Há coisas difíceis de compreender. A saída de Jota Silva - o melhor jogador do V. Guimarães - para o Nottingham Forest, 17.º classificado da Premier League em 2023/2024, por apenas 7 milhões de euros é uma delas.
Bem sei que este negócio envolve um acréscimo de verba por objectivos (2 milhões se marcar 12 golos, por exemplo), mas mesmo assim parece-me uma cifra surpreendentemente baixa. Tratando-se de um avançado de apenas 25 anos (cumpridos ontem), portanto com óbvia margem de progressão. Tratando-se de um jogador já com presença na selecção nacional. Tratando-se de alguém com números expressivos: na época passada participou em 22 golos (15 marcados e 7 assistências).
Tudo isto me deixa perplexo. Jota Silva podia e devia ter escolhido melhor: vir para o Sporting, por exemplo. Era capaz de nos dar jeito. E certamente gostaria de participar na Liga dos Campeões, algo que não conseguirá em Inglaterra.
Foi uma goleada de prognósticos certeiros. Com nada menos de oito vencedores. Aqui ficam os seus nomes: AHR, Carlos Estanislau Alves, José da Xã, José Vieira, Leão do Xangai, MaximilianRobespierre, Paulo Batista e Soares Dias.
Todos acertaram no resultado e nos marcadores de dois dos nossos três golos no Sporting-V. Guimarães que nos deixou ainda mais perto do título.
Merecem parabéns. Tal como o leitor Manuel Parreira, no segundo lugar no pódio (previu o resultado mas apenas um dos golos de Gyökeres), e a leitora Leoa 6000 (que anteviu o 3-0 final, sendo menos certeira quanto aos marcadores dos golos).
Gyökeres e Pedro Gonçalves celebram com alegria um dos golos em Alvalade ao V. Guimarães
Foto: Manuel de Almeida / Lusa
Há lances que demonstram a saúde anímica de uma equipa. O Sporting protagonizou um deles no final do primeiro tempo, na partida em casa contra o V. Guimarães. Era já o terceiro minuto desse período extra quando oito jogadores leoninos protagonizaram um baile cheio de classe, com a bola a ser transportada de pé para pé.
Nuno Santos, Gonçalo Inácio, Morten, Daniel Bragança, Trincão, Geny, Pedro Gonçalves e Gyökeres: eis, por ordem de entrada em cena, os artistas desta jogada de antologia. Para mais tarde recordar.
Um total de 48 segundos de exibição superlativa no relvado: 23 toques que culminaram no disparo fulminante do craque sueco, a fuzilar as redes à guarda de Bruno Varela.
Era o segundo golo do Sporting nesta recepção à turma minhota. Era também o regresso do melhor ponta-de-lança da Liga portuguesa aos golos após cinco partidas em jejum. Mais de 45 mil pessoas nas bancadas explodiram de alegria: íamos para o intervalo a vencer 2-0, os vitorianos foram incapazes de levar perigo à nossa baliza, abria-se uma avenida para novo triunfo das nossas cores. O 15.º em 15 jogos disputados em nossa casa na Liga 2023/2024 - algo inédito na história deste estádio, inaugurado há 21 anos.
O desafio começou com o V. Guimarães muito fechado lá atrás, apresentando duas linhas defensivas muito compactas, procurando fechar as vias de acesso dos nossos jogadores à linha de tiro. Esta estratégia própria de equipa pequena, que desiste de discutir o jogo para estacionar o autocarro, não faz jus aos pergaminhos dos minhotos. Merecia castigo por delito de lesa-espectáculo.
O que acabou por acontecer.
A primeira brecha na muralha vitoriana ocorreu aos 21', quando Geny esteve a um passo de marcar: foi impedido in extremis pelo croata Borevkovic, melhor elemento da equipa visitante, mesmo à boca da baliza. Era o aperitivo para o que sucederia nove minutos depois: num remate cruzado, Pedro Gonçalves não perdoou. Varela foi buscá-la lá dentro.
A partida ficou sentenciada quatro minutos após o recomeço, quando Gyökeres bisou, correspondendo da melhor maneira ao trabalho iniciado por Pedro Gonçalves a picar a bola da meia-esquerda para a grande área e prosseguido numa espectacular recepção orientada de Trincão, que serviu de bandeja ao sueco.
Atingia-se a excelência em Alvalade onde a equipa estreou equipamento, todo branco, em homenagem à triunfal campanha da Taça das Taças de 1964, irá fazer em breve 60 anos. O resultado ficava fixado naquele instante. Com eficácia máxima: quatro remates enquadrados, três golos. Difícil exigir melhor.
Ficava também consumada a vingança face à mesma equipa que nos havia derrotado 2-3 no desafio da primeira volta, em Guimarães. Nossa última derrota até agora, já lá vão mais de quatro meses.
Consequencia imediata: o título de campeão nacional passou a ser uma hipótese cada vez mais provável. É convicção dominante, mesmo junto dos nossos rivais: já não nos irá fugir.
Faltam quatro jornadas, há 12 pontos em disputa, lideramos com sete de vantagem sobre o Benfica, segundo na tabela classificativa. Cenário que muitos adeptos do Sporting julgariam impensável no início da época.
O que nos falta?
Ir ao Dragão, no domingo que vem. Depois recebemos o Portimonense, vamos ao Estoril, recebemos o Chaves.
Enquanto não erguemos o caneco, celebramos as exibições. E os números já alcançados. Oitenta pontos na Liga à 30.ª jornada: ainda podemos conquistar 92, estabelecendo recorde nacional absoluto.
E que mais?
Há 50 anos, desde aquele inesquecível Título da Liberdade (com Yazalde) que não marcávamos acima de 85 golos no campeonato: vamos com 87 e sempre a somar.
No conjunto das provas, temos agora 131 golos em 49 jogos disputados em todas as provas. Média: 2,6 golos por jogo. Desde os memoráveis Cinco Violinos, em 1946/1947, não ultrapassávamos a marca dos 130 golos. Batido um máximo com 77 anos.
É obra.
Breve análise dos jogadores:
Israel - Encaixou um bom remate de Kaio César (17'). Aos 32', saiu muito mal da baliza, correndo o risco de cometer penálti. Ponto mais positivo: há três jogos seguidos que não sofre golos.
St. Juste- Notável precisão de passe. Venceu quase todos os duelos, sobretudo ao accionar a sua principal virtude: a velocidade. Diomande estava ausente por castigo, mas não se notou a falta.
Coates - Segurança, maturidade, enorme capacidade de temporizar o jogo e de motivar os colegas com a sua capacidade de liderança a partir do centro da defesa. Uma vez mais.
Gonçalo Inácio - Destacou-se nos passes longos, tentando esticar o jogo para servir Gyökeres logo aos 4' e aos 7'. Intervém na inesquecível jogada colectiva de que resultou o segundo golo.
