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És a nossa Fé!

Uruguachos em Lisboa

Maxi, ala esquerdo, é o novo reforço do Sporting e o mais recente uruguaio a vestir a camisola listada verde e branca. Quem foram os outros?

O primeiro uruguaio no Sporting foi Enrique Fernández, que jogou e treinou no Barcelona e chegou a Lisboa já como técnico, em 1957. No ano seguinte, por sua indicação, chegou José Caraballo, avançado “charrua”. Teve pouco sucesso, fazendo apenas 3 golos em 13 jogos. Passou depois por Braga, Salgueiros e Montijo. O seu neto, Peter, passou pelas camadas jovens do Sporting. Em 1988, chegou o treinador Pedro Rocha e o guarda-redes Rodolfo Rodriguez, anunciado como uma das “unhas” do leão. Fez 20 jogos e sofreu 18 golos, não estando à altura das expetativas.

Quase 20 anos depois, chegou mais uma desilusão. Carlos Bueno só se destacou num jogo, marcando 4 vezes ao Nacional. Ainda assim, saiu com uma Taça de Portugal. Em 2011, chegou Luis Aguiar. Médio de qualidade, com passado no Braga, acabou por nunca se estrear, jogando até hoje no Uruguai. Em janeiro de 2012, mais uma má jogada. Seba Ribas, avançado, veio emprestado pelo Génova e com zero golos em 7 jogos, deixou Lisboa e andou a falhar por vários países antes do regresso a casa.

Em janeiro de 2016, mudou a sorte. Chegou Coates, saído este ano como grande capitão e histórico defesa. Fez 369 jogos, marcou 37 vezes e ajudou na conquista de dois campeonatos e mais 6 títulos nacionais. Dispensa apresentações. Coates recebeu depois o médio Manu Ugarte, herdeiro de Palhinha no meio-campo. Em duas épocas, ganhou uma Taça da Liga e saiu por 60 milhões. Franco Israel chegou em 2022 para ser suplente de Adán. A lesão do espanhol fez com que fosse titular na segunda metade da época passada, ajudando o clube a ser campeão.

É agora a vez de Maxi ser como os seus últimos compatriotas.

O mercado do mate (cont.)

Será que sim?

Temos mate?

O actual colega do Paulinho e extremo esquerdo da selecção uruguaia está a caminho do Sporting?  

O dia em que Paulinho fez assistência para Maxi Araújo, avançado que está a caminho do Sporting - Sporting - Jornal Record

A propósito dele diz o "El Loco" Bielsa, que o catapultou na selecção, aquele mesmo que ao serviço do Atlético de Bilbau eliminou o Sporting de Sá Pinto, mais ou menos isto:

"Um bom jogador não é aquele que tem virtudes. Todos os jogadores têm virtudes e as virtudes são importantes. Um bom jogador é aquele que consegue pôr em jogo uma alta percentagem das virtudes que tem."

SL

O mercado do mate

Como facilmente se percebe, tenho como maior ídolo como futebolista do Sporting o Hector "Chirola" Yazalde, e não o troco por nenhum outro, nem mesmo pelo Manuel Fernandes que lhe sucedeu no ataque do Sporting.

Talvez por aí fiquei com um fraquinho pelos argentinos. 

E desde os tempos do Yazalde até agora, alguns, não muitos, argentinos chegaram e venceram no Sporting, como Duscher, Acosta e Acuna. E eu fui um furioso adepto de todos deles.

Mais recentemente vieram os uruguaios, Coates e Ugarte. De alguma forma diferentes dos argentinos, mais calmos e relaxados, mas também fiquei fã. E furioso adepto fiquei também.

Estou a escrever estas linhas ao mesmo tempo que vejo na Sport TV o Alan Ruiz, um argentino que veio para o Sporting duma forma sui-generis que muito critiquei, por muitos milhões que incluiram um "emprego" fantoche para o irmão, o Jorge Jesus e o Bruno de Carvalho conhecem os detalhes. Continua a ser um jogador com características difíceis de encaixar numa equipa de topo, mas que sempre defendi enquanto o Jorge Jesus o pôs a jogar. Uma lesão em Braga no final da época em muito o prejudicou.

