«Uma mistura de João Mário com o seu irmão, Wilson Eduardo, daria um jogador quase perfeito. O primeiro, de toque suave na bola, refinada técnica, mas de jogo miudinho e sem qualquer apetência para o golo, o que é pouco consentâneo com o exigido a médio moderno de uma equipa de primeiro plano. Talvez isto ajude a explicar o pouco sucesso que teve em outras equipas por onde passou. O segundo, sem a técnica do primeiro, mas bastante mais acutilante e com uma certeza de remate e faro para o golo que o distinguiram. Bem sei que jogam em posições diferentes, e que não se pode exigir a um irmão o que tem o outro. Dois irmãos, praticamente da mesma idade, que aprenderam a jogar juntos e evoluíram para campos de acção diferentes, mas que se completam.»
Frustrante mesmo é dar uma oportunidade para o indivíduo que nos últimos anos mais tem gozado com o Sporting ainda se armar em vítima. Por culpa do Sporting. Espero que ele devolva o Palhinha, e se quiser devolver o Esgaio, não seja por isso. O Wilson Eduardo não está em fim de contrato? (Refiro-me ao topo direito desta capa deste jornal que também adora colocar o Sporting ao nível dos clubes regionais.)
O Braga brilha na Liga Europa. Anteontem foi ganhar ao Besiktas, na Turquia - um país onde nunca é fácil disputar uma competição internacional.
No onze titular braguista, três jogadores formados no Sporting. Todos ocupam posições em que agora seriam titular indiscutíveis no onze titular leonino: João Palhinha, médio defensivo; Ricardo Esgaio, lateral direito; Wilson Eduardo, ala ofensivo.
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O que disseram os jornais desportivos da exibição deste trio na vitória alcançada em Istambul que contribuiu para aumentar a pontuação portuguesa em comparação com a Rússia no quadro de honra da UEFA?
Esgaio
«Alguns sobressaltos a defender foram largamente compensados pelo papel importantíssimo que teve no ataque: foi numa das muitas arrancadas pelo corredor direito que, com Galeno, construiu o golo da vitória.» (O Jogo)
«Em termos defensivos, foi sempre muito seguro, mas deram-lhe liberdade e aproveitou para tocar a bola para a frente. Exemplo disso mesmo foi o lance do 2-1.» (A Bola)
«Rapidíssimo a descobrir Galeno na direita na origem do golo da vitória.» (Record)
Palhinha
«Grande jogo do médio que tomou conta do meio-campo bracarense com enorme classe. Esteve em todo o lado: fez as dobras dos centrais, esticou o jogo até lá à frente e ainda tentou o golo, tudo com uma disponibilidade exemplar e determinante no domínio do jogo.» (O Jogo)
«Fechou vias a meio-campo e não teve espaço para outras acções. No segundo tempo houve um período em que passou por mais problemas.» (A Bola)
«Presença de força no meio-campo.» (Record)
Wilson Eduardo
«Chamado no momento mais difícil da partida, teve duas excelentes oportunidades de golo. Marcou à segunda, a passe de Galeno, e foi o suficiente para garantir a vitória do Braga. Está a regressar em grande.» (O Jogo)
«Saltou do banco e resolveu o jogo com mais um golo. Excelente o momento que atravessa, somando golos e boas exibições.» (A Bola)
«Decisivo a fazer o golo do triunfo, fugindo com esperteza a Vida.» (Record)
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Estupidamente, cedemos estes três profissionais de matriz leonina ao clube minhoto - dois por venda, outro por empréstimo (de dois anos!).
Por aproveitar mais e melhor a formação leonina do que o Sporting. Refiro-me concretamente ao seguinte trio: Wilson Eduardo (que já tinha marcado um grande golo ao Moreirense, na primeira jornada do campeonato), Ricardo Esgaio e João Palhinha (este a abrir o marcador) pelo desempenho que tiveram na vitória de ontem contra o Brondby, por 3-1. Este triunfo coloca a equipa bracarense - agora comandada por Ricardo Sá Pinto, que enquanto jogador do Sporting venceu um campeonato, uma Taça de Portugal e duas supertaças - no play off de acesso à fase de grupos da Liga Europa.
Recordo que o Sporting, sob a gerência de Bruno de Carvalho, cedeu Wilson Eduardo em definitivo ao Braga em Agosto de 2015 e abdicou de Esgaio para o mesmo clube no âmbito do negócio com António Salvador que trouxe Battaglia para Alvalade em Junho de 2017. Já no breve mandato da Comissão de Gestão encabeçada por Sousa Cintra, em Agosto de 2018, Palhinha foi cedido por empréstimo até 2020, igualmente ao Braga.
