Fui habituando os leitores do "Fé" a escrever coisas resultado de alguma ponderação e amadurecimento, raramente publiquei aqui reagindo a quente. Podem os leitores concordar ou não com o que escrevo, mas em regra penso muito bem aquilo que publico.
Vou então tentar dissertar sobre a violência, neste caso no desporto e a propósito de uma situação grave, mais uma, eventualmente ligada a um acontecimento desportivo, para o caso um Sporting vs Porto em hóquei em patins, cujo resultado, do jogo, para o caso é irrelevante. Todos sabem e viram as imagens, não quero publicitar mais o acontecimento.
Esteve bem o presidente do Sporting ao demarcar-se a ele e ao clube de um crime perpretado por alguém que se diz sportinguista e que poderia ter terminado numa tragédia.
O presidente Frederico Varandas disse mais, disse que os clubes precisam do apoio do Estado para resolver esta chaga que alastra à volta do desporto. Concordo com ele, não deixando de acrescentar que há gente nestes grupos a quem o Sporting já deveria ter colocado um par de patins (já que estamos a falar de hóquei) expulsando-os de sócios, se o forem, e impedindo-os de frequentar os nossos recintos desportivos, o estádio e o pavilhão e, por razão evidente, a academia. No entanto, a maior fatia de responsabilidade não cabe ao Sporting e aos outros clubes, a responsabilidade maior é das autoridades que já deveriam ter tomado medidas sérias para impedir que situações destas aconteçam. E não é preciso inventar nada, basta copiar o que se fez e continua a fazer em Inglaterra, onde só assiste a acontecimentos desportivos quem ama o desporto. É chato ter as esquadras à volta dos estádios e pavilhões cheias de traficantes, energúmenos, gente violenta que só se desloca aos jogos para destilar ódio e tratar dos seus negócios escuros? Talvez, mas não pode ser o Sporting ou os outros clubes a responsabilizar-se pela ordem pública, porque todos sabemos que se não houver controlo policial dentro dos estádios só não entra um tanque de guerra. Se calhar porque ainda ninguém tentou.
Claro que repudio o que aconteceu. Mesmo que os atingidos sejam do mesmo calibre e fossem capazes de fazer o mesmo ou ainda pior, a violência é outro departamento, não é desporto, é um assunto do foro exclusivo do governo do país, do ministério da administração interna através das polícias, daquela coisa da juventude e desporto que já teve tantos a dirigi-la e nunca fez nada de relevante neste capítulo, e da Assembléia da República que terá de legislar em conformidade. E às federações, quanto a distúrbios dentro dos recintos, mas deixem-se das multas, que só lesam os clubes, vos enchem os cofres e não resolvem nada, no próximo jogo lá estarão eles outra vez, com a pirotecnia, com os assobios de very-light, com as macacadas. Juntem-se, as federações e o governo e a AR, e peguem o toiro pelos cornos, assumam que a obrigação de acabar com a desbunda é vossa, não obriguem os presidentes (alguns, alguns) a virem dar a cara em acontecimentos cuja responsabilidade maior não é sua nem dos seus clubes.
Tenham vergonha na cara, senhores governantes. Acabem de uma vez por todas com uma doença que pode matar o nosso desporto e os clubes. A responsabilidade será vossa!
Há pouco menos de um mês descrevi aqui que artefactos pirotécnicos perigosos eram lançados sem qualquer controlo no meio da multidão nos festejos do título de campeão do Sporting. Na sequência desses eventos a PSP disparou balas de borracha sem qualquer critério e um adepto inocente ficou cego de um olho. Na origem de tais disparos, artefactos pirotécnicos a serem atirados à polícia. Há vídeos que o demonstram.
O que se passou ontem foi muito mais grave - possivelmente uma tentativa de assassinato de adeptos adversários por parte de adeptos do Sporting. Embora o clube seja alheio (ninguém põe isso em causa), faz muito bem em demarcar-se. Mas desengane-se quem julga que este é um problema só do Sporting e dos seus adeptos. Bem esteve o presidente do Sporting a referir que as direções dos clubes não são polícias - tem que ser o Estado a tomar providências. E essas providências têm que passar por uma restrição severa do uso de artefactos pirotécnicos, seja em que eventos for, e a criminalização da sua posse.