Ainda agora lá anda o Tanlongo, e por mim ficava no plantel. Gosto dele.

A raça, a intensidade, a superação do futebolista argentino combina às mil maravilhas com a técnica e a inteligência de jogo do português.

E não vou nomear aqui os grandes futebolistas argentinos que passaram ou estão nos dois rivais e triunfaram. Muitos mais daqueles que o fizeram no Sporting.

Limito-me a dizer que o Sporting devia olhar com outros olhos o "mercado do mate", a Argentina e o Uruguai. 

Se calhar com acordos com empresários locais, se calhar com acordos com clubes locais, mas está ali um filão com uma qualidade tremenda e diferenciada relativamente ao que podemos formar em Alcochete que temos de explorar.

Francamente sou alérgico à erva, de todas as formas, não fumo nem tabaco nem o que se fuma nalguns locais, detesto chá seja do que for, mas um destes dias vou experimentar... o mate.

SL

Super-Bruno põe Portugal nos oitavos

Mundial 2022: triunfo contra o Uruguai (2-0)

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Bruno Fernandes, melhor em campo, celebra segundo golo contra o Uruguai

(Foto:  Kirill Kudryavtsev/AFP)

 

Outro dia péssimo para os profetas da desgraça, que andam a salivar para cair em cima da selecção nacional, ansiando por derrotas. São tempos complicados para estes tugas sempre prontos a denegrirem as nossas cores e os nossos jogadores. Apoiam seja quem for que actue contra nós.

Tiveram azar. Portugal venceu ontem o Uruguai, por 2-0, num desafio em que foi claramente superior. Segundo triunfo consecutivo, após a nossa vitória frente ao Gana (que ontem derrotou a Coreia do Sul) na ronda inaugural do Grupo H do Campeonato do Mundo.

Este desafio superado com sucesso teve um sabor muito especial. Por ser a desforra da partida que há quatro anos nos afastou do Mundial 2018, nos oitavos-de-final, com dois golos de Cavani enquanto Pepe marcava pelo nosso lado. Desta vez o veterano avançado uruguaio ficou em branco, tal como os seus compatriotas Darwin Nuñez, ex-Benfica, e Luis Suárez.

 

Jogo de sonho para Bruno Fernandes, de novo o melhor em campo no Catar. Marcou os dois golos, aos 54' e aos 90'+3 - este de grande penalidade. E teve duas excelentes oportunidades para ampliar a vantagem mesmo ao cair do pano, aos 90'+8 e aos 90'+9: a primeira só travada por grande defesa do guardião Rochet, a segunda foi ao poste.

Destaque também para Pepe, que regressou à equipa das quinas para se confirmar como eficaz patrão da defesa, Diogo Costa (desta vez sem deslizes) com duas defesas dignas de nota muito elevada e Cristiano Ronaldo, que mesmo sem marcar teve intervenção decisiva no nosso primeiro golo, com desmarcação que baralhou Rochet. 

Justificam igualmente aplauso os "nossos" João Palhinha e Matheus Nunes, em campo desde o minuto 82: ambos contribuíram para consolidar o domínio leonino. Deviam ter entrado mais cedo.

Nota negativa para a saída de Nuno Mendes, aos 41, aparentemente por agravamento da lesão que já sofrera. Enquanto esteve em campo foi um dos melhores. Ao contrário do apagadíssimo João Cancelo e do desinspirado Rúben Neves. Diogo Dalot e Palhinha merecem ser titulares.

 

Os tais profetas andavam a uivar maus agoiros há largas semanas. Enganaram-se redondamente até ao momento. A selecção portuguesa é apenas a terceira a qualificar-se para a fase seguinte, ainda antes de disputar o terceiro jogo - será na sexta-feira, contra a Coreia do Sul treinada por Paulo Bento. Além de nós, por enquanto, só França e Brasil confirmaram presença nos oitavos-de-final.

O que fazer? Manter o apoio, claro. Falo por mim - e tenho a certeza de que falo pela esmagadora maioria dos portugueses.

Os outros vão continuar a resmungar e a lançar pragas. Mas agora em tom mais baixo, quase em surdina. É outra boa notícia.

