Tempo e paciência
No final do jogo, a uma capciosa pergunta do microfonista televisivo, querendo saber que presente de Natal desejava, Rúben Amorim, com a sua proverbial inteligência, desarmadilhou a questão - era "mais jogadores" que o patego procurava ouvir, a ver se dava questiúncula e manchetes - e pediu especificamente aos sócios "tempo e paciência."
O modelo de jogo que Amorim implantou é complexo, requer articulação, entrosamento, intensidade, vivacidade, grande disponibilidade e maior atenção, quer aos pormenores quer às ocasiões do jogo, para que sejam aproveitadas instantaneamente. Ou seja, requer doses maciças de treino e de cultura táctica.
Já se devia ter percebido com o "caso Matheus Reis" que isto não se ganha depressa. Este ano temos - e se calhar já se pode dizer "tivemos" - o caso Trincão, que andou um pouco perdido em campo, longe do fulgor de outrora, e tem vindo ultimamente a aproximar-se do nível que dele se esperava. Era de tempo que ele precisava.
Tempo não foi o que Amorim usufruiu na pré-epoca, com as trocas e baldrocas de Matheus Nunes e Tabata, e paciência não foi o que alguns sócios lhe concederam no início do campeonato.
Tempo e paciência é o que faz falta a Essugo, Sotiris, Mateus Fernandes, Fatawu, Marsà, Israel para crescerem de pintainhos a galos de combate com esporão afiado. Se não lhos derem, não conseguirão cumprir o que prometem.
Tempo e paciência, todo o tempo e muita paciência é o que, por mim, ofereço a Rúben Amorim, sejam quais forem os resultados imediatos. Porque os resultado que eu quero ver são outros: uma equipa a crescer consistentemente, sempre competitiva, saia quem saia, entre quem entre. E isso, pelo que temos visto, Amorim tem fornecido. Os cegos e os parvos, os frustrados e o maldosos, sempre de dedinho esticado à procura da culpa, que se danem.