Nós formamos os jogadores, eles beneficiam deles. É para isto que vai servindo, afinal, a Academia de Alcochete.
Foi um erro a dispensa tão prematura do Wilson Eduardo, um jogador com cultura leonina e sportinguista do coração. A troco de quê? Ninguém sabe dizer. Hoje é o rei das assistências na I Liga e já leva seis golos marcados no campeonato.
Não teria lugar na equipa do clube que o formou? Claro que sim.
O caso do Wilson Eduardo ilustra bem os erros que têm sido cometidos no Sporting. Descartam-se bons jogadores que formamos ao longo de anos enquanto importamos legiões de pernas-de-pau. E este ano têm sido imensos - de Barcos, o ponta-de-lança incapaz de marcar, a Alan Ruiz, mais rápido a comprar bólides do que a meter a bola dentro da baliza; de Elias chuta-pr'a-trás a Marcoxovic.
Onde estão e o que fazem Wallyson, Palhinha, Matheus Pereira, Esgaio, Iuri, Podence, Francisco Geraldes, Carlos Mané?
Foi uma grande lição de desportivismo aquela que os adeptos do Sporting deram aquando da substituição de Wilson Eduardo.
Graças a este atleta o Sporting sofreu o primeiro golo. E ainda estava a perder quando o irmão de João Mário abandonou as quatro linhas, debaixo de uma enorme ovação.
Dois anos consecutivos, duas vitórias. O Sporting venceu hoje o primeiro troféu oficial da nova temporada ao derrotar o Benfica na final da Taça de Honra da Associação de Futebol de Lisboa, uma competição com sólidas tradições.
É também a primeira vitória do nosso novo treinador, Marco Silva, contra o mais histórico dos nossos rivais e também o seu primeiro triunfo absoluto, enquanto técnico, num dérbi.
O Sporting dominou durante quase todo o encontro e deu mesmo a impressão, em vários momentos do jogo, que era a única equipa em campo realmente com vontade de vencer. Julgo que o onze titular que Marco Silva fez alinhar no Restelo se aproxima do conjunto-base que teremos ao longo da temporada. Hoje já sem Wilson Eduardo, o melhor jogador leonino no jogo da meia-final frente ao Belenenses: este médio, formado na Academia de Alcochete, jogará por empréstimo no Dínamo de Zagrebe.
Sob apoio de uma enérgica claque leonina, o Sporting não só se sagrou vencedor mas começa também a convencer. Com o golo da vitória a ser novamente marcado por André Martins, desta vez em lance corrido, aproveitando uma excelente abertura de Carrillo ("com alguma sorte", disse o narrador da BTV, numa tentativa falhada de ter sentido de humor).
Foi uma vitória saborosíssima, também por prenunciar outras sob o comando técnico do sucessor de Leonardo Jardim.
Este Sporting ainda em construção já se apresenta de forma bem organizada, sobretudo no processo defensivo, fechando bem o sector mais recuado (com Oriol Rosell funcionando por vezes como uma espécie de terceiro central, o que facilita a subida dos laterais), e uma linha intermédia muito móvel em que se destaca naturalmente a classe de Adrien Silva, hoje o melhor em campo.
Foi um enorme disparate - para não usar uma linguagem mais contundente - deixá-lo fora da lista dos jogadores convocados para o Mundial do Brasil. Um erro grave de Paulo Bento, como na altura escrevi aqui.
As maiores incógnitas estão na nossa linha avançada, bastante menos definida. Montero voltou hoje a fazer uma partida muito apagada, Carrillo jogou acima da média revelada na época 2013/14 (uma assistência para golo e uma bola atirada ao poste) e Capel foi igual a si próprio, arrancando várias faltas à defesa benfiquista.
Jogaram também Carlos Mané, muito ausente da partida, e Heldon, que não teve tempo para se destacar.
Dos reforços leoninos Rosell continua a merecer destaque. Slavchev já demonstrou esta noite maior potencial e Tanaka movimenta-se bem na área. João Mário, que só alinhou na segunda parte, candidata-se cada vez mais a titular do novo Sporting. Com todo o mérito.
1. Grande jogada colectiva, superiormente concretizada. Construindo um lance de ataque no meio-campo com a precisão de passe que o caracteriza, Adrien toca a bola para a sua esquerda, onde Carrillo a recebe de costas. O peruano faz uma rotação e pica a bola com técnica irrepreensível para Jefferson, que já acelera junto à linha. Muito rápido, batendo o lateral do Belenenses, o brasileiro cruza para a área. Palmeira corta para canto.