Que mudanças no onze titular?

Mais logo, pelas 19 horas (portuguesas), a selecção das quinas volta a entrar em campo. Depois da vitória contra o Gana, vamos enfrentar o Uruguai. Selecção de má memória para nós: foi a que nos eliminou nos oitavos do Mundial 2018.

Sabe-se já que Danilo, lesionado, não volta a calçar no Catar: no seu lugar jogará Pepe, autor do solitário golo português contra os uruguaios no desafio de Junho de 2018 em Sochi.

Que outras alterações deve Fernando Santos fazer no onze titular desta partida que quase todos queremos ganhar?

Os nossos

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Enquanto adepto do Sporting, sinto-me representado na selecção portuguesa de futebol. Por jogadores que, mesmo usando hoje outros emblemas, continuam a ser sportinguistas. Como, por exemplo, Bruno Fernandes, Nuno Mendes, João Palhinha e Matheus Nunes - além do incomparável Cristiano Ronaldo, o melhor futebolista português de todos os tempos. 

Para não variar, o Sporting destaca-se nesta convocatória por ser o clube mais formador de jogadores da selecção: oito, no total. 

O Sporting está também representado no Catar pelas selecções do Uruguai (Coates e Ugarte), Japão (Morita) e Gana (Fatawu). Motivos acrescidos para acompanhar o percurso destas selecções se este Campeonato do Mundo nos suscitar algum interesse.

Há males que vêm por bem

Ugarte e Coates convocados para a selecção do Uruguai, que ainda alimenta a esperança de se qualificar para o Campeonato do Mundo. Felizmente nenhum deles «contraiu covid», ao contrário do azarado Pepe, dispensado de disputar o jogo de hoje contra a Turquia e uma segunda partida na próxima terça-feira, contra uma selecção ainda a definir, o que o salvaguarda de eventuais lesões ao serviço da equipa das quinas.

Há males que vêm por bem.

A ver o Mundial (11)

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MODRIC, SIM

 

A malfadada crise no Sporting e as constantes erupções noticiosas provocadas por Bruno de Carvalho fizeram-me prestar muito menos atenção a este Campeonato do Mundo do que eu desejaria. E a ter quase tempo nenhum para escrever sobre os desafios que pude ver.

Acontece que as "minhas" equipas foram ficando pelo caminho. Primeiro, a selecção nacional: tombou nos oitavos-de-final, muito aquém dos pergaminhos que tinha a obrigação de defender enquanto campeã europeia em título.

Depois, a selecção que fez tombar a nossa - o Uruguai de Cavani, Godín, Betancur e Luis Suárez. Infelizmente sucumbiu nos quartos-de-final, frente à matreira França.

Optei então pela Bélgica, cujo futebol tanto me seduziu no Mundial - sobretudo nas partidas contra o Japão (3-2) e o Brasil (2-1), duas das melhores deste certame, onde não faltaram jogos cheios de emoção. Courtois, Chadli, Fellaini, Lukaku, De Bruyne e o sagaz capitão Hazard, entre outros, deslumbraram-me com o seu talento em estado puro, não subjugado ao colete-de-forças dos "imperativos tácticos". Azar: também eles caíram aos pés da manhosa França, na fatídica meia-final em que perderam por 0-1. Valeu-lhes, como consolação, a subida ao pódio após vencerem a sobreavaliada selecção inglesa, no desafio para o apuramento do terceiro lugar (triunfo indiscutível por 2-0).

Hoje, ao cair do pano deste Mundial 2018, torci abertamente pela Croácia - que, a par da Bélgica, apresentou o mais belo futebol exibido nos relvados russos. Com merecidas vitórias sobre a selecção anfitriã (após desempate por grandes penalidades) e a Inglaterra (2-1)

 

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 Luka Modric: aos 32 anos, o melhor jogador do Mundial 2018

 

Na final, os croatas apresentaram-se perante os franceses com menos 24 horas de descanso e um desgaste suplementar causado pelo facto de terem disputado prolongamentos nas três partidas anteriores - o equivalente a 90 minutos extra de jogo.

