«Aqui levas com o bem-vindo em servo-croata para lhe dares se o vires: Dobrodošli Vladan! Pronunciado "dobrodóchli Vladán" (o "á" no nome é mais para apontar onde a acentuação existe). E o apelido pode ser lido "Kovátchevitch". O "č" e o "ć" têm pronunciações diferentes mas não as consigo escrever usando um alfabeto normal, teria de recorrer ao fonético e eu não o conheço, pelo que não posso distingui-los. Seja como for, a diferença de som é essencialmente indistinguível para nós a não ser que seja explicitamente feita para a notarmos (imagina um estrangeiro a tentar diferenciar entre "conseguiram" e "conseguirão", sons que distinguimos facilmente mas sei por experiência própria que estrangeiros têm dificuldade em ouvir, mesmo quando falam a língua - vão mais por contexto).»
Gyökeres, com dois passes para golo: esforço do craque sueco foi insuficiente para vencer
À quinta tentativa, o FC Porto conseguiu: venceu esta noite o Sporting, conquistando a Supertaça no estádio municipal de Aveiro.
Primeira vitória oficial de Vítor Bruno, novo técnico portista.
Vista do nosso lado, é uma derrota que soa a pesadelo. Chegámos a vencer por 3-0 e deixámos que o FCP conseguisse a reviravolta, triunfando por 4-3 no prolongamento.
Marcámos o primeiro logo aos 6', por Gonçalo Inácio.
O segundo surgiu aos 9', por Pedro Gonçalves.
O terceiro - fantástico golo - aconteceu aos 24', pelo jovem Quenda, em estreia simultânea como titular e artilheiro da equipa principal. Merece elogio, tal como Gyökeres: o sueco não marcou, mas fez duas assistências.
Aos 28', Galeno reduziu. Fixando o resultado ao intervalo: 3-1.
E depois? Acentuou-se o naufrágio defensivo do onze leonino, que se estreia da pior maneira na temporada oficial 2024/2025. Sofremos dois outros golos, aos 64' e aos 66'. Aos 101', consumou-se o descalabro.
Com o nosso treinador inexplicavelmente passivo. Rúben Amorim só se dignou fazer a primeira substituição aos 83': mandou sair Trincão, mandou entrar Edwards. Mera troca posicional, que nada alterou para melhor.
Alinhámos com dois reforços: Vladan e Debast. Nenhum deles me convenceu. O quase-desaparecido Fresneda, desta vez em campo nos 20 minutos finais, continua sem demonstrar qualidade para integrar o plantel leonino.
Passámos do oitenta para o oito. Nunca tinha visto nada semelhante num desafio desta relevância, que garantiu o primeiro troféu da época. Vai para o museu do Dragão.
Resumo tudo nestas duas palavras: absolutamente inaceitável.
Fica o aviso: para mim, aqui, o novo guarda-redes leonino será sempre Vladan. Gosto de tratar os jogadores pelo nome próprio. Sobretudo quando têm um apelido complicado e um nome próprio fácil de pronunciar. Ainda por cima neste caso o apelido Kovačević, para estar correcto, necessita de dois acentos que nem existem no nosso teclado (o circunflexo invertido e o agudo sobre a consoante final).
Mateus, regressado de empréstimo ao Estoril, deu nas vistas com assistência no segundo golo
As partidas da pré-temporada não interessam para coisa nenhuma, proclamam alguns. Sempre os ouvi falar assim, sempre discordei deles. Acompanho todos os jogos do Sporting que antecedem o início da época oficial de futebol - e em todos foi logo possível detectar tendências dominantes. A título de exemplo, recordo este contra o Villarreal, em Julho de 2022. Já lá estava quase tudo: a inoperância de certos jogadores, a forma empastelada de sair com a bola, a incapacidade gritante de concretizar.
Foi, por sinal, o primeiro desafio de Trincão pelo Sporting. Sobre ele, escrevi estas linhas sucintas: «Estreia absoluta de verde e branco. Ainda sem entrosamento com os colegas, valeu pelos aplausos que ouviu ao entrar (65'), substituindo Matheus Nunes.» Também um jogo em que tivemos rara oportunidade de ver actuar pela equipa principal, durante escassos minutos, o jovem Renato Veiga, agora no Chelsea. Eis o meu breve apontamento: «Rendeu Pedro Gonçalves aos 87'. Percebe-se que tem vontade e que não lhe falta boa técnica.» Um desperdício, nunca o termos visto numa partida oficial pela equipa A.
Ontem à noite, no Estádio do Algarve, assistimos a um razoável jogo de pré-temporada. Com duas faces: domínio claro do Sporting no primeiro tempo; cansaço prematuro no segundo, mais evidente ainda quando a equipa adversária foi renovada quase por inteiro enquanto a nossa permaneceu quase intocada.
Não era um adversário qualquer, o Saint-Gilloise. Vice-campeão belga, perdeu o campeonato por uma unha negra, venceu a Taça e disputará daqui a dias a Supertaça contra o Brugge, emblema campeão. Entrou quase com o seu habitual onze titular enquanto do nosso lado faltavam elementos como St. Juste, Edwards e Daniel Bragança, que haviam participado de manhã num jogo-treino à porta fechada com o Portimonense, além de quatro ainda de férias devido à participação no Europeu da Alemanha e na Copa América: Morten, Gonçalo Inácio, Franco Israel e o nosso jovem reforço Debast, oriundo também da Bélgica.
O melhor deste jogo foram os golos, ambos com participação de jogadores da nossa formação: o médio ofensivo Rafael Nel (19 anos), que em Fevereiro tinha alinhado na nossa recepção ao Young Boys para a Liga Europa, e o médio de construção Mateus Fernandes (20 anos), recém-regressado do Estoril, onde deu boa prova como titular na temporada anterior.