Geny - Quase marcou aos 21', confirmando o seu virtuosismo com bola dentro da área. Intervenção activa nos dois primeiros golos. Ala com propensão ofensiva, cada vez mais maduro.
Morten - Mal o Vitória lhe concedeu espaço, mostrou toda a qualidade do seu futebol. Quase marcou, de cabeça, após um canto (26'). Teve intervenção decisiva no segundo golo.
Daniel Bragança - Cada vez mais influente. No passe, no transporte, na capacidade de variar flancos e distribuir jogo. Nunca se esconde: pelo contrário, participou nos três golos do Sporting.
Nuno Santos - Esforçado, nem sempre as acções ofensivas lhe correram bem. Ou centrava sem ninguém para receber na área ou optava com demasiada frequência pelo passe à retaguarda.
Pedro Gonçalves - Melhor em campo. Iguala Paulinho como segundo artilheiro da equipa. Desta vez marcou o primeiro, assistiu no segundo e fez a pré-assistência no terceiro.
Trincão - Mantém excelente forma, como se verificou no segundo golo, em que participa, e sobretudo na espectactular assistência que fez para o terceiro. Outra grande exibição.
Gyökeres- Regressou aos golos - e logo a bisar - após cinco jogos sem a meter lá dentro. Para óbvia alegria dele. E para imensa alegria de todos nós. Todo o estádio gritou o seu nome.
Edwards - Substituiu Pedro Gonçalves aos 78'. Ainda não foi desta que voltou a brilhar. Marcou aos 80', mas estava fora-de-jogo. Podia ter marcado aos 82', mas não conseguiu.
Morita - Entrou aos 78', rendendo Daniel Bragança. Ajudou a equilibrar o meio-campo, em eficaz parceria com Morten.
Paulinho - Rendeu Trincão aos 78'. Conduziu bem um contra-ataque aos 80', tirando partido da sua frescura física. E ajudou a segurar a bola.
Eduardo Quaresma - Entrou para o lugar de St. Juste aos 82'. Muito atento, concentrado, dinâmico. Ninguém passou por ele.
Fresneda - Substituiu Geny aos 86'. Chegou a tempo de protagonizar duas intervenções, numa das quais perdendo a bola.
Que as várias equipas das várias modalidades do Sporting têm uma estreita ligação, todos os que não andam distraídos sabem. É ver as bancadas do João Rocha e as do Alvalade, onde pontificam atletas a apoiar outros atletas.
Isto deve ter depois alguma alquimia, ou bruxedo, ou o cuara... como diz aquela senhora simpática dos vídeos que por aí circulam, que aos do futebol depois dá-lhes para imitar os colegas do pavilhão.
Digam-me lá se a obra-prima acima, no segundo golo, não foi passada a papel químico de uma jogada entre o Merlin, o Paçó, o João Matos, o Pauleta, o Tainan, o Pany, o Sokolov e roda pelos mesmos (escolham os quatro em campo nessa altura), com uma finalização soberba de Zicky?
E este, o terceiro, aquele vólei de Pedro Gonçalves para Trincão, não vos faz lembrar uma picadinha no Andebol?
Isto anda tudo ligado.
E que tranquilas são estas segundas, a observar o olhar perdido da lampionagem...
Com esta difícil (muito mais do que o resultado possa parecer) vitória em casa de ontem contra aquela equipa que nos tinha derrotado em Guimarães, onde contou com a ajuda do tal Pinheiro, o Sporting pôs uma mão no caneco de campeão nacional.
Para pôr a outra, mesmo perdendo no Dragão, só tem de ganhar os dois jogos que terá em casa contra equipas em luta pela despromoção. Ou ganhar um deles e ir ganhar ao Estoril. Isso supondo que o Benfica ganha em Faro, ganha ao Braga em casa e ganha todos os jogos até final. Enfim, estamos quase mas... falta o quase.
A 1.ª parte foi um exercício de cansar o adversário, aborrecido para quem via no estádio ou pela TV. A bola rodava por fora da estrutura defensiva adversária dum lado ao outro do campo, eles corriam para a direita, fechavam; corriam para a esquerda, fechavam; voltavam a correr para a direita, fechavam, etc...
Bragança e Hjulmand eram os engodos plantados nessa estrutura defensiva que obrigava os adversários a pensar antes de correr para os lados.
Neste encaixe do 3-4-3 do Sporting com o 5-3-2 do V. Guimarães o talento dos jogadores do Sporting levou a melhor. De três oportunidades marcou dois golos e a sincronização defensiva impediu um possível golo por penálti do adversário. Entretanto Hjulmand fazia um trabalho de sapa incrível, quase sozinho a defender à frente da linha de cinco.
Na 2.ª parte ou o Sporting marcava o terceiro e resolvia o encontro ou sujeitava-se a dissabores. O V. Guimarães ameaçava voltar ao jogo e complicar as coisas. E dum lance de génio de Pedro Gonçalves, que já tinha marcado o primeiro e assistido para o segundo, logo marcou o terceiro.
O jogo acabou aí, a vitória estava assegurada, o adversário estava esgotado. O resto foram sendo oportunidades desperdiçadas para aumentar a conta.
Melhor em campo? Pedro Gonçalves, mas Hjulmand e Catamo deram mais uma demonstração da evolução incrível de qualidade que tiveram ao longo da época. De resto todos muito bem, excepto o Israel, com mais um falhanço embaraçoso a sair dos postes naquele lance que podia ter dado penálti.
Arbitragem? Cláudio Pereira impecável, na calha para ser o melhor árbitro português, e muito eu o insultei nos primeiros jogos que o vi dirigir o Sporting. Que continue assim e não aceite o que os mais velhos aceitaram.
E agora? Ir ganhar ao Dragão, com Pinto da Costa a dormitar na cadeira e o Koelher a vender tudo a pataco aos amigos. Os empresários já fazem bicha no Citius para receber o deles enquanto existe.
PS: Comentários da sardinhada pirata esperta seguem directamente para o balde do lixo.
Da vingança em Alvalade. Recebemos o V. Guimarães, que nos tinha vencido (injustamente) no desafio da primeira volta do campeonato. Triunfo concludente da nossa equipa, por 3-0: repetimos a dose da época anterior. Excelente exibição num óptimo relvado com incessante apoio das bancadas, com a segunda maior enchente da época até agora (46.101 lugares preenchidos) e onde os adeptos nunca se cansaram de incentivar a equipa. Vimos um Sporting consistente, cheio de maturidade, muito superior à turma minhota. E com grau máximo de eficácia: ao intervalo, com apenas três remates enquadrados, tínhamos já dois golos à nossa conta.
De Gyökeres. O craque sueco regressou aos golos, pondo fim a mais de um mês de jejum. E logo a bisar. Foi dele o segundo, no último lance da primeira parte (45'+3), culminando belíssimo ataque posicional que justifica destaque autónomo nesta rubrica. E também o terceiro, aos 49', com espectacular assistência de Trincão. Tem 24 golos marcados neste campeonato. É um dos grandes obreiros desta fabulosa corrida para o título.