Com a ajuda de um árbitro sem categoria, que ofereceu à França um livre mais que duvidoso do qual nasceu o primeiro golo, seguido de um penálti que suscita dúvidas, a segunda maior potência económica da eurozona, com 67 milhões de habitantes, venceu a selecção da Croácia, país cuja população pouco ultrapassa os 4 milhões.

Venceu por 4-2, mas não (me) convenceu. O forte desta França - que assim se redime da derrota com Portugal, há dois anos, na final do Europeu - é a organização colectiva. Mas sem nunca ter praticado um futebol digno de incondicional aplauso. É verdade que Griezmann esteve impecável nas bolas paradas, Umtiti e Varane foram sólidos no bloco defensivo, Kanté destacou-se como o melhor médio defensivo do torneio e Pavard foi uma revelação como lateral direito. Mas só Mbappé, a espaços, soube exibir a fantasia criativa de que é feita a verdadeira história dos melhores Mundiais.

 

A Croácia, pelo contrário, perdeu mas convenceu. Como a Holanda de 1974, finalista derrotada. Como o Brasil de 1982, que não passou dos quartos. Como a Holanda de há quatro anos, que se ficou pelo terceiro posto.

Desde logo porque tem nas suas fileiras aquele que foi justamente designado o melhor jogador deste Campeonato do Mundo: Luka Modric.

Capitão, médio criativo, incansável cérebro e pulmão da equipa, inequívoco maestro da combativa selecção croata, que atingiu o melhor resultado de sempre: só por ele, já teria valido a pena ver o Mundial.

 

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Mbappé, melhor jogador sub-20: uma estrela em ascensão

 

Com as grandes estrelas prematuramente afastadas (Cristiano Ronaldo, Messi, Neymar, Lewandowski, Salah, Kroos, James Rodríguez, Iniesta), o croata do Real Madrid emergiu como a grande figura, apesar de ter marcado apenas dois golos (mais dois nas rondas dos desempates por penáltis, frente à Dinamarca e à Rússia).

Tão cedo não nos esqueceremos dele. Tal como de Ratikic, Vida, Perisic, Kovacic e Mandzukic, entre outros.

Quanto a Mbappé, eleito melhor jogador jovem do Mundial 2018, considero que se trata também de um justo galardão. Tem apenas 19 anos, é um futebolista ainda em formação. Merece este incentivo, na expectativa de que no Campeonato da Europa de 2020 possa confirmar os atributos que agora deixou antever. Por mim, aposto nele.

Tudo ao molho e FÉ em Deus - Um Cavani à solta

O futebol tem destas coisas. Durante a semana, todos os especialistas advertiam para o perigo das bolas paradas uruguaias, mas acabámos por ser nós a marcar, após um canto marcado à maneira curta. Os mesmos teóricos perspectivavam um duelo entre os dois poderosos avançados sul americanos e os nossos centrais Pepe e Fonte. Acontece que Cavani foi decisivo, mas apenas quando entrou alternadamente nos espaços ocupados por Raphael e Ricardo, dois laterais.

 

Na primeira parte, a Portugal, o que faltou em profundidade sobrou em lateralização. Assim, sem comprimento e só com largura, aos lusos faltou área, mais concretamente, grande área. Tal como uma equipa de rugby, os portugueses chegavam às imediações do último reduto uruguaio mas depois passavam a bola, uns aos outros, sempre para trás. Dispostos num 4-4-2 com os avançados muito abertos, os nossos só faziam cócegas à defesa adversária. Guedes foi igual a si próprio - uma nulidade neste Mundial -, João Mário mostrou a incapacidade habitual de queimar linhas e jogar para a frente e Bernardo, na primeira parte colocado na ala direita, continuava a sentir a falta dos movimentos específicos criados pelos seus colegas do Manchester City para o libertar.