Um e outro foram decisivos. O primeiro marcou o golo leonino inaugural, aos 45'+1, fazendo a recarga que se impunha após impecável centro de Nuno Santos e um primeiro remate de Morita. O segundo ao fazer passe para golo, aos 54', desenhando uma diagonal perfeita a isolar na meia-esquerda Pedro Gonçalves, que não perdoou.
Teste superado, portanto: parece que têm direito a sonhar com um lugar no plantel do Sporting 2024/2025. Mas o jogo foi pouco entusiasmante devido às lacunas na equipa, ao calor que se fazia sentir mesmo às 20.30 e à vontade de Rúben Amorim de manter o onze inicial até ao minuto 86. E talvez também por ser o primeiro já sem Coates ao fim de quase nove anos.
O primeiro remate só surgiu aos 26'. A primeira oportunidade (por Geny) aconteceu apenas aos 44'. Mais preocupantes, as lacunas defensivas. Que permitiram os dois golos dos belgas, em transições rápidas - a primeira com um tiro indefensável (73'), a segunda causando apreensão devido ao mau posicionamento do sérvio Vladan (88'), em estreia absoluta entre os nossos postes. Tem boa estampa física, com 1,93m, parece dominar bem a bola com os pés, mas revelou insegurança neste lance que valeu o empate ao Saint-Gilloise.
E Gyökeres? Ainda a recuperar de uma operação, compareceu no estádio. Mas na bancada, onde não teve mãos a medir, sobretudo junto dos adeptos mais jovens. Fartou-se de dar autógrafos.
Que regresse depressa aos relvados. Precisamos muito dele.
Breve análise dos jogadores:
Vladan - Estreia absoluta do reforço sérvio, sucessor de Adán. Fez primeira defesa aos 57'. Sofreu golos aos 73' e aos 88': neste hesitou em sair dos postes, ficando a meio caminho.
Eduardo Quaresma - Está sem ritmo, notou-se bem. Falhas de concentração causaram riscos desnecessários na nossa ala defensiva direita.
Diomande - Será o patrão defensivo de que esta equipa sem Coates tanto necessita? Central ao meio, podia ter feito muito melhor no lance do segundo golo belga.
Matheus Reis - O canhoto completou o trio de centrais. Reparte culpas com Diomande (e com o guarda-redes) no golo sofrido aos 88'.
Geny - Foi o maior desequilibrador na primeira parte, ganhando duelos individuais. Primeiro remate enquadrado, aos 44', saiu do pé esquerdo do moçambicano.
Morita - Médio de equilíbrio, pautando o jogo, assiste no primeiro golo. Muito trabalho defensivo. Caiu fisicamente após o minuto 60.
Mateus Fernandes - Começo titubeante. Mas foi ganhando confiança e protagonizou bons lances no corredor central. O melhor, sem dúvida, foi o passe para o nosso segundo golo.
Nuno Santos - Capitão improvisado, estando os três "oficiais" ainda ausentes. Cumpriu, com a eficácia habitual. Um cruzamento seu, desenhando arco perfeito, origina primeiro golo.
Trincão - Tentou muito, com a sua inegável capacidade de drible, mas conseguiu pouco. Ou nada. Remate ao lado (43'). Isolado, permitiu a defesa do guarda-redes (75').
Pedro Gonçalves - Deambulando como interior esquerdo, pareceu largos períodos alheado do jogo, como é seu timbre. Mas marcou com inegável eficácia o segundo golo (54').
Nel - Com Gyökeres ausente, coube a este extremo de origem funcionar como n.º 9. Marcou aos 45'+1. Ofereceu golos a Trincão (75') e Pedro Gonçalves (83'). O melhor dos nossos.
Samuel Justo - Médio-centro de 20 anos, entrou aos 86' para avançado ao render Nel. Com o jogo empatado, pediu várias vezes a bola, mas sem sucesso. Já quase todos esperavam o apito final.
Vladan Kovačević já é reforço do Sporting. Assinou contrato por cinco épocas e está salvaguardado com uma cláusula de 60 milhões de euros - recorde absoluto para um guarda-redes em Portugal.
Vladan Kovacevic, bósnio de 26 anos. Tem também nacionalidade sérvia. Mede 1,92m, pesa 86kg. Era até agora guarda-redes do Raków, que defrontámos há meses para a Liga Europa. Sagrou-se campeão polaco em 2022/2023, ao serviço desse emblema, pelo qual participou em 113 desafios nas últimas três temporadas. Foi internacional sub-21 pela Bósnia-Herzegovina.
Quem o conhece bem garante que tem bons reflexos entre os postes e talento para jogar com os pés, aspecto que Rúben Amorim muito valoriza. E ganhou a reputação de ser especialista a defender penáltis - característica que não vemos em guardiões leoninos desde Rui Patrício e Renan Ribeiro. Já tem 16 defesas destas oficialmente registadas no seu currículo.
Parece assegurada a contratação de Vladan para o Sporting. Chega por cinco temporadas, até 2029, por 6 milhões de euros (4,8 milhões + 1,2 milhões por objectivos).
Vem resolver um problema. Adán já partiu, Israel está longe de ser incontestado e o jovem Diogo Pinto - só com três jogos cumpridos, incluindo a final da Taça que perdemos para o FCP - terá de aguardar a sua vez para se tornar figura de primeiro plano.
Qual a vossa opinião? Ficaremos com este problema resolvido numa posição em que estamos claramente carenciados?
{ Blogue fundado em 2012. }
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