De Pedro Gonçalves. Destaco-o como melhor em campo. Fácil explicar porquê: marcou um golo (foi dele o primeiro, aos 30', num remate cruzado sem hipóteses para Bruno Varela), assistiu Gyökeres no segundo com um passe rasteiro a romper a defesa e esteve também no terceiro, picando a bola com categoria em pré-assistência para Trincão. Sem dúvida o melhor jogador português do plantel leonino. Já soma 11 golos na Liga.
De Daniel Bragança. Após a meia hora inicial, em que a bola mal circulou no nosso corredor central, tornou-se um dos mais influentes elementos desta recepção ao Vitória minhoto. Interveio nos nossos três golos, demonstrando todas as suas qualidades como médio ofensivo. No primeiro, com uma preciosa recepção orientada dentro da grande área após desmarcação oportuníssima, fazendo a bola sobrar para Pedro Gonçalves. No segundo, com uma tabelinha digna de aplauso com Pedro Gonçalves. No terceiro, é ele quem serve o n.º 8 antes da pré-assistência para Trincão. É já um dos pilares da equipa.
Do golaço ao cair o pano da primeira parte. Exemplo soberbo de futebol colectivo: 23 passes, de pé para pé, com trocas de bola muito rápidas, sempre ao primeiro toque, durante 48 segundos cheios de classe. Deu gosto ver no estádio. Dará muito gosto rever nas imagens filmadas, uma vez e outra.
Do árbitro. Boa actuação de Cláudio Pereira, aplicando o chamado critério largo, sem interromper continuamente o jogo para atender a faltas e faltinhas.
Das faixas de apoio em Alvalade. Numa lia-se «Fica, Amorim». Noutra - da Juventude Leonina - era possível ler-se: «Eu quero ser campeão outra vez». Esta irá cumprir-se. Resta ver se o mesmo acontecerá com a primeira.
Da regularidade leonina. Não perdemos na Liga desde 9 de Dezembro - precisamente a data da derrota no estádio D. Afonso Henriques. De então para cá, 16 vitórias e um empate. Uma série espantosa, digna de prolongado aplauso. No total, até agora, em 30 desafios vencemos 26. Um dos nossos melhores registos de todos os tempos.
De já termos marcado 131 golos em 2023/2024. Destes, 86 foram na Liga. Há precisamente meio século, desde a época 1973/1974, que não fazíamos tantos golos num campeonato. Temos agora mais 22 do que o Benfica e mais 32 do que o FC Porto. Diferença impressionante. Melhor ainda: há 77 anos (desde os Cinco Violinos) que não marcávamos tantos golos numa temporada.
Dos 80 pontos já conquistados. Ainda podemos obter 92 - marca absolutamente inédita no futebol português. Vamos agora com mais 18 do que os portistas e mais dez, à condição, do que os encarnados. A quatro jornadas do fim. Faltam-nos duas vitórias nestas quatro rondas para levantarmos o caneco mais cobiçado do futebol português.
De ver o Sporting sempre a fazer golos. Cumprimos o 17.º desafio consecutivo sem perder na Liga 2023/2024, com oito triunfos seguidos.
Da nossa 25.ª vitória consecutiva em casa na Liga. Alvalade é talismã para a equipa desde a época passada. Fizemos o pleno no campeonato em curso, até agora com folha limpa. E registamos 15 triunfos nos 15 desafios disputados como anfitriões na Liga 2023/2024. Nunca tinha acontecido nada semelhante desde que o nosso actual estádio foi inaugurado, em 2003.
Não gostei
De termos demorado desta vez meia hora para marcar. Já não estávamos habituados a tanta espera.
Da fraca réplica do V. Guimarães. O treinador Álvaro Pacheco montou a equipa num hiperdefensivo sistema 5-4-1 que permitiu trancar as vias de acesso à sua baliza durante 30 minutos. Mas quando a muralha ruiu o treinador foi incapaz de um golpe de asa que lhe permitisse contrariar a óbvia superioridade do Sporting. Nem parecia a mesma equipa que venceu o FCP fora (1-2) e empatou com o Benfica em casa (2-2). Também nada ajudou o facto de ter mantido fora do onze, até ao minuto 59, o seu melhor jogador, Jota Silva. Não me importaria nada de o ver de Leão ao peito na próxima época.
Da ausência de Diomande, a cumprir castigo. Mas St. Juste deu conta do recado, com actuação irrepreensível como central à direita, atento às dobras a Geny, que actuou quase sempre como extremo. Comprovando assim que este Sporting tem várias soluções no banco.
Do descuido de Israel. Manteve as redes intactas neste seu oitavo jogo a titular no campeonato. Mas saiu muito mal da baliza aos 32', abalroando Afonso Freitas em lance que poderia ter valido um penálti à equipa visitantes. Felizmente o ala vitoriano estava fora-de-jogo, forçando a anulação de toda a jogada.
A jornada 30, para nós, tem pontapé de saída às 20.30 de amanhã. Recebemos o V. Guimarães. Objectivo: vingar a derrota sofrida frente à mesma equipa na primeira volta. Perdemos 2-3 - cortesia do árbitro João Pinheiro e do vídeo-árbitro Hugo Miguel, que "fabricaram" um penálti inexistente favorável aos vimaranenses punindo falta que Adán não cometeu.
Na época anterior, o jogo homólogo terminou 3-0: triunfo categórico das nossas cores. Com golos de Edwards (2) e Morita.
Rúben Amorim debaixo de chuva e com ar preocupado em Guimarães: tinha razões para isso
Foto Lusa
Segunda derrota do Sporting no campeonato nacional em curso. Tal como a anterior - quando deixámos perder os três pontos em três fatídicos minutos do tempo extra, de modo quase inacreditável - também nesta foram cometidos demasiados erros para fazermos de conta que não existiram.
O primeiro foi do treinador. Vem insistindo em Esgaio como titular quando é cada vez mais óbvio que este não é um jogador que mereça tal distinção. Rúben Amorim faz excessivas mudanças na defesa - neste caso só uma que se impunha pela ausência de Coates por castigo, mas as alterações voltaram a ser mais extensas. E - erro maior - potenciou um buraco enorme no nosso meio-campo quando mandou sair Morten, talvez com receio de o ver amarelado no próximo clássico com o FC Porto em Alvalade, trocando-o por Paulinho, sem capacidade de retenção da bola nem de conter o caudal ofensivo vitoriano.
Houve jogadores que erraram. Gonçalo Inácio perdeu duas vezes a bola em zona proibida. Matheus Reis é parco em cruzamentos e quando arrisca geralmente sai-se mal. Edwards perdeu todos os confrontos individuais. Trincão mal existiu. Adán - intranquilo, lento a reagir - teve fortes responsabilidades no terceiro golo sofrido. Aquele que nos custou a derrota no Estádio D. Afonso Henriques.