Jefferson marca o canto. A bola sobe para a área e é aliviada pela defesa azul. Wilson Eduardo, em corrida da ala direita para o centro, recebe-a sem a deixar cair na relva e dispara um pontapé fortíssimo: a bola entra a uma velocidade impresssionante. O guardião adversário, aturdido, nem se mexeu.
Foi o primeiro, aos 30 minutos: Wilson Eduardo, homem-golo.
2. A bola ressalta da grande área do Belenenses. Wilson Eduardo, jogando desta vez do lado esquerdo, toma posse dela com uma excelente recepção. Supera um adversário e prepara-se para ultrapassar outro, flectindo para o centro, até ser derrubado erm falta a quatro metros da entrada da grande área. O árbitro, como lhe competia, assinala livre directo. André Martins encarrega-se da marcação. Cinco adversários formam barreira. Muito concentrado, quase sem tomar balanço, André marca-o de forma exemplar fazendo a bola voar por cima da barreira, ligeiramente em arco, com a força suficiente e uma técnica insuperável. O guarda-redes voa mas não chega lá.
Foi o segundo, aos 33 minutos: o pequeno André Martins agiganta-se a cada golo.
É um prazer voltar a ver golos do Sporting. Um prazer redobrado quando esses golos surgem a par, como ontem aconteceu.
O que dissemos aqui, durante a temporada, sobre WILSON EDUARDO:
- José Navarro de Andrade: «Wilson Eduardo comporta-se como um B-2, silencioso, furtivo e apto a despejar armas de destruição maciça por onde passa. Quando Wilson Eduardo acaba o jogo, hão-de reparar que o defesa direito adversário ficou reduzido a cinzas, o defesa central daquele lado mostra estragos morais irreparáveis e ainda se verificam graves danos no meio campo e no guarda-redes.» (26 de Agosto)
- Eu: «Gostei do grande golo de Wilson Eduardo. Um prodígio de técnica, num ângulo de execução muito difícil. A festa do futebol passa por isto.» (21 de Setembro)
- Francisco Melo: «Gosto muito de Wilson Eduardo. Para além de marcar, e dar a marcar, golos nota-se que tem mesmo imensa vontade e prazer em jogar de leão ao peito.» (12 de Novembro)
«O Adrien e o Wilson Eduardo são dois jogadores que já deram muito esta época ao Sporting mas que só despontaram a sério aos 24 anos. Carrillo será outro jogador que possivelmente só irá ser regular daqui a dois ou três anos (e espero que ainda cá esteja para vermos isso). Maurício será o nosso Luisão (peço desculpa pela comparação), pois são ambos jogadores que jogam mais com o coração do que com a cabeça mas com a experiência que adquirem tornam-se jogadores serenos e inteligentes.»
Hoje, vou contar-vos uma história. E, como todas as histórias, começa assim:
Era uma vez um jogador do Sporting, aí formado, e que estava emprestado. Um dia, foi a Alvalade jogar contra o Sporting e marcou. O Sporting não venceu esse jogo.
Ahhh??? Não gostaram deste começo? Bom, vou então tentar outro.
Era uma vez um jogador do Sporting, aí formado, que fez a pré-época no Sporting mas acabou por ser emprestado. Um dia, jogou contra o Sporting e marcou. O Sporting não venceu esse jogo.
Como??? Também não gostam deste início? Caramba, à terceira tem que ser!
Era uma vez um jogador do Sporting, aí formado, que fez a pré-época no Sporting e ficou no plantel. Um dia, no primeiro jogo do campeonato, em Alvalade, o Sporting venceu e ele… marcou!
Já gostam? Ok, continuemos então.
Wilson Eduardo, 23 anos apenas. O menino que face ao seu histórico nas camadas jovens do Sporting, e também nas selecções, prometia muito mas tardava em encontrar o seu lugar à noite (obrigado Sporttv!) de Alvalade.
Se nem a crise de soluções atacantes na pré-temporada com Sá Pinto ao leme lhe valeu a confiança para ficar no plantel, então jamais Wilson iria ter a oportunidade de marcar golos de leão ao peito. 99,99% dos sportinguistas terá, assim, pensado. Já o restante 0,01% dos sportinguistas, que é o adepto Leonardo Jardim, não se terá convencido disso.