A violência tem de ser sempre condenada, com toda a veemência. Sem «mas», sem «portantos», sem «todavias». Sem virar a cara para o lado.
Fez bem a administração liderada por Frederico Varandas em expressar o repúdio pelo inadmissível acto de barbárie ontem ocorrido no Lumiar que originou pelo menos quatro feridos (um em estado grave), a destruição de um veículo e tentativas de destruição de outros. Aparentemente como vingança pela derrota leonina no jogo decisivo, frente ao FCP que afastou o Sporting da final do campeonato nacional de hóquei em patins.
Dizer-se que são «ajustes de contas entre membros de claques» não serve de atenuante para actos intoleráveis. O desporto não é isto. A vida em sociedade não é isto. O «amor ao emblema» nada tem a ver com isto.
Não sei se foram os mesmos que assaltaram Alcochete, se foram os mesmos que bombardearam o Rui Patrício e atiram tochas e petardos no estádio e que prejudicam o Sporting em largas centenas de milhares de euros anuais, se são os mesmos que desafiam o clube nos tribunais sobre o despejo das "casinhas", e mesmo condenados vão protelando via recursos a decisão final, não faço ideia das questões que tinham para acertar com a tropa do Madureira, mas o que sei é que aqueles que aparecem nos vídeos agindo ou apoiando são uma vergonha para o nosso clube.
O comunicado do Sporting é claro:
"Quem escolhe a violência como forma de expressão não representa o Sporting CP. A paixão pelo Clube nunca poderá ser usada como escudo para a violência."
Mas uma coisa que nunca percebi foi porque é que Bruno de Carvalho foi expulso de sócio e os assaltantes de Alcochete efectivamente condenados mais aqueles que foram sendo identificados pelas autoridades no âmbito de comportamentos criminosos associados ao clube e aqueles que ajavardavam e insultavam os OS nas AGs do clube não foram indiciados internamente e eventualmente expulsos também.
Agora que existem adeptos identificados e presentes ao juiz, se enfrentarem acusações graves e medidas de coação, o que é preciso mais para o Sporting os expulsar de sócios? Não são apenas as autoridades que têm de agir em conformidade com o que aconteceu.
PS: A designação "Sporting CP" soa-me mesmo mal. CP são os comboios. Duvido que os nossos fundadores alguma vez tenham utilizado essa designação. Sporting Clube de Portugal ou Sporting estaria bem melhor.
Esta é a essência do futebol para o Sport Lisboa e Benfica, matar a jogada.
Agredir, fazer o que for necessário para vencer o jogo violando as regras.
É só comparar o rosto, a cabeça de Andrea Belotti após a suposta bárbara agressão de Matheus Reis com o estado do rosto de Rodrigo Zalazar (teve azar) após uma carícia de Otamendi (neste lance nem sequer foi mostrado amarelo ao argentino).
Na primeira imagem vemos Otamendi a acariciar Morita, não é uma agressão, não é uma barbaridade, foi outra carícia.
É nestas alturas que nós, sportinguistas, temos de estar com os nossos, apoiar, acreditar neles, eu acredito em Matheus Reis.
Vemos estas imagens e sabemos que não aconteceu vermelho em nenhum destes lances.
Vemos esta agressão de Renato Sanches a Bryan Ruiz, encolhemos os ombros e dizemos que o nosso jogador é um cepo e foi por causa dele que perdemos um campeonato.
Confundimos um lance fortuito que deveria ter sido interrompido por fora-de-jogo. Confundimos a acção de dois jogadores que querem jogar futebol com a acção de um jogador que quer "proteger a bola" (a bola de futebol não precisa de ser protegida, precisa é de ser cabeceada e pontapeada, precisa de ser jogada). Confundimos quem quer jogar com quem quer impedir de jogar. Pior confundimos um lance banal de futebol com uma tentativa de assassinato.