Em noite muito chuvosa, sábado passado. Mais para lembrar do que para esquecer.
Foi um desafio intenso, quase sem pausas, sem tempos mortos, sem antijogo, sem autocarros estacionados. As duas equipas queriam vencer.
No caso do Sporting, a vontade era tanta que o treinador fez tudo para sair de lá com um triunfo quando podia ter trabalhado para o empate que se registava ao minuto 77. Confirma-se que querer não é sinónimo de poder. Razão tem o povo naquele ditado: mais vale um pássaro na mão do que dois a voar.
Deixámos voar o pássaro. À beira do fim, aos 81', no tal lance em que Adán tremeu. Frente a um Vitória que soube dar sempre luta rija em campo, agora sob a liderança do técnico Álvaro Pacheco, com a sua inconfundível boina.
Péssimo na fotografia ficou João Pinheiro, absurdamente considerado "melhor árbitro português". Só se for na playstation: no futebol não é nem nunca o foi.
Voltou a lesar o Sporting no último lance do primeiro tempo ao assinalar um penálti contra nós que só ele viu, por hipotético derrube de Adán a Mangas. Nenhuma imagem o confirma, pelo contrário: o nosso guarda-redes fez tudo para evitar o contacto após uma saída algo atabalhoada. E o vimaranense já ia em queda no momento em que Pinheiro, certamente vítima de alucinação, terá visto a tal grande penalidade que não existiu.
Com esse golo os do Minho ganharam ânimo: ao intervalo havia empate a uma bola. No segundo tempo lutámos, mas sem dar a réplica devida à turma anfitriã. Que teve a sabedoria de secar o nosso maior trunfo: Gyökeres bem tentou, mas quase nada conseguiu fazer no encharcado relvado de Guimarães.
Bem melhor esteve Nuno Santos, lutador incansável enquanto esteve em campo, durante todo o segundo tempo. O nosso melhor Leão à chuva.
Em suma: estivemos a ganhar, concedemos o empate, acabámos por perder. Numa partida cheia de emoções fortes. Talvez demasiado fortes para nós.
Para já, continuamos no comando da Liga 2023/2024. Mas valha a verdade: esta jornada 13 não nos trouxe sorte alguma. Melhores dias virão.
Breve análise dos jogadores:
Adán - Sofreu três golos, mas só teve culpa evidente num - precisamente aquele que nos fez sair sem qualquer ponto de Guimarães. Grandes defesas aos 73' e aos 88': aqui esteve muito bem.
Esgaio - Surpreendente central pela direita, permitindo adiantar Geny. Esteve longe de render assim. Aos 12' escapou por um triz ao amarelo. Aos 17' foi mesmo amarelado. Saiu ao intervalo.
Diomande - O melhor do reduto defensivo. Também o mais jovem, confirmando ser mesmo reforço. Fez de Coates, no centro da defesa. Protagonizando bons cortes e desarmes impecáveis.
Gonçalo Inácio - Quebrou jejum: marcou o primeiro golo da época, de pé direito (41'). Culminando bom lance colectivo de ataque. Pior lá atrás: perdeu a bola em dois golos sofridos.
Geny - Ala titular pela direita, não conseguiu articular-se com um Edwards quase eclipsado. Evidenciou-se em alguns lances individuais. É ele a iniciar a jogada do nosso segundo golo.
Morten - Boa exibição como médio posicional, formando duplo pivô com Morita. Eficaz para tolher movimentos dos adversários no corredor central. Inexplicável, a sua saída aos 61'.
Morita - Esteve no melhor e no pior. É ele quem disputa a bola que sobra para Gonçalo no golo 1. É ele também quem a desvia, de modo infeliz, no segundo golo do Vitória (73').
Matheus Reis - Muito contido nas manobras de ruptura no corredor esquerdo, que lhe foi confiado. Desgastou-se no confronto com Jota Silva nessa ala. Perdendo alguns duelos decisivos.
Edwards - Tão depressa se mostra em grande nível, cotando-se como melhor em campo, como desaparece por completo, incapaz de vencer um duelo. Foi este segundo Edwards a ir ao Minho.
Pedro Gonçalves - Um dos melhores em jogo ingrato: voltou a fazer mais de uma posição, o que o desfavorece. Lá na frente, quase marcou aos 8', inicia o primeiro golo e assiste no segundo.
Gyökeres - Tentou, mas desta vez sem conseguir. Neutralizado pelo croata Borevkovic (atenção, Hugo Viana!). Falhou duas finalizações: aos 57' (servido por Geny) e aos 61' (por Nuno Santos).
Nuno Santos - Melhor leão em campo. Substituiu Esgaio: fez todo o segundo tempo. Marcou o segundo num grande remate (77'). Construiu golos falhados por Gyökeres (61') e Trincão (71').
Paulinho - Amorim tomou decisão difícil de entender aos 61', quando retirou Morten e mandou entrar o avançado. Criou uma cratera no meio-campo sem compensar na qualidade ofensiva.
Trincão - Em campo desde o minuto 61', por troca com Edwards. Se um nada fez, o outro também praticamente não existiu. Desperdiçou soberana ocasião de golo (71'), depois sumiu-se.
De perder. Há cinco anos que o V. Guimarães não vencia uma equipa grande no campeonato português. Interrompeu hoje o jejum derrotando o Sporting por 3-2 no seu estádio, perante mais de 20 mil espectadores. Com 1-1 ao intervalo, num desafio desenrolado sempre debaixo de chuva. Custou ainda mais porque estivemos a vencer, com um golo aos 41'. Mas a vantagem durou escassos minutos, só até aos 45'+7. No segundo tempo a turma minhota marcou aos 73' e aos 80'. Nós ainda reduzimos aos 77', mas fomos incapazes de segurar ao menos o empate. Segunda derrota leonina nesta Liga 2023/2024. São jogos destes que podem custar a perda de campeonatos.
De Gonçalo Inácio. É certo que foi do central esquerdino o nosso golo inaugural, em lance corrido: estreou-se como artilheiro nesta temporada marcando não de cabeça mas com o pé, ainda por cima o direito. Mas a jogada que culmina no penálti (e consequente golo do Vitória) começa com uma perda de bola dele, o mesmo sucedendo no lance do segundo que sofremos. E no terceiro peca por notória falha de marcação em zona que lhe competia vigiar. Anda há várias jornadas muito abaixo do nível a que nos habituou.
De Esgaio. Rúben Amorim apostou nele como central à direita, num sistema híbrido em que se desdobrava como lateral desenhando-se uma linha de quatro defensores. Pouco rotinado nesta manobra, e sem um ala pronto a ir-lhe às dobras, claudicou logo nos primeiros embates. Foi poupado ao cartão numa falta que lhe podia ter valido o amarelo aos 12', mas a sua falta de pedalada era óbvia. Cinco minutos depois, volta a travar o adversário com imprudência: amarelado, jogou condicionado a partir daí. Já não regressou do intervalo, sem deixar saudades.
