Adiou o mais possível o desfecho esperado, estabelecendo-se um novo recorde de derrotas do Sporting na mesma temporada, marcada por zero pontos no confronto directo com os dois rivais que viram escancarar-se as portas do duopólio por uma sucessão de decisões que seriam consideradas demasiado perigosas até por pilotos kamikaze. Uma excelente defesa com os pés manteve o marcador a zeros, tal como mais tarde impediria o avolumar do resultado de igual forma, mas nada pôde fazer quando Seferovic e Carlos Vinicius lhe surgiram pela frente. Termina a temporada de afirmação na baliza leonina com o ónus do perdedorismo varandista e sob a sombra da iminente contratação de um eterno suplente da filial madrilena do carrossel.
Eduardo Quaresma (2,0)
Voltou a sentir o peso da responsabilidade a toldar-lhe os movimentos, fazendo alguns cortes desajustados e contribuindo pouco para a circulação de bola. Mas o potencial está lá, a técnica também, e beneficiará de uma pré-temporada em que possa lançar melhores bases para a sua afirmação.
Neto (2,0)
Prova de que tudo acontece ao Sporting é a lesão de Coates no aquecimento, elevando o internacional português à titularidade. Procurou estar à altura dos acontecimentos, esforçou-se muito, mas falhou demasiado nos passes e chegou a fazer cortes de cabeça para remates em posição frontal de jogadores do Benfica. Como patrão da defesa afigura-se insuficiente, o que não implica que não tenha lugar no plantel. Sobretudo num plantel com tão gritantes debilidades.
Acuña (2,5)
É mais do que provável que tenha feito o último jogo pelo Sporting, e logo com a braçadeira de capitão, num triste e simbólico crepúsculo de uma época dourada que o juntou a Bas Dost, Bruno Fernandes e Mathieu, aos rotativos Nani e Montero, aos rescisores Rui Patrício, William Carvalho e Gelson Martins, e ao sobrevivente Coates. Remetido a central, sem hipóteses de impor a sua marca lá à frente, limitou-se a cumprir e a respeitar a camisola que tão bem vestiu ao longo destes anos.
Ristovski (1,5)
Prosseguiu a sucessão de exibições medíocres que servem para realçar o fraco nível das alternativas Rosier e Rafael Camacho. Permissivo a defender e inoperante a atacar, o macedónio especializou-se nas perdas de bola junto à grande área que só por incompetência alheia não cavaram um fosso inultrapassável entre as duas equipas logo nos primeiros minutos do derby.
Matheus Nunes (2,5)
Estava a ser um dos melhores do Sporting quando a sua chuteira branca denunciou ao videoárbitro – infelizmente mais atento na noite de sábado do que naquele penúltimo lance do Moreirense-Sporting em que Coates foi agarrado frente à baliza – que o jovem brasileiro deixará Carlos Vinicius em posição regular no momento em que rematou para o 2-1. Dizer que o erro milimétrico de posicionamento custou 2,9 milhões de euros e o apuramento directo para a fase de grupos da triste Liga Europa seria ignorar a sucessão impressionante de erros de gestão do futebol leonino ao longo desta vergonhosa temporada, mas o lance lançou uma mancha peganhenta numa exibição positiva, cheia de personalidade, em que Matheus Nunes não se deixou assustar pelas papoilas saltitantes que o rodeavam, sendo decisivo no lançamento do contra-ataque do lance do efémero empate.
Wendel (2,0)
Mais uma vez não se conseguiu impor num “jogo grande”, deixando-se retrair excessivamente com as más circunstâncias à sua volta. Está ainda por provar se é capaz de subir ao patamar seguinte e tornar-se um substituto à altura dos melhores do meio-campo que foram deixando Alvalade.
Nuno Mendes (3,5)
Será mera coincidência que o Sporting tenha sofrido o segundo golo e perdido o pódio da Liga Nos depois de o lateral-esquerdo ser substituído? Para trás ficou mais uma boa exibição do ainda adolescente, uma vez mais a combinar velocidade, técnica e inteligência táctica para desbaratar adversários. Pena é que não tenha tido engenho para ultrapassar Vlachodimos após uma boa triangulação com Sporar e que não tenha arriscado “fazer algo de esquerda” em vez de servir Ristovski, livre de cobertura do outro lado da área, para que o macedónio visasse as cadeiras do segundo anel.
Gonzalo Plata (1,5)
Agraciou os colegas com a sua presença na primeira metade, primando pelos movimentos erráticos que nos últimos jogos elevaram o número de contratações falhadas que terão de ser feitas nos próximos meses. Incapaz de combinar em condições com os colegas, leva como melhor recordação do Estádio da Luz uma recuperação de bola com pronta entrega a Sporar, cabendo ao esloveno o remate sem consequências.
Jovane Cabral (2,5)
Há que reconhecer que tentou fazer algo, mas os remates saíram sempre fracos ou desenquadrados com a baliza, mantendo-se a ideia feita de que o melhor jogador da Liga NOS em Junho é mais talhado para resolver encontros quando o adversário é de uma certa dimensão. Uma ideia que levaria a aumentar ainda mais a lista de Bolasies e Jesés a caminho de Alvalade.
Sporar (2,5)
Deu por finda a longa seca com um golo em que a bola passou por entre as pernas do guarda-redes do Benfica, e combinou bem com Nuno Mendes noutra jogada de perigo. Pena é que tenha deixado Seferovic em jogo no lance do primeiro golo, que tenha voltado a demonstrar capacidade quase nula de levar a sua avante no confronto directo com os adversários e que tarde em justificar o investimento avultado no seu passe.
Tiago Tomás (3,0)
Tantas vezes mereceu a aposta do treinador que acabou por trazer dividendos. Poderia ter feito melhor do que o violento remate ao poste quando ficou sozinho na grande área depois na sequência de uma fífia de Jardel, mas no lance do 1-1 lançou Sporar de forma perfeita, quase se diria que à prova de falhanço.
Vietto (-)
Andou pelo relvado poucos minutos, com ainda menor participação no jogo, ao nível do homem invisível valorizado em 7,5 milhões de euros por metade dos direitos desportivos.
Borja (1,5)
Entrou para o lugar do melhor jogador do Sporting. Poderá dizer que a culpa não é dele e sim de quem lhe fez sinal para parar de aquecer.
Battaglia (-)
Foi colocado para segurar o resultado, opção táctica que tende a nunca resultar no Sporting. Caso houvesse racionalidade na gestão do futebol leonino, e o edifício da SAD não estivesse ocupado por personagens de “O Feiticeiro de Oz”, às quais faltam cérebro, coragem e coração, também ele teria feito o último jogo de leão ao peito.
Ruben Amorim (1,5)
Perdeu nos últimos seis jogos a oportunidade de deixar uma boa primeira impressão, não conseguindo melhor do que duas sofridas vitórias caseiras com Gil Vicente e Santa Clara, dois tristes empates com Moreirense e Vitória de Setúbal e duas derrotas com FC Porto e Benfica. Perdeu o terceiro lugar que ajudara a reconquistar nos seus primeiros jogos devido à fraqueza do plantel construído por incapazes, a alguns erros cirúrgicos de arbitragem, a azares extremos nas lesões que acabaram com a carreira de Mathieu e afectaram a afirmação de Jovane, mas também por muitas decisões erradas. Sobretudo nas substituições, como neste derby em que se viu na contingência de sair da Luz com um ou três pontos antes de sucumbir ao medo, procurando baixar linhas e repetir com o Benfica aquilo que o Vitória de Setúbal lhe fizera dias antes. Só que sem a competência dos pupilos do inegável Lito Vidigal. Sendo crível que se imagine a dar a volta na próxima temporada, todas as notícias que chegam quanto a reforços de segunda linha vindos de Espanha faz temer que o plantel continue sem soluções capazes de fazer a diferença. Continuará também a carregar a responsabilidade da cláusula de rescisão absurda que Frederico Varandas decidiu, por motivos que talvez gelassem o sangue de quem os decifrasse, (prometer) pagar ao Sporting de Braga. É uma responsabilidade pesadíssima e oxalá esteja à altura de alterar o guião de tragicomédia que lhe entregaram.
Muito raramente foi chamado a intervir, e mesmo os habituais alívios foram rareando à medida que o Sporting açambarcava cada vez mais a percentagem de posse de bola. Esteve, ainda assim, no local certo para resolver o que poderia ter sido um balde de água gelada, pois um passe displicente de Wendel deixou os visitantes perto de marcar em tempo de descontos.
Eduardo Quaresma (2,5)
Parece atravessar um período de ressaca após a retumbante conquista da titularidade, patente na forma menos esclarecida e decidida como assume as transições. Mas nas tarefas defensivas esteve à altura, sem beliscar a aura de “golden boy” que se vai criando em seu redor.
Coates (3,0)
Era o jogo n.º 200 do uruguaio promovido a capitão, mas foi Coates quem tentou oferecer como presente aos sportinguistas o terceiro lugar na Liga NOS que asseguraria a entrada directa na fase de grupos da Liga Europa, com a entrada de 2,9 milhões de euros nada simbólicos na actual realidade do clube e facilitação na abordagem ao mar nunca dantes navegado que será a próxima temporada. Ainda serviu Vietto para um remate certeiro, mas antes já o inconfundível apitador Nuno Almeida discernira uma falta ofensiva de Pedro Mendes. Em missões defensivas recordou o motivo para Ruben Amorim o considerar intransferível, o que é um indício que poderá vir a deixar Alvalade durante o defeso.
Acuña (3,0)
Pertenceu-lhe o remate mais perigoso do Sporting numa das muitas jogadas em que pôde subir à grande área contrária, mas a bola esbarrou num dos muitos “passageiros” do autocarro sadino que se deslocou a Alvalade. Tendo pouco para fazer enquanto central descaído para a esquerda, mostrou a classe que rareia no plantel que por enquanto integra. Nos passes longos deu cartas, mesmo sem chegar perto do escalão Bruno Fernandes.
Ristovski (1,5)
Mais uma exibição medíocre do macedónio que, sem comprometer, também nada de positivo trouxe ao jogo até voltar a ser substituído. Começa a tornar-se um hábito desde que Ruben Amorim assumiu o comando da equipa.
Matheus Nunes (2,5)
Um médio defensivo tende a ser tão necessário num jogo contra uma equipa interessada em defender e queimar tempo quanto uma viola num velório. Mesmo acabando naturalmente substituído, o jovem brasileiro voltou a demonstrar uma capacidade de choque no um-contra-um que faz de si um projecto de jogador interessante.
Wendel (2,0)
Começou o jogo com uma dinâmica que foi desaparecendo à medida que os minutos passavam, vendo-se mais intimidado pela floresta de pernas à sua frente do que os bandeirantes perante a selva brasileiro. O duplo "pivot" constituído com Francisco Geraldes deu-lhe novas oportunidades, mas este não era o seu dia.
Francisco Geraldes (2,5)
Titular do Sporting pela primeira vez aos 25 anos, o que é o tipo de coisa que acontece a esperanças adiadas, “Chico” arrancou com fulgor e vontade de deixar marca. Pena é que tenha pecado demasiadas vezes por falta de coragem no instante de tentar o remate de longe, provável única solução para o esquema táctico dos sadinos, e pelo défice de critério nos passes de desmarcação dos colegas.
Gonzalo Plata (1,5)
Era supostamente o desequilibrador-mor que restava na ausência de Jovane Cabral, mas nunca cumpriu tal função, perdendo-se quase sempre em adornos. Quando foi chamado a assumir toda a ala direita também não primou pela clarividência, mantendo-se as portas do autocarro bem fechadas no seu flanco.
Tiago Tomás (1,5)
Teve uma grande oportunidade logo no arranque do jogo, calculando muito mal o chapéu ao guarda-redes do Vitória de Setúbal. A partir daí começou a perder-se no relvado até a sua exibição tornar-se uma vitrine penosa das limitações do plantel do Sporting no que toca a “ratos de área” quando comparado com todas as equipas da primeira metade da tabela... e algumas das outras também.
Vietto (2,0)
Regressou de prolongada lesão para revolucionar o jogo e nos primeiros minutos da segunda metade parecia que o poderia conseguir. Alguns bons passes e muita visão de jogo esgotaram-se rapidamente, tornando-se mais um dos futebolistas de leão ao peito sem garras para conquistar os três pontos que garantiriam o terceiro lugar e a entrada directa na fase de grupos da Liga Europa.
Joelson Fernandes (1,5)
Chamado a tomar conta da ala esquerda, procurou fazer algo que surpreendesse os adversários, sem grande sucesso. Um remate em arco directo para as mãos do guarda-redes vitoriano não é o melhor cartão de visita para um adolescente que tanto pode “explodir” em Alvalade na próxima temporada como gerar um encaixe financeiro daqueles que hão-de aparecer carregados de asteriscos.
Pedro Mendes (1,5)
O “proscrito” do ataque do Sporting teve direito a um quarto de hora de jogo na hora do total desespero. Só conseguiu ganhar uma bola na entrada da área que Coates endossou para Vietto, permitindo ao argentino rematá-la para o fundo das redes. Pena é que o árbitro Nuno Almeida, que infelizmente não seguirá o exemplo de Carlos Xistra e Jorge Sousa, pendurando o apito no final da temporada, tenha presumido uma falta do jovem ponta-de-lança e apitado antes de poder ser desmentido pelo videoárbitro.
Ruben Amorim (1,5)
Não tinha Jovane Cabral e Sporar disponíveis, e a falta de alternativas no banco levou a que só tenha feito três das cinco substituições possíveis. Mas isso não desculpa a incapacidade que o Sporting demonstrou para chegar aos três pontos que garantiriam o encaixe modesto de 2,9 milhões de euros, e sobretudo a necessidade de desgastar a equipa em viagens e testes para aceder à segunda divisão da UEFA. Sendo claro que o Vitória de Setúbal iria estacionar o autocarro na grande área, não se lembrou de carregar o passe a tempo, vendo os seus jogadores hesitar na longa distância e demonstrar pouca clareza e pragmatismo na movimentação ofensiva. Agora tem pela frente um teste reputacional, pois o resultado que irá obter na Luz é a derradeira oportunidade de o Sporting deixar uma última boa impressão numa época que arrancou precisamente com a humilhação do 5-0 na Supertaça, prenúncio de um sem-fim de amargos de boca e recordes negativos que esvaziou Alvalade muito antes do confinamento e deveria levar os seus responsáveis a retirar as devidas ilações.
O Santa Clara teve três ocasiões flagrantes de golo, chegando a levar a bola a entrar na baliza num golo invalidado por evidente posição irregular, mas os açorianos desterrados deixaram a eficácia na Cidade do Futebol. Sem grandes defesas para executar, Maximiano revelou-se bem melhor no jogo de pés, ao ponto de deixar de ser arriscado atrasar-lhe a bola. Terá certamente mais trabalho na recta final do campeonato, a começar na visita ao FC Porto, e espera-se que dê boa conta de si.
Eduardo Quaresma (3,0)
Retomou a titularidade que se tornou garantida, somando boas acções defensivas e qualidade aliada à precisão na hora de lançar jogo. Há um "golden boy" a nascer em Alvalade.
Coates (3,0)
Além dos cortes e da voz de comando ainda teve ensejo de cabecear com muito perigo num canto, levando a que Idrissa Doumbia encaminhasse a recarga para o fundo das redes já depois de o árbitro assinalar uma falta na área do Santa Clara bem difícil de discernir.
Acuña (3,0)
Interpretou muito bem o papel de terceiro central descaído para a esquerda, mostrando-se intratável no desarme e na posse de bola. Só se esqueceu daquilo que está nas tábuas da lei: qualquer jogador do Sporting que esteja “à calha” em véspera de jogo com o FC Porto ou Benfica verá um cartão amarelo.
Ristovski (3,0)
Sempre muito criticado por não ser um César Prates, um Abel, um Cédric Soares ou sequer um Piccini, muito se esforça quem não tem culpa de que contratações que custaram mais aos cofres leoninos lhe ofereçam a titularidade. Boa recuperação de bola e lançamento de Gonzalo Plata para uma das maiores oportunidades de golo da primeira parte, já agora.
Idrissa Doumbia (2,5)
Chutou para a baliza já depois de o árbitro apitar, impedindo o videoárbitro de esclarecer quem raio fez o quê antes do cabeceamento de Coates. Com o jogo a decorrer não fez melhor, permitindo apenas que o também nada resplandecente Matheus Nunes pudesse repousar.
Wendel (3,5)
Inventou uma nesga de relvado para assistir Jovane Cabral no lance do golo que alimenta as esperanças de manutenção do terceiro lugar. Foi o melhor momento de um jogo de esforço intenso, impondo clarividência no meio-campo e juntando-se sempre que possível ao esforço ofensivo dos extremos endiabrados que jogam à sua frente.
Nuno Mendes(3,0)
Incansável e inesgotável, voltou a combinar bem com Jovane Cabral, ainda que o ascendente que o novo patrão da equipa exerce sobre o lateral-esquerdo tenha impedido que este rematasse para golo depois de se apoderar da bola na grande área do Santa Clara. O caminho faz-se caminhando.
Jovane Cabral (3,5)
Conquistou os três pontos na raça, ganhando posição na grande área e esticando a perna para desviar a bola para as redes mesmo com a ponta da chuteira. Bastaria para ser o homem do jogo, mas também foi o mais rematador, o mais intenso e o mais capaz de ser ídolo de adeptos cada vez mais órfãos de referências.
Gonzalo Plata (3,0)
Num belo remate no primeiro tempo, bem servido por Ristovski, ficou perto de inaugurar o marcador. No resto do jogo foi mexido, como é de seu timbre, mas não tão desequilibrador como se lhe pede que seja.
Sporar (2.0)
Começou por falhar a emenda de cabeça a um excelente livre indirecto de Jovane Cabral, desviando-a com as costas por cima da barra. E há que reconhecer que o mais perto que esteve de marcar sucedeu quando o guarda-redes do Santa Clara chutou contra as suas pernas, levando a bola a sair caprichosamente ao lado. Muito escasso para quem é titular do Sporting e não saiu propriamente de brinde na compra de um pacote de corn flakes.
Tiago Tomás (2,0)
Tão insuficiente foi o avançado esloveno que Rúben Amorim o substituiu por mais um adolescente, tendo este procurado combinar com os colegas sem consequências particularmente palpáveis.
Matheus Nunes (2,5)
Entrou para retomar o lugar que deverá ser seu nos últimos desafios desta Liga de má memória. Muito do futuro imediato do jovem brasileiro recrutado na Ericeira jogar-se-á no Dragão e na Luz.
Borja (2,5)
Acuña já ficara de fora do jogo seguinte e uma lesão muscular retirou-o também deste. Coube ao internacional colombiano, agora e sempre apavorado como o coiote dos desenhos animados, reocupar o lugar que deixou de ser de Mathieu e deverá passar a pertencer a um marroquino trintão.
