As primeiras impressões (6)
O melhor jogo da pré-temporada leonina terminou há pouco em Alvalade, perante mais de 30 mil adeptos. Com uma vitória do Sporting frente ao Wolfsburgo que nos permitiu conquistar mais um Troféu Cinco Violinos.
A primeira parte - em que jogámos com o onze-base que terminou a temporada anterior, já com os nossos quatro campeões europeus reintegrados na equipa - foi muito mais positiva, com claro domínio verde e branco sobre a turma alemã. A nossa vitória (2-1) foi construída nesse período: os jogadores trocaram bem a bola, revelaram muita mobilidade e fizeram uma exibição convincente. Mostrando uma inegável vivacidade e alegria por regressarem aos desafios no relvado, aspecto que merece ser assinalado.
Após o intervalo, Jorge Jesus foi fazendo sucessivas alterações, deixando apenas Rui Patrício em campo, o que afectou a qualidade global da equipa. Foi nesse período que os alemães marcaram o seu golo solitário, insuficiente para travarem a derrota. Mas podiam ter empatado se Rui Patrício não fizesse uma excelente defesa aos 69' - o guarda-redes titular da selecção que conquistou o Euro 2016 merece aliás ser mencionado como o melhor jogador desta partida.
Alguns dos suplentes deram boas provas, outros nem por isso. Mas todos precisam de mais minutos de jogo para ganharem automatismos, desenvolverem destreza muscular e mostrarem o que valem no plano táctico.
Um dos poucos que permaneceram no banco foi Barcos. Sinal evidente de que o treinador não contará com ele. Ninguém tem dúvidas: precisamos de um reforço urgente na frente atacante. Ou talvez mesmo dois.
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Apreciação sucinta dos nossos jogadores:
Rui Patrício - Qualidade indesmentível. Duas defesas monumentais: uma aos 42', a remate de Ricardo Rodríguez, outra aos 69', travando Kruse, isolado à sua frente. Merece ser distinguido como o melhor em campo.
Schelotto - Bastante mais contido do que nos tem habituado, sobretudo nas incursões ofensivas. A defender, voltou a exibir segurança e solidez. A lateral direita parece bem entregue. Saiu aos 65'.
Coates - Outra exibição muito positiva, sobretudo na articulação com Rúben Semedo no eixo da defesa. Magistral corte aos 41'. Substituído aos 76'.
Rúben Semedo - Voltou à titularidade, evidenciando classe: é um dos jogadores que mais tem evoluído sob o comando de Jesus. Tudo lhe sai bem. Aos 44', pôs fim a um contra-ataque perigoso. Saiu aos 77'.
Marvin - A sua melhor exibição da pré-temporada. Foi combativo e arriscou mais incursões pelo seu flanco, sem descurar a vigilância defensiva. Substituído aos 65'.
William Carvalho - Regresso em boa forma, com a qualidade de passe que bem conhecemos. Foi o maior distribuidor de jogo da equipa, complementando bem a acção de Adrien na fase de construção ofensiva. Saiu aos 76'.
Adrien - O dínamo da equipa, que pauta naturalmente o ritmo de jogo colectivo do Sporting. Marcou muito bem o nosso segundo golo, de penálti (34'). Saiu aos 55', visivelmente cansado, sob uma chuva de merecidos aplausos.
Bruno César - Outra boa exibição. Muito dinâmico na ala esquerda, fez um cruzamento perfeito para o primeiro golo e cavou o penálti de que resultaria o segundo. Ainda um grande remate a rasar o poste (31'). Substituído aos 77'.
João Mário - Menos explosivo do que nos habituou, demonstrou alguns pormenores de grande classe, sobretudo na forma como domina e transporta a bola. Mas soube a pouco. Saiu ao intervalo.
Bryan Ruiz - Com Adrien de regresso, voltou a adiantar-se no terreno. E jogou desta vez no eixo do ataque, tendo Slimani à sua frente, posição em que parece render melhor. Muito marcado pela defesa alemã. Saiu aos 76'.
Slimani - O estádio quase veio abaixo quando o argelino regressou aos golos, aos 26'. Com excelente gesto técnico: recebeu a bola de costas, fez uma rotação com ela dominada, driblou Dante e fuzilou. Saiu aos 55', muito aplaudido.
Iuri Medeiros - Jogou toda a segunda parte, no lugar de João Mário. Acusa algum excesso de ansiedade, mas vai melhorando de desafio para desafio. Precisa de entrosar melhor com os companheiros de ataque.
Palhinha - Outra exibição positiva. Entrou aos 55', com a responsabilidade de substituir Adrien. Mais retraído do que o campeão europeu na fase de construção, foi sobretudo útil no apoio ao nosso eixo defensivo. Cumpriu.
Alan Ruiz - Esteve em campo desde o minuto 55, mas não propiciou à equipa as soluções que Slimani fornece no ataque. Hoje pareceu um pouco mais lento e preso de movimentos do que nos jogos anteriores.
Jefferson - Substituiu Marvin aos 65'. Tem os defeitos e os atributos simétricos aos do seu companheiro: mais lesto e ousado no ataque, mais inconstante a defender. Podia ter feito melhor no golo alemão, sofrido aos 78'.
João Pereira - Rendeu Schelotto ao minuto 65. Os centros não lhe saíram bem e revelou alguma dificuldade em acompanhar o extremo do Wolfsburgo. Mas nunca vira a cara à luta nem desiste do combate, o que justifica elogio.
Podence - Entrou aos 76'. Precisa de ganhar traquejo após uma boa época na equipa B. Jesus poderá contar com ele na Liga 2016/17. Destaque para uma grande simulação que possibilitou um golo a Aquilani, infelizmente falhado.
Aquilani - Pena ter falhado o golo que Podence ajudou a construir para ele, quase no fim do jogo. Entrou aos 76', para o lugar de William Carvalho. Sabe jogar, mas parece faltar-lhe sempre um suplemento de ânimo.
Ewerton - Substituiu Coates aos 76'. Podia ter feito muito melhor no lance do golo alemão, ocorrido em parte devido a uma falha de marcação sua. Está muito longe da forma ideal.
Naldo - Rendeu Rúben Semedo aos 77'. Tem disciplina táctica e sentido posicional, embora lhe falte a qualidade de passe do colega. Cumpriu no essencial.
Matheus Pereira - Entrou aos 77', cheio de vontade de mostrar serviço, o que lhe aumenta os níveis de ansiedade. Fez dois bons centros para Podence, já no tempo extra. Qualquer deles podia ter dado golo.