De Adán. Em estrito rigor, só parece ter responsabilidade num dos golos. No primeiro, é castigado por penálti que não cometeu. No segundo, foi traído por um involuntário desvio da bola em Morita. Mas no terceiro - o que nos custou a derrota - foi mal batido por Dani Silva, que remata com pouco espaço: o guardião espanhol, hoje capitão da equipa, nem o ângulo cobriu. Valha a verdade que protagonizou duas grandes defesas (73' e 88'), mas voltou a aparentar intranquilidade, contagiando os colegas. E continua incapaz de defender um penálti.
De Trincão. Perdeu o estatuto de titular, mas ao que parece nem para suplente vai servindo. Entrou aos 61', com o jogo ainda empatado 1-1: Amorim apostou nele como criativo para romper a muralha vitoriana, algo que Edwards tinha sido incapaz de fazer enquanto Gyökeres permanecia manietado pelos centrais. O ex-Braga foi incapaz de corresponder: presa fácil da turma adversária, sem conseguir ligação com os colegas, voltando a abusar do individualismo. Muito bem servido por Nuno Santos, aos 71', permitiu a defesa de Bruno Varela - o melhor do Vitória - tal como já tinha acontecido com Pedro Gonçalves aos 8'. Falhada esta finalização, voltou a desaparecer: mal se deu por ele.
De Paulinho. É mais fácil marcar três ao Dumiense, último classificado do quarto escalão do futebol português, do que criar um só lance de perigo frente à equipa que segue em quinto na Liga 1. Em campo desde o minuto 61', substituindo Morten, mal rondou a baliza e nem chegou a estar perto do golo. Mais de meia hora de inútil presença em campo, o que não constitui novidade. Amorim abdicou do melhor médio de contenção sem ganhar eficácia na linha avançada. O Sporting ficou mais exposto ao contra-ataque, facilitando a tarefa à equipa orientada por Álvaro Pacheco.
Da ausência de Coates. Afastado deste embate em Guimarães por cumprir castigo, devido à acumulação de amarelos, o internacional uruguaio fez falta. Mesmo lento, algo pesado e um pouco preso de movimentos, continua a ser o patrão indiscutível da defesa leonina. Não restam dúvidas: a equipa fica mais frágil sem ele.
Do penálti inexistente. O árbitro João Pinheiro, sem surpresa, teve influência no resultado. Ao assinalar uma grande penalidade que só ele parece ter visto. Adán, saindo algo inseguro dos postes aos 45'+3, fez uma travagem brusca, ajoelhando para evitar o choque com o portador da bola, Mangas, aliás já em queda não provocada. Nenhuma imagem confirma que tenha havido contacto físico entre os jogadores. Momentos antes haviam sido lançadas tochas para o relvado e permanecia ali muito fumo, dificultando a visão de todos. O VAR Hugo Miguel devia ter sugerido a Pinheiro, pelo menos, que observasse as imagens no monitor. Mas nem isso aconteceu. Assim nasceu a grande penalidade que permitiu ao Vitória empatar no último lance da primeira parte. Sem ter criado verdadeiramente uma situação de golo iminente até esse momento.
Daquele desespero final. Últimos dez minutos de pressão contínua mas desordenada e muito caótica da nossa equipa contra a baliza vimaranense, mais com o coração do que com a cabeça, parecendo obedecer ao "sistema táctico" tudo ao molho e fé em Deus. Com estrelinha, talvez resultasse. Mas - talvez por causa da chuva intensa - desta vez ela andou ausente. E, valha a verdade, o Vitória foi sempre uma equipa bem arrumada, bem organizada, tenaz e batalhadora. Com elementos em grande nível, como Varela, Händel, André Silva e Tomás Silva. Num jogo que não merecíamos ganhar.
De termos perdido a vantagem. Deixámos de estar isolados no topo do campeonato e fomos incapazes de ampliar a distância face ao Benfica, que empatou em casa com o Farense. Os encarnados estão agora um ponto atrás de nós, o Braga com menos dois e o FCP igualou-nos na pontuação ao vencer o Casa Pia no Dragão por 3-1, resultado insuficiente para nos destronar do comando. Um triunfo em Guimarães deixar-nos-ia com mais quatro do que o SLB e três acima dos portistas imediatamente antes do clássico. Parecemos optar sempre pela via mais difícil.
Gostei
De Diomande. Com Coates ausente, fez ele de patrão da nossa defesa. E cumpriu no essencial, embora não isento de reparos. Perante um Esgaio longe de cumprir os mínimos e um Gonçalo que tem fases de inexplicável desconcentração, foi ele - sendo o mais novo dos centrais - a fazer de adulto naquela zona do terreno. Desarmes perfeitos aos 23' e aos 34'. Grandes cortes aos 63' e aos 70'. Ganhou praticamente todos os duelos neste duro e difícil confronto em Guimarães.
De Nuno Santos. Voto nele como o nosso melhor em campo. Não apenas pelo golo que marcou, com assistência de Pedro Gonçalves, mas sobretudo por ter dado sempre mostras de ser o mais inconformado do onze leonino. Fez tudo para empurrar a equipa para a frente, com fibra de lutador. Se há jogador que não merecia esta derrota, é ele.
De podermos defrontar o FC Porto sem jogadores castigados. Coates "limpou" os cartões neste V. Guimarães-Sporting. E os três colegas que estavam à bica, quase tapados com amarelos, não foram admoestados por João Pinheiro. Edwards, Morten e Gonçalo Inácio poderão assim integrar o onze titular que defrontará a turma portista em Alvalade no próximo dia 18.
Custa perder assim na antevéspera do clássico, custa ter de assistir ao cadastrado Pinheiro transformar uma expulsão dum adversário que se "atirou para a piscina" num penálti, custa assistir a muitos erros próprios intervalados com coisas muito bem feitas, mas é preciso cabeça fria, não entrar em depressões de bipolaridade, analisar os erros cometidos e preparar o futuro.
Antes do mais, em Guimarães, à chuva, com o terreno pesado, sem o melhor onze em campo, com Inácio e Hjulmand condicionados pelos amarelos, contra um adversário numa das suas melhores noites, já com o trauma do penálti, com o jogo empatado a meio da 2.ª parte é melhor controlar o jogo e aceitar o empate, ou arriscar e tentar a vitória? Eu seria pela primeira opção. Rúben Amorim, já o Nuno Dias do futsal tinha feito o mesmo na Supertaça, foi pela segunda. E perdemos.
Podem dizer que a vitória dá 3 pontos, o empate 1 e o Sporting tinha de tentar a vitória. Pois. Mas a verdade é que perdemos, e perder custa muito mais a todos, treinador, jogador, sócios, adeptos, do que o empate. E o ponto perdido pode fazer muita falta.