 

Na segunda parte, finalmente Fernando Santos - três jogos e meio depois - colocou Bernardo a ver o jogo de frente para a baliza contrária. Com isso, a nossa equipa melhorou bastante, passando a ter um jogador capaz de perfurar pelo centro e de dar critério ao jogo ofensivo, com as costas protegidas por um William imponente e batalhador na sua zona de acção. O problema é que nos continuou a faltar espontaneidade na cercania da área uruguaia. Fernando Santos ainda tentou alterar este status-quo colocando em campo Quaresma, mas infelizmente retirou Adrien em vez de João Mário, este último transformado num insuportável burocrata do passe curto e rodriguinho inconsequente. 

 

Servidos por Bernardo, Quaresma e Ricardo centravam com perigo mas Godin e Gimenez eram Adamastores apostados em nos retirar a (boa) esperança. Do outro lado, Raphael, Guedes e João Mário mastigavam o jogo, perdendo sucessivas oportunidades de cruzamento.

Fernando Santos substituiu Guedes por André Silva e, mais tarde, João Mário por Manuel Fernandes. Este, em apenas 10 minutos, fez mais remates e passes para a frente que o jogador do West Ham no jogo todo, mas já não foi a tempo de alterar o fado português.

 

Um dia marcante para o futebol mundial, assim a modos de um render da guarda de Bolas de Ouro, com Cristiano Ronaldo e Leonel Messi a estenderem a passadeira aos seus sucessores. O mundo esperava um duelo Messi-Ronaldo mas vai ter de se contentar com um despique Mbappé-Cavani. E Neymar está à espreita...

Há aquela velha anedota do homem que reiteradamente se queixava a Deus da falta de sorte, por nunca ganhar o Euromilhões. Um dia, o Senhor, cansado, respondeu-lhe, pedindo-lhe para jogar. É que sem jogar, não se pode ganhar. Mesmo jogando pouco, ainda assim Portugal ganhou o Euro(milhões). Hoje, mesmo com mais posse de bola, faltaram soluções de jogo interior, combinações e apoios frontais e Deus premiou um homem e o seu sofrimento: Oscar Tabarez. Fez-se justiça. 

 

Tenor "Tudo ao molho...": Bernardo Silva

 

 

 

A ver o Mundial (9)

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FALTOU-NOS O ÉDER

 

Portugal imitou a Argentina, despedindo-se do Mundial da Rússia. Fomos derrotados em Sochi pelo Uruguai, sem o nosso Coates em campo: dois golos de Cavani, cada um em sua parte, decidiram a partida. A equipa das quinas teve muito mais posse de bola (61%), mas foi inconsequente. Demorávamos uma eternidade a chegar à baliza contrária e, uma vez aí, os jogadores faziam imensa cerimónia: nenhum deles parecia com vontade de marcar. Incluindo Cristiano Ronaldo, hoje irreconhecível, quase sempre encostado ao flanco esquerdo. Gonçalo Guedes, que o seleccionador Fernando Santos teimou em manter como titular, esteve 74' em campo sem fazer um só remate. André Silva, que o substituiu, idem aspas. Bernardo Silva falhou um golo de baliza aberta aos 70'.

O Uruguai limitou-se a subir três vezes ao nosso reduto defensivo: marcou em duas dessas ocasiões, com disparos indefensáveis do avançado do Paris Saint-Germain, de longe o melhor em campo. E poderia ter marcado na terceira: só uma grande defesa de Rui Patrício impediu que de um livre a cargo de Luis Suárez resultasse mais um golo.

Foi preciso, do nosso lado, um defesa encaminhar a bola para as redes uruguaias, estavam decorridos 55': Pepe, de cabeça, na sequência de um canto muito bem apontado por Raphael Guerreiro. Quaresma, que fora herói contra o Irão, permaneceu no banco até aos 65'. Quase no fim, aos 85', Manuel Fernandes pisou pela primeira vez um palco do Mundial. Gelson Martins, um dos raros jogadores com características ofensivas que poderiam acelerar o nosso jogo, nem calçou.

Regressam todos à pátria, mais cedo do que muitos pensávamos. Desta vez faltou-nos o Éder. Daqui a quatro anos haverá mais.

 

O melhor - Pepe. Cometeu erros defensivos, mas foi ele a ir à frente marcar o nosso golito solitário. Salvou-nos de ficarmos em branco.

