta má relação entre os líderes leoninos e os técnicos vencedores. Algo que terá sido patente, mais que nunca, durante o longo mandato de João Rocha (1973-1986). Dirigente de méritos firmados e um historial de sucessos ao leme do clube, este empresário teve, no entanto, uma característica que ainda hoje me surpreende: foi incapaz de conviver com os treinadores que se sagraram campeões pelo Sporting durante o seu mandato.
Lembrei-me disto ao ler a entrevista que o jornalista Gonçalo Pereira Rosa - autor do livro Big Mal e Companhia, sobre os bastidores da nossa épica "dobradinha" há 36 anos - deu à edição de ontem do diário A Bola. «Em 13 anos do consulado de Rocha, as três equipas campeãs são destruídas três meses depois. Despede Mário Lino em 1974, Fernando Mendes em 1980 e Allison em 1982. O que constrói, ele destrói logo a seguir. Havia alguma inveja dele», afirma o autor da obra, que vivamente recomendo.
É um mal que não se circunscreve àquela época. Por vezes parece-me que tratamos melhor quem não ganha do que aqueles que são capazes de conquistar títulos e troféus.