Em 2013/2014, Wilson Eduardo voltou a fazer a pré-época no Sporting e não só assegurou o seu lugar no plantel como neste primeiro terço do campeonato se assume como uma das principais referências da equipa leonina.
Gosto muito de Wilson Eduardo. Para além de marcar, e dar a marcar, golos nota-se que tem mesmo imensa vontade e prazer em jogar de leão ao peito.
Em Wilson Eduardo observo o esforço e dedicação de quem fez pela vida para chegar ao plantel principal de um Grande. Muitos miúdos, muitos estrangeiros, chegam a Alvalade e ao plantel principal do Sporting e desperdiçam a oportunidade que lhes é dada. Nuns casos, por manifesta falta de humildade, noutros casos por clara falta de qualidade. Entre uns e outros muitas vezes se perdem bons jogadores que, caso lhes fosse dada a mesma oportunidade, não a teriam certamente deixado fugir. E depois é vê-los brilharem noutras cores e pensarmos por que é que o Sporting não aproveitou este jogador.
Temia que com Wilson Eduardo a história se pudesse repetir. Felizmente não foi esse o caso.
Wilson Eduardo merece este bom começo da sua 1ª época no Sporting, e desejo, sinceramente, que saiba e faça por aproveitar bem os restantes 2/3 do campeonato. Nada é garantido, e Wilson tem bons exemplos perto de si de colegas que ainda ontem eram intocáveis no 11 do Sporting e hoje vêem os jogos ao lado do presidente Bruno de Carvalho.
Termino com a evocação de um sonho. Que o Sporting possa vir a ter em breve uma grande dupla familiar no seu 11, como a selecção da Dinamarca teve com os manos Laudrup, ou o Ajax com os manos De Boer. Os manos Wilson e João Mário.
Ainda bem que Wilson Eduardo não marcou "aquele" golo em Coimbra. Teria sido muito mau para o Sporting.
Capel é uma carga de cavalaria: impetuosa, empolgante, às vezes tomando de assalto a barricada inimiga, outras apenas desbaratando as fileiras contrárias. Carrillo é vulcânico: com erupções sulfúricas mas inconstantes. Wilson Eduardo é diferente: comporta-se como um B-2, silencioso, furtivo e apto a despejar armas de destruição maciça por onde passa. Quando Wilson Eduardo acaba o jogo, hão-de reparar que o defesa direito adversário ficou reduzido a cinzas, o defesa central daquele lado mostra estragos morais irreparáveis e ainda se verificam graves danos no meio campo e no guarda-redes.
Ora se Wilson Eduardo tivesse marcado aquele golo poderia haver quem se lembrasse de Van Basten, o que seria de molde a suscitar alguma ideia parva nos Mónacos ou nos Manchesters que andam por aí a vasculhar talentos.
Dêem-lhe ordem para fazer o que tem feito no próximo fim-de-semana, mas depois peçam-lhe discrição até Dezembro, não vá o diabo tecê-las.
Que o jovem Bruma vai ficar a conhecer o seu campo de treinos para os próximos tempos. Alcochete, Seixal, Olival, Istambul, Londres, as opções são intermináveis.
A poucas ou largas horas de conhecermos o desfecho de uma novela que conseguiu a proeza de ser mais irritante do que as da TVI e SIC todas juntas (concedendo, porém, que as visões da Soraia Chaves ou Rita Pereira são sempre bem mais agradáveis do que apanhar a toda a hora o Bebiano Gomes na televisão a perorar sobre tudo e mais alguma coisa...), são dois os desfechos admissíveis: a CAP dá razão ao Sporting, ou a CAP dá razão ao jogador.
Seja qual for a decisão, há uma verdade de antologia que se reforçou particularmente nestes últimos dois meses: nenhum jogador é maior do que o Clube.
O Bruma é bom, pode ser craque, etc, mas o Sporting sobreviveu (poderia ser doutro modo?) à sua ausência e, no que me parece muito feliz, possibilitou-se que surgissem novos valores, outrora desconhecidos (William Carvalho) ou desconsiderados (Wilson Eduardo). Esse é o grande mérito desta conturbada novela.
Há comboios que só param uma vez na estação da vida dos jogadores. A felicidade estampada por Wilson Eduardo quando marcou contra o Arouca, representa a glória pessoal de alguém que colocou tudo no esforço, dedicação e devoção a um Clube, e sobre quem tantos vaticinaram não ter qualidade para integrar a sua equipa principal.