Na 1.ª parte já se tinha percebido que a linha defensiva sem Coates não garantia confiança, quer pela organização global pensada por Amorim para um 3-4-3 bem diferente do normal, quer pelo desempenho individual de Esgaio e de Inácio.
Inácio está no primeiro golo, batido no jogo aéreo, no segundo é batido no contra-ataque, e no terceiro é batido no tackle. Se já se percebeu que não atravessa a melhor fase, porque não foi Diomande o escolhido para o meio e Inácio à direita? Não percebi.
Foi tudo em função de encaixar Catamo na ala direita e aproveitar a sinergia com Edwards? Com Edwards em noite de "peixe fora de água" a boa ideia não resultou de todo.
Na 2.ª parte, a saída de Hjulmand destruiu a equipa. Com Pedro Gonçalves, até então o melhor avançado a ter de recuar no terreno, perdemos completamente o controlo do jogo. Trincão mais uma vez entrou em modo zombie, jogou pouco e desperdiçou uma oportunidade que lhe caiu do céu para marcar.
Resumindo, patrão Coates fora dia santo na loja, um grande jogo para ver na TV, uma exibição de altos e baixos do Sporting, uma derrota que podia ter sido evitada, como a da Luz a podia e devia ter sido, e a noção reforçada de que esta equipa precisa de reforços no mercado de inverno, especialmente para o meio-campo. Pedro Gonçalves não pode recuar no terreno, nem Coates ir para ponta de lança a meio da 2.ª parte. Ponto.
Melhor em campo? Diomande.
Piores em campo? Esgaio, Inácio, Edwards, Trincão, o Gyökeres também está no lote. Enfim, gente demais, Pinheiro à parte, para termos merecido conquistar os 3 pontos em Guimarães.
E agora? Seguimos no topo da 1.ª Liga, seguimos na Liga Europa, na Taça da Liga e na Taça de Portugal. Agora é despachar o jogo-treino europeu de quinta-feira e ganharmos o clássico na segunda-feira seguinte em Alvalade.
E eu e muitos Sportinguistas como eu lá iremos estar. Em Alvalade, com muita confiança no futuro, a apoiar Amorim e equipa. Porque eles merecem mesmo.
Deslocação bem difícil, a de amanhã a Guimarães para defrontar o Vitória local. Pelo adversário, pelos riscos de exclusão de alguns para o clássico e pelo apitador de serviço, que tem sido levado ao colo pela APAF/CA como um valor da arbitragem europeia, mas cujo cadastro nacional no que respeita ao Sporting é por demais conhecido. Um árbitro ou incapaz de distinguir as palhaçadas dos Taremis e Otávios desta vida, ou encontrando nelas o alibi para ganhar o dele e beneficiar outros.
Num dos últimos editoriais de A Bola se dizia que o "melhor futebol desta Liga foi até agora o futebol do Sporting". Pouco vejo os jogos dos rivais para ter opinião sobre o assunto, o que posso dizer é que o melhor futebol das equipas do Sporting de Rúben Amorim foi o melhor futebol desta equipa. Muito por "culpa" dum "extraterrestre" Gyökeres, incluido com Diomande e Hjulmand num trio de reforços altos e fortes de que o Sporting muito precisava.
São já 20 jogos apenas com duas derrotas e três empates. Nestes cinco casos (Braga, Atalanta, Rakow, Benfica, Atalanta) existiram sempre situações fortuitas e já dissecadas que impediram melhor sorte, morremos na praia ingloriamente. E sofrer menos do que temos sofrido, com equipas que conseguem o golo na primeira vez que chegam próximo da nossa baliza. Podíamos estar melhores do que estamos, mas é o que temos.
Pedro Gonçalves foi e continua a ser o melhor jogador - ou pelo menos o jogador mais importante - desta equipa. No apoio aos médios a defender e a construir, no passe curto e longo, nos centros com precisão e nos golos, que nesta altura por falta de confiança ou de sorte têm escasseado. Neste último jogo já se viu melhor articulação com o sueco, com uma assistência para golo.
Com Coates, Bragança e St. Juste de fora, o onze inicial deverá ser muito próximo daquele contra o Gil Vicente, deixando Catamo no banco como "joker" para entrar com tudo mais tarde. Isto é:
Adán; Diomande, Inácio e Matheus Reis; Esgaio, Hjulmand, Morita e Nuno Santos; Edwards, Gyökeres e Pedro Gonçalves.
E é para ganhar. Obviamente.
PS: Quanto mais oiço o Conceição mais gosto de Amorim. Decididamente.
Amanhã, às 18 horas, outro jogo importante: vamos a Guimarães defrontar o Vitória local. Esperando que o clube anfitrião não faça jus ao nome.
Na época passada, em Abril, fomos lá ganhar 2-0. Com golos só na segunda parte, marcados por Pedro Gonçalves (47') e Arthur (90'+3). Morita foi um dos melhores em campo.
St. Juste, Daniel Bragança e Fresneda, lesionados, estão agora ausentes da convocatória. Contamos com os restantes, naturalmente. Daí a pergunta que aqui deixo: quais são os vossos prognósticos para este V. Guimarães-Sporting?
(benfiquista) - Se não fosse o Jokeres estavas debaicho da linha dágua
(sportinguista Calimero/Realista) - Se não fossem as arbitragens estavas em último [para alguns é tabu falar das arbitragens que jogo sim, jogo sim vão levando o FC Porto e o SL Benfica ao colo].
(sportinguista de origem brasileira) - Qu' é isso, cara. Joker em português do Brasil, é curinga, sabes o que significa curinga? É, sabe não, vou explicar, curinga vem de uma língua africana, kuringa, pode sé fingir, pode sé matar. Kuringa é a ginga que finge ir por cá mas vai por lá, kuringa é o drible e o golo; o fingimento e a morte da jogada.
(benfiquista) - Blá, blá, blá, na se esqueçam que vão jogar com o Guimarães às seis da tarde, quantos jogos é que venceram antes das oito danoite?
Nisto o benfiquista tem razão, vamos jogar muito cedo, é imprescindível estarmos muito concentrados no Vitória Sport Clube.
Esqueçam as homenagens ao português mais estrangeiro (que nem estará em jogo).
Não se foquem no Viktor, atentem ao Vitória.
Há muitos resultados possíveis em Guimarães, escolham e lutem por aquilo que preferem.
A bola rematada pelos nossos jogadores entrou um par de vezes na baliza adversária. Foi no V. Guimarães-Sporting, com triunfo leonino sem margem para discussão. Também houve dois vencedores na habitual ronda de prognósticos, aqui organizada há longos anos, jornada após jornada.
Cumprimento os vencedores: Leão Cabril e Paulo Batista. Ambos acertaram no resultado (0-2) e no nome de um dos artilheiros (Pedro Gonçalves). Faltou o outro (Arthur), mas não faz mal.