Rúben Amorim (3,0)
Mais três pontos para o Sporting, mais uma ou outra experiência, mais uma constatação de que tem graves problemas para resolver no centro do terreno e no centro do ataque. Toda a sua estratégia fica bloqueada pelo fraco desempenho de elementos-chave e as opções no banco são limitadas, por muito que Francisco Geraldes e Pedro Mendes pudessem merecer maior confiança. Certo é que chegou ao fim da fase tranquila do futebol pós-pandemia com vitórias em todos os jogos que não implicaram deslocações ao Minho e sem conhecer a experiência de perder. Caso consiga manter-se assim na visita ao Dragão adiará a festa do FC Porto por uns dias e aumentará as hipóteses de não perder o terceiro lugar que em muito facilitaria, pela entrada directa na fase de grupos da Liga Europa, a preparação da incerta temporada seguinte.
A principal intervenção do jovem guarda-redes consistiu em resolver um atraso mal calculado de Gonzalo Plata que o apanhou em contramão. Houve momentos de maior perigo, devido à inquietante superioridade aérea do Moreirense na grande área do Sporting, mas nesses lances Maximiano pouco ou nada poderia fazer e coube à sorte que ninguém dirigisse a bola para o fundo das redes, limitando-se numa ocasião a acertar nas redes laterais.
Neto (3,0)
Resgatado do esquecimento a que foi votado enquanto suplente de Coates, aproveitou a necessidade imperiosa de fazer descansar um fatigado adolescente para voltar a jogar. Sem a desenvoltura na saída com bola demonstrada por Eduardo Quaresma, há que reconhecer que o veterano internacional português esteve bastante acertado no passe longo, nada catastrófico na construção de jogo e razoavelmente eficiente nas tarefas defensivas.
Coates (3,0)
Mais uns excelentes cortes e desarmes para a exposição permanente do Museu Sebástian Coates de Cortes e Desarmes, com posicionamento irrepreensível e serenidade quase irritante. Referência número 1 para os cruzamentos e bolas paradas, venceu nas alturas mas não nas trajetórias de cabeceamento, não conseguindo melhor contributo para o ataque leonino do que ser pública e notoriamente agarrado pela camisola na pequena área da equipa da casa em tempos de desconto. O videoárbitro Jorge Sousa chamou a atenção para o facto e o apitador Tiago Martins encarregou-se de ignorar a falta para grande penalidade que poderia valer os três pontos que manteriam o sonho do segundo lugar durante uns dias mais.
Borja (2,5)
Além do pânico que irradia quando tem a bola sob a custódia das chuteiras, pouco de errado fez durante os longos minutos que permaneceu no relvado. Não foi pelo colombiano que ficaram mais dois pontos esquecidos no Minho.
Ristovski (2,5)
Menos incisivo e eficaz no apoio ao ataque do que nos últimos jogos, o macedónio também esteve longe de ser a muralha capaz de conter um Moreirense que esteve melhor do que o Sporting em partes significativas do encontro. Quando foi substituído nem ele pareceu capaz de apresentar recurso da decisão para uma instância superior.
Matheus Nunes (2,0)
Faltou-lhe um terceiro remate em zona frontal para conseguir levar a bola a sair do estádio em vez de ficar nas últimas filas da bancada vazia. E na manobra do meio-campo também ficou longe de ser brilhante, reforçando a impressão de que as notícias acerca da futura venda que pagará a cláusula de rescisão de Ruben Amorim talvez sejam manifestamente exageradas.
Battaglia (2,0)
Mais um jogo excessivamente faltoso e desinspirado, demonstrando que o elenco do miolo do terreno é um calcanhar de Amorim no sistema táctico em implementação.
Acuña (3,0)
Regressou ao onze titular sem a disponibilidade física do adolescente que o substituiu nos últimos jogos, mas com a qualidade técnica e combatividade que lhe foram cozidas à pele. Não deixa de ser curioso que nos últimos minutos tenha sido mais útil à equipa enquanto terceiro central descaído para a esquerda. Ainda estamos a tempo, antes de o argentino ser vendido a preço de amigo, na sequência da notícia sobre o “apertão” que deu a Jovane Cabral, de experimentar o que valerá enquanto ponta de lança.
Jovane Cabral (3,0)
Pode muito bem padecer de excesso de individualismo, como tende a acontecer aos futebolistas que fazem muitos golos, assistências e são eleitos jogadores do mês, mas o regresso do extremo que aprecia flectir para o centro foi uma lufada de ar fresco no futebol do Sporting. Derrubado na grande área do Moreirense logo ao início, provavelmente quando o videoárbitro ainda degustava uma francesinha, procurou levar a equipa consigo, mas não raras vezes pareceu ressentir-se das ausências de Nuno Mendes e de Wendel. Quando um e outro saíram do banco de suplentes melhorou de rendimento, ainda que sem repetir a precisão nos livres directos, e mesmo depois do segundo pénalti sonegado ao Sporting ficou muito perto de desfazer a empate a zero no remate em arco que encerrou o jogo.
Gonzalo Plata (2,5)
A mesma velocidade que lhe permitiu marcar ao Gil Vicente em Alvalade forçou Halliche a derrubá-lo e a ver o cartão vermelho após perder a bola em zona proibida. Mago das fintas ainda com défice de pragmatismo, o jovem equatoriano acabaria por terminar o jogo como uma espécie de lateral-direito, funções nas quais não se distinguiu por aí além.
Sporar (2,5)
Ficou em posição em remate uma vez ao longo do jogo, disparando de ângulo complicado para defesa do guarda-redes caseiro. Sendo admissível que o sistema não privilegie quem ocupa a sua posição, é impossível não exigir mais a quem trabalha para a equipa e demais chavões.
Wendel (2,5)
Entrou tarde e não conseguiu impor completamente o seu jogo, mas a maior presença do Sporting no meio-campo contrário teve a ver, em partes iguais, com a superioridade numérica depois da expulsão de Halliche e com a influência do jovem-mas-já-não-tão-jovem brasileiro.
Nuno Mendes (3,0)
Foi um regalo ver entrar o recém-chegado à maioridade que joga como se pertencesse ao plantel principal há uns quantos anos, que centra como mais nenhum dos colegas – o que faria o Bas Dost pré-invasão com aqueles cruzamentos... – e que combina inteligência táctica e disponibilidade física. Com tantas lacunas no plantel é de pensar se Acuña não poderá ser aproveitado noutra posição.
Joelson Fernandes (2,0)
Alguns fogachos de quem poderá ter muito futuro e deverá ser gerido com cuidado, entrando sobretudo em jogos em que os três pontos já estejam no cofre.
Ruben Amorim (2,0)
Saberá melhor do que os observadores externos o motivo profundo para mexer tanto na equipa titular, retirando quem jogou mal e quem jogou bem, mas dificilmente poderá questionar que o resultado não foi brilhante. O regresso de Jovane Cabral até poderia ter garantido tranquilidade desde cedo, em vez do crescente domínio da equipa da casa, motivado pela superioridade numérica no meio-campo e desinspiração dos poucos que por lá andavam. Sem a inteligência do suplente Wendel ou dos lesionados Francisco Geraldes e Vietto, dependeu demasiado do individualismo dos extremos e nem ver-se com mais um em campo melhorou por aí além o desempenho da equipa. Nota final para o facto de só ter realizado 60% das substituições permitidas, o que diz bastante acerca da confiança que deposita num plantel construído de forma desastrosa e que foi perdendo pelo caminho alguns dos melhores (Bruno Fernandes, Raphinha e até o período azul de Bas Dost) e ainda está a criar alternativas. Certo é que, com ajuda do árbitro Tiago Martins e da saída de Bruno Lage do Benfica, o sonho do acesso à Champions esfumou-se e o Sporting de Braga ficou mais parte de recuperar o lugar no pódio que já foi seu.
Mais uma boa exibição só se não se traduziu no proverbial lençol limpo porque alguém se lembrou de cometer uma grande penalidade e permitir que um fulano de cabelo oxigenado sem dotes de rapper fizesse mais em Alvalade do que quando foi assalariado do Sporting. Certo é que o jovem guarda-redes esteve à altura com uma série de defesas, uma das quais a evitar um espectacular golo olímpico, que asseguraram sossego num jogo em que Coates e Wendel foram os únicos titulares que restaram da equipa-base do início da temporada.
Eduardo Quaresma (3,5)
Mostrou que os deslizes frente ao Belenenses SAD foram apenas um contratempo, revelando-se uma muralha intransponível com notável “timing” nos desarmes e com visão de jogo necessária para passes de ruptura de longa distância. Na segunda parte deu um ar da sua graça na condução de um contra-ataque que deveria servir de exemplo para jogadores pouco mais velhos e que custaram um punhado de milhões de euros.
Coates (3,0)
Novamente patrão de uma linha defensiva que começa a estabilizar, procurou sempre descomplicar e impôs a sua qualidade,sendo digno do apelido Stromp que carregava na camisola. Pena que tenha sido menos eficaz a ajudar o ataque do que no jogo anterior.
Borja (2,5)
Cada bola que lhe vai parar aos pés é encarada pelo colombiano como se fosse uma mina anti-pessoal que ameaça rebentar-lhe as pernas. Dito isto, poderia ter feito bem pior.
Ristovski (3,0)
Esteve muito activo no apoio ao ataque, mas também fez sentir a sua presença nas missões defensivas, como poderá comprovar um ex-colega de balneário de cabelo oxigenado e sem dotes de rapper.
Matheus Nunes (2,5)
Ainda não foi desta que deslumbrou, limitando-se a pressionar os adversários e a garantir circulação de bola. Mas com demasiados passes errados.
Wendel (3,5)
Muitíssimo oportuno no lance do primeiro golo, no qual acorreu ao cruzamento atrasado de Gonzalo Plata, desperdiçou uma excelente oportunidade para bisar, novamente servido pelo equatoriano, mas permitiu a defesa do guarda-redes e falhou a recarga de cabeça. No resto do jogo procurou controlar as operações no meio-campo desguarnecido pelas opções tácticas de Ruben Amorim.
Nuno Mendes (3,0)
O jovem lateral-esquerdo é outro que não engana, conjugando velocidade de execução e inteligência táctica. Quando engrenar no um-contra-um poderá ser um caso muito sério.
Gonzalo Plata (3,5)
Um golo e uma assistência foram a resposta do adolescente equatoriano ao desafio de substituir o lesionado Jovane Cabral como acelerador do futebol leonino. Particularmente oportuno no lance do 2-0, que se deve à sua rapidez e perseverança, também cometeu umas quantas parvoíces, a maior das quais um passe de calcanhar quando Wendel lhe passou a bola de modo a que pudesse seguir isolado para a baliza.
Rafael Camacho (1,5)
Titular na ala esquerda, na sequência de mais um azar de Francisco Geraldes - ressentiu-se de um toque pouco antes de assumir a titularidade -, o fugitivo de Alcochete resgatado ao Liverpool por não querer ser lateral-direito voltou a demonstrar uma desconcertante apetência para as perdas de bola, passes disparatados e deficiência na atitude competitiva. É um crime de lesa-simbolismo atribuir-lhe a camisola 7, mas ainda fica mais aberrante com o nome de Luís Figo nas costas.
Sporar (2,5)
Embora tenha “lutado muito pela equipa” e todos os chavões do género, é bastante preocupante que um ponta-de-lança do Sporting, num jogo em casa, contra uma equipa de fundo da tabela, não faça um único remate à baliza.
Idrissa Doumbia (1,5)
Entrou para segurar a vantagem de 2-0 e não se lembrou de melhor do que cometer uma grande penalidade que deu um mínimo de “frisson” aos derradeiros minutos de jogo.
Battaglia (2,0)
Voltou a entrar para ganhar ritmo. E, provavelmente, para dar prova de vida na esperança de uma transferência que garanta alguma entrada de dinheiro e alivie a folha salarial.
Tiago Tomás (2,0)
O avançado com idade de junior estreou-se na equipa principal e procurou integrar-se na manobra ofensiva.
Joelson Fernandes (2,0)
O extremo com idade de juvenil estreou-se na equipa principal já nos descontos e assumiu a cobrança de um livre directo que saiu ao lado da baliza do Gil Vicente. Ainda bem. Se tivesse sido golo talvez tivesse já embarcado para um país com menos sol.
Ruben Amorim (3,0)
Muitas ausências dificultaram a convocatória e a escolha do onze titular. Mas a equipa-base está escolhida, a aposta na juventude é assumida e vai dando frutos, e o Sporting voltou a aproximar-se de quem está à frente e a afastar-se de quem está atrás. Com os verdadeiros testes – as deslocações ao Dragão e à Luz – cada vez mais próximos, o treinador ainda sem derrotas na Liga NOS precisa de aprimorar aspectos importantes como os livres indirectos.
Sofreu um golo a seco, sem que Licá tenha colocado primeiro uma musiquinha ou atenuado a iluminação - muito pelo contrário, o jovem guarda-redes teve o sol a fustigar-lhe os olhos na primeira parte -, mas esse dissabor serviu de aviso e ficou atento a outros desvarios de uma linha defensiva que se ressentiu do infeliz pendurar de chuteiras de Mathieu. Conseguiu evitar piores sarilhos sempre que o Belenenses SAD avançava pelo terreno, contribuindo para a tranquilidade pós-reviravolta. Estima-se que aproveite os tempos livres para consultar todos os compêndios que encontre acerca da nobre arte de executar alívios com os pés.
Eduardo Quaresma (2,0)
Quando foi substituído terá sentido um alívio tão grande quanto o dos adeptos - engano ledo e cego desses últimos, como a entrada de Tiago Ilori se apresentou a demonstrar -, pois o prodigioso adolescente viveu uma final de tarde de pesadelo na Cidade do Futebol. Co-autor moral do golo da Belenenses SAD, pois não só colocou atabalhoadamente a bola nos pés de Nilton Varela como deixou Licá em posição regular, sentiu o peso do erro e não mais se reencontrou. Mesmo os cortes oportunos saíram imperfeitos e as tentativas de saída com bola não resultaram. Melhores dias virão, certamente.
Coates (3,5)
Faltaram-lhe asas para impedir o golo do adversário, mas elevou-se nos céus para fazer o empate de cabeça e prestar homenagem ao francês que começou por ser colega e acabou por tornar-se amigo. Imperial como último reduto de uma defesa em dia não, o uruguaio ficou perto de bisar na segunda parte e assumiu como poucos seriam capazes a braçadeira de capitão e o estatuto de resistente, após as transferências de Bruno Fernandes e Bas Dost, o fim da carreira de Mathieu e a lesão de Acuña. Assim de repente, do alto dos seus 29 anos, agora é ele o “velhinho” do plantel.
Borja (1,5)
O adeus de Mathieu levou muitos (alguns dos quais nem sequer seus empresários) a reclamar a titularidade, o jovem central esquerdino com idade de júnior que poucos viram jogar, mas Ruben Amorim foi conservador e atribuiu um lugar no onze a Borja. Foi mais uma oportunidade de observar a falta de clarividência na abordagem dos lances, a escassez de critério com bola e as falhas escusadas de um profissional esforçado que não consegue fazer melhor. E que mais uma vez foi salvo pelo videoárbitro, o qual detectou fora de jogo antes de Borja ter cometido falta para grande penalidade.
Ristovski (3,0)
Muito sofreu no arranque do jogo, soterrado numa avalancha ofensiva da equipa da casa emprestada, mas logrou avançar no terreno e deixar marca no resultado. O cruzamento que permitiu a Jovane Cabral rematar de forma acrobática demonstra que o macedónio é bem melhor do que lhe dão crédito, repetindo a assistência na segunda parte, desta vez num cruzamento rente à relva para os pés de Francisco Geraldes, que quase elevou o resultado para 1-4.
Nuno Mendes (3,0)
Manteve a velocidade, maturidade e consistência que ameaçam fazer de si uma figura do futebol português. Mesmo afectado pela saída precoce de Jovane Cabral manteve-se em excelente ritmo, aproveitando a janela aberta pela lesão de Acuña.
Matheus Nunes (3,0)
Teve muito trabalho no arranque do jogo e reviengou por entre adversários como se nada fosse. Começa a ser claro que tem capacidade de sobreviver à hipérbole presidencial com que foi presenteado.
Wendel (3,0)
Voltou a ser maestro na construção de jogo, melhorando bastante depois do intervalo. Convém que assuma o estatuto de veterano prematuro do plantel, assumindo ter voz de comando.
Jovane Cabral (4,0)
Assume-se como o melhor jogador da Liga NOS no desconfinamento, acumulando exibições que estão longe de se explicar apenas com a boa condição física. Acelerador das partículas de futebol leonino, Jovane Cabral rematou de forma acrobática e espectacular no golo que selou a reviravolta e urdiu na perfeição a troca de bola com Sporar que resultou no pénalti marcado à segunda tentativa. Problemas físicos levaram a que fosse substituído ao intervalo (tal como farão com que fique de fora da recepção ao Gil Vicente), comprovando que se consegue ser muitíssimo produtivo mesmo estando em “lay-off” a 50%. Resta saber se o peso da sua ausência será tão sentido quanto a da sua presença.
Gonzalo Plata (3,0)
Fez por assumir mais o jogo após a saída de Jovane Cabral, mas ainda lhe falta objectividade e, no limite, golo nos pés. Já arriscou bastante, mas tem de arriscar mais para subir mais alguns degraus.
Sporar (3,0)
Surpreendentemente decisivo para um avançado que ficou em branco, o esloveno não só “sacou” um pénalti como desviou as atenções da defesa, permitindo a Jovane acorrer sossegado ao cruzamento de Ristovski. Mesmo quando se viu mais sozinho deu luta aos centrais da Belenenses SAD e fez sempre pela vida, abrindo espaços para os colegas.
Francisco Geraldes (3,0)
Teve direito a meio jogo e tirou partido do voto parcial de confiança, mostrando-se rematador e empenhado em deixar marca. Encontrou pela frente um excelente guarda-redes, o que impediu maior glória a recompensar o esforço, dedicação e devoção. Mas fez a pré-candidatura ao onze titular e à permanência no plantel na próxima temporada, curiosamente pouco depois de ter dado uma entrevista em que confessou ver o seu potencial demasiado irrealizado.
Tiago Ilori (1,5)
Regressou à equipa para salvar Eduardo Quaresma de si próprio, mas nada de melhor conseguiu fazer do que o adolescente no relvado, recordando os adeptos daqueles tempos infaustos em que era visto com maior frequência de leão ao peito. Salvo pelo videoárbitro num lance de contra-ataque da Belenenses SAD, mostrou que a porta de saída deveria ser serventia da casa.
Idrissa Doumbia (2,5)
Descomplicado e despretensioso, refrescou o meio-campo defensivo com pouco brilho e muito razoável eficiência. Talvez possa ser útil ao plantel, talvez possa evoluir, mas manter João Palhinha nos quadros do Sporting seria melhor ideia.
Rafael Camacho (1,5)
Conseguiu-se fintar-se a si próprio nas tentativas de envolvimento na manobra ofensiva. Ristovski poderá não ser um Zambrotta, mas Rafael Camacho não é, definitivamente, a aposta mais segura para pôr termo à maldição da camisola 7.
