Temos jogadores que nunca desistem (Marcel Keizer)
Realmente é verdade, Mr. Keizer. Não são todos, temos no plantel jogadores que desistem bem depressa de demonstrar a sua utilidade e justificar o que ganham. Mas alguns são verdadeiros heróis, guarda-redes que evitam golos em momentos críticos, alguns defesas centrais avançam no terreno como locomotivas e fazem de pontas de lança quando a coisa está preta, alguns médios defendem, atacam, correm os 90 metros, marcam de livre e de penálti, alguns avançados preenchem o corredor, atacando e defendendo com bravura, alguns pontas de lança não desistem de somar golos ao seu pecúlio.
Meia dúzia de bravos do plantel, que têm de aguentar com os tais colegas que desistem sempre de ajudar, arbitragens manhosas que os castigam, adeptos que os insultam quando a coisa não corre bem (e ameaçam voltar aos apertos e agressões), treinador perdido algures entre a Eredivisie e a Liga Tuga e que não lhes permite descanso, um presidente pressionado pelos sócios e uns empresários sempre dispostos a arranjarem motivos para viajarem para outras paragens.
Um deles por acaso é holandês, muito bom de cabeça e a concluir cruzamentos, e passa longos minutos a secar na frente do ataque, porque o senhor insiste em jogo interior e extremos de pé trocado. Quando não há holandês, é quando o senhor manda cruzar, vá lá entender-se porquê.
Dois são defesas centrais, que jogam sem a protecção dum trinco e são obrigados a dobrar constantemente defesas laterais em parte incerta. Isto porque o senhor insiste num outro holandês que anda por ali perdido no meio-campo sem saber o que fazer.
Os outros, os que não desistem, também é fácil perceber quem são.
A questão então é se o senhor já desistiu de ajudar os tais jogadores que nunca desistem.
SL