Nós, sportinguistas, somos assim. Sempre prontos para dar tiros nos pés, sempre disponíveis para "matar" os nossos.
Menos CMTV e mais visualização do lance em tempo real.
Não é só ao Benfica que acontece sofrer golos no "cair do pano". Ao Benfica acontece muito, é verdade, aconteceu com o AFS, aconteceu com o Arouca, aconteceu com o Barcelona, aconteceu com o Sporting (de memória) será porque o Sporting controla "esta merda toda"? Será que o Sporting controla o Benfica vs Barcelona da Champions League?
Espero pelos vossos comentários, construtivos, relacionados com o texto, sem choraminguices e para os adeptos do FC Porto podem referir a fantástica inauguração do estádio das Antas que hoje se comemora (os do Benfica, também, nesse tempo é que a arbitragem trabalhava bem).
Como em quase tudo o que envolva vítimas de confrontos com a polícia (digo "quase" porque há casos de racismo flagrantes), requer-se bom senso e uma avaliação ponderada, que saiba ver ambos os lados. Isto a propósito do infeliz Bernardo Topa, adepto do Sporting, comissário de bordo da TAP, que ficou sem um olho por ter levado com uma bala de borracha nas comemorações do bicampeonato leonino em Lisboa. A PSP justifica o recurso às balas de borracha com a pirotecnia que era arremessada em sua direção. Eu estive lá e sei que isso era, pelo menos, plausível. Estava eu e grupos de sportinguistas em pleno Campo Grande à espera da passagem do autocarro, civilizadamente e num ambiente de alegria e felicidade. Até que com o aproximar do autocarro chegam os energúmenos da pirotecnia, previsivelmente os mesmos do estádio, e começam a largar aqueles artefactos a torto e a direito. Para além do barulho causam muito fumo e caem a arder. O grupo em que eu estava, e que estava há mais de uma hora à espera do autocarro, nem o viu como deve ser pois teve de dispersar em pânico com os petardos em chamas que caíam à medida que este passava, lançado pelos retardatários e retardados pirómanos. Num ambiente destes, no meio de todo aquele fumo, e tendo em conta que a PSP recorreu às balas de borracha, não é de surpreender que uma se tenha perdido e causado esta tragédia. O que há que esclarecer é se havia mesmo necessidade, apesar de tudo, de recorrer às balas de borracha, sabendo o perigo que isso representava e os acidentes que poderiam daí advir. Será mesmo verdade que a pirotecnia estava a ser usada contra a polícia? Do que eu testemunho, estava a ser lançada para o ar. Era perigoso, claro. Perigoso para todos - não somente para a polícia. A resposta da polícia foi menos perigosa? Não foi o que se viu. Mas não vou estar a elaborar sobre estas questões. Espero que sejam bem investigadas. Quem não tem culpa nenhuma foi o Bernardo Topa, com quem me solidarizo e desejo boa sorte na ação judicial que pensa mover. Também se justificaria um processo aos pirómanos pelos danos que causaram. Lamento mesmo que ainda não se tenha ouvido uma palavra a este respeito da parte da direção do Sporting e também do plantel, tendo em conta que muito provavelmente estas balas de borracha foram usadas por sua causa.
É com tristeza que vejo alegadamente a claque DUXXI, na superior norte, apoderar-se do espaço que é de há anos de sportinguistas com dezenas de anos de sócios e com gamebox. Vêem o jogo em pé, nos corrimões de entrada no estádio, e por detrás da baliza, não permitindo que as pessoas vejam o jogo sentadas. Mesmo de pé, só vêem metade do estádio.
As tochas são incendiadas e consumidas, por encapuzados, nas escadas com as mãos esticadas com as bancadas cheias de sócios dos dois lados da escada. Camisolas de adeptos queimadas, pessoas queimadas, e neste jogo [Sporting-Lille] uma senhora de mais de 60 anos teve de ser socorrida: foi atingida na vista, para além das camisolas queimadas novamente.