Saúdo também o leitor David de Carvalho, que antecipou igualmente o desfecho desta partida, embora sem acertar nos marcadores.
Morita: grande exibição em casa do Guimarães. Mais uma assistência para golo
Foto: José Coelho / EPA
Se conseguíssemos jogar sempre assim, sobretudo pelo que demonstrámos na segunda parte, as coisas teriam sido muito mais fáceis neste campeonato, agora a cinco jornadas do fim. O Sporting anulou por completo o V. Guimarães num jogo que foi de sentido único nos 45' finais. De tal modo que a equipa da casa não dispôs de uma verdadeira oportunidade de golo. Adán foi pouco mais do que um espectador no Estádio D. Afonso Henriques.
Vencemos 2-0. E podíamos ter ampliado a vantagem. Bastaria o árbitro Luís Godinho e o vídeo-árbitro Hugo Miguel terem assinalado um penálti de Bamba cometido sobre Morita aos 86'.
Na meia hora inicial, o nosso domínio não se traduziu em grandes ganhos territoriais - e ainda menos hipóteses reais de inaugurar o marcador. Mas, aos poucos, fomos encostando a turma vimaranense ao seu reduto. E acabámos por lhe fazer uma espécie de nó cego: após o empate nulo que permanecia ao intervalo, era só questão de acelerar um pouco e intensificar a pressão ofensiva para a resistência quebrar.
E quebrou mesmo, logo aos 47'.
Entrada imparável da nossa equipa após o descanso, com Pedro Gonçalves a comandar as operações. Passe soberbo de Morita, no corredor central ofensivo: foi quanto bastou para o artilheiro fazer o resto, bem ao seu jeito. Primeiro golo leonino, o vigésimo do nosso criativo nesta temporada. Faltam-lhe só três para igualar a melhor época da sua carreira - a de 2020/2021, em que foi decisivo para trazer para Alvalade o título de campeão.
Melhor em campo, Pedro Gonçalves não foi o único a ter um desempenho digno de elogio. Diomande confirmou ser o reforço que nos faltava na linha defensiva. Seguro, sóbrio, sereno - tem precisão de passe e grande disciplina posicional. Dotado de bom físico e boa técnica. Já conquistou a titularidade.
Também Ugarte deu nas vistas. Fazendo pressão alta sobre a equipa adversária, condicionando-lhe a saída com bola controlada, e notável sentido posicional. Por ele é sempre difícil passar: o internacional uruguaio tem o condão de ser um dos mais eficazes médios ofensivos do futebol português. E vai compondo uma parceria quase perfeita com Morita, que neste jogo disputado há três dias somou mais uma assistência ao seu currículo. Verdadeiro reforço, ele também.
Menções honrosas igualmente para Nuno Santos, muito activo no seu corredor, vencendo sucessivos duelos individuais - o mais acutilante dos nossos a centrar.
Coates voltou a estar acima da média, atento aos cortes atrás e nunca deixando de marcar presença nas bolas paradas ofensivas. O capitão uruguaio chegou a metê-la lá dentro, de cabeça, mas o golo acabou anulado por fora-de-jogo.
Destaque ainda para Trincão e Arthur: entraram ambos muito bem, quando a dinâmica colectiva do Sporting já exigia mudanças de protagonistas. Pressionaram alto, perturbaram a construção vimaranense e não tiraram os olhos da baliza. Mais feliz o brasileiro: logo ao primeiro remate, marcou - com assistência de Adán num magnífico passe de 70 metros. Mas também Trincão poderia ter enviado a bola para o fundo das redes. Faltou-lhe pouco, aos 86'.
Com esta preciosa vitória no Minho segurámos de vez o quarto lugar. Queremos mais, muito mais, mas não há grande probabilidade de galgar a tabela classificativa para reduzir a diferença que ainda nos separa do Braga (sete pontos e FC Porto (nove pontos). Coisa complicada, quando já só faltam disputar 15 pontos. Estamos longe de depender só de nós para garantirmos uma posição na tabela com acesso - directo ou indirecto - à Liga dos Campeões.
Se fosse possível corrigir alguma coisa, Rúben Amorim não voltaria a retirar Pedro Gonçalves da linha avançada, como foi fazendo em demasiados jogos. Mas agora é tarde para fazermos estes exercícios de especulação. O futebol vive de certezas, não vive de suposições. A palavra se é uma das mais inúteis no reino da bola.
Breve análise dos jogadores:
Adán - Pouco trabalho. Espectacular assistência para o segundo golo, aos 90'+3.
Diomande - Dois meses depois, já é titular indiscutível. Exibição de grande classe.
Coates - Cortes preciosos aos 67' e aos 90'. Chegou a marcar de cabeça, aos 87', mas estava adiantado.
Matheus Reis - Cumpriu no essencial, combinando bem com Nuno Santos. Pendular a defender.
Esgaio - Descolou da linha, fez muitos movimentos interiores. Podia ter marcado aos 23': a bola foi desviada in extremis.
Ugarte - Insuperável a suster o ataque adversário e a recuperar bolas. Digno sucessor de Palhinha.
Morita - Fez parceria muito dinâmica com Ugarte. Assistiu no primeiro golo. Espectacular túnel aos 86': carregado em falta dentro da área.
Nuno Santos - Incansável no vaivém junto à linha esquerda. Centrou com critério.
Edwards - Abusou das fintas, no tradicional movimento de fora para dentro à direita. Acabou por se tornar inofensivo.
Pedro Gonçalves - Marcou pela terceira jornada consecutiva. Abriu a contagem, aos 47' - já leva 20 golos nesta época.
Chermiti - Movimentou-se muito dentro da área, mas nem sempre com critério. Tentou dois golos com nota artística: falhou em ambas as ocasiões.
Trincão - Entrou muito bem, aos 72', rendendo Chermiti. Atirou forte, aos 86': só uma grande defesa do guarda-redes o impediu de marcar.
Gonçalo Inácio - Substituiu Matheus Reis aos 79'. Cumpriu no essencial.
Arthur - Rendeu Pedro Gonçalves aos 79'. Chegou muito a tempo de marcar o segundo golo, aos 90'+3. Anda de pé quente.
Rochinha - Substituiu Edwards aos 90'+2. Só para o aplauso do público vimaranense, que conserva boa memória dele.
Pedro Gonçalves muito cumprimentado após marcar o nosso primeiro golo em Guimarães
Foto: José Coelho /EPA
Gostei
Da vitória de ontem num estádio difícil.Fomos a Guimarães bater a equipa local por 2-0, perante 21.893 pessos que assistiram a esta partida ao vivo - recorde de bilheteira no estádio vimaranense até ao momento na época em curso. Boa exibição leonina, sobretudo na segunda parte, com domínio indiscutível da nossa parte traduzido em dois golos - um a abrir, por Pedro Gonçalves, aos 47'; outro a fechar, por Arthur, aos 90'+3. Missão cumprida, sem grande brilho mas com zelo. E uma vontade enorme de conquistar os três pontos.