Battaglia (2,0)
Poucos minutos em campo, sem cometer erros graves ou justificar o estatuto de que goza no plantel desde o resgate pós-rescisão.
Ruben Amorim (3,5)
Resistiu a arriscar em Gonçalo Inácio e também não deu a estreia a Joelson Fernandes que muitos sportinguistas esperavam, preferindo jogar pelo seguro com a entrada do tecnicista Francisco Geraldes após Jovane Cabral dar sinal de problemas físicos. Aceita-se o conservadorismo do treinador, claramente insatisfeito com a forma como a equipa se deixou pressionar no arranque do jogo, tal como se deve salientar a estrelinha da sorte que o leva a observar o descalabro dos rivais directos, a jusante e a montante, ao ponto de uma vitória na recepção ao Gil Vicente (sem Mathieu, Acuña, Vietto e Jovane Cabral...) poder colocar o Sporting a nove pontos do Benfica e com cinco de vantagem sobre o Sporting de Braga.
Na primeira parte foi o único espectador permitido no estádio de Alvalade, tanto que só Mathieu o conseguiu inquietar ao atirar ao poste no desvio de um canto. Só depois do intervalo provou que integrava a ficha de jogo, aplicando-se em algumas boas defesas, a melhor das quais ao desviar com a ponta dos dedos um remate em arco, tendo sido o melhor que o Tondela conseguiu fazer num jogo em que nem parecia aquela equipa que nasceu para subtrair pontos ao Sporting.
Eduardo Quaresma (3,0)
O adolescente que ameaça tornar-se uma lenda, e que já nem foi o mais jovem de entre os titulares, não só policiou a contento a sua área de jurisdição como voltou a mostrar uma capacidade de saída rápida e criteriosa na condução de jogo que, se não existir um desastre na gestão de carreira habitual entre os verdes e brancos,fará dele um futuro capitão de equipa e um indiscutível da seleção de Portugal. Mesmo sem grande ajuda de Rafael Camacho teve arrancadas que poucos esperam de um central.
Coates (3,5)
O central uruguaio terá levado ao engano aqueles que ouviam o relato, pois tantas vezes ouviram “corte de Coates” que poderão ter esquecido que Sebastián é o seu verdadeiro nome próprio. O gigante que enverga a braçadeira de capitão executou corte após corte, tirando partido da altura e do timing de abordagem aos lances, e contribuiu de forma decisiva para que o ataque do Tondela fosse uma nulidade na primeira parte e não tenha obtido resultados na segunda. Para que tudo tivesse corrido da î de drible invulgar, Jovane Cabral provocou tremores à defesa adversária até sair de campo, deixando as faltas como único recurso para o tentar impedir.
Mathieu (3,0)
Sendo certo que foi o autor do lance de maior perigo para a baliza do Sporting, cabeceando ao poste no desvio de um canto, e que fez alguns cruzamentos em direcção incerta, mesmo assim notou-se a diferença de contar com a classe do veterano francês. Tendo o condão de sair com a bola controlada pelo flanco esquerdo, o que potenciou as melhores exibições da equipa, o central regressou em boa hora à equipa titular. Só não conseguiu ficar até ao fim, pois o estouro físico num contra-ataque que o deixou furioso com a má execução de Ristovski levou a que fosse substituído pelo esforçado Borja.
Nuno Mendes (3,5)
A estreia a titular, na véspera de celebrar 18 anos e horas antes de renovar contrato com uma cláusula de rescisão milionária, só poderia ter sido ainda mais positiva caso tivesse direcionado melhor um remate de ressaca à entrada da grande área do Tondela. O lateral-esquerdo combinou às mil maravilhas com Jovane Cabral, ficando numa dessas jogadas isolado a poucos metros da baliza de Cláudio Ramos. Em vez de rematar preferiu servir um colega, tendo a bola sido cortada pelo braço de um adversário, o que levou à cobrança do pénalti que selou o resultado final. No resto do jogo mostrou-se incansável nas recuperações e antecipações ao adversário, com a particularidade de não ter cometido uma única falta.
Matheus Nunes (3,0)
Conseguiu uma exibição bem conseguida, na qual sobressaiu a qualidade de passe longo, procurando cumprir da melhor forma a missão de servir de pêndulo entre defesa e ataque, o que contribuiu para o jogo fosse bem mais mexido do que os adeptos leoninos estão habituados a ver nos tempos mais recentes. A continuar assim terá a titularidade garantida e merecida apesar da sombra do decreto presidencial.
Wendel (3,0)
Há ocasiões em que a inferioridade numérica no meio-campo imposta pelo esquema táctico de Ruben Amorim se torna particularmente ingrata. Assim sucedeu com o internacional olímpico brasileiro na recepção ao Tondela, ainda que tenha demonstrado em vários momentos a qualidade intrínseca que o acompanha.
Gonzalo Plata (3,0)
Bailou com a bola, deixando vários adversários a rodopiar, na jogada em que tiveram de o ceifar para impedir que entrasse na grande área. Daí nasceu o livre que desbloqueou o resultado e tornou mais fácil um encontro em que voltou a dar-se melhor no miolo do que na linha, no que é uma característica algo insólita para um extremo.
Jovane Cabral (4,0)
Habituado ao estatuto de protagonista, apoderou-se na bola com voragem de açambarcador, patente no segundo golo de livre directo consecutivo, desta vez (ainda) mais em jeito do que em força. Antes já tinha caído na grande área, e logo a seguir executou a assistência de calcanhar que deixou o seu "discípulo" Nuno Mendes isolado na baliza. E mesmo quando a equipa começou a perder gás, algures por meados da segunda parte, encontrou reservas de energia que lhe permitiram conduzir contra-ataques venenosos. O jovem que deve o lugar no plantel a José Peseiro, e aos seus desentendimentos com Matheus Pereira, agora irremediavelmente perdido para a pérfida Albion.
Sporar (3,0)
Marcou o pénalti com tanta força que pouco importou Cláudio Ramos ter percebido o lado para onde a bola seguia. Mas deu sobretudo nas vistas a sua vontade de sair em drible. Na primeira parte terminou caído no relvado, sem que o videoárbitro desse devida nota do empurrão que lhe deram, mas na segunda parte teve tudo para fazer o 3-0 e acabou por rematar ao lado depois de passar por um punhado de adversários.
Ristovski (2,0)
Entrou para o lugar do desinspirado Rafael Camacho e pouco mais ofereceu à manobra ofensiva leonina. Mau nos cruzamentos e no entendimento com os colegas, falhou a oportunidade de reconquistar o lugar.
Battaglia (2,0)
Regressou aos relvados com mais confiança do que havia deixado. Mas tarda em reencontrar-se.
Francisco Geraldes (1,5)
Uma espécie de assistência mal amanhada a que Ristovski não chegaria nem se tivesse asas foi o exemplo acabado do desaproveitamento do quarto de hora a que o talentoso meio-campista teve direito.
Pedro Mendes (-)
Entrou muito tarde e não teve tempo para fazer absolutamente nada.
Ruben Amorim (3,5)
A primeira parte foi o seu melhor momento desde que trocou o Sporting de Braga pelo Sporting. Apesar de o Tondela não ser propriamente um Barcelona, o domínio das operações foi extraordinário e a aposta em adolescentes como Eduardo Quaresma e Nuno Mendes totalmente conseguida. Ainda que o plantel não tenha melhorado com a pandemia, e de o meio-campo ficar por vezes à deriva, certo é que apareceram sete pontos nos últimos três desafios e o seu ex-clube passou a estar atrás na luta pelo terceiro lugar da Liga NOS.
Compensou os dois pontos oferecidos em Guimarães com dois ou mesmo três pontos numa triste noite de Santo António, na qual a pandemia deixou as bancadas vazias e isentou vários jogadores de assobios e milhares de espectadores de uma nulidade intervalada por raros grandes momentos de futebol. A crise em curso no ex-clube de Ruben Amorim deixou-o em igualdade pontual com o clube que vai pagar 14 milhões de euros pelo treinador, mas convém não esquecer que o Paços de Ferreira, antepenúltimo classificado da Liga NOS superou a equipa da casa em remates enquadrados e saiu de Alvalade a queixar-se da sorte e do videoárbitro. Maximiano teve uma noite de excepção, impedindo a bola de encontrar as redes em sucessivas ocasiões, incluindo aquela em que a sua linha defensiva permitiu que um adversário lhe aparecesse isolado à frente. Sempre atento aos remates dos adversários, evitou males maiores numa equipa que precisaria de uma quarentena muito mais duradoura do que esta.
Eduardo Quaresma (3,0)
Só a intervenção no lance de maior perigo do Paços de Ferreira, deixando um avançado em posição regular, e a fraca percentagem de sucesso nos duelos aéreos – algo que poderá ser ultrapassado com treino, pois ninguém com 185 centímetros pode ser acusado de nanismo – impediram que a primeira titularidade em Alvalade fosse ainda mais memorável. Excelente no controlo das operações e saída da bola, apesar de desta vez ter menos ajuda do colega de ala direita, cimentou o lugar na equipa e no imaginário dos adeptos.
Coates (3,0)
Voltou a mostrar-se patrão, e até os seus vigorosos e sensatos protestos no lance em que chegou a ser assinalado pénalti contra o Sporting ajudaram a ganhar tempo para que o videoárbitro revertesse uma decisão que poderia permitir a Maximiano ser o homem do jogo, forçar Jovane Cabral a horas extraordinárias ou impedir os três pontos que tanto jeito dão numa corrida em que o terceiro lugar é tão possível quanto o sétimo. Pior acompanhado do que é costume, o uruguaio não deu tréguas aos adversários.
Borja (2,0)
Podemos recorrer à suspensão da descrença e dizer que o colombiano não cometeu qualquer irregularidade no lance do pénalti revogado, mas é inegável que deixou escapar um adversário rumo à baliza. Foi apenas a manifestação mais flagrante das limitações de um profissional que decerto procura dar o melhor, tendo o problema irresolúvel de não ser capaz de estar ao nível exigível como central descaído para a esquerda. Falta-lhe, além de tudo o resto, a capacidade de saída com bola que deveria fazer de Mathieu imprescindível enquanto as pernas aguentarem e o contrato for válido.
Rafael Camacho (2,0)
Fez o primeiro remate do Sporting, desenquadrado da baliza, e depois lançou-se numa colectânea de falhas técnicas indignas de quem custou mais ou menos o mesmo que o orçamento de algumas equipas da Liga NOS. Todas as boas indicações que deixou em Guimarães foram esquecidas, quase como se procurasse provar que não foi feito para lateral-direito.
Acuña (2,5)
Gastou quase tudo o que tinha para dar ao jogo logo nos primeiros minutos, arrastando a sua inegável classe no relvado até que Ruben Amorim decidiu recorrer ao trabalho infantil.
Matheus Nunes (3,0)
Manteve o lugar no onze titular, desta vez como médio mais defensivo, e esteve bem na missão de garantir posse de bola e servir de pêndulo entre defesa e ataque, arriscando-se a ficar na ficha de jogo ao fazer a recarga bem sucedida de um livre que entrou na baliza antes de ser devolvido ao campo de jogo. Pouco depois começou a perder gás, o que não é um bom cartão de visita num jovem de 21 anos, e deu lugar a quem fez bem pior do que ele.
Wendel (3,5)
Regressou a Alvalade sem o mesmo grau de exposição corporal e com visual renovado. A barba talvez tenha servido para o brasileiro se assumir como o ancião de 22 anos em que se tornou, tendo em conta a quantidade de adolescentes ao seu lado e a veterania decorrente da terceira época no plantel principal, apenas superada por Coates e Acuña entre os titulares. Mas o mais importante de Wendel são os pés com que executa arrancadas como a que deu origem ao livre que resolveu a embrulhada. Tenha ele confiança para repetir mais vezes tais iniciativas, em vez de se deixar enredar na modorra, e o Sporting poderá ir mais longe, mesmo que à custa de o internacional olímpico brasileiro ir para ainda mais longe.
Jovane Cabral (4,0)
Também ele passou a maior parte da primeira parte à espera do comboio na paragem do autocarro. Mas quando engrenou, ocupando-se da esquerda, fez o que faltava ser feito. Já tinha partido os rins a um adversário, cruzando para um Sporar em dia nunca, quando pegou na bola para marcar um livre ainda a uns passos da grande área e soltou um foguete imparável para animar mais uma noite sem arraial em Alvalade. A pontaria e potência com que a bola embateu na trave, bateu dentro da baliza e voltou a sairpareceu uma segunda passagem de Bruno Fernandes pelo estádio, com o detalhe do festejo de mãos na orelha, a homenagear o ex-capitão leonino, que a partir de Manchester continua a servir de mentor. Seria justo que Jovane conseguisse bisar mesmo no final da partida, após um fulgurante contra-ataque, mas dessa vez a barra reagiu mal ao estrondo da bola.
Vietto (3,0)
Pouco antes de se lesionar num embate com um adversário, ficando com uma luxação que lhe poderá custar as oito jornadas restantes, protagonizou o melhor momento da primeira parte, numa assistência de génio a que Sporar não deu seguimento. E estava a conseguir fazer acelerar o processo ofensivo da equipa, impondo o seu estilo de camisola 10 vendido como avançado.
Sporar (1,5)
Foi a antítese do aproveitamento pleno de oportunidades em Guimarães, desperdiçando duas boas ocasiões de golo. Na primeira parte, servido por Vietto, conseguir avançar até à grande área mas rematou muito acima da baliza, e na segunda parte dessincronizou-se com o cruzamento de Jovane Cabral, mesmo em frente à linha de golo. Tirando estes dois momentos foi discreto, quando não inexistente.
Gonzalo Plata (1,5)
Passou mais de 50 minutos em campo sem propósito e quase como um corpo estranho na equipa, falhando no flanco e no miolo. Tem de afinar o seu enorme potencial, o que talvez passe por uns telefonemas de Bruno Fernandes.
Nuno Mendes (2,0)
Estreou-se na equipa principal ainda com 17 anos, reforçando a ideia de que a pandemia está a fomentar o trabalho infantil. Algumas arrancadas deram boas indicações de quem já parece estar à frente de Borja.
Eduardo (1,5)
Pouco depois de entrar já tinha cometido uma fífia que felizmente não foi aproveitada pelo Paços de Ferreira. Não satisfeito, participou num sururu, recebendo um amarelo dois minutos após substituir Matheus Nunes. Seguiram-se mais uns 15 minutos de incapacidade a níveis pré-pandémicos.
Francisco Geraldes (1,5)
Terá percebido que conta muito pouco quando Vietto ficou agarrado ao braço e Ruben Amorim mandou aquecer Gonzalo Plata. Teria direito a pouco mais de dez minutos, destinados a fazer descansar Wendel e num momento do jogo em que o domínio dos visitantes era cada vez mais pronunciado, nos quais nada mais pôde fazer além de cometer faltas.
Ruben Amorim (2,5)
Alcançou o Sporting de Braga, que mantém o terceiro lugar por todos os critérios, mas para lá chegar venceu pela margem mínima o antepenúltimo, jogando em casa, e ficando atrás no número de remates. Dizer que é poucochinho passa por eufemismo, havendo muito trabalho para fazer de modo a garantir que Alvalade verá jogos europeus nos próximos tempos sem ser enquanto barriga de aluguer de fases finais da UEFA. Louva-se-lhe a aposta nos mais jovens e na formação, mas há que aprimorar a qualidade existente no plantel. E também a comunicação, pois a rábula final da explicação da ausência de Mathieu foi um acto falhado que não prestigia o treinador e desrespeita um dos melhores jogadores que honraram a camisola nos tempos mais recentes.
Nada poderia ter feito no golo que selou o resultado final, e ao longo da segunda parte deu segurança aos colegas com boas intervenções, o que não apaga a sua oferta do golo que permitiu ao Vitória de Guimarães empatar pela primeira vez. Está visto que a desenvoltura com os pés é o calcanhar de Aquiles do jovem guarda-redes, mas a aposta continuada na sua titularidade, desejada pelos adeptos, dependerá de progressos significativos nesse domínio.
Eduardo Quaresma (3,5)
Integrar uma linha defensiva que sofreu dois golos não é propriamente sinónimo de estreia de sonho? Talvez assim seja, mas o jovem de 18 anos assumiu como um mestre a missão de ser o central descaído para a direita, demonstrando segurança no desarme dos adversários e uma capacidade de. saída com bola que só surpreendeu quem nunca tinha visto as suas arrancadas na equipa de sub-23. Ficou na retina um lance de contra-ataque que urdiu em “joint venture” com Sporar, reforçando a ideia de que o Sporting será doravante Edu mais dez e o temor de que possa vir a ser “carrosselizado” no verão tardio que antecederá a próxima temporada.
Coates (3,0)
O capitão uruguaio foi o patrão que dele se pede que seja, impondo a sua presença no novo esquema táctico. Nem os dois golos do adversário, resultantes de uma oferta de Luís Maximiano e de um ressalto, beliscam o mérito de quem deverá ficar em Alvalade se a ideia passar por voltar a ver os milhões da Champions antes da próxima década.
Mathieu (2,5)
Várias foram as ocasiões em que o veterano francês não teve pernas para reagir aos adversários, numa quebra física após a paragem ditada pela pandemia de Covid-19 que se pode explicar pelo facto de ser provavelmente o único elemento do plantel leonino a ter convivido com sobreviventes da gripe espanhola. Intocada está a sua relação privilegiada com a bola, ainda que a ideia de o adiantar para ponta de lança (em vez de apostar na entrada do suplente Pedro Mendes quando o Sporting tinha vantagem numérica) não tenha surtido efeito.
Rafael Camacho (3,0)
Preferido por Ruben Amorim na escolha entre Ristovski e Rosier, o jovem que não quis ser lateral-direito ofensivo no Liverpool provou ser mais afoito na parte ofensiva da missão, formando com Eduardo Quaresma e Jovane Cabral a ala direita mais dinâmica que Portugal viu nos últimos meses. Esteve perto de fazer a assistência para o golo da vitória, impedida pela defesa de Douglas ao cabeceamento de Jovane, num dos vários bons cruzamentos que assinou. Pior nas missões defensivas, como Quaresma pode testemunhar, poderia ter servido Sporar para o “hat trick” mas, talvez possuído pela camisola 7 que carrega, tentou complementar duas belas fintas com um remate idêntico ao que ajudou a levar o Sporting à “final four” da Taça da Liga. Idêntico, claro está, tirando na parte de a bola entrar na baliza.
Acuña (3,0)
Bastante mais contido do que o colega da direita, até porque Mathieu e Vietto também não ajudaram por aí além, o argentino distinguiu-se pelo passe longo que o excesso de confiança de Douglas e o sentido de oportunidade de Sporar fizeram abrir o marcador. E também pela atenção redobrada que deu às veleidades vimaranenses na sua área de influência, não se esquecendo de protestar com todos os elementos da equipa de arbitragem. As saudades que já teria...