O pior - Gonçalo Guedes. Outra oportunidade perdida. Permaneceu 74' em campo sem fazer um remate. Parecia que a bola lhe queimava os pés.

 

Portugal, 1 - Uruguai, 2

A ver o Mundial (18)

Há jogos que começam a ser perdidos muito antes do apito inicial do árbitro. Aconteceu com o jogo desta noite, dos oitavos-de-final do Campeonato do Mundo, que opôs no mítico Maracanã a Colômbia ao Uruguai. Terminou com uma vitória indiscutível dos colombianos, que há 16 anos não participavam num Mundial e atingem pela primeira vez uma fase tão avançada da prova máxima do futebol a nível de selecções.

Foi também o jogo da vida do ex-portista James Rodríguez, actual médio ofensivo do Mónaco, com apenas 22 anos. Autor dos dois golos desta partida: já contabiliza cinco no Brasil, tantos como Neymar, tendo ultrapassado Messi e Müller na lista dos melhores goleadores do Mundial.

 

São dois golos extraordinários, por motivos diferentes.

O primeiro é uma obra de arte individual, que haveremos de rever inúmeras vezes: servido de cabeça por Aguilar, a cerca de 15 metros da baliza, em zona frontal, James recebe muito bem a bola, ampara-a com o peito e sem a deixar cair remata à meia-volta num pontapé seco, forte, intencional e bem colocado. O guardião argentino ainda lhe tocou com a ponta dos dedos, sem conseguir travá-la: entrou pela zona superior direita da baliza, sem hipóteses de defesa.

O segundo é uma obra de arte colectiva, que a partir de agora devia ser exibida em todas as academias de futebol. Uma fabulosa jogada ao primeiro toque, com a bola sempre em movimento. De Gutiérrez para Jackson, de Jackson para Armero, de Armero para Cuadrado, de Cuadrado para James.

E a propósito de Cuadrado: o jogador da Fiorentina voltou a fazer uma partida magnífica, tendo já a seu crédito um golo e quatro assistências no Mundial.

Jogos como este, golos como estes, são uma extraordinária homenagem ao futebol de ataque, confirmando este Campeonato do Mundo como um dos melhores de sempre.

 

Sou suspeito, porque torcia pela quarta vitória consecutiva da Colômbia: não consigo assistir a uma partida de futebol sem tomar partido. E considero que o Uruguai já entrou em campo derrotado pela inqualificável consulta antidesportiva do seu goleador, Luis Suárez, justamente castigado com uma sanção duríssima pela FIFA por ter mordido um adversário no jogo Itália-Uruguai - conduta em que é reincidente (é pelo menos a terceira vez que protagoniza um lamentável lance deste género).

Os uruguaios passaram aos oitavos, mas Suárez regressou a casa. Estará afastado da selecção por nove jogos, o que lhe dará imenso tempo para reflectir sobre a sua conduta. Prejudicou-se a si próprio. E também prejudicou a equipa, que hoje entrou em campo já psicologicamente batida sem o colega que figurou entre os melhores marcadores do Mundial de 2010 e marcou 11 golos na fase de qualificação.

Este foi um Uruguai irreconhecível, sem soluções de ataque, em nada semelhante à selecção classificada em quarto lugar no Campeonato do Mundo da África do Sul. Com Forlán, distinguido com o título de melhor jogador nesse torneio, agora substituído na segunda parte após uma exibição apagadíssima, sem conseguir estabelecer a ligação entre o meio-campo e o ataque. Um Uruguai que fica por aqui após ter eliminado ingleses e italianos na fase de grupos.

 

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A Colômbia vai jogar agora com o Brasil, que derrotou também hoje o Chile com o recurso ao desempate por grandes penalidades após o jogo ter terminado 1-1, já após o prolongamento, no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte. Scolari deve ter acendido uma vela à Senhora de Caravaggio por este triunfo tão suado.

Mas terá de fazer bem mais que isso nos quartos-de-final se quiser ultrapassar esse poderoso obstáculo chamado Colômbia. Que pode estar para o Brasil em 2014 como o Uruguai esteve em 1950, quando o escrete - também na condição de selecção anfitriã - saiu derrotado do Maracanã, sem apelo nem agravo. Um trauma que chegou aos nossos dias.