De Pedro Gonçalves. Marca pelo terceiro jogo consecutivo. Voltou a fazer o gosto ao pé, bem lançado por Morita, naquele seu estilo muito peculiar de rematar mais em jeito do que em força, mas com colocação perfeita. Desfez o empate e valeu-nos mais uma vitória. Segue com 15 golos na Liga, 20 no total da época. Está apenas a três de igualar a sua melhor marca de sempre - a de 2020/2021, quando fomos os campeões e ele se distinguiu como artilheiro do campeonato. Melhor em campo.
De Ugarte e Morita. Grande desempenho dos médios leonino, em clara supremacia, vulgarizando os rivais do Vitória que actuam nesta zona do terreno. Ugarte distinguiu-se sobretudo no capítulo da contenção e da recuperação, enquanto o internacional nipónico brilhou na construção e no transporte da bola. Vital na assistência para o primeiro golo com um passe vertical extremamente bem medido. Está encontrado - um pouco tarde de mais - o duo ideal para substituir a antiga parceria Palhinha-Matheus Nunes. Oxalá não se desfaça já no próximo Verão.
De Nuno Santos. Continua imbatível no capítulo da entrega ao jogo. Nunca dá por perdido um confronto individual, sobretudo junto à linha, onde se sente como peixe na água. Trabalha para a equipa como poucos, sem desfalecimentos. Aos 4', já estava a sacar um amarelo ao rival directo que lhe fazia marcação. Cruzou quase como assistência para golo de Pedro Gonçalves (55'), em lance infelizmente desperdiçado. Sem nunca descurar missões defensivas.
De Diomande. Vai mostrando os seus dotes de jogo para jogo. Chegou há pouco tempo, mas parece actuar há anos no Sporting. Voltou a marcar presença como titular na linha dos centrais, à direita, e cumpriu com distinção o papel que lhe foi atribuído. Sem se inibir de subir no terreno também para tentar o golo - foi dele o primeiro remate enquadrado do Sporting, aos 5'. Belo passe vertical aos 60', queimando linhas. Já ninguém duvida: é mesmo reforço.
Da assistência de Adán. Mesmo ao cair do pano, o nosso guarda-redes repôs a bola com um espectacular pontapé de 70 metros que apanhou toda a equipa do Vitória adiantada e permitiu a Arthur marcar o segundo golo, fechando o resultado. Momento de excelente futebol no Estádio D. Afonso Henriques. Seria óptimo vermos lances destes mais vezes.
De termos cumprido o nono jogo consecutivo sem perder neste campeonato. Nem todos terão reparado nisto, mas não sofremos qualquer derrota desde a recepção ao FC Porto, há mais de três meses. Vencemos Chaves, Estoril, Portimonense, Boavista, Santa Clara e Casa Pia, empatámos com Gil Vicente e Arouca, e agora fomos vencer a Guimarães. Somos, aliás, a equipa que está há mais tempo sem perder na Liga 2022/2023. Vamos fazer tudo para manter este registo até ao fim do campeonato. Só faltam cinco partidas.
Não gostei
De ver o nosso treinador ausente. Rúben Amorim, castigado, assistiu ao jogo no piso superior do estádio, sem poder dar instruções directas para dentro do relvado, como ele tanto gosta. Mas os jogadores nem por isso se empenharam menos. Atitude positiva, demonstrando que estão com o técnico.
De Chermiti. Apareceu mais solto e atrevido depois do intervalo, mas durante toda a primeira parte foi presa demasiado fácil para o reduto defensivo do Vitória. Incapaz de se libertar das marcações, o jovem avançado fez o primeiro remate só aos 54', quando atirou à figura. Depois tentou dois golos com "nota artística", mas sem o menor sucesso: aos 60', quis marcar de calcanhar e aos 66' ensaiou um pontapé de bicicleta de costas para a baliza. Faria melhor em deixar-se de acrobacias e não complicar. Vai sendo tempo de quebrar o já prolongado jejum de golos.
Do Vitória. Na comparação com o Braga, seu emblema rival, vai-se menorizando cada vez mais. Neste embate com o Sporting foi incapaz de construir uma verdadeira oportunidade de golo. Chegou a metê-la lá dentro, aos 45'+1, por André Silva, mas não valeu por estar fora-de-jogo. Milimétrico, é certo: apenas 7 centímetros de deslocação. Medir desta maneira pretensos foras-de-jogo, para mim, é delito lesa-futebol. Escreverei isto quer o Sporting seja beneficiado quer o Sporting seja prejudicado, tanto faz. Anular golos por tão pouco é uma aberração.
De ver o Sporting ancorado no quarto lugar. Sem sintomas de recuperação na tabela classificativa. O Benfica mantém-se com mais 13 pontos, o FC Porto com mais nove e o Braga com mais sete. Há ainda 15 pontos em disputa, mas a lógica - contrariando os cenários ainda possíveis em termos aritméticos - indica-nos que nada de relevante já irá mudar.
Depois duma primeira parte com muita cacetada da equipa da casa e pouco futebol, e que ia terminando muito mal com um golo anulado a essa equipa por poucos centímetros, a segunda foi toda nossa.
Contra estas equipas muito fechadas e a aguardar a sorte do jogo, é crucial marcar primeiro. O Sporting marcou a abrir a 2.ª parte e logo o jogo se tornou de sentido único: a equipa atacava e ia desperdiçando ocasiões de golo, o V. Guimarães tentava sair depressa e logo perdia a bola para novo ataque do Sporting. Ainda deu para Coates ter um golo anulado e Arthur marcar num meio frango do guarda-redes adversário.
Melhor em campo? Ugarte, mas também Diomande, Nuno Santos e Morita estiveram muito bem.
Este jogo foi mais uma prova de que o modelo de jogo em 3-4-3 de Rúben Amorim continua a ser mais-valia, propicia muito jogo de ataque e poucas ocasiões de golo ao adversário, o Adán hoje não sujou os calções. Mas indica também que está dependente da qualidade dos jogadores à disposição. Existem claramente posições deficitárias que importa preencher.
Por último, o campeonato não está terminado. Faltam cinco jornadas para cumprir com cinco jogos todos dificeis para ganhar. Para isso o onze tem de ser sempre o melhor disponivel. Não é o momento para fazer experiências.
Faltam-nos seis jogos para chegar ao fim desta triste temporada 2022/2023. O primeiro vai disputar-se logo à noite. E promete não ser nada fácil. É o V. Guimarães-Sporting, com início previsto para as 20.15.
Nas anteriores jornadas a pontaria dos nossos leitores andou tão desafinada como a pontaria doas jogadores leoninos no momento do remate.
Como será desta vez?
Aguardo os vossos prognósticos.
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