Battaglia (2,0)
Raras foram as ocasiões em que ganhou posição sem cometer falta, escassas as saídas com bola que tenham levado a equipa para a frente. Dir-se-ia que o médio argentino se arrisca a ficar carimbado como problema irresolúvel, tendo em conta o seu elevado vencimento, a não ser que o homem que mais lucrou com o ataque a Alcochete cometa a improvável bondade de o “carrosselizar” numa “bitola Thierry Correia” e sem prodígios do estilo David Wang envolvidos na equação.
Matheus Nunes (2,0)
Lá se estreou na equipa principal o meio-campista a quem Frederico Varandas encarregou de custear a multimilionária cláusula de rescisão de Ruben Amorim, e o treinador encomendou a compra de uma casa à sua mãe, pelo que talvez a senhora Nunes pretenda que o filho encerre o ciclo comprando uma peruca ao presidente do Sporting. Convém referir que a estreia esteve muito longe de ser brilhante, tal como longe de cintilantes eram as alternativas disponíveis no banco. Espera-se que faça melhor em próximas oportunidades.
Jovane Cabral (4,0)
Acelerador-mor do futebol leonino, partindo da direita para vagabundear por todo o relvado, o jovem extremo mostrou que é capaz de fintar adversários dentro de uma cabina telefónica e deixou bem mais do que um ar da sua graça. Para a história do jogo ficou o passe longo e rasteiro com que isolou Sporar no lance do 1-2 e o remate de cabeça que esteve perto de render três pontos num estádio que continua a ser complicado mesmo sem adeptos municiados de armas brancas. Pena é que grande parte das suas melhores iniciativas tenham morrido nos pés de Vietto.
Vietto (2,0)
Quis a infelicidade do destino que o avançado mais perdulário do plantel leonino tenha recebido alguns dos melhores passes feitos pelos colegas ao longo do jogo. A baliza parece tornar-se demasiado pequena quando Vietto tem a bola nos pés, sendo incerto se a solução passará por um ortopedista, um psicólogo ou uma influenciadora das redes sociais.
Sporar (4,0)
É notável que tenha convertido em dois golos igual número de remates, bastando-lhe empurrar a bola para a baliza vazia. E com inegável mérito, pois aproveitou da melhor forma a burrice de Douglas na primeira parte, roubando-lhe a bola que controlou com o peito, e desmarcou-se de forma perfeita (o fiscal de linha ainda ensaiou o fora de jogo, mas o videoárbitro oficializou o golo) na segunda parte, contornando o guarda-redes com enorme frieza. Além disso, integrou-se bem nas manobras ofensivas e criou a esperança de que Bruno Fernandes não chegue ao final da temporada como melhor marcador do Sporting apesar de ter voado para Manchester no final de Janeiro.
Idrissa Doumbia (2,5)
Honra lhe seja feita: cometeu menos erros do que os titulares do meio-campo. Mas também era um objectivo fácil de cumprir...
Gonzalo Plata (2,0)
Inconsequente, viciado em remates contra as pernas dos adversários e incapaz de ajudar a “quebrar” um Vitória de Guimarães reduzido a dez graças ao irrequieto Jovane Cabral, que parece ter aproveitado o confinamento para treinar mais do que um certo e determinado extremo sul-americano.
Ruben Amorim (3,0)
Os meses vão passando e o terceiro treinador mais valioso do mundo mantém o bom hábito de não perder, ainda que desta vez não tenha somado os três pontos que conseguira antes do fim do mundo tal como o conhecíamos, naquele final de tarde em Alvalade em que se verificaram as expulsões de dois jogadores do Desportivo das Aves nos primeiros 20 minutos de jogo e um “wardrobe malfunction” de Wendel mais revelador do que o de Janet Jackson no Super Bowl. Louva-se-lhe a coragem de apostar em Eduardo Quaresma e Matheus Nunes, ainda que o segundo tenha ficado bastante aquém das expectativas, e o trabalho visível no entendimento entre vários jogadores, mas a relação complicada de Vietto com o golo e o estado de calamidade em vigor no meio-campo não permitiram mais. Felizmente chegou para o empate que permitiu reduzir de quatro para três pontos a desvantagem em relação ao Sporting de Braga na luta pelo lugar mais triste do pódio da Liga NOS.
Teve tão pouco para fazer que se não tivesse voltado a haver futebol talvez ficasse com a ideia de que enveredou pela carreira de homem-estátua.
Ristovski (2,5)
Sacrificado pelo treinador quando o Sporting se viu com superioridade numérica em campo, saiu do relvado de forma intempestivo e seria decerto protagonista de um "caso" capaz de agitar o futebol português não fosse o caso de o futebol português ter sido criogenizado poucos dias mais tarde.
Tiago Ilori (3,0)
Está encontrada a receita para o não muito jovem central deixar de ser um "handicap". Bastará conseguir que dois adversários sejam expulsos nos 20 minutos de todos os jogos.
Coates (3,0)
Seguro e imperial, também poderia ter aproveitado aquela hora e meia para um curso de liderança.
Mathieu (3,0)
Integrou-se na manobra ofensiva quando parecia que nem com dois jogadores a mais se chegaria lá.
Acuña (3,0)
Não foi um dos seus jogos mais inspirados, mas a bitola do argentino encontra-se muito acima da triste realidade de Alvalade.
Battaglia (3,0)
Controlou sem problemas o meio-campo num jogo de sentido único.
Wendel (4,0)
A assistência para o golo de Sporar que desbloqueou o marcador, num cruzamento perfeito oriundo da esquerda, foi a parte mais efectiva da exibição, mas não se pode esquecer que se deve à velocidade do brasileiro o estranho fenómeno de haver duas expulsões de adversários nos primeiros 20 minutos de jogo. Depois de sofrer uma entrada de sola, viu um contra-ataque ser travado por um puxão nos calções que deixou a descoberta uma parte saltitante da sua fisionomia, revelada a Portugal e ao Mundo pela realização da Sport TV. Dir-se-ia que um atentado ao pudor inadvertido que, por uma daquelas coincidências, ocorreu mesmo do confinamento que mudou o mundo tal como o conhecíamos. E permitiu que o Sporting passasse três meses sem perder o jogo, no que é um recorde absoluto dificilmente repetível no mandato de Frederico Varandas a não ser que venha a segunda vaga de Covid-19 ou a epidemia zombie.
Gonzalo Plata (3,0)
Muito mexido, mas nem sempre assertivo, o jovem prodígio ganhou pontos sobre a concorrência interna, entretanto aliviada dos pesos-pesados Bolasie e Jesé Rodríguez.
Vietto (3,0)
Um excelente remate que poderia ter inaugurado o marcador foi devolvido pela barra, tendo a competência de não repetir a proeza no pénalti que selou o 2-0 final.
Sporar (3,0)
Excelente cabeceamento aquele que fez o 1-0, mas as restantes intervenções fazem desconfiar que Bruno Fernandes será o melhor marcador leonino nesta temporada apesar de ter ido embora no final de Janeiro.
Jovane Cabral (2,5)
Colocado em campo ainda durante a primeira parte para agitar o jogo, cumpriu com o tipo de agitação inconsequente a que os sportinguistas se habituaram desde o início da temporada.
Francisco Geraldes (2,5)
Procurou aproveitar a oportunidade de voltar a jogar em Alvalade, notando-se que lhe falta vontade de surpreender.
Rosier (2,0)
Fez prova de vida nos últimos minutos de jogo.
Ruben Amorim (3,0)
Foi preciso dar uma dúzia de milhões amendesoados de euros por um treinador sem as qualificações exigidas, escasso currículo e um passado de futebolista fanático pelo Benfica para que um árbitro mostrasse o cartão vermelho por duas vezes a adversários do Sporting. Qualquer avaliação dos méritos de Ruben Amorim e da capacidade de transformar a massa amorfa que é o plantel leonino fica prejudicada por tão especiais circunstâncias. Terminado o confinamento, é tempo de mostrar o que de facto vale, embora lhe vá ser difícil dar instruções para dentro do relvado quando o seu problema de qualificações o impedirá de estar sem máscara junto à linha lateral.
Liga NOS - 23.ª Jornada (ou qualquer coisa parecida)
3 de Março de 2020
Luís Maximiano (1,5)
Antes dos dez minutos sofreu dois golos, na segunda parte sofreu mais um e foi preciso esperar pelos últimos minutos para que conseguisse fazer uma defesa que impediu a repetição da bitola de Istambul. Corre sério risco de se deixar contaminar pelo caos que tomou conta do futebol leonino.
Rosier (1,5)
Existe uma realidade alternativa, tal qual no “The Man in the High Castle” de Philip K. Dick, em que Mama Baldé fez igual ou melhor do que o francês e algum empresário perdeu comissões relativas a uma mão-cheia de milhões de euros.
Coates (2,5)
Abstraindo as falhas e omissões que contribuíram para mais uma goleada sofrida pelo Sporting, aquele golo de cabeça que permitiu sonhar com a reviravolta e o empenho na segunda parte, ao ponto de sobre ele ter sido cometido um pénalti que o videoárbitro se encarregou de ignorar, mostraram que o herdeiro da braçadeira é o mais qualificado sucessor de brunos que existe no universo leonino.
Neto (2,5)
Ultrapassado no lance do 3-1, em parte devido ao medo de ver o segundo amarelo, mostrou-se particularmente acertado nos passes longos. Ainda assim, deu sobretudo nas vistas ao comparecer na “flash interview” e disparar para todos os lados, não se esquecendo de mencionar que “o dinheiro não compra tudo” na véspera de a SAD leonina concordar com o pagamento de dez milhões de euros ao Braga pela cláusula de rescisão de Ruben Amorim.
Acuña (3,0)
De longe o melhor jogador do plantel, o que certamente o coloca na rampa de lançamento para ser desbaratado no Verão, voltou a lutar quase sozinho contra as circunstâncias. Ninguém duvida que os tais dez milhões de euros entregues ao artista anteriormente conhecido por trolha seriam melhor empregues numa tentativa de clonar o polivalente argentino.
Battaglia (2,0)
Incapaz de ganhar a batalha do meio-campo, tanto permitiu excessivas veleidades ao adversário como travou jogadas de ataque.
Eduardo (1,5)
Fora de tempo, fora de espaço, mas pelo menos até maio dentro do plantel.
Gonzalo Plata (1,5)
Depressa esgotou os fogachos que tinha reservado para este jogo.
Jovane Cabral (2,5)
Só faltou sorte e pontaria ao mais mexido do ataque leonino. Muito remate, muito cruzamento e muito esforço inglório.
Vietto (1,5)
Faz lembrar as vedetas de Hollywood que a dado momento surgiram na lista de “venenos de bilheteira” pela forma desencontrada como lida com o golo. Voltou a falhar ocasiões fáceis neste jogo e em pelo menos numa delas, já na segunda parte, ao encostar da pior forma um cruzamento ao segundo poste, pareceu ficar esmagado pela tomada de consciência do mal que anda a fazer a uma equipa à qual tudo acontece.
Sporar (1,5)
Um pontapé na atmosfera quando se encontrava em posição frontal e uma recarga dirigida para as redes laterais constituem o parco pecúlio de um avançado que custou cerca de 65% do valor gasto no seu novo treinador ou perto de David Wang acrescida de dois irmãos gémeos.
Francisco Geraldes (1,5)
Pouco tempo, pouco discernimento, pouco ânimo.
Rafael Camacho (1,0)
Nas palavras de uma célebre banda musical portuguesa, “não dá, não dá, não dá”.
Pedro Mendes (1,5)
Bastaram-lhe minutos no relvado para protagonizar um lance que fica bem neste Sporting de contrafação: foi carregado inadvertidamente na grande área quando tentava ganhar posição, mas o videoárbitro entendeu por bem poupar a equipa de verde e branco à pressão de falhar um pénalti.
Silas (1,5)
Despedida inglória para quem se viu a perder por dois antes dos dez minutos de jogo e nunca pareceu acreditar na reviravolta, talvez crente de que estava a enfrentar o Alverca. Muito melhor esteve na conferência de imprensa, revelando o terceiro segredo de Varandas com a acuidade um alerta CM. Tragicamente impreparado para as funções que desempenha, faltou-lhe um Rogério Alves que impedisse a sua destituição.
Liga Europa – 2.ª mão dos Dezasseis-avos de final da Liga Europa
27 de Fevereiro de 2020
Luís Maximiano (2,0)
Ao longo dos séculos milhares de portugueses tiveram o azar supremo de atingir a maioridade em tempo de guerra, morrendo ou ficando estropiados nas trincheiras lamacentas europeias ou na curva de uma picada poeirenta africana. Mais afortunado, Luís Maximiano limitou-se a conquistar a titularidade na baliza do Sporting quando este é treinado por Silas, dirigido por Hugo Viana e presidido por Frederico Varandas. Algo que se traduz em 27 golos sofridos nos 21 jogos desta temporada em que lhe coube calçar as luvas, sendo as derrotas (9) quase tantas quanto as vitórias (11). Desta vez fica ligado a mais um recorde negativo da actual gerência, pois o Sporting nunca tinha perdido na Turquia, e com responsabilidades inegáveis no segundo golo, por muito que o livre directo tenha sido bem cobrado. Mas nem por isso deixou de ter intervenções que impediram o resultado de atingir proporções em que a humilhação pública da equipa superaria decerto a potente anestesia que leva os adeptos a convencerem-se de que o lema do clube é “esforço, dedicação, devoção (desde que bem-comportada, claro está) e miséria”. Assim foi no lance da segunda parte em que não só defendeu o remate de Demba Ba como também a recarga que o avançado – apenas um dos sete “trintões” que foram titulares no Basaksehir, juntando-se-lhe o veterano Robinho para as derradeiras estocadas ao leão assarapantado – teve liberdade de executar mesmo estando caído do relvado. Ou na forma como evitou um azarado autogolo de Tiago Ilori. Encontra-se entre os raríssimos jogadores que mereceriam uma passagem aos oitavos-de-final que só não aparentava estar garantida após o 3-1 trazido de Alvalade porque já toda a gente sabe do que este Sporting é capaz.
Ristovski (1,5)
Assenta sobre os seus ombros grande parte da responsabilidade pelo tardio terceiro golo turco que forçou o prolongamento, pois demorou a acercar-se do jogador que tinha a bola nos pés e concedeu-lhe ampla liberdade para o remate em arco que prenunciou um dilúvio no qual o Sporting voltou a ver-se sem arca. Fustigado ao longo de todo o jogo pelo caudal ofensivo do adversário, nem sempre esteve ao seu nível, tal como raramente contou com o auxílio de que necessitava, terminando o prolongamento em péssimas condições físicas. Ligeiramente melhor só mesmo em missões ofensivas, assinando um cruzamento com selo de golo que seria o 3-2, mas que Vietto carimbou para cima da barra.
Coates (1,5)
Merece mais meio ponto pela forma como pediu desculpa a todos os adeptos na “flash interview”, e prometeu uma autocrítica da equipa, sobretudo porque o adjunto que a UEFA finge acreditar ser treinador principal do Sporting preferiu mergulhar de cabeça na “verdade alternativa”, cantando loas ao domínio leonino num jogo em que foi goleado e saiu de cabeça baixa da única competição em que lutava por algo mais do que um terceiro a quinto lugar. Mas o central uruguaio teve uma noite muito abaixo do seu valor, começando por uma verdadeira assistência para o primeiro golo do Basaksehir, e nunca transmitiu tranquilidade aos colegas.
Tiago Ilori (1,5)
Teriam a goleada e o afastamento da Liga Europa ocorrido se Mathieu estivesse a jogar em vez desta esperança cancelada da formação leonina? Dificilmente, ainda que a presença do veterano francês permitisse toda outra qualidade na saída com bola, pois o problema de raiz foi mais uma das tácticas suicidas com que Silas vai distribuindo alegrias aos adversários do Sporting. Seria a hora certa para ir buscar Jesualdo Ferreira, apostar nos sub-23 e, sobretudo, eleger dirigentes que tenham noção daquilo que andam a fazer...
Acuña (3,0)
Ninguém lhe consegue apontar semelhanças físicas com Gary Cooper, mas chegou a parecer o xerife Will Kane de “High Noon – O Comboio Apitou Duas Vezes”, lutando contra tudo e contra todos por um desfecho melhor do que o esperado. Pertenceram ao lateral-esquerdo os melhores remates do Sporting na primeira parte, sendo um deles antecedido por uma maravilha de domínio de bola e de inteligência nos pés dentro da grande área turca. Já na segunda, quando havia mais alguns braços e pernas a remar contra a corrente, cruzou com precisão milimétrica para Vietto reverter o Alvaladexit que se adivinhava. Mas quis o destino que não fosse o suficiente, pelo que o argentino fica contido ao rectângulo à beira-mar plantado e poderá muito bem ser a próxima solução da gerência para conseguir mais uns trocos que paguem comissões dos próximos génios incompreendidos a aterrar na Portela.
Battaglia (2,5)
Esteve quase a ser o herói da noite, tão oportuno e preciso foi no corte que adiou o 3-1 por alguns segundos. Antes, quando pareceu que o Sporting poderia empatar ou até vencer o jogo, tamanha era a desorganização dos turcos em busca do prolongamento, teve uma arrancada em que recordou os adeptos de que não tem o remate de longa distância entre os pontos fortes. Resta-lhe a escassa compensação de ter sido um dos menos responsáveis por mais um desastre da equipa.
Wendel (2,0)
Melhor a transportar bola do que os extremos titulares, esforçou-se para que o jogo corresse melhor. E, sem culpa nenhuma, fica ligado à perda da eliminatória no tempo regulamentar, pois o “timing” da sua substituição contribuiu para abrir a cratera no posicionamento da equipa que permitiu o 3-1.
Bolasie (0,5)
Displicente no primeiro lance em que foi solicitado, ao ponto de permitir um contra-ataque perigoso, nunca mais se reencontrou, oscilando entre as habituais trapalhices na hora de driblar ou rematar e uma falta de atitude competitiva para a qual seria perfeitamente ajustado reagir com o proverbial “pano encharcado nas fuças”. Ter ficado perto de uma hora em campo só poderá ser explicado pela pulsão suicida que é marca de água do futebol de Silas.
Jovane Cabral (1,5)
Muito interventivo, faltou-lhe apenas o detalhe de intervir bem ou, no mínimo, decentemente. Remates de pendor surrealista mostraram que não era aquele o seu dia, embora não andasse muito distante de uma terra há uns milénios surgiu outro salvador que também parecia improvável.
Vietto (1,5)
Impõe-se a pergunta: será que o Sporting estaria agora a preparar-se para os oitavos-de-final da Liga Europa, vencendo o desempate da eliminatória através da marcação de grandes penalidades se o avançado argentino não tivesse feito tão lamentável e desnecessária falta na sua grande área quando faltava muito pouco para o final do prolongamento? É bem possível que assim fosse, o que não apagaria mais uma exibição vergonhosa, daquelas que causam danos reputacionais. E neste momento todos estariam a elogiar o cabeceamento irrepreensível de Vietto a desviar o cruzamento de Acuña para as redes do Basaksehir. No entanto, apesar do mérito nesse golo e na leitura de jogo, manteve-se o tendencial desacerto que o impeliu a desperdiçar um belo cruzamento de Ristovski.
