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És a nossa Fé!

Ecos do Europeu (24)

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Nem sempre podemos dizer isto, mas desta vez ninguém tem dúvidas: venceu a melhor selecção. Aquela que exibiu melhor futebol, aquela que obteve melhores resultados, a que seduziu milhões de pessoas em todo o mundo durante este Euro 2024, disputado ao longo dum mês. A Espanha do seleccionador Luis de la Fuente, digna herdeira daquele já quase lendário plantel orientado (primeiro) por Luis Aragonés e (depois) por Vicente del Bosque que venceu dois Europeus e um Mundial em apenas quatro anos.

Ontem à noite, no Estádio Olímpico de Berlim, nuestros hermanos venceram o seu quarto Campeonato da Europa, juntando-o aos de 1964, 2008 e 2012. Isolaram-se como país mais conquistador deste cobiçado troféu - que foi nosso em 2016. E revelaram ao Planeta Futebol dois extraordinários jogadores, que fizeram a diferença: Nico Williams e Lamine Yamal, extremos de pés trocados, dignos herdeiros da eterna magia do futebol de rua.

Foram eles a construir o golo inicial, aos 47'. Num magnífico exemplo de futebol de ataque, concretizado com toques rápidos e olhar fixo na baliza. Bem servido por Carvajal junto à linha direita, Yamal fez um passe de ruptura, lateralizado, Olmo deixou-a passar arrastando os centrais e Williams apareceu solto de marcação pela esquerda, culminando o lance da melhor maneira num remate cruzado.

Futebol clássico, futebol moderno, o futebol de sempre. Protagonizado por um miúdo de 22 anos do At. Bilbau, filho de imigrantes do Gana, e por um miúdo que na véspera festejara 17 anos, nascido na Catalunha de pai marroquino e mãe da Guiné Equatorial.

Vieram do quase-nada, já conseguiram quase tudo.

 

E no entanto até foram os ingleses a criar a única oportunidade de golo da primeira parte. Aos 45'+1, por Foden. Unai Simón estava lá para o travar.

A Inglaterra tentou reagir. No banco e no campo. Aos 61', o seleccionador Gareth Southgate mandou sair Harry Kane, trocando-o por Watkins: tinha a fezada de repetir a fórmula que resultou na meia-final frente à Holanda. Aos 64', Bellingham - goleador do Real Madrid, apagado a jogar como interior esquerdo na selecção - fez a bola roçar o poste num remate rasteiro. Aos 66', a genial dupla Nico-Lamine construiu um golo que só o guarda-redes Pickford conseguiu travar. Aos 73', o recém-entrado Palmer empatou num fortíssimo remate rasteiro.

Renascia por instantes a esperança inglesa. O espectáculo refinava-se, digno de uma final, em ritmo de parada-e-resposta. Aos 82', nova parceria Nico-Lamine com toque de brilhantismo: Pickford voltou a brilhar entre os postes.

Adivinhava-se prolongamento. Mas não foi necessário: Oyarzabal - que substituíra Morata aos 68' - sentenciou a partida aos 87', com preciosa assistência de Cucurella, este indiferente aos assobios que lhe dirigiam nas bancadas desde o início da partida. 

Tudo ainda podia acontecer. Esteve quase para ocorrer o empate, no minuto 90. Unai Simón defendeu à queima-roupa e Olmo, em missão defensiva, afasta-a de cabeça na recarga em cima da linha de baliza. Festejando o corte como se tivesse marcado golo.

 

Caía o pano. Southgate confirmava a fama de pé frio: segunda final consecutiva perdida, após a queda em casa, há três anos, frente aos italianos, na roleta dos penáltis finais. A Inglaterra continua em estado virgem, sem títulos nos Europeus. E o único Mundial que venceu foi o de 1966, aquele em que Eusébio mais brilhou.

Espanha inteira festeja. E com motivos para isso. Após vitórias sucessivas contra a Croácia (3-0), Itália (1-0), Albânia (1-0), Geórgia (4-1), Alemanha (2-1), França (2-1) e agora Inglaterra. Três antigos campeões do mundo derrubados. 

Craques, além do mencionados? Rodri, que não hesito em qualificar como melhor médio actual do mundo: é o verdadeiro pêndulo da equipa, o principal factor de segurança, um referencial de estabilidade. Sem surpresa, foi designado Jogador do Torneio

Outro: Fabián Ruiz. Longe de ser titular absoluto no PSG, revelou-se um dos grandes obreiros deste título europeu de Espanha. A construir golos e a marcá-los. Conciliando eficácia com talento desportivo.

Outro ainda: Dani Olmo, médio ofensivo do Leipzig. Começou no banco, terminou a titular. Imprescindível na selecção campeã. Autêntico todo-o-terreno, este catalão que «parece alemão», como dizem por lá. 

