Estádio 28 de Maio, em Braga, 6 de Outubro de 1957, na baliza do Sporting local, Cesário, ainda, verde, na do Sporting de Portugal, o consagrado Carlos Gomes.
Onze minutos de jogo, o primeiro acorde de violino (Travassos) seguido por duas pinceladas de Malhoa, um golo de João Martins e a pincelada final do Malhoa dos relvados.
De pé, olhando para os jogadores que abandonavam o campo, estava um homem que nascera no dia 10 do 06, do outro lado do Atlântico, aquela vitória por 0 - 5, no dia 06 do 10, fora o seu maior triunfo como treinador.
Chamava-se Enrique Fernandez Viola, uruguaio de Montevideu e num capricho do destino, encantou-se, precisamente, 28 anos depois.
No 5.º ano, devia eu ter uns dez anos, um dos temas do ano lectivo na disciplina de Português era o jornalismo.
Os elementos básicos da notícia e da reportagem, o que destacar, como fazer, o que sublinhar.
A minha professora de Português (numa escola pública, já agora, desculpem lá o mash up dos temas), cujo nome agora se me olvida, entendeu que a melhor forma de percebermos o que estava ali em causa era nós próprios prepararmos uma peça jornalística, que apresentaríamos à turma.
Abordou-se os lixos que não eram recolhidos, o animal de estimação que era o melhor do mundo, entrevistou-se o pai, a mãe e o dono da mercearia.
Mas este que vos escreve, imbuído de espírito Sportinguista e fresquinho de ler num dos jornais que havia lá por casa que o Vasques, um dos Cinco Violinos, exercia funções na Loja Verde no antigo Estádio de Alvalade, decidiu que era esse o seu trabalho.
Convenci a minha mãe a acompanhar-me, liguei a confirmar que podia ser e lá fomos, rumo a Alvalade, para que um puto entrevistasse um dos maiores nomes de sempre do Sporting.
Não faço hoje a mais pequena ideia das perguntas e muito menos das respostas que as acompanharam, não guardei sequer um pedaço de papel que me servisse de prova deste momento triunfal, mas a memória segue comigo.
Sabem o que é que rima com memória?
Glória.
E sabem o que é que eu queria para este fim de semana.
Jackpot.
Agora vão lá pensar no que queriam para as vossas vidas desportivas e o que podem fazer para contribuir para alcançar esses objectivos.
À medida que o tempo passa, com o acumular dos anos, fui perdendo a capacidade de criar ídolos. Mas, na idade da inocência, tinha para aí 5 anos, decorria provavelmente a época de 1955/56, ou na pior das hipóteses a época seguinte, o gosto pelo futebol chegou quando criei o meu primeiro ídolo: Manuel Vasques - um dos jogadores que integrou os 5 violinos: aquela linha avançada dos «leões» que, nos últimos anos da década de 40, deslumbrou os adeptos pelo entrosamento, harmonia e magia de jogar futebol. Uma pequena orquestra afinada que deu 3 campeonatos nacionais seguidos ao Sporting. Vasques continuou a jogar até à época de 1958/59. Quando abandonou o futebol, depois de 13 épocas com a camisola do Sporting, tinha metido 317 golos. É ainda hoje o 3º melhor goleador de sempre do Sporting.
A memória não dá para tanto, mas certamente o apelido deve ter pesado naquele meu encantamento de infância, para além das descrições radiofónicas das suas jogadas e dos golos espectaculares, que ouvia religiosamente ao Domingo à tarde. Igual peso na descoberta de Manuel Vasques deve ter tido o facto de, na mesma altura, um tio – o João e o seu irmão Luís, ambos com o mesmo apelido do violino sportinguista - terem jogado em clubes da primeira divisão. Foi, pois, com 5 anos que, através de um dos maiores goleadores, de um jogador de excepção, cheguei também ao SPORTING CLUBE DE PORTUGAL. De onde nunca mais saí, obviamente!
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