Sporar (1,0)
Recordou-se tarde e a más horas de que estava presente no relvado e fez um remate descalibrado. Feita esta relativa prova de vida, remeteu-se à contemplação.
Gonzalo Plata (2,5)
Pôs a mexer a equipa, vergada pelo 2-0 aquando da sua tardia entrada no jogo. Bom a driblar e a encontrar espaços, pior esteve no instante em que era preciso decidir.
Idrissa Doumbia (2,0)
Entrou para segurar o resultado, mas a sua intervenção mais relevante foi a participação num contra-ataque em que quase voltou a marcar.
Eduardo (1,0)
Não tem culpa de que a sua entrada, com o claro objectivo de queimar mais uns segundos antes do iminente apito final, tenha aberto o buraco na defesa leonina que permitiu o 3-1. Mas também pouco ou nada ajudou a equipa durante o prolongamento.
Pedro Mendes (-)
Pôde entrar como quarto substituto durante o prolongamento, adoptando um registo muito parecido com a contemplação de Sporar.
Silas (0,5)
Ao contrário de Groucho Marx, Silas é capaz de mudar os seus princípios de jogo mesmo que gostem deles. Portanto, aquilo que fez depois de uma agradável exibição frente ao Boavista foi instruir os jogadores a darem a iniciativa ao adversário e retirar do onze titular Gonzalo Plata, que dias antes assinara a melhor exibição individual pós-Bruno Fernandes de que há memória. Vendo-se a perder e com a Liga Europa a fugir-se-lhe pelos dedos, teve a sanidade ao retardador de mexer na equipa à hora de jogo e quase de tal colheu agridoce fruto. Mas uma substituição pessimamente gerida ajudou a que o Basaksehir empatasse a eliminatória, servindo de prenúncio do dilúvio de água gelada que se iria abater. Este é mais um desaire que tem a marca de Silas, que provavelmente será mantido em lume brando para que as suas insuficiências sirvam de manto de ocultação de incompetências alheias. A não ser que seja goleado na visita a Famalicão, o que também já não espantaria ninguém...
Teve que esperar pelo tempo de compensação da segunda parte para ser verdadeiramente posto à prova, evitando o contacto da bola com as redes com a mesma determinação do irmão mais velho de uma adolescente afoita. A estirada que desviou para canto um remate de fora da área que levava carimbo de golo de honra boavisteira serviu para recordar os compradores de bilhetes e recebedores de convites que o jovem guarda-redes é o único dos supostos suplentes da linha defensiva leonina aquando do início da temporada – todos eles titulares neste jogo – que se tornou titular indiscutível. Só precisa mesmo de melhorar o jogo de pés, como mais uma vez demonstrou, num jogo em que pouco mais fez do que encaixar escassos remates saídos à figura, para superar o actual guarda-redes do Wolverhampton nesta fase da carreira e dar início à luta pela baliza de Portugal.
Rosier (3,0)
A primeira intervenção do lateral-direito francês foi inaceitável num profissional de futebol, mas a verdade é que não demorou a carburar, combinando de forma muito positiva com o endiabrado Gonzalo Plata. Regressado à titularidade após prolongada ausência, tirou proveito da oportunidade e até chegou a rematar. Mas ainda tem hesitações na hora de avançar para a grande área adversária e sofre com as limitações físicas (já conhecidas aquando da sua contratação, e que conduziram à precoce titularidade e posterior entrada no carrossel de Thierry Correia) que aconselharam a sua substituição.
Neto (3,0)
Patrões fora, dia santo na loja? Acabou por assim ser, com a ausência de Coates e Mathieu a passar despercebida. Ainda que a ineficácia do ataque boavisteiro tenha dado uma ajuda, a experiência do central português contribuiu para o desfecho. Neto antecipou-se ao perigo, executou sem adornos e até procurou contribuir para a construção de jogo. Fossem todos os jogos assim.
Ilori (3,0)
Ainda teve uma hesitação e um atraso de bola arriscado, mas Luís Maximiano resolveu as duas situações sem problemas de maior. Posto isso... digamos que o central resgatado do esquecimento pela infinita generosidade de Frederico Varandas e Hugo Viana sossegou todos quantos temiam vê-lo lançar sete palmos de terra sobre a equipa. Intervenções certas e desassombradas, aqui e acolá merecedoras daquele tipo de aplausos que são reservados a quem supera (baixas) expectativas, contribuíram para manter o lado correcto do marcador a zeros. Se conseguir repetir o feito na Turquia é possível que lhe façam uma estátua equestre.
Borja (3,0)
Raras coisas são tão comoventes quanto o esforço do lateral-esquerdo colombiano para transcender as suas capacidades. Neste caso, ainda que se tenha remetido sobretudo a funções defensivas, prejudicado pela ênfase dada a Gonzalo Plata no lado contrário e pela tendência de Jovane Cabral flectir para o centro do meio-campo adversário, foram dos pés de Borja que saíram os bons cruzamentos com que Plata assinou o 2-0 e Jovane descartou o 3-0. Eis um caso paradigmático de um jogador que honra o Sporting mesmo que, pelo menos idealmente, possa não ter sequer lugar no plantel.
Battaglia (3,0)
Mais uma exibição positiva do médio argentino, mexido o bastante para fornecer linhas de passe aos colegas mais atrás e inteligente o suficiente para arranjar soluções aos colegas mais à frente. Acabou por não ser poupado para a segunda mão dos dezasseis-avos de final da Liga Europa, numa decisão que só pode ser aplaudida: além de melhorar o coeficiente na UEFA, já de olhos postos no regresso à Champions em 2021/2022, o Sporting tem de assegurar que para o ano poderá competir na Liga Europa. E alcançar o Sporting de Braga ou manter à distância Rio Ave, Vitória de Guimarães e Famalicão está longe de ser uma mera formalidade para este Sporting de pé descalço.
Wendel (3,0)
Terá feito um dos seus melhores jogos nos últimos meses, demonstrando sabedoria na condução de bola, ausência da recorrente e irritante displicência na movimentação e no posicionamento e vontade de conduzir os colegas ao “só mais um” que erros alheios mantiveram no registo “dois é bom, três é de mais”. Só não merece melhor nota pela forma infantil como viu o cartão amarelo que o afasta da deslocação a Famalicão, onde o Sporting tem demasiado em jogo para não contar com todos os melhores.
Gonzalo Plata (4,0)
No final do jogo, recomposto da tentativa perpetrada pelo central boavisteiro Ricardo Costa de lhe desatarraxar a perna (sem que o infame Nuno “Ferrari Vermelho” Almeida, um dos maiores escroques apitadores nacionais, discernisse mais do que um pontapé de canto apesar da insistência do videoárbitro), o jovem extremo equatoriano ouviu o mesmo treinador que lhe nega oportunidades de afirmação dizer que poderá encontrar-se em Alvalade um futuro caso sério do futebol mundial. Inequívoco homem do jogo, Gonzalo Plata fez mais do que cobrar de forma irrepreensível o livre que permitiu a Sporar inaugurar o marcador e do que rubricar o 2-0 num lance em que a execução do remate ficou em segundo plano perante a rapidez e inteligência com que se dirigiu para as “sobras” do cruzamento de Borja. Mais do que isso, devolveu alegria ao Estádio de Alvalade, que pela primeira vez em muito tempo teve momentos de comunhão nas bancadas, juntando “escumalha”, “croquetes” e milhares de convidados que ali estavam para a média de ocupação do estádio parecer menos desoladora. Quando Plata for o jogador que já acredita ser, apesar da taxa de sucesso nas iniciativas individuais ainda ter considerável margem de progresso, é possível que seja um dos pilares de um Sporting que conte para o Totoloto. Mas mesmo nestes dias sombrios pode e deve contribuir para a obtenção dos poucos objectivos que restam à equipa, o que passa necessariamente por mais do que 10 ou 20 minutinhos em campo, quase sempre numa fase em que o resto dos colegas já desmobilizaram.
Jovane Cabral (3,0)
Repetiu a titularidade sem repetir os resultados virtuosos obtidos no jogo com o Basaksehir. Voltou a mostrar-se mexido e a pôr os outros em movimento, mas pouco lhe saiu bem ao longo do jogo. O momento mais paradigmático da exibição foi o falhanço dentro da grande área, em posição frontal, após um bom cruzamento de Borja. Ainda assim, poderia ter mantido a série consecutiva de contribuições para o placard, isolando de forma perfeita Gonzalo Plata frente a frente com o guarda-redes do Boavista. Mas calhou ser o momento do jogo em que o equatoriano não esteve à altura.
Vietto (3,5)
Promovido a força tranquila da manobra ofensiva leonina, muito ele fez jogar, ainda que não tenha concretizado uma oportunidade flagrante de golo, servido com requinte pelo rompante Plata. Tem muito em si de futura referência leonina e cabe-lhe escrever um melhor futuro em que deixe de passar pela vida futebolística como uma esperança adiada.
Sporar (3,5)
Estreou-se a marcar na Liga NOS, dias após marcar na Liga Europa, com um toque oportuno que desviou da melhor forma o livre marcado por um equatoriano de que já talvez tenham ouvido falar. Mas também garantiu espaços para os colegas e continua a aumentar os níveis de confiança, o que vem mesmo a calhar numa altura em que se descobre que os bónus previstos na sua transferência podem fazer de si a contratação mais cara de sempre do Sporting. Lá seria mais um recorde batido pela presidência de Frederico Varandas...
Pedro Mendes (2,0)
Teve direito a 20 minutos pelo segundo jogo consecutivo, e pelo segundo jogo consecutivo padeceu de ter entrado numa fase em que o Sporting abandonara a nobre arte do ataque continuado. Voltou a fazer o possível por deixar boa impressão ao estádio, ainda que pouco mais tenha feito além de pressionar o início da construção de jogo dos adversários.
Ristovski (2,0)
Saltou do banco de suplentes para fazer face aos problemas físicos de Rosier e ajudou a manter uma rara ausência de golos concedidos. Segue-se a viagem à Turquia, onde viria a calhar repetir a proeza.
Francisco Geraldes (2,0)
A ovação que recebeu quando entrou para o descanso de Vietto é o tipo de fenómeno sportinguista que carece de estudo académico. Além de ser um futebolista com talento inato, “Chico” não se limita a ser o leão aspiracional, capaz de conciliar a bola com os estudos, mais dado a leituras do que a vídeos , como também simboliza na perfeição o Sporting dos nossos dias, com o seu potencial (ainda) por concretizar, em grande parte por culpas alheias (treinadores avessos à aposta na formação, péssima gestão de activos do clube) mas decerto também por culpa própria. Nos dez minutos que lhe couberam em sorte procurou e conseguiu mostrar serviço, lamentando-se apenas que num lance de contra-ataque não tenha sentido a confiança suficiente para rematar ou tentar irromper na grande área boavisteira, optando por assistir um colega que não entendeu o passe. Fica de fora na Liga Europa, mas pode ser que o castigo de Wendel leve a que Silas lhe dê uma hipótese de provar valor na deslocação a Famalicão. Embora seja mais provável que regresse a um daqueles meios-campos a tresandar de medo da própria sombra que juntam Battaglia a Idrissa Doumbia e Eduardo.
Silas (3,5)
Teve a inteligência de apostar numa táctica alicerçada no célebre princípio de jogo “metam a bola no miúdo e logo se vê”, retirando faustosos dividendos da aposta em Gonzalo Plata. Vendo-se a ganhar desde cedo, e a dominar as manobras no meio-campo, respirou de alívio e nem o facto de apresentar uma linha defensiva composta quase exclusivamente por suplentes trouxe um décimo das preocupações que esperaria. Numa semana em que exibiu dotes de comunicação quase tão fracos quanto os do responsável pela sua contratação, pondo em causa o empenho de um dos melhores jogadores de sempre do futebol leonino, Silas ganhou algum oxigénio. Para encher a botija terá de selar o apuramento para os oitavos-de-final da Liga Europa em Istambul e regressar de Famalicão com mais três pontos de vantagem em relação a um dos adversários directos na luta pelo terceiro, quarto ou quinto lugares. Mas para tal seria aconselhável que resolvesse a recorrente quebra que faz das segundas partes do Sporting o equivalente táctico de uma pessoa remediada que (sobre)vive de rendimentos.
Passou quase toda a primeira parte como um espectador, sendo praticamente o único naquele sector do estádio que conseguiu presenciar o jogo desde o apito inicial – e presumivelmente sem lhe revistarem as chuteiras. A segunda parte foi mais parecida com o registo da equipa leonina nos tempos mais recentes, e fez uma defesa providencial antes de não conseguir travar o pontapé de pénalti que tornou ligeiramente menos certo que a melhor exibição do Sporting nesta temporada garanta que não haverá Alvaladexit após a viagem à Turquia.
Ristovski (3,5)
Além da assistência que terminou a seca de golos de Sporar, o macedónio destacou-se pelo contributo na construção de ataques, provando conseguir ser mais perigoso no 4-3-3 ou 4-2-3-1 ou lá o que é do que no 3-5-2. Do ponto de vista defensivo viu-se acossado com a presença de muita actividade subversiva no seu quadrante ao longo da segunda parte. Mas não foi por aí que os turcos chegaram ao cuscuz.
Coates (4,0)
O Sporting estava à beira do abismo e o central uruguaio deu o passo em frente. No sentido em que se adiantou aos adversários, esticou a perna e desviou o pontapé de canto cobrado de forma irrepreensível por Acuña. Colocou a equipa em vantagem logo no arranque e depois esmerou-se nos passes longos e na custódia da sua grande área, acumulando mais triunfos nos duelos aéreos com os turcos do que a aviação do regime sírio. Próximo desafio, depois de não poder ajudar na recepção ao Boavista: garantir que os leões passam aos oitavos de final da Liga Europa com Tiago Ilori no onze titular.
Neto (2,5)
Realizou dois ou três cortes importantes “à queima”, fruto da contra-ofensiva turca na segunda parte, pelo que não deixa de ser irónico que lhe tenha sido assinalada uma grande penalidade num lance em que está muito longe de ser evidente que tenha cometido qualquer infracção. Assustou os adeptos que puderam entrar a tempo em Alvalade ao parecer tocado durante o aquecimento, numa antecipação do que será ver Ilori elevado à titularidade nos próximos dois jogos.
Acuña (4,0)
Executou o canto que arrombou o marcador “à patrón” e nunca mais deixou de fazer coisas acertas e de pôr tudo aquilo que é nas mais pequenas coisas que faz. Intratável apenas na conquista, manutenção de posse e endosse de bola, pareceu possuído pelo espírito de Maradona (é possível que qualquer familiar de Diego que estivesse a ver o Sporting-Basaksehir tenha corrido a aproximar um espelho da sua boca para verificar se este se havia finado) numa arrancada junto à linha. Ter o lateral-esquerdo, médio, extremo e tudo no plantel é uma das maiores alegrias que restam aos sportinguistas que preferem vencer as equipas adversárias a derrotar as suas próprias claques.
Battaglia (3,5)
Vincou a sua principal diferença em relação à concorrência interna: sabe o que fazer com uma bola de futebol. Mais do que ser uma primeira barreira ao ataque turco – incipiente na primeira parte, mas cada vez mais constante na segunda –, revelou-se um primeiro urdidor de futebol ofensivo, no sentido da palavra que não gera assobiadelas. E ainda voltou a ficar perto de marcar, num remate dentro da grande área que foi desviado pelo guarda-redes turco.
Wendel (3,0)
Foi o mais discreto da equipa na fulgurante primeira parte, sem por isso deixar de cumprir na circulação criteriosa de bola que foi uma das chaves do sucesso depois de sucessivos jogos feitos de marasmo. E o certo é que tirou proveito das reservas de energia de que ainda dispunha no final da segunda parte, altura em que diversos colegas já davam sinais de desgaste preocupantes.
Vietto (4,0)
Regressou à equipa titular com intenção de deixar marca e assumiu-se como o substituto de Bruno Fernandes que teria sido desde o início da temporada caso a transferência do capitão tivesse ocorrido em Agosto e Raphinha e Bas Dost ainda trajassem de leão ao peito. Rei do meio-campo ofensivo e municiador dos colegas, ficou perto de marcar logo no início do jogo, sendo atrapalhado por Bolasie. Nem por um instante esmoreceu, impondo a sua construção, tijolo por tijolo, para gáudio das bancadas e desconforto dos visitantes. Quando na segunda parte chegou a hora de marcar, vendo-se frente a frente com o guarda-redes, agiu com uma frieza difícil de encontrar em quem tantas vezes se vê legitimamente acusado de “não ter golo”. Provou que não teria de ser necessariamente assim e agradeceu com uma vénia aos milhares que o aplaudiram, sem distinguir entre “croquetes” e “escumalha”. Mantenha a qualidade de jogo, a assertividade de decisão, e a inteligente leitura do ambiente que o rodeia e poderá ser uma das chaves para um Sporting mais saudável. Juntou-se, para já, a Coates na equipa da semana da Liga Europa e, tendo até em conta que a sua transferência é desaconselhada pelo acordo que Jorge Mendes engendrou, convém que por Alvalade se mantenha por muitos e bons.
Jovane Cabral (3,5)
Ciente de que a aura de “arma secreta” o condena a longos minutos de banco e aquecimento, acelerou o futebol leonino desde o primeiro instante, em absoluto contraste com a contemplativa placidez demonstrada por Rafael Camacho enquanto titular recorrente. Sendo verdade que nem sempre decide da forma mais perfeita, ao ponto de o seu melhor remate ter sido precisamente a recarga para o golo apenas anulado por ter sido antecedido por fora de jogo de Sporar, teve o condão de nunca se esconder e de fazer tudo para resolver a eliminatória. Detalhes como o toque de calcanhar que serviu de alicerce ao terceiro golo do Sporting impõem que seja a primeira opção, ainda que o seu tipo de desgastante movimentação desaconselhe que permaneça em campo muito mais do que uma hora.
Bolasie (3,0)
O “trapalhonismo” que dele irradia custou um golo cantado que teria ampliado o marcador nos primeiros minutos de jogo, pois não aproveitou a assistência de Sporar e não deixou que Vietto a aproveitasse. Também voltou a enredar-se na sua afamada finta, quase tão autofágica quanto a incapacidade de voar foi para os extintos dodós, e até a assistência que assinou para o terceiro golo teve o seu quê de mal-amanhada. Dito isto, voltou a dar o seu melhor, a impor a estampa física e a recorrer à velocidade em prol da equipa, numa exibição a todos os níveis positiva, ainda que nada se tivesse perdido caso tivesse saído mais cedo, permitindo a progressão daquele moço Gonzalo Plata que por Alvalade continuará se não for entretanto trocado por um punhado de feijões mágicos. Aquele seu remate que estremeceu os ferros da baliza como nenhuma pirotecnia conseguiria simboliza a falta de sorte que Bolasie carrega nos ombros.