Sai do Europeu como melhor marcador, a par de Kane, Musiala (Alemanha), Mikautadze (Geórgia), Cody Gakpo (Holanda) e Schranz (Eslováquia): todos com três marcados. Soube a pouco. Longe dos cinco de Cristiano Ronaldo, rei dos marcadores no Euro 2021. Único aspecto em que este Campeonato da Europa disputado na Alemanha desiludiu.

 

Com dois golos e uma assistência, Williams foi eleito melhor jogador da final do Euro 2024. Com todo o mérito, com toda a justiça. Numa selecção campeã que integrava nove jogadores oriundos do País Basco: nada como o futebol para limar divergências políticas. 

Irá voar agora mais alto, rumo ao Barcelona. Onde promete fazer parceria inesquecível com Yamal. Mas isso já é outra história.

 

Espanha, 2 - Inglaterra, 1 (final do Euro 2024)

 

Leitura complementar: A Espanha é campeã da Europa porque o futebol ainda sorri de volta a quem não o jogar com medo. De Diogo Pombo, na Tribuna Expresso.

Ecos do Europeu (8)

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Dois jogos contrastantes. No primeiro, domínio total de Espanha: o país vizinho quer recuperar a hegemonia que manteve no futebol planetário entre 2008 e 2014, período em que venceu dois campeonatos da Europa e um mundial. 

O Espanha-Itália era um dos jogos mais aguardados deste Euro-2024. Mas poucos imaginariam tão grande disparidade entre os contendores. Foi total o domínio físico, táctico e técnico da selecção que veste de vermelho e detém o título da Liga das Nações conquistado em 2023 na disputa final contra a Croácia. Os espanhóis asfixiaram os italianos, actuais campeões europeus, travando-lhes quase todas as veleidades ofensivas. Ao intervalo, era abismal a diferença entre remates: nove para Espanha, um para Itália. A squadra azzurra não registava qualquer oportunidade de golo. Scamacca, estrela da Atalanta (e "carrasco" do Sporting na Liga Europa) quase não tocou na bola.

Parecia uma reedição da final de 2012, quando a Itália também foi ao tapete. Contei sete ocasiões de golo dos espanhóis, protagonizadas por vários jogadores que merecem ser campeões: Pedri, Fabián Ruiz, o ainda adolescente Lamine Yamal e sobretudo o enorme Nico Williams, nesta sua estreia numa fase final de um Europeu. Foi extraordinária, a actuação do avançado do Atlético de Bilbau naquela ala esquerda, que dominou por completo: capacidade de drible, precisão de passe, superioridade técnica. E esteve a centímetros de marcar um golo de bandeira, aos 70': a bola embateu na barra. 

Com apenas 21 anos, Williams é o jogador que mais se valorizou até agora neste certame. Contribuindo para conduzir Espanha aos oitavos-de-final. Neste confronto da noite de anteontem em Gelsenkirchen só admira como a vitória espanhola foi alcançada pela margem mínima, com autogolo de Calafiori, aos 55'. O quinto autogolo deste Europeu.

«Banho de bola», chamou-lhe a Marca. E com razão. Nuestros hermanos mereciam ter vencido por goleada. A grande figura do encontro revelou-se Donnarumma, com defesas impossíveis aos 2' (remate de Pedri), aos 25' (Fabián Ruiz), aos 58' (Morata) e aos 90'+2 (Ayose Pérez). Mas esta Itália onde ainda actuam seis campeões europeus de 2021 parece uma sombra do que já foi.

 

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Sem Mbappé, que não saiu do banco após ter partido o nariz no embate contra a Áustria, a selecção gaulesa teve nova exibição insuficiente, agora no confronto com a da Holanda, que de "laranja mecânica" tem pouco. Ou nada.

Na partida de ontem à noite em Leipzig, a nota dominante, mas pela negativa, coube a Griezmann. Com três perdidas incríveis - aos 4', aos 16' (aqui em parceria com Rabiot) e aos 65'. Domínio territorial não traduzido no resultado: o jogo terminou como começou. O primeiro empate a zero deste Euro-2024. Indigno de um torneio europeu.

Mesmo sem brilho, a Holanda até marcou - aos 69'. Mas não valeu, devido a fora-de-jogo posicional de Dumfries quando Xavi Simons a enfiou nas malhas. Algo muito semelhante ao golo de Morten invalidado a 3 de Setembro em Braga, para o nosso campeonato: Pedro Gonçalves, mesmo parado, estava demasiado próximo do guarda-redes, dificultando-lhe a visão e a manobra entre os postes.

Sed lex, dura lex: é assim também no futebol de elevadíssima competição. Ficaram em branco, talvez merecessem isso. Nós, espectadores, é que não.

 

Espanha, 1 - Itália, 0

França, 0 - Holanda, 0

{ Blogue fundado em 2012. }

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