Olho para a nossa equipa e não vejo organização ofensiva. Nesse aspecto, se calhar, o dedo do treinador é sobrestimado no futebol moderno até porque se fosse assim tão decisivo, então Álvaro Magalhães ainda hoje seria reconhecido como o melhor treinador português, ele que durante muitos anos teve meia-dúzia de argumentos ali à mão que superavam a concorrência. E não me refiro à capacidade de produzir vernáculo captado pelos microfones da televisão…
Corroborando, na antecâmara do jogo, quando instado a comentar o estado da relva, Jorge Jesus afirmou que isso não seria um problema dado que o Viktoria iria jogar a bola pelo ar (!?), pelo que iria ajudar o metro e noventa e quatro de André Pinto, visto que “não temos outro”. (assim a modos que a confirmar que a convocação de 4 jogadores da equipa B era para “inglês ver”). Ah? Ok! Estranhamente, ninguém lhe perguntou como seria quando o Sporting tivesse a bola. Porque um clube como o Sporting tem de ter bola, certo?
O nosso time vive essencialmente da capacidade individual de dois jogadores: Gelson e Bruno Fernandes. Se, por acaso, não jogarem ou as musas que os inspiram estiverem a dormir, o nosso jogo transforma-se num faz-que-vai-mas-não-vai, de objectividade nula no campo e sofrimento infinito na bancada ou à frente do ecrã de televisão.
Depois há Bas Dost: o holandês é o jogador que simplifica o jogo. Com ele em campo, o nosso futebol torna-se muito mais linear, os laterais encontram espaço para subir, os alas vão à linha e centram e, de repente, todos se (re)lembram de que o objectivo no futebol é o golo. Sem Dost, o nosso jogo assemelha-se ao andebol de 11, com muita basculação e nenhuma profundidade.
A partida começou com o metro e noventa e quatro de André Pinto a não comunicar com o metro e noventa de Rui Patrício e daí a resultar um canto contra, de onde resultou que o metro e oitenta e nove de Mathieu se encostou ao metro e noventa e quatro de André Pinto e, juntos, deixaram um checo (em ligeiro fora-de-jogo), sozinho na área cabecear para golo. Um golo de Bakos na capital da cerveja Pilsener, o que fez todo o sentido dada a ebriedade táctica com que a equipa leonina se apresentou.
A excepção à regra, no primeiro tempo, foi uma oportunidade perdida aos 38 minutos. Bruno Fernandes abriu magistralmente para o interior da área, Dost amorteceu e Bryan Ruiz, sempre a "melhorar", esmerou-se e conseguiu falhar da forma mais incrível até para um Ruiz. O resto da primeira parte viu um Sporting intranquilo, inesperadamente sem confiança.
A segunda-parte iniciou-se com mais uma perdida flagrante do Sporting: Bruno Fernandes serpenteou entre 2 adversários, passou um terceiro e rematou. Hruska defendeu para a frente e Acuña falhou dois golos num. A partir daí, o Viktoria tomou conta do jogo e, após algumas tentativas, chegou ao golo: Mathieu chegou tarde à dobra e o metro e noventa e quatro de André Pinto foi ultrapassado pela antecipação de Bakos, que bisou.
Boa nova: aos 66 minutos, passámos FINALMENTE a jogar com 11. Petrovic saiu, Piccini entrou para lateral direito e Battaglia pôde jogar na sua posição natural ao centro. Battaglia e o metro e noventa e quatro de André Pinto (com os pés) atirarem por cima. O jogo caminhava para o fim e do Céu caiu um "penalty". Montero serviu Bas Dost, que chocou lateralmente com um adversário. O árbitro, forçadamente, apontou para a marca de grande penalidade. Parecia que o (desnecessário) sofrimento iria terminar, mas Dost falhou (!) e Bruno também não recargou com êxito. Já aos 90+5 tivemos o primeiro canto a nosso favor contra o "poderoso" Viktoria...
Entramos no prolongamento e a equipa pareceu revigorada. Aos 97 minutos, mais um capítulo do Best-seller "Mil e uma maneira de falhar golos", by Bryan Ruiz, sozinho na pequena área. Até que, já em período de compensação da primeira parte do prolongamento, uma bola enviada por Bruno Fernandes - após canto - viajou até à cabeça de Battaglia, que marcou o golo da passagem da eliminatória.
A segunda parte do prolongamento não foi isenta de erros e os checos poderiam ter marcado por 3 vezes. Numa delas, Patrício brilhou com uma defesa do outro mundo. Uff, o árbitro apitou e acabaram os calafrios.
No Sporting, destaque para Bruno Fernandes, Rui Patrício e Battaglia, o salvador. Montero entrou bem e foi mais combativo do que o costume.
Jorge Jesus foi o grande responsável pela exibição paupérrima, miserável mesmo da equipa. Não há relva, frio ou pitons que justifique o sofrimento imposto a todos os adeptos leoninos. A equipa joga muito pouco e as individualidades, eventualmente, acabam por concretizar aquilo que deveria ser o colectivo a resolver. Onde está o futebol deslumbrante da primeira época de Jesus em Alvalade?