Sporar (3,5)
A persistente seca de golos parecia destinada a terminar logo após o apito inicial, mas o esloveno preferiu contornar o guarda-redes e servir os colegas, tendo o supremo azar de haver demasiados pés para uma só bola. Mas o recado estava dado: Sporar consegue render quando a equipa agrega talento suficiente para carrilar jogo ofensivo que, mais do que cruzamentos para a cabeça (como nos tempos de goleadores trocados por feijões mágicos), assenta na bola a rolar na relva. Começou por atirar ao lado, depois rematou ao poste (em posição ligeiramente irregular, o que invalidou a recarga certeira de Jovane) e finalmente marcou o que se espera ser o melhor de muitos, tirando o melhor proveito de um cruzamento em esforço de Ristovski. Quebrado o encanto, o que lhe permitiria apanhar o melhor marcador da Liga Europa, graças aos cinco golos marcados pela anterior equipa, permaneceu envolvido nos muitos contra-ataques até ser poupado por Silas para o jogo de domingo em que poderá perceber-se quais são as hipóteses de Bruno Fernandes vir a ser suplantado como melhor marcador do Sporting na Liga NOS.
Pedro Mendes (2,5)
Teve direito a mais de duas dezenas de minutos para demonstrar a sua arte. Pena é que esses minutos tenham coincidido com a pior fase do Sporting, pelo que o jovem avançado teve sobretudo de ser o primeiro factor dissuasório das incursões turcas. Esteve à altura da missão, e tratou de apoiar os colegas, de costas para a baliza, a levar perigo aos visitantes.
Idrissa Doumbia (2,5)
Entrou para tentar travar o avanço do Basaksehir e não se pode dizer que tenha sido particularmente incompetente nessa missão. Mas não restam dúvidas de que não deve ser considerado como mais do que um suplente de Battaglia ou, se tudo correr melhor para o ano, de João Palhinha.
Gonzalo Plata (3,0)
Há que ovacionar o aproveitamento dos poucos minutos a que teve direito. Diversas acções em que mostrou velocidade e capacidade de finta serviram de aperitivo para um belíssimo remate que o desmancha-prazeres turco evitou que se convertesse num merecido 4-1.
Silas (3,0)
Retirou dividendos imediatos de uma ideia muito louca e inovadora chamada colocar os melhores jogadores disponíveis na equipa titular (só Bolasie poderia ter tal estatuto posto em causa pelo jovem Gonzalo Plata). É uma incógnita que tenha dado conta disto, por muito que seja difícil não reparar na diferença entre o futebol castrado e lamentável demonstrado em Vila do Conde e as jogadas empolgantes testemunhadas pelos compradores de bilhete e receptores de borlas presentes em Alvalade na tarde de quinta-feira, agarrando a equipa à vida ao mesmo tempo que a despenalização da eutanásia era aprovada na Assembleia da República. Bafejado pelo talento dos bons jogadores que restam no plantel (faltava Mathieu, mas Neto esteve à altura até ter que a arbitragem vislumbrou o pénalti sem falta que culminou no tento de honra do Basaksehir), ainda que não pela sorte (outros tantos golos ficaram por marcar), tardou a refrescar a equipa na segunda parte, o que resultou num ascendente do adversário que se vai tornando natural em quem enfrenta o Sporting. Continua, assim, na corda bamba e com a garantia de que será o próximo saco de areia a atirar por Frederico Varandas para manter acima do solo (e ao sabor do vento) o balão de uma presidência feita de ar quente.
Contrariou a estatística, pois nenhum dos outros 44 golos do Rio Ave que se adivinhavam após sofrer o primeiro antes dos dois minutos de jogo encontrou o caminho das redes. Entre as excelentes intervenções que contribuíram para que o Sporting saísse de Vila do Conde com um ponto, apesar de mais uma exibição digna de dó e que desta vez nem sequer teve o álibi da falta de apoio das claques, destaca-se a leitura que fez da jogada mesmo ao cair do pano em que o ex-leão Carlos Mané teve nos pés a hipótese de dar justiça ao marcador. À medida que os sobreviventes do Sporting que contava para o Totobola são vendidos, acabam expulsos por apitadores sempre prontos a ajudar e sofrem lesões, a importância do jovem guarda-redes aumenta. Pelo seu valor intrínseco e pela triste realidade (tão triste que chega a ser “estriste”) de uma equipa apequenada como raras vezes se viu entre a rapaziada de leão ao peito.
Ristovski (2,0)
Apontaram-lhe a “autoria moral” do golo do Rio Ave, visto que a assistência ocorreu na sua área de jurisdição, mas não deixa de ser verdade que havia dois adversários para o macedónio cobrir (um dos quais até lhe deu um empurrão nas costas, sem que o sempre atento videoárbitro desse por isso). Ultrapassado o primeiro embate, procurou ofereceu soluções à incipiente manobra ofensiva, ainda que o seu melhor cruzamento tenha encontrado a cabeça desvairada de Rafael Camacho em vez de alguém que soubesse o que andava por ali a fazer. Mas, tal como todo o resto à sua volta, não deu para mais. Pensar que a expulsão de Coates levou a que Ristovski fosse até ao apito final o elemento com maior número de jogos pela equipa principal do Sporting deveria fazer pensar todos os adeptos.
Coates (2,0)
Impotente para contrariar o desastre no golo do Rio Ave, o uruguaio mostrou aos colegas como se faz uma jogada de ataque ao galgar terreno com bola até ficar perto de provocar um autogolo do defesa que arriscou cortar a bola à entrada da grande área. Melhor nota teria não fosse ter caído nas armadilhas do avançado iraniano que no jogo da primeira volta também lhe valera um vermelho por acumulação. Repetiu-se o mesmo cenário em Vila do Conde, com o árbitro Fábio Veríssimo a ser tão implacável quanto todos adivinhavam que iria ser, mas pelo menos foram-lhe assinalados três pénaltis a menos do que no jogo da primeira volta em Alvalade.
Neto (3,0)
Foi uma barreira quase intransponível ao ataque do Rio Ave, ao ponto de levar Fábio Veríssimo a pedir perdão à equipa da casa, quiçá esfolando os joelhos, por não ter assinalado pénalti na jogada em que o central viu um remate embater-lhe no braço encostado ao corpo. Quase sempre eficaz a afastar o perigo da sua baliza, Neto foi um dos dois esteios que permitiram o melhor resultado desta época em confrontos com o Rio Ave. Calha bem que tenha acabado com a braçadeira de capitão, um adereço que já esteve mais longe de ser oferecido nas embalagens de corn flakes.
Borja (2,5)
Permitir o cruzamento que deu origem ao golo do Rio Ave foi a única falha grave do colombiano. Elevado à titularidade devido à ausência de Acuña, Borja esforçou-se por dinamizar um ataque impregnado de espírito pacifista e fechar os caminhos para a baliza de Maximiano. Um ou outro cruzamento que poderia levar perigo ao Rio Ave se houvesse alguém para corresponder constituíram um fogacho numa exibição apenas esforçada, sendo evidente que raramente se poderá pedir mais do que isso ao lateral-esquerdo colombiano.
Idrissa Doumbia (1,5)
Recuperou a titularidade sem ter aprendido grande coisa no banco de suplentes. Deambulou pelo relvado sem razão e sem sentido, enquanto no Estádio da Luz um cavalheiro chamado João Palhinha marcou o golo que permitiu ao Sporting de Braga derrotar o Benfica. Dizem que cada um tem aquilo que merece, mas o Sporting Clube de Portugal merece certamente melhor do que o jovem e honrado meio-campista poderá dar.
Eduardo (2,0)
Deve-se-lhe o melhor remate do Sporting em todo o jogo, num disparo potente de longa distância que embateu com estrondo na barra. Um lance que pareceu inserido digitalmente por um estúdio de Hollywood numa exibição miserável de toda a equipa e também do seu autor, incapaz de tomar as rédeas do jogo e mais empenhado em fazer atrasos do que em progredir com a bola. É tristemente provável que Eduardo tenha sentido alívio no momento em que foi retirado do campo.
Wendel (1,5)
A saída de Bruno Fernandes, já patrão do meio-campo do Manchester United após dúzia e meia de treinos, exigia que o brasileiro desse o passo em frente, assumindo a liderança que tarda a confirmar. Dos noventa e muitos minutos que esteve em campo nada de particularmente positivo há a registar. Apenas uma tristeza latente perante a incapacidade demonstrada uma e outra vez por Wendel de cumprir todo o potencial do seu futebol.
Rafael Camacho (1,0)
Conseguiu ser ainda mais nulo enquanto extremo a flectir para o centro do terreno do que como segundo avançado descaído para as alas. Não é preciso ter excesso de má vontade para constatar que não teria sido nada diferente (a não ser que fosse para melhor) caso o Jubas ocupasse o seu lugar no onze titular. Talvez possa vir a ser útil para o clube em dificuldades financeiras que investiu meia-dúzia de milhões de euros no seu passe, mas neste momento já seria muito bom para a atual realidade do Sporting se algum clube aceitasse uma cláusula de compra obrigatória de dez milhões de euros no seu futuro empréstimo.
Bolasie (2,5)
Da lei da irrelevância se libertou mesmo ao cair do pano, quando tirou partido da força para irromper pela grande área do Rio Ave até ser derrubado em falta. Pouco importa que não tenha convertido a grande penalidade por si conquistada, pois a si e apenas a si se deve um dos pontos mais injustos que o Sporting amealhou neste século. Até então pouco se distinguira da esmagadora maioria dos colegas, especializando-se em floreados, perdas de bola e incapacidade de justificar o estatuto de elemento do plantel profissional de um dos trinta e tal melhores do ranking da UEFA.
Sporar (1,0)
Questão de ovo e galinha: terá sido Sporar inútil na deslocação a Vila do Conde por nunca ter sido servido pelos colegas ou será que os colegas nunca o serviram porque o avançado se revelou inútil do primeiro ao último minuto? Seja qual for a resposta, é inegável que nada andou a fazer no relvado, fazendo recordar que o seu país natal terá sido provavelmente o menos belicista de todos aquando da implosão da Jugoslávia.
Jovane Cabral (2,5)
Voltou a entrar com a missão de alterar o resultado e o certo é que cumpriu mais uma vez: depois de fazer uma assistência para o autogolo do Portimonense, encarregou-se desta vez de marcar de forma exímia um pénalti que o forçou a tirar a bola das mãos de Bolasie. Mas é de inteira justiça fazer notar que o seu contributo ficou por aí, pois as restantes jogadas e remates que protagonizou estiveram em linha com a mediocridade que grassa no futebol leonino.
Gonzalo Plata (1,5)
Chegou tarde ao jogo e nada de positivo logrou fazer.
Battaglia (2,0)
Contribuiu para que o segundo golo do Rio Ave não chegasse a acontecer, mas também esteve longe de deslumbrar.
Silas (1,0)
Ponto prévio: não tem culpa de que Matheus Pereira e Domingos Duarte tenham sido rifados, de que Raphinha e Bas Dost tivessem sido transferidos para que Bruno Fernandes permanecesse em Alvalade, de que o mesmo Bruno Fernandes tivesse acabado por sair na reabertura de mercado, de que Vietto tivesse completado uma série de cartões amarelos e de que Mathieu e Acuña se tivessem juntado a Luiz Phellype no rol de lesionados. Bem vistas as coisas, Silas não é o principal culpado da amarga realidade de o onze inicial do Rio Ave parecer manifestamente superior ao onze inicial do Sporting. Mas ficam por aqui as atenuantes: o treinador que escalou aqueles jogadores, regressados ao 4-3-3 com a mesma falta de qualidade que revelam no 3-5-2, 3-4-3 e no 4-4-2, tem de ser responsabilizado pela inexistência de um fio de jogo, pelas falhas nas marcações que originaram o golo do Rio Ave, pelo pavor de praticar futebol que impele dez em cada onze a privilegiarem os atrasos de bola (a bem dizer, só Luís Maximiano não os faz, até porque isso resultaria certamente em autogolo) e por escolhas de titulares que começam a tornar-se inexplicáveis, com Rafael Camacho à cabeça. A expressão derrotada de Silas quando se viu a perder tão cedo é o espelho de um vírus de conformismo e de, passe o neologismo, perdedorismo que só não atravessa por inteiro o futebol leonino porque decerto o mítico Paulo Gama continua a entregar os equipamentos sem buracos e as bolas sem estarem furadas. Isto para não falar na falta de oportunidades que a equipa técnica concede a jogadores como Francisco Geraldes e Pedro Mendes, os quais nada mais puderam além de fazer uns minutos de aquecimento e que, perante a falta de qualidade e de compromisso demonstrada pelos colegas que estavam no relvado, precisarão de uma auto-estima elevadíssima para não se considerarem escumalha – isto para não falar de Miguel Luís, de quem já começa a ser difícil recordar o nome quando se pensa no plantel principal do Sporting, ou de Rodrigo Fernandes e Matheus Nunes, promovidos ao plantel principal num golpe de teatro desprovido de consequências práticas. Pouco importa que Silas tenha a humildade de reconhecer a péssima figura do Sporting na visita ao Rio Ave, apresentando-se como uma equipa pequena que conseguiu um ponto fora de casa e contra a corrente do jogo. Mais importante seria que pudesse contrariar esse estado de coisas. Algo que a cada jogo se vai tornando mais improvável. Ao ponto de, como já li de um excelso jornalista da nossa praça, este Sporting se arriscar a ficar no segundo lugar se for a única equipa inscrita numa competição.
Voltou a mostrar-se à altura das ocorrências, e mesmo no golo do Portimonense quase conseguiu desviar para fora da baliza o remate do trintão colombiano Jackson Martínez, apenas um dos vários elementos do plantel do penúltimo classificado que lutariam pela titularidade no Sporting. Minutos depois impediu o 0-2 que transformaria Alvalade num cenário de livro de Dante, e na segunda parte aplicou-se com denodo à neutralização dos tão fugazes quanto perigosos contra-ataques da equipa visitante. Se melhorar no jogo de pés talvez possam deixar de “soprar” notícias sobre a aquisição de guardiões veteranos estrangeiros livres do apelido Viviano.
Ristovski (2,5)
Aproveitou o 3-5-2 com que Silas dispôs a equipa perante o an-te-pe-núl-ti-mo classificado da Liga NOS, sabendo que a vitória garantiria o regresso ao lugar do pódio que, parafraseando um génio incompreendido do futebol português, é “muito bom para a situação actual do Sporting”. Muito subido na ala direito, tirou partido da velocidade e de uma atitude competitiva mais apropriada a outros tempos, só que... não combinou particularmente bem com os colegas, não centrou por aí além e em nada contribuiu para sossegar os ânimos de um estádio só ligeiramente mais composto e menos amorfo do que na última jornada em casa. Manteve-se em campo até ao fim, sem brilhar, mas con a vontade de fazer qualquer coisa intacta. Prova de que a sorte nem sempre protege os audazes foi a falta de direcção do seu remate de longa distância.
Coates (3,0)
Uma ou outra fífia sem consequências de maior impede melhor avaliação do melhor capitão que o Sporting tinha naquele estádio, e não necessariamente só no relvado. Talvez chegue o dia em que voltará a manter as redes imaculadas, mas por enquanto vai fazendo o que está ao seu alcance. Já não é pouco.
Neto (2,5)
Regressado à titularidade à boleia do novo amor de Silas pelo 3-5-2, procurou cumprir com o sistema táctico mas não conseguiu evitar que Jackson Martínez passasse pela sua área de jurisdição com manifesta e concretizada intenção de inaugurar o marcador. O castigo não se fez esperar: foi sacrificado ao intervalo, quando Silas trocou o 3-5-2 por mais um dos ETNI (esquema táctico não identificado) que nos últimos tempos têm sido avistados a pairar sobre Alvalade.
Mathieu (4,0)
Permitiu que o estádio fizesse uma viagem do tempo para temporadas que parecem extremamente distantes e tristemente irrepetíveis ao marcar aquele exemplar livre directo que relançou a equipa para a reviravolta. Exemplo máximo de inteligência, brio e vontade, o trintão francês empurrou o Sporting para a sua melhor versão possível, sendo tão acutilante a defender como criterioso a construir. Vê-lo cair no relvado, confirmando-se mais tarde uma lesão que o afastará até Março, levou a que todos os sportinguistas falhassem uma batida cardíaca. E tornou mais provável que a gestão de Frederico Varandas possa igualar ou superar mais um dos recordes dos tempos de Godinho Lopes.
Acuña (3,0)
Mesmo um todo-o-terreno como o polivalente argentino, decerto capaz de fazer boa figura caso lhe fosse substituir Harry Potter naquele jogo esquisito, sentiu notórias dificuldades de adaptação ao mais recente arrumo de Silas. Melhorou bastante na segunda parte, ao ponto de ficar ligado ao resultado positivo de uma coligação negativa de más ideias de jogo. Quis o acaso que estivesse na ala direita e capacitado para fazer o belo cruzamento para Jovane Cabral que deu origem ao autogolo que selou a reviravolta.
Battaglia (2,5)
Ficou perto de inaugurar o marcador, cabeceando pouco acima do poste na sequência de um canto, mas a sua principal missão era conter veleidades do contra-ataque do penúltimo classificado da Liga NOS. Cumpriu de forma tão incompleta quanto o resultado final permite concluir e, ainda que tenha um domínio de bola e inteligência táctica que aconselham a sua titularidade, mantém um défice de ritmo que torna a intenção de fazer regressar João Palhinha a melhor notícia que se consegue retirar das mais de dez páginas de amena entrevista de Frederico Varandas ao “Record”. Isso e, claro está, não haver qualquer referência a um regresso de David “justificativo de dois milhões a menos nos cofres” Wang, claro está.
Wendel (3,0)
Exasperou as bancadas com a atitude displicente na primeira parte, parecendo não raras vezes um daqueles empregados de escritório cuja única função assenta no transporte de copos de café. Melhorou bastante depois do intervalo e não raras vezes assumiu a batuta quando era preciso, até porque o maestro titular foi ver que tal se está no Brexit. Tem é de perceber que, não obstante pertencer à selecção olímpica brasileira, vencer continua a ser mais importante do que competir.
Rafael Camacho (2,0)
Ao contrário de Joaquin Phoenix, premiado com o Óscar de Melhor
Ator, o jovem extremo não convenceenquanto “joker”. Falta-lhe objectividade na hora do passe e do remate, e até alguma necessáriamatreirice para ludibriar os adversários para entrar na grande área alheia.
Vietto (2,5)
Uma equipa como o Sporting dos nossos tempos não pode desperdiçar um recurso tão escasso quanto oportunidades claras de golo. Torna-se por isso preocupante que ninguém tenha ficado demasiado espantado quando o argentino permitiu a defesa do guarda-redes nipónico do Portimonense ao ser desmarcado por Sporar. Ficou perto de marcar num livre directo, mas não é Mathieu quem quer e sim quem pode. O que não impede que o amarelo recebido, e a consequente ausência na visita ao Rio Ave, sejam mais uma dor de cabeça.