As pessoas estão a abandonar a superior norte, mas não têm para onde ir, pois não são ricas. Algumas já deixaram de ir aos jogos. Onde antes era um paraíso é hoje um inferno. A impunidade é real!
A direcção tem de vencer esta guerra com as claques.
Esta direcção, com todos os méritos que tem, e são os principais responsáveis pelo nosso êxito, corre o risco sério de ter os sócios, especialmente os mais antigos com mais votos, contra si, pois detestam o comportamento anárquico e impune das claques, que os prejudicam efectivamente.
Para já nem falar das multas. A próxima na Champions será um jogo à porta fechada, pois a pirotecnia continua. Mas eles estão-se nas tintas para isso.
Texto do leitor António Alvarez, publicado originalmente aqui.
Há várias coisas que me repugnam, a violência dos fortes sobre os fracos é, talvez, a principal.
Bater e ficar sentado como se não tivesse sido nada.
A italiana, Angela Carini, regressou a cada com o nariz partido, o argelino, Imane Khelif continua em prova e arrica-se a ser o primeiro homem a conquistar a medalha de ouro em boxe feminino.
Treze dos 15 polícias do comando metropolitano de Braga destacados para garantir condições de segurança no jogo Famalicão-Sporting, que devia ter começado às 18 horas de hoje, apresentaram autodeclarações de baixa pouco antes, considerando-se indisponíveis para cumprir tal tarefa. Como se tivessem sido afectados por súbita epidemia.
Sem policiamento, as portas do estádio foram-se mantendo fechadas. Os ânimos entre adeptos acenderam-se nas imediações - e novamente veio à superfície o comportamento inaceitável das claques. De ambos os lados. Voaram pedras, garrafas, até cadeiras. Houve seis feridos - um dos quais em estado grave, com traumatismo craniano. Além de consideráveis danos materiais em estabelecimentos comerciais e viaturas ali estacionadas.
Igualmente inaceitável é o comportamento dos polícias, pondo em risco a integridade física de cidadãos pacíficos, que vão ao futebol em família, por vezes até com filhos de tenra idade. Não ignoro que a PSP e a GNR protestam contra injustiças na atribuição do suplemento de risco e a proliferação de material sem condições mínimas (fardas pagas a expensas próprias, coletes antibalas fora do prazo, viaturas de serviço prontas para a sucata, etc). Mas nenhum movimento reivindicativo, por mais razões que invoque, é justificável quando lesa a segurança, um dos mais preciosos bens públicos. Voltamos à eterna questão dos meios: nem todos são lícitos para atingir certos fins.
Esta tarde viveram-se momentos dignos de faroeste no exterior do estádio municipal de Famalicão. Sem um agente da autoridade por perto. Poderia ter havido mortos. Tudo isto é ainda mais inaceitável.
Um responsável local da PSP afirmou não estarem reunidas condições de segurança para a realização do encontro até ao fim do dia de hoje nem amanhã. Foi adiado, portanto. Para data incerta. O Sporting, por motivos compreensíveis, recusou permanecer no Minho, tendo regressado a Lisboa. Diz o regulamento da Liga que, não havendo jogo nas 30 horas seguintes, poderá realizar-se nas quatro semanas posteriores.
Acontece que o nosso calendário para todo o mês de Fevereiro está já preenchido. Na próxima quarta-feira jogaremos fora, contra o União de Leiria, para a Taça de Portugal. No dia 11, recebemos o Braga. A 15, viajaremos à Suíça para defrontar o Young Boys na Liga Europa. Dia 19, novamente para o campeonato, vamos a Moreira de Cónegos. Três dias depois, recepção ao Young Boys em Alvalade. Dia 25, Rio Ave-Sporting, de novo para o campeonato. E ainda outra data muito provável: a meia-final da Taça de Portugal, a 28 de Fevereiro. Falta apenas saber se defrontaremos o Vizela ou o Benfica.
Será um sufoco.
Acontece também que o Sporting registava uma dinâmica de vitórias agora subitamente interrompida, sem responsabilidade da nossa parte. O que só favorece os nossos adversários directos. Arriscamo-nos a que amanhã o Benfica suba a título provisório para a liderança do campeonato sem sabermos quando acabaremos por visitar o Famalicão, o que nada favorece as nossas aspirações.
