Pela primeira vez nuns oitavos-de-final da Taça de Portugal, o Vilaverdense veio a Alvalade tentar retardar ao máximo o primeiro golo leonino. Nunca deixando de sair em contra-ataque, os forasteiros podiam até ter-se adiantado no marcador, caso o árbitro se tivesse decidido por assinalar um "penalty" numa jogada duvidosa protagonizada por Tobias Figueiredo. Com Alan Ruim e Iuri Marralheiros na equipa e a darem razão a JJ pelas sucessivas ausências nos eleitos (não lutam pela posse de bola), a primeira parte foi desinteressante e sonolenta, ainda que a barra tenha sido a nossa maior adversária, desviando cabeçadas de Petrovic (jogo competente) e de Tobias Figueiredo. Ainda assim, em cima da hora para o intervalo, Bryan ocorreu a uma solicitação de Alan e desviu a bola, a qual, após defendida pelo guardião da equipa minhota, ficou ali morta nos pés de Doumbia - já vira um golo seu ser anulado - que, com a baliza mais deserta do que o Guincho em dia de Inverno, não perdoou.
Na segunda parte, Doumbia chegaria ao "hat-trick", em lances onde demonstrou sentido de oportunidade. Comum a estes dois golos a acção de Gelson (Podence e Ristovski também foram influentes). Claramente a subir de forma, o extremo leonino viria a protagonizar o momento do jogo quando, solicitado por Doumbia, conseguiu passar entre dois defesas contrários, com velocidade e técnica, rematando colocado para o quarto da noite.
Via verde para a passagem aos quartos-de-final, com exibições agradáveis de Ristovski, André Pinto, Tobias, Bruno César e Petrovic e boas actuações de Battaglia e de Doumbia (é pena que fora de área não comunique bem com a equipa). Destaque principal para Gelson Martins, regressado à objectividade que se lhe pedia.
Gostei muito do resultado do Sporting-Vilaverdense de hoje, sobretudo por ter terminado em goleada: 4-0. Um desfecho sem discussão que premiou a melhor equipa em campo no confronto com o simpático onze da minhota Vila Verde - nome auspicioso - que milita no terceiro escalão do futebol português. Passamos à fase seguinte da Taça de Portugal, com as aspirações intactas à conquista do troféu, que nos foge desde 2015.
Gostei da exibição de Doumbia, que regressou à titularidade após lesão prolongada e voltou também aos golos que não marcava desde Setembro, no vitorioso confronto do Sporting com o Olympiacos em Atenas. Pelos vistos valeu a pena tão longa espera: o marfinense mostrou como deve ser um ponta-de-lança, marcando três golos que até pareceram fáceis. Aos 44', empurrando para a baliza a bola deixada à sua mercê pelo guarda-redes adversário após defesa incompleta a um remate de Bryan Ruiz. Aos 64', coroando um excelente lance de bola corrida que teve Gelson Martins e Podence como intervenientes. Aos 74', num ataque continuado, correspondendo a um centro de Ristovski. Noite em cheio para o avançado, só suplantado em qualidade por Gelson - o melhor em campo e para mim o melhor jogador deste Sporting 2017/18. Jorge Jesus tirou-o do banco aos 60', quando o resultado estava 1-0, e logo se viu a diferença - em velocidade e qualidade. Gelson fez assistência para o segundo golo, interveio na construção do terceiro e marcou o quarto, num espectacular contra-ataque lançado por Doumbia. Jogada perfeita, aos 88', confirmando que é imprescindível na equipa.
Gostei pouco que a primeira ocasião de golo nesta partida tenha pertencido ao conjunto de Vila Verde, aos 18'. E que o nosso primeiro golo só tenha surgido quase ao cair do pano da primeira parte, quando já estavam decorridos 44 minutos. E que a rotação feita por Jesus na equipa, substituindo dez dos titulares do desafio contra o Boavista (só Bruno César foi repetente) não tenha sido aproveitada por vários jogadores.
Não gostei da oportunidade perdida por Iuri Medeiros, que iniciou a partida na posição habitual de Gelson mas pareceu sempre apático, pouco dinâmico e sem capacidade de fazer circular a bola com perigo: saiu aos 73', dando lugar a Acuña, que sem deslumbrar teve um desempenho mais positivo. Também não gostei da actuação de Petrovic, hoje o médio defensivo titular - por onde andará Palhinha? O sérvio parece só ter duas opções no momento do passe: ou atrasa ou lateraliza.
Não gostei nada de Alan Ruiz. O treinador insiste em apostar nele e o argentino teima em demonstrar que não merece tal aposta. Segundo avançado titular, jogando atrás de Doumbia, nunca combinou com o ponta-de-lança, nunca criou desequilíbrios, nunca fez acelerar o jogo. Pressiona pouco e mal, leva uma eternidade a decidir o passe, permitindo sempre a colocação da defesa adversária, e parece tão preso de movimentos como certos jogadores em final de carreira. Creio ter o destino traçado: em Janeiro sairá do Sporting. A avaliar pelos assobios que escutou esta noite em Alvalade, ao ser substituído no minuto 60, não deixará saudades.
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