Sporar (2,5)
Manteve a seca apenas porque um adversário teve má vontade suficiente para preferir fazer autogolo em vez de deixar o esloveno aproveitar a assistência perfeita de Jovane Cabral. Antes já tinha servido Vietto de forma tão perfeita quanto imperfeito foi o remate. Tarda apenas a fazer aquilo que justifica a presença de pontas de lança nos onzes.
Jovane Cabral (3,0)
Entrou ao intervalo e contribuiu, no seu jeito algo desengonçado, para dar a ignição à alteração táctica promovida por Silas. Apesar de um remate calamitoso não servir de bom cartão de visitas, a assistência para o autogolo que rendeu três pontos ao Sporting constitui uma retoma ao estatuto de “salvador da pátria”.
Gonzalo Plata (3,0)
É possível que seja mesmo um diamante por lapidar, sendo inegável que ninguém lhe pode apontar falta de coragem na hora do um contra um. Cada minuto que tem no relvado, ao invés do digno Bolasie e do inexplicável Jesé, é um oásis na péssima condução do futebol profissional leonino.
Idrissa Doumbia (2,0)
Regressou à equipa para colmatar a lesão de Mathieu, ainda que tenha sido Battaglia a juntar-se mais a Coates na cada vez mais caleidoscópica linha defensiva. Cumpriu sem deslumbrar, como é seu hábito nos dias bons.
Silas (2,5)
É mesmo necessário reconhecer-lhe mérito por desfazer os seus equívocos ao intervalo? Aproveitar jovens extremos que estão entre os raros projectos de futuro (sendo Maximiano já o presente) no plantel principal deveria ser mais evidente do que anda a ser para um treinador que ficou enfeitiçado pelos três centrais, mas não se lembrou que tinha um lateral-esquerdo com rotina de central no banco na hora de substituir o lesionado Mathieu. Formar um onze sem o francês, sem o castigado Vietto e sem o lesionado Acuña para conseguir um primeiro triunfo (ou um primeiro empate) ao terceiro jogo da época com o Rio Ave será um desafio interessante de seguir.
Continua a afirmar o seu potencial como uma perseverança só comparável à da vegetação que consegue irromper por entre as fendas do asfalto. Com toda a sua defesa condicionada pela febre amarela do árbitro Jorge Sousa e com o esquema táctico com que Silas sonhou sair de Braga ainda no lugar mais miserável do pódio, Maximiano viu-se muitas vezes desamparado e deu conta do recado com defesas vistosas que adiaram o desfecho esperado. Mas quis o destino cruel que a equipa da casa marcasse na única ocasião em que perdeu o controlo dos acontecimentos, impedindo-lhe uma noite de glória que só não estava a ser melhor devido às estruturais dificuldades nos lançamentos longos.
Ristovski (2,0)
Aquela célebre profecia do “sem o nosso capitão estamos fodidos” acabou por ser autocumprida pelo macedónio, que abriu muitos espaços à direita com as suas incursões pela linha, o que também contribuiu para que o pânico tomasse conta da equipa. Com a agravante de que Wendel privilegiou sempre a ala esquerda, levando a que Ristovski avançasse no terreno quase sempre em vão, acabando por ser sacrificado na hora de correr atrás do prejuízo que se vai tornando tão habitual quanto a “hora Coca-Cola light”.
Coates (2,0)
Ainda o jogo mal havia começado e já estava amarelado, recebendo como prenda de Jorge Sousa pela subida a capitão a garantia de que poderia juntar-se ao visitante Bruno Fernandes nos camarotes se cometesse mais alguma infração. Terá sido isso, aliado a uma notória prisão de rins, que o levou a ser mais permissivo do que o habitual com os avançados contrários, compreensivelmente mais apostados em manter a bola junto à relva do que a aventurarem-se pelos ares. No final, quando tudo estava perdido, inovou no desespero, pois além de ponta de lança improvisado também chegou a aparecer na posição de lateral-direito numa ou noutra jogada.
Neto (2,5)
Merece mais meio ponto pelo corte que esteve quase a evitar o golo que selou a perda do terceiro lugar e, sobretudo, pelo grito de revolta na “flash interview” que decerto lhe valerá uns quantos jogos de suspensão – abrindo caminho, se a tendinite de Mathieu não melhorar, à titularidade de Ilori na recepção ao assim menos aflito Portimonense – e forçou Frederico Varandas a presentear os sportinguistas com dotes de oratória que ombreiam com os dotes para a gestão do futebol leonino. Esforçado e atento, o internacional português funcionou durante quase todo o jogo como uma espécie de libero que foi chegando para as encomendas, pese embora as limitações na saída com bola desaconselharem tal papel.
Borja (2,0)
Depois de uma exibição muito agradável enquanto lateral-esquerdo, face à ausência de Acuña, manteve a titularidade enquanto... falso lateral-esquerdo. Claramente empenhado em errar da melhor forma possível, o colombiano procurou ajudar Coates e Neto a afastarem o perigo da baliza do Sporting. Sabendo-se como a história terminou é evidente que não lhe correu totalmente bem. Tal como foi tragicamente expectável que, já depois da saída de Acuña, se tenha esquecido de que passava a ser ele o verdadeiro lateral-esquerdo.
Acuña (2,5)
Começou muito bem, combinando com Rafael Camacho para a primeira oportunidade de golo, e demonstrou que os seus cruzamentos podem servir para algo quando existe um avançado na área, mas começou a apagar-se e a enervar-se com a arbitragem. Terá sido o segundo factor que pesou numa substituição precoce, sobretudo porque o argentino é um dos cada vez mais raros activos valiosos que a presente gerência de Alvalade recebeu como pesada herança.
Battaglia (2,5)
Voltou a regressar a uma casa onde já foi feliz, contrabalançando o contingente de “made in Alcochete” que fez da Pedreira a sua casa, e nos primeiros minutos fez valer a qualidade na posse de bola que o distingue de Idrissa Doumbia e torna impossível que o confundam com os pinos utilizados nos treinos. Não chegou, no entanto, para assegurar a vitória na batalha a um meio-campo órfão daquele mago que trocou a crise leonina pela crise de um clube que tanto fez pela formação de Cristiano Ronaldo e Nani.
Eduardo (3,0)
Surpresa indigesta no onze titular, só não marcou num dos primeiros lances do jogo devido a um desvio de um defesa bracarense. Melhor esteve na construção de jogada, na medida que revelou uma rapidez na progressão com bola que chegou a parecer fora de sincronia com o futebol deste Sporting. Sem dar espectáculo, ou sequer justificar os milhões que foram gastos no seu passe, o médio brasileiro terá sido o jogador que mais entendeu a necessidade de crescer após a saída de Bruno Fernandes.
Wendel (3,0)
Pedia-se-lhe que assumisse a batuta do meio-campo do Sporting e o jovem brasileiro assumiu a tarefa com mais querer do que saber. Sendo legítimo perguntar o motivo de tantas vezes ter ignorado o posicionamento de Ristovski, preferindo servir a ala esquerda, ainda mais legítimo será inquirir como é que escapou a ser expulso ao gritar com Jorge Sousa a escassos centímetros da cara do árbitro. Ficou em campo e poderia ter sido herói, aparecendo na grande área servido por Sporar, mas Matheus rechaçou a tentativa de chapéu.
Rafael Camacho (3,0)
Cabia-lhe ser o “joker” da equipa e fez por desempenhar bem o papel, ficando na retina o cruzamento para o coração da área, onde Eduardo fez suar os adeptos da casa, e remates traiçoeiros, ainda que sem selo de golo. Mas também ele acabou por esmorecer quando o Sporting de Braga descodificou aquilo que Silas pretendeu fazer na Pedreira, perdendo protagonismo até ser retirado de campo.
Sporar (2,5)
Chegará o dia em que o esloveno fará mais do que deixar boas indicações e demonstrações de técnica apurada. Infelizmente, tal dia não foi o domingo passado. O guarda-redes do Sporting de Braga opôs-se bem aos seus remates e com o decorrer do jogo foi ficando cada vez mais sozinho no ataque.
Vietto (3,0)
Avaliado em 7,5 milhões de euros por cada perna, o argentino regressado de lesão assistiu a grande parte do jogo no banco de suplentes. Quando finalmente foi lançado por Silas foi fundamental para que o Sporting encostasse a equipa da casa às cordas, embora persista a falta de golo que ameaça deixar Bruno Fernandes como o goleador da equipa quando esta triste temporada terminar.
Jovane Cabral (3,0)
Merecia ter marcado o golo do empate, mas a muralha defensiva bracarense impediu que a bola se alojasse nas redes. Entrou, tarde e a mais horas, para agitar e cumpriu nesse agito. Talvez convenha apostar na sua velocidade e capacidade de execução mais cedo. Ou até desafiar a superstição que não rende absolutamente quando lhe é concedida a titularidade.
Gonzalo Plata (2,0)
Derradeira aposta de Silas, numa altura em que Rafael Camacho tornara gritante o quanto estava arrasado, integrou-se no ataque leonino com mais vontade do que acerto. Veja-se o pontapé assaz deficiente que teve, no entanto, o condão de servir de assistência inadvertida para o “quase empate” de Jovane Cabral.
Silas (2,5)
Enganou a Sport TV e o adversário durante alguns minutos, dispondo a equipa num 3-5-2 que a realidade foi transformando em 5-3-2, e mesmo as apostas em Eduardo e Rafael Camacho começaram por dar frutos no primeiro jogo após a saída de Bruno Fernandes. Mas voltou a nada conseguir alterar quando a equipa da casa se adaptou à surpresa inicial, vendo impávido e sereno como o Braga se foi acercando da baliza de Luís Maximiano até cumprir o objectivo. Tarde mexeu na equipa, desgastada pelo vírus do perdedorismo, e mais uma vez pôde constatar que a sorte não protege quem não prima pela audácia. Regressado ao quarto lugar, com Famalicão, Rio Ave e Vitória de Guimarães à espreita, com os recordes negativos de maior número derrotas e maior distância em relação ao primeiro classificado à espreita, Silas ainda teve de lidar com a presença de Leonardo Jardim na tribuna da Pedreira, mesmo atrás de António Salvador e Frederico Varandas, sendo que após a sequência de vitórias consecutivas não parece que seja Ruben Amorim quem mais deverá temer a chicotada psicológica...
O Marítimo revelou-se a equipa ideal para o arranque de uma primeira volta em que o Sporting corre atrás de todos os recordes negativos, a começar pela pior assistência do estádio em jogos para a Liga NOS, com 12.798 espectadores, ao ponto de por uns instantes se conseguir ouvir uns tímidos gritos de “mar’itmo!”, mas poderia muito bem ter sido o tipo de equipa dominada do primeiro ao último minuto e que sai de Alvalade com um ou três pontos graças ao aproveitamento de uma ou duas ocasiões de golo. E se tal não aconteceu muito se deve ao jovem guarda-redes, que fez uma defesa extraordinária depois de um adversário enganar os centrais e rematar na grande área. Apesar de continuar sofrível nas reposições de bola, Maximiano esteve para as encomendas.
Ristovski (3,0)
Embora tenha falhado uma ocasião de golo magnífica, desaproveitando o cruzamento de Bruno Fernandes com um remate para a bancada sul tão silenciosa e desprovida de claques quanto as outras bancadas estiveram quase sempre silenciosas e quase sempre desprovidas de adeptos, continua a ser um dos raros resquícios de melhores tempos do que estes. Viu-se mesmo forçado a enfiar-se dentro da baliza para evitar que o Marítimo marcasse na segunda parte e, perante a debandada em curso, parece estar a um passo de subir ao grupo dos capitães.
Coates (3,0)
O magnífico golo que marcou, dominando de peito o cruzamento teleguiado de Bruno Fernandes antes de desferir um remate acrobático com a elegância de um hipopótamo do “Fantasia”, foi o primeiro dos golos (surpreendentemente) bem anulados ao Sporting. Lá atrás, naquilo que é pago para fazer, nem sempre demonstrou acerto, ainda que bem mais do que o parceiro que lhe coube em sorte, mas o certo é que desta vez não houve quem marcasse à equipa da casa.
Neto (2,5)
Substituir Mathieu, não raras vezes o maior responsável pela condução de bola criteriosa para o ataque leonino, pesou toneladas ao central português, não mais do que esforçado nessa missão. Também algo permissivo face aos pouco inspirados visitantes, teve um resultado melhor do que a exibição. Mas que atire a primeira pedra aquele que não tiver sentido vontade de correr para o Marquês ao saber que Mathieu estará disponível para a visita a Braga.
Borja (3,5)
O remate certeiro e de ângulo difícil do lateral-esquerdo valeu os três pontos, apesar de o inefável Rui Costa ainda ter alimentado a esperança de que o videoárbitro encontrasse irregularidade no início da jogada. Foi um momento particularmente comovente, pois basta assistir a duas ou três intervenções do colombiano para desconfiar que não terá tido muito contacto com bolas de futebol nos anos formativos. Só que mais uma vez Borja compensou a falta de domínio de bola com muita vontade de ajudar, sendo tão eficaz a defender o seu flanco como a dar o apoio possível ao ataque. Sobretudo na segunda parte, a partir do momento que ficou sem uma má companhia que por ali andou, fazendo além do golo um excelente cruzamento que resultou no tento anulado a Rafael Camacho.
Idrissa Doumbia (2,5)
Titular vá-se lá saber porquê apesar de Battaglia estar disponível e sentado no banco de suplentes, não teve problemas suficientes para ver emergirem as suas piores insuficiências. Mesmo assim escapou ao amarelo em duas ocasiões, o que se torna ainda mais espantoso pela conhecida vontade de amarelar sportinguistas que o árbitro Rui Costa não cessa de demonstrar.
Wendel (3,0)
A falta de Mathieu e a incapacidade de Idrissa fizeram com que fosse o criador de jogadas substituto, esforçando-se por fazer “slalons” por entre os adversários que permitiram um domínio das operações muito superior do que a real qualidade do Sporting. Pena é que não esteja com confiança para ensaiar o remate de longa distância que já provou fazer parte do seu repertório, ainda mais necessário quando o especialista das últimas duas temporadas e meia está de malas aviadas para o seu “Alvaladexit”. Razão mais do que suficiente para que Wendel perceba que chegou a hora de assumir o comando.
Bruno Fernandes (3,0)
Mais triste do que o último jogo de um dos melhores de sempre do Sporting coincidir com um novo recorde negativo de assistência em jogos da Liga? Mais triste do que apenas uma fracção dos poucos que foram a Alvalade terem ficado mais uns minutos para aplaudirem o capitão claramente de partida? Mais triste do que qualquer encaixe financeiro obtido com o seu passe, que à hora de escrita destas linhas ameaça constituir um dos raros recordes positivos da actual gerência? Só mesmo o facto de Bruno Fernandes não se ter conseguido despedir com um grande golo ou uma grande assistência. E não foi por falta de tentativa, pois os cruzamentos com que serviu Ristovski e Coates na grande área mereciam melhor aproveitamento ou posicionamento face à linha de fora de jogo, e o remate estrondoso que fez na segunda parte continuará a ser sentido pelo poste da baliza norte muito depois de ter partido para outras paragens. No resto, foi igual a si próprio, quer a comandar os colegas no terreno (quem raio é que o fará doravante?), quer a questionar a abantesma da arbitragem que ali foi parar, quer a inventar aquilo que os restantes não conseguem. Parte sem glória e com o amargo de boca de deixar ainda mais à deriva aquilo que teve tudo para ser um espada cravada nos interesses instalados do futebol português. E se muitos são culpados do estado a que o Sporting chegou, de Bruno de Carvalho a Jorge Jesus, de Sousa Cintra a José Peseiro, de Frederico Varandas a todos os desgraçados que aceitam ser profetas do perdedorismo transformado em religião oficial, a Bruno Fernandes nada há a apontar e muito a agradecer.
Rafael Camacho (2,5)
Ainda marcou, fuzilando a baliza escancarada, mas o videoárbitro encontrou uma falta alheia que adiou o alívio aos poucos que combateram a chuva, o frio, o adiantado da hora e sobretudo o desânimo. Teria sido um bom incentivo para o jovem resgatado de Liverpool que muito promete, sem que no entanto grande coisa cumpra por enquanto.
Jesé Rodríguez (1,5)
Elevado à titularidade por entre uma chuva de ausências (Bolasie e Vietto) e uma hesitação em apostar no futuro (Gonzalo Plata e Jovane Cabral), o espanhol voltou a exibir a sua pesada e milionária mediocridade no relvado. Todos os minutos que passou em campo foram um desperdício de recursos e um espelho de tudo o que está errado neste Sporting que começa a segunda volta com os mesmos 19 pontos de desvantagem com que terminou a primeira.
Luiz Phellype (1,5)
Estava mais uma vez a passar ao lado do jogo quando um dos muitos sarrafeiros do Marítimo lhe desferiu um golpe junto à linha lateral que não chegou para que Rui Costa assinalasse falta mas culminou numa rotura dos ligamentos cruzados do joelho. Terminou a época para o avançado brasileiro, o que é uma tragédia pessoal e mais um problema para um plantel que parece um viveiro de dificuldades.
Sporar (2,5)
Claramente abaixo de forma e debilitado, o esloveno teve de entrar ao quarto de hora para o lugar de Luiz Phellype e quase se manifestou de forma precoce, pois o seu primeiro toque na bola foi um remate perigoso que o guarda-redes do Marítimo conseguiu suster. Refreou o entusiasmo a partir daí, ainda que numa jogada da segunda parte tenha dado indicações de estar familiarizado com o funcionamento das bolas de futebol, e além de ser o responsável pela anulação do golo de Rafael Camacho, visto que terá empurrado um defesa, chegou atrasado ao cruzamento de Jovane Cabral que Borja se encarregou de dirigir para a baliza.
Gonzalo Plata (2,5)
Entrou para agitar o jogo e cumpriu razoavelmente, ainda que não raras vezes fosse mais trapalhão do que uma jovem esperança do futebol sul-americano deveria ser. Seja como for, tem a vantagem de fazer parte do futuro.
Jovane Cabral (3,0)
Sem ser o marcador do golo, como nos tempos em que se tornou o salvador de José Peseiro, o regressado de lesão ligou o Sporting à corrente e assinou o tal cruzamento que conta como assistência. Poderia ter marcado, mas não conseguiu desviar o cabeceamento de Coates para dentro da baliza, tendo ficado perto de marcar num livre directo em que Bruno Fernandes lhe passou o testemunho,
Silas (2,5)
Condicionado por lesões e castigos, montou uma equipa titular em que as titularidades de Idrissa Doumbia e Jesé Rodríguez não são fáceis de explicar e contribuíram para que um jogo fácil tivesse alguma incerteza. Mais acertado na hora de fazer substituições, conseguiu os três pontos que devolvem o Sporting ao terceiro lugar da Liga. Manter a equipa no pódio será, no entanto, um desafio que nada indica ser fácil de superar por um treinador que tarda em encontrar um fio de jogo e perde agora a grande referência. Conviria que conseguisse integrar a juventude leonina de Alcochete, mas a verdade é que Rodrigo Fernandes, Matheus Nunes e Pedro Mendes têm sido tratados como escumalha na ordem de prioridades de Silas.