Mas ganhámos ! Saia uma Pilsener! Estamos nos quartos-de-final da Liga Europa - somos a única equipa portuguesa ainda nas competições europeias - e não temos jogadores impedidos de jogar por acumulação de amarelos.
Gostei muito que o Sporting tivesse assegurado esta noite a qualificação para os quartos-de-final da Liga Europa. Num jogo sofrido, desgastante, no deplorável relvado do estádio do Viktoria Plzen. A equipa checa, que partiu para esta segunda mão com uma desvantagem de dois golos, equilibrou a eliminatória com um par de disparos certeiros - o primeiro logo aos 6', o segundo aos 65', deixando o onze leonino intranquilo. Mas conseguimos aguentar o 0-2 até ao fim do tempo regulamentar, forçando o prolongamento. E só nestes 30 minutos suplementares fomos superiores ao campeão checo. No conjunto da eliminatória merecemos a passagem à fase seguinte. Onde somos o único representante português nas competições organizadas pela UEFA.
Gostei da capacidade de resistência dos nossos jogadores num ambiente adverso e num terreno quase impraticável, com o desgaste da viagem até à quarta maior cidade da República Checa somado às muitas partidas já efectuadas em diversas frentes nesta temporada. Não viraram a cara à luta e tiveram talento suficiente para superar a eliminatória. Destaco os desempenhos de Rui Patrício (o melhor do Sporting), novamente decisivo ao impedir o golo checo numa excepcional defesa aos 107', Battaglia, que nos valeu a presença nos quartos de final com o golo marcado aos 105'+2, e Gelson Martins, sempre o elemento mais acutilante do nosso ataque, capaz de criar bons lances para a finalização de Bas Dost, como aconteceu aos 19' e aos 109' - infelizmente sem aproveitamento por parte do holandês, que hoje foi o rei dos perdulários.
Gostei pouco das inovações de Jorge Jesus para esta partida. Desde logo a colocação de Battaglia como lateral direito, quando estavam no banco Piccini e Ristovski, jogadores rotinados nesta posição. Decisão absurda do técnico, que pareceu apostar na marcha-atrás: só aos 67' o argentino avançou para médio posicional, rendendo o inútil Petrovic, com a entrada de Piccini para o quarteto defensivo. Esta simples mudança operou um duplo benefício na equipa, até aí demasiado passiva: tornou a ala direita mais operacional e o nosso corredor central mais compacto, pois com Petrovic parecíamos jogar só com dez e com Battaglia fora da posição em que mais rende jogávamos com nove e meio. Resta saber por que motivo demorou Jesus tanto tempo a corrigir o erro. E também porque insiste em colocar Bryan Ruiz no onze, apesar da total falta de dinâmica do costarriquenho.
Não gostei das ausências de Coates e William Carvalho, impedidos de participar neste jogo por acumulação de cartões amarelos: ficou bem evidente a falta que fazem ao onze leonino. Também não gostei da meia hora suplementar de fadiga física da nossa equipa, que volta a jogar já no domingo, num difícil desafio frente ao Rio Ave para o campeonato. Vários jogadores terminaram esta partida na República Checa com notórios sinais de exaustão - com destaque para Mathieu, Fábio Coentrão e Bruno Fernandes. Não admira: o Sporting tem sido, de longe, a equipa com calendário mais desgastante das três que aspiram à conquista do título de campeão nacional, com 48 jogos disputados desde o início da época e 20 consecutivos já em 2018.
Não gostei nada de perder este jogo por 1-2, em grande parte devido ao conjunto de falhas inacreditáveis dos nossos jogadores à beira da baliza, em nova roleta de golos desperdiçados. Desde logo um penálti muito mal convertido por Bas Dost, aos 90': o holandês rematou frouxo e à figura do guarda-redes, com Bruno Fernandes a falhar a recarga, ao tentar um chapéu com a baliza aberta. Foram as perdas mais clamorosas, mas houve outras. Bryan Ruiz - para não fugir à regra - conseguiu atirar para fora com o seu melhor pé quando se encontrava isolado, aos 39'; aos 54', muito bem servido por Dost, rematou ao lado; e aos 98', de novo isolado, permitiu a defesa, desperdiçando mais um golo quase certo. Por sua vez Acuña, hoje um dos piores em campo, conseguiu falhar duas vezes aos 49', em recargas sucessivas: primeiro acertou no poste, depois mandou-a para a bancada. Um autêntico festival de golos falhados no batatal de Plzen.
Francamente... primeira parte vergonhosa, o único remate aos 39m e claro o inevitável Bryan Ruiz a falhar sozinho aquilo que qualquer jogador amador dos distritais não perdoava. Desculpem... estou farto de equívocos, a começar num treinador que inventa, que acha que é um mestre da tática, mas que só faz baralhar uma equipa. Battaglia a defesa direito, com dois defesas direitos de raiz sentados no banco, um Petrovic, a passear, sim passear, porque correr cansa um bocado. E claro, lateralizar e mais lateralizar à espera que o tempo passe e que não se sofra mais nenhum golo. É mau demais para quem vê este jogo e diz que aquela equipa que está a jogar é o Sporting Clube de Portugal. Entramos sempre com medo, damos a iniciativa ao adversário... e depois, claro, é a correr atrás do prejuízo. Bolas... não merecemos isto.