Independentemente do desfecho que se vier a saber, em princípio hoje, o Sporting ganhou uma equipa ou, pelo menos, um punhado de jogadores que está a suar a camisola. Assim saibam continuar a honrar o equipamento que envergam. Assim saiba também o Sporting reconhecer e acarinhar aqueles que não cospem no prato onde comem.
Nunca mais - repito: nunca mais - o Sporting deve fazer alinhar na sua equipa principal jogadores oriundos das camadas jovens sem a devida actualização contratual que preserve os interesses do clube. Casos como o de Bruma, entretanto transformado num péssimo folhetim, não podem repetir-se. Por isso gostei de saber que os vínculos contratuais de William Carvalho e Wilson Eduardo - dois jogadores que têm dado nas vistas nesta pré-temporada - foram já prolongados até 2018, passando ambos a ter cláusulas de rescisão no valor de 45 milhões de euros. Isto na sequência do que já ocorreu com João Mário, Ricardo Esgaio e Mica: todos passaram a estar ligados ao clube por mais cinco anos, com cláusulas de rescisão idênticas às daqueles colegas.
Um sinal claro para empresários, agentes, advogados e "tutores", que pensam muito mais em adquirir dinheiro fácil do que no sucesso desportivo e na realização pessoal dos jogadores.
Num ano terrível para todos os sportinguistas, aqueles que mais prejudicados foram acabaram por ser dois expoentes máximos da geração de 1990/1991: Nuno Reis e Wilson Eduardo.
Emprestados ao Olhanense e à Académica, respectivamente, Nuno e Wilson jogaram bastante, adquirindo a necessária experiência de I Liga, mas a verdade é que não estavam no sítio certo à hora errada. Isto é, quando a equipa idealizada por Sá Pinto e herdada por Oceano e Vercauteren se desmoronou, forçando Jesualdo Ferreira a encontrar alternativas na equipa B.
Nuno Reis viu-se sucessivamente ultrapassado por Eric Dier, Pedro Mendes (que só deixou de ser aposta ao deixar claro que seguiria para o Parma), Tiago Ilori e até Fabrice Fokobo, que deu boa conta de si na fase final do clássico com o FC Porto. Quanto a Wilson, começou por aparecer Ricardo Esgaio e depois 'explodiu' o diamante Bruma, com o sub-rendimento de Carrillo e Jeffrén a abrir janelas de oportunidade.
Para Nuno e Wilson esta deverá ser a derradeira oportunidade de afirmação no plantel do Sporting, facilitada pela falta de dinheiro para reforços. Cabe-lhes mostrar trabalho a Leonardo Jardim - algo que o avançado já fez quando esteve emprestado ao Beira-Mar -, o que passa também por abandonar as linhas (Nuno foi utilizado como lateral-direito pelo Olhanense e Wilson descaiu muitas vezes para as alas na Académica) e apostar a sério no centro do terreno. Não será por falta de qualidades que Nuno Reis não será um central com ambições de titularidade, tal como Wilson Eduardo pode perfeitamente ser um camisola 9 ao estilo do 'Levezinho'.
Entre os 25 jogadores que apanharam o avião para a Madeira destaca-se aquele que poderá ser a maior surpresa. Chama-se João Mário Eduardo, conhece bem a responsabilidade inerente a habitar no meio-campo e a sua convocatória é um tão forte desfalque na Equipa B que só se compreende caso Vercauteren tenha a menor intenção de lhe conceder uma oportunidade, nomeadamente no jogo contra o Nacional, no qual também Rinaudo se encontra impedido de participar, juntando-se aos lesionados Schaars, Izmailov e André Martins. O nosso treinador tem confiado o meio-campo à inoperância de Elias e Pranjic, tão desinspirados a construir jogadas quanto a pressionar o adversário, com os efeitos que estão à vista de todos. Nada perderia em dar uma oportunidade a João Mário na Choupana, sendo o maior risco um permanente desfalque no plantel orientado por Dominguez. Tal como nada se perderia em fazer regressar Wilson Eduardo, irmão mais velho do médio, para fazer séria concorrência a Wolfswinkel, mas também a Carrillo e Diego Capel.
Parabéns à Académica. Pelos dois a zero afinfados ao Atlético de Madrid na Liga Europa, interrompendo um extraordinário ciclo de 16 vitórias dos madrilenos nas competições europeias. E parabéns ao marcador dos golos: Wilson Eduardo, um jovem formado pelo Sporting que emprestámos ao clube de Coimbra.
A falta que ele nos faz agora: por mim, regressava já à base. E podíamos remeter dois dos que cá estão para as doces margens do Mondego.
{ Blogue fundado em 2012. }
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