«A Liga Portugal exige ao Governo, em especial ao ministro da Administração Interna, a instauração de um processo de inquérito com carácter de urgência, de forma a apurar responsabilidades pelo sucedido, em defesa dos adeptos e das famílias, e informa que exigirá também, nas instâncias próprias, ser ressarcida pelos danos provocados por acções irresponsáveis às quais é totalmente alheia.» Palavras contidas num duro comunicado da Liga, confrontando o Executivo com as suas responsabilidades nesta matéria.
Naturalmente, o facto de o Executivo estar em mera gestão, antes das legislativas de 10 de Março, não serve de atenuante ou desculpa.
Antítese total do que deve ser a festa do futebol.
ADENDA:
Gabinete do primeiro-ministro indigna-se com «insubordinação gravíssima» dos polícias. Ministro da tutela anuncia que reunirá amanhã, de emergência, com o comandante-geral da GNR e o comandante nacional da PSP.
Apesar do título sei bem que se cá ainda estivesse o grandíssimo Torga, da pena dele nada sairia sobre os ditos que este postal titulam e Famalicão conspurcaram. Simplesmente, porque nada acrescentam à nossa existência. E menos ainda ao Sporting e ao sportinguismo.
"Benditas as Bofetadas dadas ao Videográfico do Sporting CP que andava a filmar os “criminosos” da JUVELEO." ... "Se é funcionário do Clube, é absolutamente correligionário deste grupo de assalto que tomou conta dos destinos do clube! A limpeza na Administração do clube já foi feita à muito tempo! Quem tinham ligações e tinha passado com as direções anteriores, a estas ultimas foi mandado para casa e afastado do clube! Certo? … por isso caro amigo é a vida!"
Depois do achincalhamento permanente a treinador e jogador, dos vómitos quando o Sporting ganha como aconteceu ainda agora na jornada da Taça, passaram a advogar através dum histórico na tasca a agressão física a funcionários do Sporting.
Que tem o dono da tasca ou o chefe Nuno Sousa candidato a presidente a dizer sobre isto?
A assembleia geral do FC Porto terminou ontem pouco depois de ter começado, em atmosfera siciliana, entre insultos, agressões e intimidações diversas a quem não presta vénia e culto ao Capo di Tutti Capi.
Mais uma vez alguns adeptos do Benfica se comportaram como selvagens num estádio de futebol, bombardeando com tochas adeptos da equipa da casa, uma vergonha não só para o clube como para o futebol português. A polícia espanhola fez aquilo que a portuguesa não consegue ou não quer fazer, deteve 3 individuos e apreendeu vasta quantidade de material pirotécnico.
Trata-se do clube que foi pioneiro na criminalidade pirotécnica nos estádios com o assassinato do sócio do Sporting Rui Mendes por um "very ligth" em pleno final da Taça, facto esse que em vez de ser motivo de vergonha para presidente e sócios, serve de inspiração para um cântico de provocação ao nosso emblema no estádio e no pavilhão, sob o encolher de ombros cúmplice dos dirigentes presentes.
Trata-se também do clube que com Luís Filipe Vieira conseguiu esconder de todas as formas a existência de claques organizadas e subsidiadas de diferentes formas, e talvez ajudar com os melhores advogados quando exageram nos actos criminosos e são levados à justiça. Com Rui Costa nada se viu em contrário, focado que está em ganhar tudo seja a que preço for, até no berlinde. Vem agora o mesmo Rui Costa pedir desculpas ao presidente da Real Sociedad que estava em fúria ao ver adeptos do clube atingidos com tochas.
As desculpas não se pedem, evitam-se- Que fez ele para que aquilo não tivesse acontecido?
Também no Sporting, e depois dum presidente cúmplice que assistiu de cadeirinha ao bombardeio de Rui Patrício com tochas em pleno dérbi depois de ter andado na pista, e à vista de todos, com responsáveis da claque a organizar a coreografia, a pirotecnica organizada pelas duas claques em guerra com o actual presidente tem causado grandes problemas, nos jogos europeus e nacionais. Estamos ameaçados pela UEFA com jogos sem adeptos ou mesmo à porta fechada.