"Brasil toca madera", escreve a Marca. Depois do que vimos hoje, no Maracanã e no Mineirão, não admira nada.

 

Colômbia, 2 - Uruguai, 0

Brasil, 1 - Chile, 1 (3-2 nas grandes penalidades)

Acho que é isto a que se chama Terceiro Mundo

Jose Mujica, presidente do Uruguai, saiu em defesa de Luis Suárez, dizendo que o avançado também sofre muito nos jogos e "não se queixa". Para o presidente do Uruguai, Suárez não entrou na convocatória para para ser "filósofo, mecânico ou para ter boas maneiras". Mujica reforçou que Suárez "é um bom jogador" e alegou que não o viu morder ninguém.

Resta saber se a FIFA, no seu afã de promover as equipas americanas neste campeonato (o que, de resto, se viu no jogo com a Itália, com a incrível expulsão de Marchisio e a manutenção em jogo de Suárez), acrescenta mais uma camada de terceiro-mundismo à história não punindo severamente Suárez.

A ver o Mundial (15)

La Roja, ainda campeã mundial em título, já regressou ao país natal. Agora vão partir outras duas selecções de primeiro plano, também elas já com títulos mundiais nas suas galerias de troféus. Inglaterra (que empatou a zero com a Costa Rica) e a Itália (que perdeu 0-1 com o Uruguai) dizem adeus ao Brasil.

Mais dois afastamentos prematuros de equipas europeias, confirmando-se assim a tradição dos torneios disputados no continente americano: nunca nenhum deles foi conquistado por uma selecção oriunda do Velho Continente.

Vale a pena sublinhar estes factos para relativizar o já quase-afastamento de Portugal. Como é costume nestas ocasiões, temos o péssimo costume de mirar apenas para o nosso umbigo, pensando que só nós sofremos desaires, e encaramos cada fracasso não como uma oportunidade para melhorar de seguida mas como uma irrecuperável hecatombe nacional, quase um novo Alcácer-Quibir.

 

As coisas são o que são. A nossa selecção tem insuficiências óbvias, tem defeitos notórios, conta com jogadores que nem deviam ter viajado para o Brasil (como aqui se escreveu no momento oportuno) mas apesar de tudo mantém hipóteses matemáticas de transitar para os oitavos-de-final. Algo que não sucedeu sequer com ingleses e espanhóis, que no final da segunda jornada já tinham as malas preparadas para a viagem de regresso.

Por tudo isto, entendo mal que responsáveis federativos e jogadores (começando pelo próprio Cristiano Ronaldo, capitão de equipa) tenham falado ontem e hoje aos jornalistas como se já estivéssemos fora do Mundial e não houvesse ainda uma jornada a cumprir, na próxima quinta-feira. Uma jornada que, provavelmente, ditará o nosso afastamento. Mas que também nos pode ser favorável. Basta ganharmos ao Gana por 3-0 e à mesma hora a Alemanha bater os EUA por 2-0. Convenhamos: para tanto, não será necessário nenhum milagre. Basta concentração, talento, maturidade e alguma sorte.

 

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Antes e durante o Mundial, a Inglaterra foi elogiadíssima pela crítica portuguesa da especialidade, não faltando especialistas do esférico que já a anteviam como possível vencedora do Campeonato do Mundo. Afinal regressa a casa com duas derrotas, um empate a zero e apenas um golo marcado: hoje não conseguiu sequer um disparo mortífero às redes da Costa Rica, que está a ser uma das grandes sensações deste certame. Apesar de nenhum dos tais especialistas lhe ter vaticinado um percurso de sucesso.

Foi pena só por um motivo: o grande Steven Gerrard - um dos melhores médios mundiais dos últimos 15 anos - despediu-se com este jogo da selecção inglesa, que representou em 114 desafios.

Merecia uma despedida muito melhor.

 

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Tenho pena que os italianos abandonem o Brasil. Apreciei muito a evolução registada nas últimas duas décadas no futebol italiano e aplaudi a squadra azzurra que conquistou o Mundial de 2006. Com Cannavaro, Totti, Grosso, Camoranesi, Inzaghi, De Rossi, Barzagli, Pirlo e Buffon - os últimos quatro ainda em actividade.