Aguardemos a segunda parte... que a sorte nos ajude.
Gostei muito da vitória do Sporting esta noite, em Alvalade: derrotámos por 2-0 o Viktoria Plzen, campeão em título e líder do campeonato da República Checa. Um jogo em que fomos claramente superiores do princípio ao fim: mais posse de bola, melhor organização, maior movimentação colectiva, mais oportunidades de golo (aliás os checos não tiveram nenhuma). Cumprimos a nossa missão tanto no plano ofensivo, vencendo por dois golos de diferença, como no plano defensivo, mantendo a baliza leonina invicta. Um resultado que nos abre boas expectativas para a segunda mão, a disputar em Plzen, quarta maior cidade checa. Temos grandes possibilidades de nos qualificarmos para os quartos-de-final da Liga Europa. Todos acreditamos nisso, seguramente.
Gostei de ver Montero recuperado como goleador da equipa neste seu regresso a Alvalade após dois anos em que jogou bem longe, primeiro na China e depois no Canadá. Foi ele o homem do jogo ao marcar os dois golos do Sporting - em momentos cruciais da partida. O primeiro aos 45'+1, coroando um excelente lance pelo corredor esquerdo protagonizado por Fábio Coentrão, Bryan Ruiz, novamente Coentrão (com uma assistência acrobática) e finalmente o colombiano, que rematou sem vacilar com o seu pior pé - o direito. O segundo aos 49', dando a melhor sequência a uma oportuna recuperação de bola concretizada por Bruno Fernandes, que o isolou com um soberbo passe: Montero, revelando perfeito domínio técnico, recebeu, driblou e atirou em cheio para o fundo das redes. Estava feito o resultado que anima e encoraja os adeptos leoninos. Com quatro avançados afastados por lesão (Bas Dost, Doumbia, Podence e Rafael Leão), o Sporting só pode congratular-se pela subida de forma do colombiano, que foi derrubado em falta na grande área aos 37': o árbitro bielorrusso fez vista grossa, não assinalando o penálti. Erro inequívoco, que as imagens documentam: era mesmo grande penalidade.
Gostei pouco da falta de intensidade que se apoderou da equipa quando faltavam cerca de 20 minutos para o desafio terminar. A vitória parecia consolidada, a réplica dos checos era frouxa e os nossos jogadores começaram a gerir a condição física, limitando-se a trocar a bola no meio-campo. Com isto permitiram o avanço no terreno dos adversários, que se aproximaram com perigo da nossa baliza e acreditaram que podiam marcar pelo menos um golo. Parte dos 26 mil espectadores que se encontravam em Alvalade assobiaram a equipa, que só então pareceu despertar daquele torpor. Funcionou como um tónico. No final não faltaram aplausos: Coentrão, substituído aos 85' por Rúben Ribeiro, recebeu a ovação da noite. Saiu esgotado, mas com o dever cumprido. Como Bruno Fernandes, William, Bryan, Mathieu, Gelson e o marcador de serviço. Todos com nota alta.
Não gostei que tivéssemos desperdiçado a oportunidade de marcar um terceiro golo, que nos deixaria muito mais descansados quanto ao desfecho desta eliminatória. Não foi por falta de tentativas, diga-se: foi por um misto de inabilidade, azar e grande exibição do guarda-redes checo, Hruska. Gelson, muito bem assistido por Acuña, podia ter marcado logo aos 7'. O extremo argentino atirou um petardo à barra, iam decorridos 22'. Bruno Fernandes tentou a meia-distância sem sucesso aos 39', 43' e 45'. Bryan Ruiz falhou por pouco o golo aos 65'. E Mathieu, numa impressionante corrida aos 90'+1, isolado por Rúben Ribeiro, desperdiçou talvez a melhor ocasião para o terceiro, rematando colocado mas permitindo a intervenção do guarda-redes. Do mal o menos: tem havido jogos em que tentamos ainda mais concretizando bastante menos.
Não gostei nada de saber que Coates e William Carvalho ficarão fora da segunda mão, a disputar na próxima semana, por acumulação de cartões. O uruguaio recebeu o amarelo aos 67', por pontapear sem necessidade uma bola após a marcação de uma falta. O internacional português ficou amarelado cinco minutos depois, na sequência de uma má abordagem a uma bola dividida no meio-campo, muito longe de alguma zona perigosa. Não havia necessidade, em qualquer dos casos. Ambos vão fazer-nos falta. Com André Pinto lesionado, Jorge Jesus terá de improvisar um central para o desafio em Plzen: poderá ser Palhinha, enquanto Battaglia ocupará provavelmente a posição de William. Felizmente poderemos contar com quatro outros jogadores que também estavam à queima e esta noite escaparam incólumes ao quinto amarelo: Acuña, Bruno Fernandes, Coentrão e Gelson Martins.
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