Incapaz de se esticar o suficiente para desviar o (muito bom) remate com que Ricardo Horta inaugurou o marcador, o guarda-redes leonino revelou-se exímio na ciência de desviar com a força da mente, impávido e sereno, os livres directos que os adversários iam cobrando. Face ao domínio que o Braga intensificou quando se viu a jogar contra dez, dedicou-se a demonstrar melhoras nas saídas aos cruzamentos e estagnação nas reposições de bola, por vezes destinadas a uma terra de ninguém de verde e branco vestido. Certo é que esteve quase a manter o empate que levaria a que fosse substituído, pois a melhor forma que Silas encontrou para motivar o jovem foi colocar Renan Ribeiro a fazer exercícios de aquecimento, reservando a substituição final para uma entrada destinada ao desempate por grandes penalidades que nunca viria a suceder. Uma falha colectiva da defesa do Sporting permitiu ao Braga recuperar a vantagem quase em cima dos 90 minutos e abriu caminho a um tempo de compensação que veio trazer ainda mais vergonha a uma época de pesadelo.
Ristovski (2,0)
A estranha táctica com que o Sporting entrou em campo entregava-lhe todo o flanco direito, sob a vigilância não necessariamente executiva do descaído Bruno Fernandes, sempre disposto a gesticular para que o amigo macedónio subisse no terreno. Claro está que tais subidas criaram buracos na linha defensiva, expondo Coates a riscos tormentosos, mas quando depois do intervalo voltou a ter alianças à direita, com a entrada de Bolasie, este encarregou-se de fazer com que fosse sol de pouca dura. Seguiu-se meia-hora de resistência contra o que veio a suceder, numa jogada em que toda a linha defensiva esteve abaixo do exigível. Mal sabia Ristovski no ano passado, à saída do Jamor aonde só voltará para enfrentar o Belenenses SAD, que mesmo com o capitão também estamos f...
Coates (2,5)
Amarelado desde cedo, num derrube a um adversário supersónico, o central uruguaio foi o melhor da defesa, compensando em colocação e técnica o défice de velocidade. Se o Sporting esteve perto a cumprir a tradição de vencer jogos da “final four” nas grandes penalidades em muito deve ao acerto nos cortes de quem voltou a terminar o jogo enquanto ponta de lança designado.
Mathieu (1,0)
Apontar o golo do empate do Sporting, numa movimentação rápida e remate eficaz que tirou partido da cobrança de um livre por Bruno Fernandes, tornou-o o mais velho marcador de sempre na “final four” da Taça da Liga e ameaçava fazer dele o herói que abriria portas à qualificação para a terceira final consecutiva. Também seria a melhor forma de fazer esquecer os diversos erros de cobertura, que infelizmente se manifestaram nos dois golos que afastaram o Sporting. Pior do que isso, apesar das desculpas públicas a Ricardo Esgaio, foi a entrada violenta que levou à sua expulsão e provavelmente o afastará não só da recepção ao Marítimo como da nova visita à Pedreira, desta vez a contar para a Liga NOS e que pode levar à perda do quarto lugar para o Sporting de Braga. Que o elemento mais experiente e titulado do plantel tenha sido capaz daquilo é o espelho do desvario pantanoso em que se tornou todo o futebol leonino. Tirando Paulinho, que ainda não entrega bolas furadas e calções esburacados...
Acuña (2,5)
Esteve regular, sem grandes erros e mesmo o amarelo que o afasta da recepção ao Marítimo (junta-se a Bolasie, Mathieu, Eduardo e talvez Bruno Fernandes e Vietto, o que não é o início de segunda volta mais propício à conquista dos três pontos) só ocorreu num sururu final em que até se comportou relativamente bem. Mas a verdade é que as circunstâncias, sobretudo após a expulsão de Bolasie, exigiam aquele Acuña que se transcende, valendo por dois ou adversários. E essa entidade não foi avistada em Braga.
Idrissa Doumbia (2,5)
Saiu ao intervalo para que a equipa voltasse a ter mais gente na direita do que o Chega na Assembleia da República, com as consequências que todos sabemos. No tempo em que esteve no relvado não deslumbrou, mas revelou sentir muito menos pânico devido à presença de Battaglia por perto e até se integrou de forma eficiente em algumas tentativas de construção de jogo que culminaram no empate que permitia sonhar com o único “tri” possível em tempos de Frederico Varandas.
Battaglia (3,0)
Em boa hora regrssado à titularidade, aparenta estar refeito da longa recuperação do azar que o persegue e esconde-se à espreita. Pressionante no melhor sentido da palavra, capaz de combinar com os colegas mais criativos, ainda ficou perto de marcar num cabeceamento que foi um dos escassos aproveitamentos das bolas cruzadas para a área.
Wendel (3,0)
Também ele estava cheio de vontade de virar a página após exibições muito pouco conseguidas que fazem deste Janeiro de 2020 um novo Setembro de 2019. Rápido e criterioso no transporte de bola e criação de jogadas, lutou com todas as forças mesmo quando o jogo se desequilibrou de vez, com a inferioridade numérica a juntar-se a tantas outras inferioridades que fazem desta época aquilo que é.
Bruno Fernandes (3,0)
Quem inventou a expressão “não há uma segunda oportunidade para causar uma boa primeira impressão” não poderia imaginar a quantidade de oportunidades que Bruno Fernandes tem tido para deixar uma boa última impressão. Desta vez até juntou mais uma assistência ao pecúlio, servindo Mathieu para o golo do empate, e não ficou longe de aplicar o remate de longa distância, mas todo o esforço para virar o resultado foi traído pela imbecilidade de Bolasie e pelas insuficiências de Silas. A imagem final do capitão do Sporting a gesticular para um agente da PSP enquanto decorria a batalha campal no tempo de compensação animou a Internet e serve de espelho ao descalabro reinante no clube e cada vez menos circunscrito ao futebol jogado. Um dia depois, um cavalheiro que não é agente de Bruno Fernandes nem presidente da SAD prestou declarações sobre o “timing” da saída do capitão do Sporting. Sendo tal fenómeno tão aberrante quanto a demonstração de como o complexo agencial-mediático destruiu um Sporting que está agora mais interessado em infinitas purgas internas, sobressai a espantosa coincidência de esse porta-voz do futuro de Bruno Fernandes ser a pessoa que mais lucrou, em poder e em euros, com o Alcácer-quibir que conduziu à presente situação directiva e que serve de escudo às suas gritantes e catastróficas incapacidades.
Rafael Camacho (2,0)
Tinha a missão de ser um “joker” no corredor esquerdo e quase cumpriu num lance que culminou com um remate perigoso. Mexido e cheio de vontade de justificar os milhões de euros empregues no seu regresso a Alvalade, viu-se condenado à irrelevância quando, após a expulsão de Bolasie, lhe foi entregue a missão de fingir ser a referência de ataque. Incapaz de ganhar duelos aéreos e de suplantar os centrais arsenalistas, quase todas as bolas despejadas para as suas imediações terminaram em “turnovers” para o adversário e imediata construção de novo ataque.
Luiz Phellype (1,0)
A forma como se arrasta em campo é potenciada pelos esquemas tácticos de Silas e pela descrença que reina entre os colegas, mas o brasileiro tende a ser sempre o primeiro a deixar cair a toalha. Será que Bruno Fernandes estaria a fazer participação ao agente da PSP do desaparecimento do avançado competente e sua substituição por um gémeo incapaz de fazer aquilo que se pede a esse tipo de futebolista?
Bolasie (0,0)
Um quarto de hora de jogo bastou para cometer a imprudência que deixou a equipa a jogar com menos um. E ainda que a entrada assassina sobre o adversário possa ter sido causada por uma escorregadela, nem isso perdoa a falta de inteligência do franco-congolês que se propunha revitalizar a direitade uma entidade que anda pelas ruas da amargura sem que o seu presidente siga o exemplo de Assunção Cristas quando conduziu o CDS-PP a igual destino.
Neto (2,0)
Os minutos que passou em campo, num esquema de três centrais que visava levar o jogo até ao desempate por grandes penalidades não foram perfeitos, mas tiveram o condão de sossegar os sportinguistas: a expulsão de Mathieu não implica necessariamente a titularidade de Ilori.
Silas (1,0)
Além de ter entrado no jogo com a sua equipa inspirada no decepado da Batalha de Toro, abdicando do braço direito, demorou eternidades para corrigir posicionamentos e rechaçar o domínio do Sporting de Braga, animado pelo golo madrugador. Quando finalmente deu indicações aos jogadores nesse sentido até viu a equipa empatar, deixando tudo em aberto para uma segunda parte em que apostou (bem) na entrada de Bolasie. Ora, se o infeliz treinador do Sporting não tem culpa da burrice do jogador que se fez expulsar, a aposta em Rafael Camacho como avançado desterrado não só foi um erro de “casting” como contribuiu para emperrar o contra-ataque, ficando desprovido de um jogador rápido como o jovem extremo, como empurrou a equipa adversária para a grande área até que o destino se cumpriu. E ainda por cima numa altura em que se tornara evidente que poupara a terceira substituição para a entrada de Renan Ribeiro a tempo do desempate por pénaltis. Ignora-se em que manual de motivação leu tal estratégia, mas a verdade é que Luís Maximiano sofreu o 2-1. E embora a falta de competência do actual treinador do Sporting possa parecer uma nota de rodapé face ao nível do Conselho Directivo, do departamento de futebol profissional e do próprio plantel, a triste verdade é que Silas ainda não está preparado para a missão que lhes entregaram e que ele aceitou.
Tivesse o "derby" apenas 79 minutos e teria saído de Alvalade com a sensação de dever cumprido, seja a disfarçar as gritantes e abissais insuficiências dos colegas de titularidade ou a retirar do relvado as tochas com que as claques deram prova de vida nada inteligente no início da segunda parte – até então tinham ficado em silêncio, permitindo apurar o quanto as bancadas amorfas, passivas e afónicas estavam dispostas a ouvir os cânticos da claque benfiquista a ecoar em Alvalade. Ainda o jogo não tinha completado dois minutos e já o guarda-redes leonino estava a fazer uma mancha que impediu uma desvantagem precoce, aplicando-se da mesma forma para travar remates rasteiros e aéreos (apesar de os avançados benfiquistas tirarem escasso proveito da enorme superioridade no jogo de cabeça na grande área). Nada pôde fazer nos lances dos dois golos tardios que colocam o Sporting a 19 pontos do Benfica quando ainda falta disputar uma segunda volta em que será preciso visitar os estádios das melhores equipas da Liga. E muito provavelmente sem o contributo do maior dos quatro ases que ainda sobravam no baralho.
Ristovski (3,0)
Tem a grande qualidade de ainda pertencer ao Sporting que contava para o Totobola e nunca se esquece disso, enfrentando cada adversário pelo que vale e não pelo que as orquestrações de Jorge Mendes irão fazer com que supostamente vá valer. Ainda que pouco integrado na manobra ofensiva, o macedónio contribuiu para que alguma fraca gente, orientada por um fraco treinador, escolhido por ainda mais fraco presidente, ficasse perto de perturbar a narrativa da Liga NOS aprovada em comité.
Tiago Ilori (1,5)
Quando evitou o golo madrugador do Benfica, cortando com o rosto o remate dirigido para a baliza momentaneamente desprovida de guarda-redes, terá inquietado aqueles que lhe asseguraram a titularidade ao garantirem que Coates levaria um amarelo em Setúbal “by all means necessary”. Reforçou essa impressão com uma sucessão de cortes importantes que evitaram desventuras à equipa, embora o desacerto nos passes longos e nos lances de ataque fosse um indicador das suas reais (in)capacidades. E o central contratado pela mesma gerência que vendeu Domingos Duarte a desbarato acabou por não desiludir os fãs nos dois golos do Benfica, sobretudo no segundo, que nasce da sua abordagem suicida em dois momentos da jogada.
Mathieu (3,0)
O remate acrobático que executou no final do jogo saiu por cima da baliza do Benfica, e que já pouca diferença faria mesmo que tivesse entrado, serviu para recordar que o francês tem mais futebol no dedo mindinho do pé esquerdo do que alguns colegas de plantel teriam caso nascessem dez vezes. Concentrado nas bolas aéreas, generoso nas compensações e capaz de iniciar jogadas de ataque com um critério que falta a quase todos os jogadores leoninos, lamenta-se que se esteja a aproximar o final da carreira de um grande futebolista. E ainda mais que o seu maior objectivo nesta triste segunda volta que se inicia, passando à frente do eventual “tri” na Taça da Liga que fará as delícias dos irredutíveis da actual gerência do Sporting, seja assegurar a (difícil) qualificação do Sporting para a próxima edição da Liga Europa.
Acuña (3,0)
Nem o cartão amarelo que viu relativamente cedo, num lance em que foi traído por um inconseguimento de Wendel, limitou o argentino que faz da raça e da classe armas capazes de pôr adversários em sentido. Até marcou um golo notável, aproveitando o já conhecido e recorrente défice de ângulo morto de Vlachodimos, mas Luiz Phellype encarregou-se de o fazer anular devido ao seu posicionamento. Estando na iminência de ser promovido a estrela da equipa, ainda que nunca se saiba se algum génio da lâmpada o “basdostará” por uma dúzia de milhões de euros (ou até por uns feijões mágicos), dedicou-se a dar esperança num resultado melhor do que a encomenda. Mas voltou a não ser dia para isso.
Idrissa Doumbia (1,5)
A angústia do jovem médio ao ver-se rodeado por papoilas pressionantes é a imagem de marca do triste "derby" em que o Benfica passou a ter vantagem sobre o Sporting em jogos disputados em Alvalade. Incapaz de estar à altura do momento, perdeu a posse uma, duas, milhentas vezes, sendo certo que a sorte e os colegas impediram que os seus constantes erros tivessem as consequências catastróficas que poderiam ter. Centenas de quilómetros mais a Norte, João Palhinha esteve na vitória do Sporting de Braga na visita ao Estádio do Dragão, mas o mais certo é que nunca mais vista uma camisola que, a manter-se este rumo, será mais talhada para quem não consegue fazer melhor do que o pobre Idrissa, só retirado de campo quando o empate já estava desfeito e o buraco 19 mesmo ali à frente. Antes tivera o seu melhor momento, num remate colocado, à entrada da grande área, que Vlachodimos desviou para canto.
Wendel (2,0)
Ter maior familiaridade com a bola de futebol do que o colega de duplo "pivot" permitiu que evitasse cometer tantos “turnovers” quanto Idrissa, mas nem por isso os efeitos práticos da sua melhor técnica foram muito visíveis na construção de jogadas. Tarda a afirmar-se num meio-campo em que se arrisca a ser o elemento mais virtuoso.
Bruno Fernandes (3,0)
Talvez tenha feito o último jogo pelo Sporting, sendo improvável que o Manchester United lhe permita tentar juntar mais uma Taça da Liga ao palmarés pessoal, e uma derrota em casa contra um rival directo estará longe de ser a forma como sonharia despedir-se. Verdade seja dita que, embora pouco rematador, esteve ligado aos melhores momentos do Sporting. Logo no início, com uma assistência de longa distância que deixou Rafael Camacho frente a frente com o guarda-redes do Benfica, e numa arrancada em que o seu amigo Pizzi pôde fazer-lhe uma entrada assassina sem ver amarelo e sem evitar o passe para Bolasie, o qual rematou fraco e à figura. Massacrado pelos adversários, ao ponto de Gabriel ser amarelado por atingir o capitão leonino numas coordenadas que podem pôr em causa que a sua filha venha a ter irmãos, Bruno Fernandes voltou a demonstrar uma classe que não se encontra todos os dias, todos os anos ou todas as décadas. Se com ele na equipa já o Sporting estava à beira do abismo, a sua saída pode ser o passo em frente.
Rafael Camacho (3,0)
O excesso de pontaria que demonstrou ao rematar ao poste, engrossando as sobrenaturais estatísticas do Sporting nesta temporada, após aproveitar o passe longo de Bruno Fernandes e os pés de barro de um central com nome de Ferro, impediu que o Sporting fizesse o improvável. Também não teve sorte num cabeceamento que Vlachodimos conseguiu rechaçar, mas a verdade é que foi o único elemento do ataque à altura do emblema que trazia ao peito, conseguindo participar na construção de jogadas e tendo pés dotados o suficiente para driblar os adversários que foi encontrando pela frente. Espera-se que ganhe confiança e músculo, pois a partir daqui tudo se tornará ainda mais complicado.
Bolasie (2,0)
Ninguém lhe pode negar vontade e coragem, embora a sua “famosa” finta raras vezes engane alguém e o domínio de bola explique o ponto em que se encontra a sua carreira à entrada dos 30 anos. Tivesse tanto jeito para acertar com a bola na baliza quanto tem para produzir vídeos motivacionais e o Sporting estaria numa posição muito menos desesperada.
Luiz Phellype (1,0)
Teve concorrência de monta na luta pelo posto de pior em campo, mas sobressaiu pela forma como fez anular o golo de Acuña e teve de contar com a complacência de Hugo Miguel e de Jorge Sousa para que o seu amarelo nao assumisse outras cores. Perdido no relvado e fora de sintonia com os colegas, primou quase sempre por uma atitude indolente que reflecte o mau momento de forma física e anímica de quem chegou a parecer uma opção válida para o ataque do Sporting no final da época passada. A este não foi preciso que Ruben Dias desse um “abraço” na grande área...
Gonzalo Plata (1,0)
Desperdiçou os minutos que lhe deram, sendo incapaz de fazer melhor do que, mal ou bem, Bolasie ia tentando fazer.
Pedro Mendes (1,0)
Talvez seja de o testar em melhores circunstâncias, não?
Borja (1,5)
Entrou já depois dos 90 minutos para que Acuña pudesse subir no terreno. Cumpriu, como cumprira em Setúbal, e voltará a poder cumprir no próximo jogo, pois Acuña fica de fora devido ao cartão amarelo que viu em Alvalade.
Silas (1,5)
A insistência em Idrissa Doumbia perante a evidente inadequação do jovem para a tarefa que lhe era pedida, deixando Battaglia sentado no banco, é o melhor retrato da intervenção do treinador em mais um "derby" do nosso descontentamento. Ainda que o resultado tenha estado quase a ser positivo, ainda que algumas das melhores oportunidades tenham pertencido aos leões, a verdade é que o Sporting atravessou largos períodos de marasmo e de domínio benfiquista, demonstrou uma incapacidade de construção aterradora e tornou evidente que o pior ainda estará a caminho. Por muito que seja um profissional digno de respeito, Silas só não é o elemento menos capacitado para as funções que desempenha no Sporting porque o plantel profissional está cravejado de calamidades e a tribuna presidencial ainda é pior.
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