Ainda agora, no Bessa, tivemos três encapuzados num jogo que o Sporting precisava de ganhar fazerem mais um número de circo, quebrando o ritmo do jogo, sob o olhar próximo e passivo da polícia, "spotters" e unidade de intervenção. Nos ultimos dois jogos já não tivemos tochas, hoje à noite vamos ver o que acontece.
Há quem no Sporting aponte o dedo ao vizinho esquecendo o que tem em casa. Não é o meu caso.
Até por uma razão muito simples. A delinquência duma franja de adeptos inseridos numa claque dum determinado clube afecta em primeiro lugar os restantes adeptos do próprio clube, que ao acompanharem os restantes se sujeitam ao que não querem e correm riscos substanciais. A começar por todos os sócios, como eu, que compraram bilhete e estarão domingo no estádio da Luz a apoiar a equipa do Sporting.
Pirotecnia fora dos estádios de futebol. E que quem a pratica seja perseguido e levado à justiça. E que ela seja dura.
Depois da chuva de tochas sobre os adeptos do clube da casa em Milão, o Benfica foi (levemente) sancionado pela UEFA, uma multa de quase nada e uma proibição de não-venda de bilhetes para o próximo jogo fora de casa.
Também o Sporting esteve ainda há pouco ameaçado de sofrer uma sanção deste tipo, ultras aditivados e pirotécnicos existem dos dois lados, o limite do que fazem depende mais de quem governa o clube no momento e do controlo que tem ou deixa de ter sobre as claques. Há quem corte a direito com as claques legais, reconhecidas ou clandestinas, os respectivos líderes e a sua máquina económica (para não lhe chamar outra coisa, até porque parece que existem membros no activo das forças policiais nas claques, e a existirem sabem mais do que eu sobre o assunto) e há quem mantenha relações de promiscuidade que no caso do FC Porto atingem proporções épicas. Quando Pinto da Costa cair da cadeira cá estaremos para ver o que irão provocar.
Mas, devido a isso ou não, também é verdade que o Benfica se tem destacado pelos actos criminosos das suas claques relativamente às claques e aos adeptos do Sporting. Todos nos lembramos do "very light" sobre o nosso adepto Rui Mendes, do atropelamento e fuga sobre o adepto da Fiorentina, da emboscada com martelo no Estoril, e outras. Digamos que o Benfica facilmente acolhe marginais e delinquentes, o próprio Luis Filipe Vieira não tinha limpo o cadastro e o Sporting (ou pelos menos as claques do Sporting) é o alvo predilecto dos mesmos.
Depois dos acontecimentos, saltam cá para fora as justificações. Estas, a mando de Rui Costa, apenas me lembram aquelas do Bruno de Carvalho depois do assalto a Alcochete, até porque para a semana vamos "comemorar" cinco anos depois daquele dia bem negro da história do Sporting.
"O Sport Lisboa e Benfica vai avaliar a possibilidade de recorrer desta decisão da qual foi notificado hoje pela UEFA." A sério? E vai avaliar como? Atirando tochas para cima da tribuna presidencial no próximo jogo da Luz?
Para mim só há uma forma de lidar com este tipo de situações: os sócios fazerem justiça dentro dos próprios clubes, identificarem e expulsarem os responsáveis das claques, reconhecidas ou não, que "autorizam" estes actos. Porque se eles não autorizassem, por muito murro ou pontapé que ocorresse na bancada, aquilo não acontecia.
Era o que o Sporting deveria ter feito a seguir ao "bombardeio" de Rui Patrício e ao assalto a Alcochete.
A grunhice e a javardice associadas às claques continuam a dar má fama ao Sporting - não apenas em Portugal, mas além-fronteiras.
