O plantel do Sporting lidera já no Transfermarkt no que respeita aos clubes portugueses. Depois da última actualização de alguns dias atrás, o valor estimado pelo portal é agora de 364,0 M€, contra 357,75 M€ para o SL Benfica, 310,25 M€ para o FC Porto e 139,7 M€ para o SC Braga.
Como termo de comparação, a Atalanta vencedora da Liga Europa e que nos eliminou nessa mesma Liga segue nos 408,3 M€.
Estes valores serão naturalmente corrigidos para baixo com o mercado de Verão, alguns dos mais valiosos dos clubes portugueses sairão e virão outros com menor valor que se valorizarão durante a época.
Numa análise efectuada aos valores do portal concluiu-se que o Sporting é o quinto clube europeu que mais valoriza as contratações que faz. Gyökeres, Hjulmand, Ugarte e Pedro Gonçalves são bons exemplos disto.
Um dos factores de valorização dos jogadores é o desempenho na selecção nacional. Pedro Gonçalves, Trincão, Paulinho e Nuno Santos ainda mais poderiam valer se tivessem as oportunidades que têm tido outros, como alguns de ontem que mais uma vez desiludiram.
Obviamente que os valores dos jogadores não ganham jogos, mas os jogadores são valorizados de acordo com os jogos que ganham. E quem tiver o plantel mais valioso da competição estará sempre mais perto de ganhar o título.
Um ex-presidente do Sporting veio dizer que o Sporting Clube de Portugal sempre foi uma monarquia e só fez uma pausa entre 2013 e 2018. Curiosamente também disse que foi durante esse período que mais se enalterceram os valores do Sporting.
Ora, se o Sporting sempre foi uma monarquia com todos esses defeitos, de que serve enaltecer os valores definidos pelos "nefastos" monarcas?
Durante esta quarentena tem-se visto muitas fotografias das campanhas europeias do Sporting com o velhinho José de Alvalade cheio. Inclusivamente ganhámos uma Taça europeia no "tempo da monarquia".
O Sporting, com as suas qualidades e defeitos, nasceu em 1906 e desde então sempre foi enorme. Querer reduzir a sua grandeza ao período pós-2013 é um periogoso reescrever da história. Se não percebeu isto, andou claramente ao engano.
A vitória do Sporting na final da Taça no passado sábado, outros já o terão dito, representa além de tudo o mais o enterro definitivo da peste brunista que num passado recente se apoderou e ia liquidando de vez o nosso amado Clube. De caminho também representou a afirmação de valores como o Fair play e da boa educação no futebol – até por contraste com a atitude do treinador adversário - um distintivo que sempre esteve no ADN do Sporting. Agora podemos envergar as nossas cores com a cabeça erguida.
Mas não será fácil fazê-lo sozinhos no ambiente doentio que grassa à volta do futebol. Tenho para mim que a sobrevivência desta indústria depende de uma inversão radical na forma como os clubes têm gerido a sua comunicação (e a sua conduta), transformando esta salutar paixão numa guerra sem quartel, com uma batalha verbal em que vale tudo, no total desprezo pela ética e civilidade, no demente propósito de amesquinhar os adversários. Basta escutar cinco minutos os protagonistas de alguns programas televisivos a dizerem disparates impróprios para crianças e pessoas decentes que gostariam de continuar a frequentar os estádios com as suas mulheres e os seus filhos em vez de os entregar às hordas alienados. Por isso não me surpreenderam os comentários hostis dos sequazes portistas a um tweet do escritor e comentador Francisco José Viegas, quando no rescaldo do campeonato apelava a que os adeptos dessem os parabéns ao Benfica, deixassem de comentar os árbitros e se concentrassem no jogo do Jamor. Eu também acredito que o desporto, mesmo sendo espectáculo, tem de permanecer uma actividade nobre e pedagógica, caso contrário, não vale a pena.
Repito o que atrás afirmei: é urgente que se coloque um travão à grosseria que vem sendo transposta das antigas tabernas insalubres para os painéis das televisões e para as salas de imprensa dos clubes, criando um ruído insuportável que tanto mau nome dá à modalidade. Pela minha parte ficarei muito orgulhoso que o Sporting se torne exemplo de integridade e fair-play, remetendo para dentro do campo toda a virilidade e arrebatamento, e que eu jamais venha a envergonhar-me de frequentar um estádio de futebol.
Desculpem, mas sendo este um gesto provavelmente inédito e tendo vindo de um jovem jogador do clube da minha cidade, é caso para me sentir orgulhoso da terra onde nasci.
Isto pode parecer não ter nada a ver com o Sporting, mas de repente pensamos em valores e vem-nos à memória a (recente) falta deles.
Pena na imagem o equipamento não seja o preto e vermelho tradicional.
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