A verdade é que o domínio técnico e a solidez táctica italiana não chegaram para vergar o Uruguai no desafio disputado esta tarde, no Natal. Responsabilidade primeira do seleccionador Cesare Prandelli, que procurou reeditar o sistema do ferrolho defensivo, há muito ultrapassado, e limitando ao mínimo as incursões ofensivas. Isto porque o empate bastava à Itália.

Cumpriu-se um dos axiomas do futebol: quem joga para o empate arrisca-se a perder. Bastou aos uruguaios um lance de bola parada para Godín marcar o golo solitário que lhes deu o passaporte à fase seguinte. Iam decorridos 81 minutos, tornava-se muito difícil dar a volta ao jogo. Até porque os italianos já estavam reduzidos a dez homens, desde os 59', por expulsão de Marchisio - exageradíssima decisão do árbitro, que mais tarde não viu uma cabeçada e uma mordidela de Luis Suárez. O avançado do Liverpool continua a ser um exímio goleador mas persiste em destacar-se pelo seu comportamento antidesportivo.

Desta vez, pelo menos, não precisou de meter a mão na bola, como no lance que colocou o Uruguai nas meias-finais do Mundial de 2010.

Precisamente contra o Gana que vamos defrontar aqui a dois dias. A vida é assim: feita de eternos retornos.

 

Itália, 0 - Uruguai, 1

Costa Rica, 0 - Inglaterra, 0

A ver o Mundial (9)

Não sei qual é a vossa opinião, mas para mim este Campeonato do Mundo está a ser um dos melhores. Já vi jogos excelentes, muito emotivos e bem disputados. Jogos em que os ataques se sobrepuseram às defesas, em que a ousadia suplantou o calculismo táctico, em que algumas das equipas menos cotadas surpreenderam os habituais coleccionadores de vitórias.

Inglaterra-Itália, Chile-Espanha, Brasil-México e Espanha-Holanda foram alguns desses jogos que perdurarão na memória de milhões de aficionados desta modalidade no mundo inteiro.

Hoje vi mais um para juntar aos restantes: o Inglaterra-Uruguai, disputado no estádio do Corinthians.

Parecia um daqueles desafios de outros tempos, antes de o desporto-rei ser capturado pelos catedráticos da táctica, mestres no "processo defensivo" (como agora se diz), cultores do futebol aferrolhado.

Felizmente quase ninguém tem jogado para o zero no Brasil (o Irão de Carlos Queiroz e a Grécia de Fernando Santos são as excepções mais notórias).

 

Foi um jogo aberto, dinâmico, veloz e virado para o golo.

Um jogo em que as dinâmicas colectivas sobressaíram, mas algumas individualidades fizeram a diferença.

Pelo Uruguai, Luis Suárez (regressado após lesão e já considerado um dos melhores jogadores deste Mundial), Cavani (autor de uma monumental assistência para golo) e Alvaro Pereira, que embora lesionado na cabeça - num choque ocasional com Sterling em que chegou a perder os sentidos - fez questão de permanecer em campo, dando assim uma enorme lição de tenacidade e resistência. De profissionalismo, em suma.

Pela Inglaterra, o jovem Sterling - que prometeu mais do que concretizou nesta sua estreia num Mundial, o guarda-redes Joe Hart (autor de uma defesa quase impossível) e sobretudo Wayne Rooney, o mais inconformado dos ingleses: marcou um golo - o seu primeiro num Campeonato do Mundo - e quase marcou outro, quando a bola embateu na barra.

A emoção durou até ao fim. Também como sucedia quase sempre nos velhos tempos. E até por isso é com mágoa antecipada que nos despedimos da Inglaterra, quase sem hipóteses de seguir em frente após duas derrotas tangenciais consecutivas. Mas ninguém pode acusar os ingleses de não se terem batido com garra, brio e valentia. Perderam, mas nunca viraram a cara à luta. Exemplares também por isso.

 

Inglaterra, 1 - Uruguai, 2

 

Luis Suárez: dois grandes golos

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