No jogo de ontem na Dinamarca entre o Midtjylland e o Sporting, para a Liga Europa, a claque liderada por um notório cadastrado e condenado por crimes vários voltou a fazer uma lamentável exibição de material pirotécnico proibido pela UEFA, arremessando tochas e potes de fumo. Isto provocou ferimentos numa criança, de imediato conduzida a um hospital, e num assistente de recinto desportivo, assistido numa ambulância por ter sido atingido por um pote de fumo na cabeça.
Dois dos indivíduos que integram essa turba foram detidos. A mesma turba que já viu 138 dos seus membros banidos dos recintos desportivos, na época passada, por decisão da Autoridade para a Prevenção e Combate à Violência no Desporto.
O mais provável, apesar disso, é que voltem muito em breve a entrar num estádio, a pretexto do seu "amor ao Sporting" (que força o clube a pagar multas pesadíssimas por estas sessões de pirotecnia nas bancadas) enquanto contribuem para afastar cada vez mais adeptos das bancadas.
Até quando reinará esta impunidade, indigna dos valores do desportivismo sempre enaltecidos pelos nossos fundadores?
Muitos sportinguistas gostam de falar do nosso clube como exemplo de desportivismo e até de autoridade moral face aos outros. Faz parte do legítimo orgulho de ser adepto do Sporting Clube de Portugal. Compreensível.
Sendo assim, é ainda mais intolerável que o Sporting encabece uma estatística humilhante e indecorosa. Neste momento lideramos o "campeonato" dos adeptos banidos dos estádios portugueses, por decisão soberana da Autoridade para a Prevenção e Combate à Violência no Desporto (APCVD).
Das 335 medidas de interdição decretadas durante a temporada 2021/2022, mais de 76,2% visaram adeptos de cinco clubes: Sporting (138), Benfica (49), FC Porto (44), Braga (13) e V. Guimarães (13). Existem portanto, mais banidos que se assumem como sócios ou simpatizantes leoninos do que dos restantes quatro emblemas juntos.
Este é o número mais elevado de sempre. E que representa um aumento de 109% relativamente à época 2020/2021 - percentagem impressionante.
Entre os factos comprovados que originaram as acções punitivas da APCVD já postas em vigor incluem-se a posse ou uso de artefactos pirotécnicos, incitamento à violência, agressões e manifestações de xenofobia e racismo.
Mais factos: a grande maioria dos interditados são homens, residentes em Lisboa (37%), Porto (22%) e Braga (13%), e cerca de metade tem entre 16 e 25 anos. A quase totalidade dos actos violentos relaciona-se com o futebol e 86,5% dos visados pertencem a claques ou estão envolvidos com elas.
Números que me envergonham enquanto sportinguista. Tenho a certeza de que não serei o único a sentir esta repugnância por praticantes da violência, militantes da xenofobia e amantes do racismo. Por mim, concluo sem hesitar: tolerância zero com esta escumalha.
Como sempre digo, e repetirei as vezes que forem necessárias, em futebol há adversários mas não inimigos.
Daí manifestar a minha solidariedade ao treinador do FCP, Sérgio Conceição, e aos elementos da sua família que há dias viram a viatura em que seguiam danificada por um bando de covardes munidos de calhaus.
Para não variar, na conferência de imprensa destinada a antever o Boavista-Sporting, Rúben Amorim esteve impecável ao comentar o acto de violência cometido pelos tais grunhos.
O autor do lançamento de um petardo durante o jogo em Braga foi imediatamente identificado pelas autoridades, detido e será presente em tribunal. Se é assim em Braga, é muito bem. Em Lisboa, no estádio de Alvalade, episódios destes durante anos sucediam-se jornada após jornada, sempre do mesmo local do estádio, em direção ao relvado. Estranhamente, nunca vi as autoridades fazerem nada. Não deveriam tais lançamentos ser um crime público? Se não são, se alguém tem que apresentar uma queixa, por que nunca o fizeram as sucessivas direções do Sporting? Ou a Liga - que fosse? Será que teriam que ser os jogadores a apresentar queixa? Ao Rui Patrício, durante muitos anos, motivos para apresentar queixa nunca lhe faltaram.
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